sábado, 30 de novembro de 2013

A FALÁCIA DA DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍCIA





Policiais militares durante formatura. Risco de extinção.

No País em que latrocidas e estupradores são chamados de “reeducandos”, o governo federal quer que o policial que mata um sequestrador para salvar o refém seja chamado de “homicida” 
Criar um “SUS” da segurança pública, unificar as polícias e despir a PM de sua farda – eis as propostas que prometem revolucionar a segurança pública no País. Praticamente unânimes entre os acadêmicos especializados na área, essas ideias conquistam cada vez mais adeptos em Brasília. É o que se percebe nas discussões da Comissão Especial de Segurança Pública do Senado, instalada em 2 de outubro deste ano com o objetivo de debater e propor soluções para o financiamento da segurança pública no Brasil. Criada por iniciativa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a comissão é presidida pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e tem como relator o senador Pedro Taques (PDT-MT).
“O sistema de segurança pública no Brasil está absolutamente falido” – com essa declaração, proferida numa audiência pública realizada no dia 13 de novembro último, o senador Pedro Taques resumiu um sentimento das ruas que hoje encontra guarida até nos quartéis. Cada vez mais estão surgindo depoimentos de policiais militares colocando em descrédito a própria corporação a que pertencem. É o caso do livro O Guardião da Cidade (Editora Escrituras, 2013, 256 páginas), do tenente-coronel Adilson Paes de Souza, fruto de sua dissertação de mestrado “A Educação em Direitos Humanos na Polícia Militar”, defendida na Faculdade de Direito da USP em 2012, sob a orientação do cientista político Celso Lafer.
Nesse trabalho acadêmico, festejado por toda a imprensa, o tenente-coronel da PM paulista defende a ampliação da carga horária do estudo de direitos humanos na formação dos oficiais da Polícia Militar, como forma de combater a tortura. Em artigo anterior, procurei demonstrar que se trata de uma falácia. O Curso de Formação de Oficiais é praticamente um curso completo de Direito e, como se sabe, é impossível estudar qualquer disciplina do Direito sem tratar dos direitos humanos, uma vez que a Constituição de 88, base legal de todas as disciplinas jurídicas, é alicerçada, de ponta a ponta, nos direitos da pessoa humana.

