quinta-feira, 7 de junho de 2012


Exploração de petróleo no Oceano Ártico abrirá nova fronteira
Por John M. Broder e Clifford Krauss, The New York Times News Service/Syndicate

Exploração de petróleo no Oceano Ártico abrirá nova fronteira


Washington – Pouco antes do feriado de Ação de Graças de 2010, os líderes da comissão indicada pelo presidente Barack Obama para investigar o vazamento de petróleo no Golfo do México se sentaram no Salão Oval para informá-lo sobre a situação.
Depois de ouvir o que haviam descoberto sobre o acidente da BP e a segurança da perfuração em águas profundas, o presidente mudou abruptamente de assunto.
"Qual a opinião de vocês sobre a exploração da região do Ártico?", perguntou ele.
William K. Reilly, ex-chefe da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) e copresidente da comissão, ficou surpreso, assim como Carol M. Browner, que na época era a principal assessora do presidente para assuntos de energia e alterações climáticas. Embora uma proposta da Shell para explorar petróleo no Ártico já tivesse causado divergências, a questão não era um dos focos principais do trabalho do painel.
"Não se trata de águas profundas, certo?", disse o presidente, observando que a proposta da Shell envolvia a exploração de poços em baixa pressão a 46 metros de profundidade, nada comparado aos 1.500 metros de profundidade explorados em alta pressão pela BP no golfo.
"O que aquilo indicou", disse Reilly mais tarde, "era que o presidente já havia pesquisado profundamente a questão e estava preparado para seguir adiante".
A menos que uma ação legal bem-sucedida de última hora seja movida por grupos ambientalistas, a Shell deve começar a perfurar poços na costa do norte do Alaska em julho, abrindo uma nova fronteira na exploração de petróleo nos Estados Unidos e acelerando uma corrida global para explorar os incalculáveis recursos que existem sob o oceano congelado. É um momento extremamente promissor e consideravelmente perigoso.


Roy Nageak, a whaling captain from Alaska's North Slope, where temperatures can reach 50 below zero, walks to a ridge in the ice in Barrow, Alaska., April 13, 2012. Barring a successful last-minute legal challenge by environmental groups, Shell will begin drilling test wells off the coast of northern Alaska in July, opening a new frontier in domestic oil exploration and accelerating a global rush to tap the untold resources beneath the frozen ocean.  (Jim Wilson/The New York Times)
Edward Itta, an acclaimed whaling captain who filed a lawsuit that temporarily blocked oil drilling, but is beginning to have second thoughts, in Barrow, Alaska, April 13, 2012. Barring a successful last-minute legal challenge by environmental groups, Shell will begin drilling test wells off the coast of northern Alaska in July, opening a new frontier in domestic oil exploration and accelerating a global rush to tap the untold resources beneath the frozen ocean. (Jim Wilson/The New York Times)
Os peritos da indústria e agentes de segurança nacional consideram o Ártico do Alaska como a última grande possibilidade de exploração de petróleo no país, que ao longo do tempo poderia reduzir drasticamente a dependência que os Estados Unidos têm do petróleo estrangeiro. Muitos nativos do Alaska e defensores do meio ambiente dizem que a perfuração ameaça a vida selvagem e as linhas costeiras intocadas, além de perpetuar a dependência de combustíveis fósseis poluentes no país.
Ao aceitar a exploração da Shell no Ártico, Obama dá continuidade a suas tentativas de equilibrar negócios e interesses ambientais. Ele agradou os ambientalistas ao adiar a construção de um gasoduto do Canadá e ao adotar padrões mais rigorosos de qualidade de ar para usinas de energia, mas também trouxe preocupações ao recusar um padrão de ozônio considerado muito dispendioso para a economia.
Agora, o presidente está escrevendo um novo capítulo na transformação energética do país, beneficiando, no caso, os produtores de combustíveis fósseis.
"Nunca esperamos que um presidente democrata fosse autorizar a exploração do Oceano Ártico, muito menos um que quisesse promover uma transformação", disse Michael Brune, diretor-executivo do Sierra Club.
A exploração do Ártico já consumiu sete anos e cerca de 4 bilhões de dólares da Shell durante dois mandatos presidenciais.
Outras petrolíferas já estão fazendo fila para se unir à Shell no Ártico, o que os executivos da empresa dizem poder vir a produzir um milhão de barris por dia de petróleo – ou mais de 10 por cento da produção nacional atual. Entre a população inupiat que vive mais perto do local onde a perfuração deve ocorrer, o projeto continua a gerar tensão e debate. Embora dependam da produção de petróleo para conseguir empregos e arrecadar impostos, eles dependem do oceano para obter grande parte de sua alimentação e cultura.
"Eu estou preocupado porque vivemos do oceano, das baleias-da-groenlândia, das belugas, das morsas, das focas-barbudas", disse Tommy Olemaun, presidente da Aldeia Nativa de Barrow, uma organização tribal esquimó. "O oceano é o nosso jardim."