Sobrevivendo na Gestapo brasileira

Em vários momentos do livro, influenciado por pensadores de esquerda, que vêm na polícia um braço armado do sistema capitalista, Paes de Souza, de modo quase indisfarçável, compara a Polícia Militar brasileira com a Gestapo de Adolf Hitler. Chega a descrever o produto das ações da PM como um novo campo de concentração nazista. Com base em artigo da psicóloga e psicanalista Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes, sintomaticamente intitulado “Violência, Massacre, Execuções Sumárias e Tortura”, o tenente-coronel cita como exemplo desses casos, os 111 mortos do Carandiru, em 1992, os 493 mortos quando dos ataques do PCC em 2006 e a Operação Castelinho em 2002, “que constituiu uma emboscada”, com 12 mortos – todos bandidos do PCC, acrescente-se, já que o coronel não o faz em sua tese.
Para a psicóloga Maria Auxiliadora Arantes, citada no livro O Guardião da Cidade, tais acontecimentos “são crimes filhotes de um Estado que deixou intacto um aparelho de matar e que não puniu os que o montaram”. O tenente-coronel Adilson Paes de Souza corrobora literalmente suas palavras, tanto que acrescenta a elas a seguinte frase: “De fato, Auschwitz faz-se presente”. Reparem: Paes de Souza está comparando o trabalho da Polícia Militar – instituição em que atuou durante 28 anos, chegando a tenente-coronel – com a violência das forças nazistas nos campos de concentração de Hitler. Justamente num momento em que a PM está sob o fogo cerrado dos formadores de opinião.
O cientista político Celso Lafer, responsável pela dissertação de mestrado de Adilson Paes de Souza na USP, deveria ter-lhe feito uma pergunta singela antes de aceitar a orientação de seu trabalho: “Onde o senhor estava, na condição de tenente-coronel da Polícia Militar, quando seus subordinados de farda se tornaram exemplos atuais da Gestapo de Hitler, torturando e executando pessoas?” Antes de pontificar sobre os problemas da Polícia Militar, apresentando soluções mirabolantes do conforto de uma cátedra universitária, o tenente-coronel deveria ter respondido para si mesmo essa pergunta. Na condição de tenente-coronel da Gestapo brasileira (a se crer nos seus próprios conceitos), ou Paes de Souza foi cúmplice do holocausto que denuncia ou foi omisso diante dessa carnificina que imputa à PM. Em qualquer dos casos, deveria refletir com mais profundidade sobre o assunto, antes de se arvorar a defender tese, escrever livro e contribuir, ainda que involuntariamente, para a difamação sistemática de que a PM é vítima na imprensa e nas universidades.
Não é possível sobreviver durante 28 anos num aterro sanitário moral e dele sair com a alma cheirando a talco, como canta Gilberto Gil. Em seu livro, citando o economista Albert Hirschman, Paes de Souza fala que os membros de uma instituição podem abandoná-la ou criticá-la quando se sentem descontentes. O autor não diz, mas, no caso da Polícia Militar, a via mais frequente é a omissão: o policial se esconde numa carreira burocrática, evitando o confronto das ruas e, com isso, pode pontificar sobre direitos humanos sem correr riscos. O tenente-coronel sobreviveu ao horror que denuncia foi por essa terceira via? Sem essa explicação, suas reflexões e denúncias sobre a PM perdem muito da autoridade que poderiam ter.
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Depoimentos de PM homicidas

Para exemplificar as críticas que faz à polícia, Adilson Paes de Souza colheu o depoimento de dois policiais militares condenados por homicídio e se valeu também de dois depoimentos colhidos pelo jornalista Bruno Paes Manso, do jornal O Estado de S. Paulo. Em junho de 2012, Manso defendeu no Departamento de Ciências Políticas da USP a tese de doutorado “Crescimento e Queda dos Homicídios em São Paulo entre 1960 e 2010”, em que faz uma “análise dos mecanismos da escolha homicida e das carreiras no crime”. Essa tese de Manso já havia lhe rendido o livro O Homem X: Uma Reportagem sobre a Alma do Assassino em São Paulo (Editora Record, 2005), no qual o tenente-coronel buscou os dois depoimentos.
Os policiais ouvidos por Paes de Souza ganharam os apelidos de “Steve” e “Mike”, geralmente dados aos policiais que trabalham nas ruas. O policial Steve foi condenado a mais de 20 anos de reclusão por um homicídio a tiros e facadas. “No auge da prática do ato, senti que estava cheio de ódio e acabei descarregando tudo sobre o corpo da vítima. Tinha um sentimento de ódio generalizado de tudo”, afirma o policial. De origem nordestina, ele contou que seu pai era PM aposentado e costumava conversar com toda a família na hora do jantar sobre o sentimento de honra que envolvia a profissão. Inspirando-se no pai, Steve, ao completar 18 anos, ingressou na polícia, por meio de concurso público.
“Fui designado para trabalhar numa unidade da Polícia Militar na periferia da cidade de São Paulo. Comecei a ver uma realidade que não conhecia: favelas, meninas estupradas, pessoas pobres vítimas de roubo, o que causou revolta”, conta Steve. Movido por essa revolta, diz que começou a trabalhar além do horário normal, prendendo o máximo possível de bandidos, na esperança de acabar com a criminalidade na região. O PM conta que, numa ocasião, prendeu em flagrante dois ladrões que tinham roubado um supermercado, mas na noite do mesmo dia viu os dois na rua. Quando os abordou, soube que fizeram um acordo com o delegado, inclusive deixando na delegacia uma parte da propina para o policial.
“Nesse momento, percebi que a corrupção existente nos distritos policiais da área onde trabalhava gerava a impunidade dos delinquentes”, afirma Steve, que passou a frequentar velórios de policiais mortos em serviço, alimentando ainda mais sua revolta com a impunidade dos bandidos. Foi aí que decidiu fazer justiça com a própria farda: “Eu era juiz, promotor e advogado. Levava a vítima para um matagal, concedia-lhe um minuto para oração e a sentenciava a morte”. Essa vida de justiceiro fardado destruiu sua família. Sua mulher chegou a tentar o suicídio. E, na cadeia, sofreu maus-tratos e não teve a solidariedade dos colegas: os policiais que o visitavam estavam mais preocupados em sondá-lo para saber se não seriam delatados, em virtude de outras ocorrências.
Um dos entrevistados pelo repórter Bruno Paes Manso, citado na dissertação do tenente-coronel Paes de Souza, também relata que se via em guerra contra os criminosos e, movido pelo ideal de resolver o problema da criminalidade, trabalhava praticamente o dobro: as oito horas regulamentares pagas pelo Estado somadas às oito em que combatia o crime de graça, por sua própria conta e risco. Esse policial contou ter deparado com vários casos graves, que só via em filmes. Certa vez, atendeu a uma ocorrência em que uma criança de quatro anos foi estuprada e ele, junto com outros policiais militares, evitou o linchamento do estuprador. “Nesse momento, achou um contrassenso ter que proteger quem havia praticado uma monstruosidade contra uma menina. Sentiu revolta”, relata Paes de Souza.