President Barrack Obama, who has come to accept new offshore drilling as part of a broader energy policy, holds a chart about oil usage during his remarks at Nashua Community College, in Nashua, N.H., March, 1, 2012. Barring a successful last-minute legal challenge by environmental groups, Shell will begin drilling test wells off the coast of northern Alaska in July, opening a new frontier in domestic oil exploration and accelerating a global rush to tap the untold resources beneath the frozen ocean. (Doug Mills/The New York Times)
Pete Slaiby, an executive with Shell who was sent to Alaska to negotiate with local politicians, second from right, at a meeting with Shell employees in Anchorage, Alaska, April 11, 2012. Barring a successful last-minute legal challenge by environmental groups, Shell will begin drilling test wells off the coast of northern Alaska in July, opening a new frontier in domestic oil exploration and accelerating a global rush to tap the untold resources beneath the frozen ocean. (Jim Wilson/The New York Times).


O mundo natural exerce um domínio místico sobre os quase cinco mil esquimós da área de North Slope, onde os padrões de migração da baleia-da-groenlândia ditam o ritmo da vida. Todas as outras atividades cessam quando os inupiat carregam seus barcos de pele de foca com arpões. A carne de baleia é cortada na praia e compartilhada pela comunidade, ao som de lendas míticas de baleias que renunciam à sua liberdade para alimentar o povo.
Crânios de baleias em forma de arco são expostos na frente de prédios públicos. As barbas de baleia – placas eriçadas que filtram o krill na boca do animal – viram troféus em escritórios e residências.
No início de abril, o capitão baleeiro Roy Nageak, de 60 anos, desceu de sua moto de neve e escalou um alto cume de gelo a 6,5 quilômetros da costa em busca de uma trilha de caça navegável. "Esses caras do petróleo podem pensar o que quiserem, mas nós sabemos como esse oceano é severo", disse ele. "Eles não sabem onde estão se metendo."
Porém, os esquimós também passaram a contar com a indústria do petróleo. Antes da perfuração em terra começar, na década de 1960, muitas comunidades da área de North Slope não tinham água corrente e dependiam de lanternas de querosene para ter iluminação. Os moradores picavam pedaços de gelo em lagos e os transportavam em trenó levados por cães para preservar os alimentos. Não havia escolas nem quartéis de bombeiros.
Desde a construção do oleoduto Trans-Alaska no final de 1970, a área de North Slope passou a produzir um quinto do petróleo do país, e os impostos sobre a indústria financiam o orçamento de 350 milhões dólares anuais do governo do município de North Slope. Nos últimos 50 anos, a produção de petróleo e os preços do petróleo bruto têm impulsionado a prosperidade do Alaska quase que integralmente. Os moradores não pagam imposto de renda estadual e recebem de fato cheques, totalizando cerca de 5 mil dólares para cada família de quatro membros no ano passado – verba proveniente do Fundo Permanente do Alaska, uma empresa em grande parte financiada pelas receitas do petróleo.
Porém, o desastre de Exxon Valdez, em 1989, mudou a postura de muitos, especialmente entre os moradores. Eles temiam que a perfuração perturbasse a migração de baleias-da-groenlândia, afastando os animais de seu alimento e levando seus predadores, perigosamente, para longe da costa. Eles também temiam que um vazamento pudesse envenenar as baleias.