Mais confrontos, mais mortes

Esse é praticamente o padrão dos depoimentos de policiais militares condenados por homicídio: 1) imersão idealista do policial no combate ao crime; 2) revolta com a impunidade dos criminosos; 3) justiça com a própria farda; 4) prisão, arrependimento e transferência da culpa para a corporação militar. O livro Sangue Azul(Editora Geração Editorial, 2009), baseado no depoimento de um soldado da PM do Rio de Janeiro ao documentarista Leonardo Gudel, também segue esse padrão. E, de acordo com as entrevistas concedidas pelo autor, parece que o recém-lançado Como Nascem os Monstros (Editora Topbooks, 2013, 606 páginas), romance do policial carioca Rodrigo Nogueira, condenado e preso por homicídio, também não foge à regra.
Um sargento preso por homicídio e ouvido por Bruno Paes Manso explica que o “assassinato é uma importante ferramenta no cotidiano perigoso do policial militar que trabalha na rua”, e acrescenta que “se os policiais fossem proibidos de matar seria melhor que parassem de trabalhar”. Esse mesmo policial diz ainda: “Sem contar que a bandidagem está cada vez ficando mais ousada, mais armada e respeita cada vez menos a polícia. Isso é explicado dessa forma, isso não foi a polícia que motivou. Hoje tem muito mais reação, o pessoal enfrenta, por isso tem mais morte”. O tenente-coronel Paes de Souza, do alto de sua tese da USP, classifica essa fala do sargento como simplista, por afirmar que mais criminalidade significa mais confronto e, consequentemente, mais mortes.
Ora, simplista é o modo como o tenente-coronel, desprezando seus 28 anos de experiência como policial, deixa-se seduzir pela inútil retórica da academia e utiliza esses depoimentos para corroborar teses injuriosas a respeito da Polícia Militar, que a acusam de ser uma máquina assassina, nazista, semelhante a Auschwitz. Quando atribuem à Polícia Militar o suposto “genocídio da juventude negra”, calúnia que já foi corroborada até por membros do Poder Judiciário, os acadêmicos escondem dois detalhes cruciais: primeiro, muitos jovens negros das periferias são recrutados pelo narcotráfico e matar ou morrer são verbos que conjugam diariamente; segundo, a Polícia Militar emprega muito mais negros do que as universidades que a criticam. Então, a ser verdade o que diz a academia, esses policiais não seriam genocidas, mas suicidas: estariam matando deliberadamente seus próprios familiares.
O tenente-coronel e os demais acadêmicos que escrevem teses sobre segurança pública acreditam que basta perorar sobre direitos humanos no ouvido de um soldado para que ele saia à rua com flores na boca do fuzil, ajudando velhinhas no semáforo e pegando crianças no colo, até que surja um marginal armado e esse policial, consciente de seus deveres, saque da farda um exemplar da Constituição e atire no rosto do bandido seus direitos humanos, para que o criminoso estenda os pulsos com cidadania e seja algemado com dignidade. É óbvio que a terrível complexidade da segurança pública não se rende a golpes de retórica sobre direitos humanos.

Policial só se equipara a médico

Uma análise verdadeiramente profunda dos depoimentos dos homicidas da PM revela a complexa natureza do trabalho policial, que, em qualquer tempo e lugar, é inevitavelmente insalubre para a alma. O policial é como o médico: sem uma dose sobre-humana de frieza, ele não será capaz de proteger vida nenhuma, pois o medo do sangue, da mutilação, do cadáver, irá acovardá-lo diante do dever a ser cumprido. Por isso, ser policial não é para qualquer um. Os policiais homicidas tentam enganar a própria consciência quando dizem que a corporação os transformou em violentos. O potencial de violência já estava presente neles ou não teriam sonhado em ser policial, uma profissão que, em algum momento, há de exigir violência para que as leis sejam cumpridas. Afinal, se bandido ouvisse conselho, não entraria no crime.
Polícia não é assistência – é contenção. Ela é chamada justamente quando as normas da cultura e os mandamentos da lei já não são suficientes para manter o indivíduo no bom caminho e alguém precisa contê-lo. Por isso, a polícia tem de ser viril. A testosterona que faz o bandido violento é a mesma que faz o policial corajoso. Daí a importância de se separar ontologicamente o policial do criminoso. Ao contrário do que acreditam os acadêmicos, o policial tem que tratar o bandido como inimigo, sim. O soldo sozinho – por maior que seja – não é capaz de separar o policial do criminoso, pois a natureza mais profunda de ambos e o ambiente em que vivem se alimentam da mesma virilidade masculina, responsável por mais de 90% dos crimes violentos em qualquer cultura humana em todos os tempos.
O policial de rua, obrigado a enfrentar o crime de arma em punho e não de uma sala refrigerada da USP, é como um médico num campo de refugiados ou em meio a uma epidemia letal: se trabalhar só pelo dinheiro, ele voltará para casa na hora, pois não há salário que pague sua própria vida, permanentemente em risco. Para compensar os riscos da profissão, o policial precisa ser tratado como herói. Especialmente num País como o Brasil em que a criminalidade soma cerca de 63 mil homicídios por ano (de acordo com estudos do Ipea). O policial precisa ter a certeza de que, ao tombar no campo de batalha, sua morte não será em vão: a sociedade irá cultuá-lo como herói diante de sua família enlutada e o bandido que o matou será severamente punido.
No Brasil, ocorre justamente o contrário: enquanto a morte de bandidos é cercada de atenção pelas ONGs dos direitos humanos e gera violentos protestos de rua em São Paulo e Rio, a morte de um policial não passa de uma efêmera nota de rodapé no noticiário e, em muitos casos, sua família não recebe nem mesmo a visita das autoridades da própria segurança pública, temerosas do que possam pensar os formadores de opinião. Já em países como os Estados Unidos, um bandido reluta em matar um policial, pois sabe que o assassinato será motivo de comoção pública e a pena que o aguarda será à altura dessa indignação cívica com a morte de um agente da lei.