Roy Nageak, a whaling captain from Alaska's North Slope, where temperatures can reach 50 below zero, inside the shack that sits atop his ice cellar, in Barrow, Alaska, April 13, 2012. Barring a successful last-minute legal challenge by environmental groups, Shell will begin drilling test wells off the coast of northern Alaska in July, opening a new frontier in domestic oil exploration and accelerating a global rush to tap the untold resources beneath the frozen ocean. (Jim Wilson/The New York Times)
Sen. Mark Begich (D-Ala) , a drilling proponent, during a meeting at the Univ of Alaska Anchorage, in Anchorage, Alaska, April 11, 2012. Barring a successful last-minute legal challenge by environmental groups, Shell will begin drilling test wells off the coast of northern Alaska in July, opening a new frontier in domestic oil exploration and accelerating a global rush to tap the untold resources beneath the frozen ocean. (Jim Wilson/The New York Times)


O desastre da Deepwater Horizon, em 20 de abril de 2010, o pior vazamento costeiro da história dos Estados Unidos, fez cessar os planos de prospecção da Shell naquele ano, mas apenas retardou a pressão pela exploração do Ártico. Em várias reuniões realizadas na Casa Branca, mesmo no auge da crise do Golfo, altos funcionários da Shell insistiram em pedir uma decisão.
Após o vazamento do poço atingido ter sido estancado, em julho, Obama se concentrou no agendamento do reinício da perfuração costeira e na possibilidade de expandi-la. Um mês antes do desastre da BP, o governo propôs a abertura de novas áreas para perfuração nas costas Leste e no Golfo, bem como no Alaska.
Os planos da empresa foram retomados no final de dezembro de 2010, quando um painel da EPA revogou a licença de poluição do ar de uma de suas plataformas de perfuração. A ação da EPA interrompeu efetivamente os planos da Shell por mais um ano, mas o presidente colocou o pé no acelerador.
Em maio de 2011, o presidente autorizou vendas por arrendamento de petróleo explorado em terra na Reserva Nacional de Petróleo do Alaska e expandiu os arrendamentos costeiros das companhias de petróleo no Oceano Ártico. Em julho, ele criou, por meio de decreto, uma força-tarefa de diversas agências, liderada pelo vice-secretário do Interior mas supervisionada por Heather Zichal, consultora ambiental da campanha de Obama em 2008, para enfrentar a burocracia nas questões do Ártico, em particular nos planos de prospecção da Shell.
Ainda assim, algumas autoridades do governo reclamaram que ainda havia grandes lacunas nos planos de emergência para vazamentos, além de muitas incógnitas sobre o efeito da perfuração sobre os animais marinhos.
Sob a pressão dos reguladores, a Shell reforçou a prevenção de vazamentos e planos de emergência. Ela construiu um sistema de contenção para o Ártico inspirado no que conteve, com sucesso, o vazamento da BP, acrescentando navios e equipamentos à armada, para que seja possível capturar qualquer petróleo derramado. A empresa relutou, mas concordou em encurtar sua temporada de perfuração do Mar de Chukchi em 38 dias, para menos de três meses, para garantir que a área ficasse livre de gelo no caso de uma ruptura.


FILE -- A group of children gather near a whale as scientists remove tissue from its body, in Barrow, Alaska, Oct. 7, 2011. For the nearly 5,000 Eskimos of the North Slope, where temperatures can reach 50 below zero, the migration patterns of whales dictate the rhythm of life. (Jim Wilson/The New York Times)

O governo reforçou os seus programas de pesquisa no Ártico para entender melhor o impacto do aumento da atividade industrial no oceano do norte. Essas e outras concessões pareceram aplacar as autoridades das agências responsáveis pelas licenças, que estavam oscilando entre suas funções regulatórias e o desejo óbvio do presidente de levar a exploração adiante.
As licenças da Shell foram liberadas rapidamente. O Ministério do Interior aprovou a exploração em ambos os mares em dezembro passado. Os planos de emergência foram aprovados em fevereiro e em março deste ano. O Conselho de Arbitragem da EPA concedeu as autorizações finais no final de março – logo que a temporada de caça às baleias começou. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) se manifestou por meio de uma autorização que versou especificamente sobre mamíferos marinhos no início de maio.
"Nós não temos como impedir a exploração", disse um oficial sênior da agência que temia a perfuração do Ártico, mas entendia o desejo do presidente. "Nós só podemos fazer com que ela seja menos ruim."
A Shell está aguardando que o Ministério do Interior libere suas licenças finais de perfuração. Dois navios da Shell estão em Seattle, passando por modificações finais e inspeções.
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