Completa inversão de valores

Mas não basta tratar como herói o policial – também é preciso tratar o bandido como bandido. O ser humano é um ser relativo e não consegue julgar em absoluto, mas somente por meio de comparação. Por isso, ao mesmo tempo em que se enaltece o policial corajoso e honesto, é preciso punir verdadeiramente o criminoso, para marcar a diferença entre ambos. O policial se revolta ao proteger de linchamento o estuprador de uma criança ou ao levar para o hospital o bandido ferido que tentou matá-lo porque sabe que seu trabalho heroico e humanitário foi inútil: logo, esses bandidos serão postos na rua para cometer novos homicídios e estupros.
Mesmo o estuprador de uma criança ou o homicida que queima viva sua vítima têm direito a todas as regalias da legislação penal, travestidas de direitos humanos. Até criminosos que matam ou estupram mulheres gozam de benefícios absurdos, como a famigerada visita íntima. A Resolução CNPCP Nº 4, de 29 de junho de 2011, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, instituiu de vez a visita íntima como um direito do preso qualquer que seja a gravidade do seu crime. No seu artigo 4º, a resolução deixa claro que “a visita íntima não deve ser proibida ou suspensa a título de sanção disciplinar”; ou seja, mesmo se o preso promover rebeliões e mortes na cadeia, a visita íntima continuará sendo assegurada a ele como um direito sagrado, à custa da segurança da sociedade. É óbvio que a mulher que se presta a lhe servir de repasto sexual também há de lhe fazer outros favores associados diretamente ao crime, como passar recados para seus comparsas que estão fora das grades.
É por isso que quando uma patrulha da PM leva um criminoso ferido para o hospital, muitas vezes junto com um policial também ferido na troca de tiros, os policias que assim agem precisam ser tratados como heróis. É sua única recompensa. Não há salário que pague esse gesto. Não é fácil para nenhum ser humano salvar a vida de seu próprio algoz sabendo que aquele criminoso que tentou matá-lo não será punido como merece, pois, na cadeia, continuará comandando o crime, com direito a saídas temporárias, visitas íntimas e outras regalias. A legislação penal é tão moralmente hedionda que um dos assassinos do jornalista Tim Lopes, depois de preso, jogou água quente em sua companheira dentro da própria cela. E esse novo crime bárbaro só foi possível porque o Estado brasileiro – cúmplice contumaz de bandidos – garante a famigerada visita íntima até para um monstro dessa espécie.

Feministas contra a polícia

Mas, por incrível que pareça, até as feministas – que criticam violentamente a polícia – defendem as visitas íntimas para presos, consideradas uma extensão dos direitos humanos e classificadas como “direitos sexuais”. Ora, direito sexual é como o direito de expressão: toda pessoa tem o direito de falar, mas não tem o direito de obrigar o outro a ouvi-la. O preso não pode ser impedido de sonhar com uma mulher ou até de satisfazer solitariamente sua libido. Mas isso não significa que ele tem o direito de manter relações sexuais dentro da cadeia, mesmo que seja com sua esposa. E a razão é simples: seu desejo sexual não pode ser posto acima da segurança da sociedade. É óbvio que, durante a visita íntima, não há meio de controlar o preso. Ele pode usar a visita – e sempre usa – para transmitir recados aos comparsas fora da cadeia, daí o comando que o cárcere continua tendo sobre o crime organizado. Praticamente todas as centrais telefônicas do PCC são administradas por mulheres de presidiários. E mulher de preso inevitavelmente o obedece, sob pena de ser morta.
O mesmo se dá com a alimentação do preso. Não deixar um latrocida morrer de fome e sede na cadeia é garantir-lhe um direito humano básico, mas permitir que ele escolha o cardápio, por meio de rebeliões, como ocorre com muita frequência nos presídios brasileiros, não passa de um abuso com o dinheiro de suas vítimas. Hoje, até o criminoso que queima sua vítima viva tem direito a remissão de pena não por dias trabalhados, por horas de estudo e, pasmem, até pela simples leitura de romances na cadeia. Ou seja, o que os acadêmicos chamam de “direitos humanos” são, na verdade, privilégios civis, que deveriam ser privativos do cidadão que respeita as leis e não do bandido que fere o contrato social e, por isso, tem de ser excluído da esfera da cidadania enquanto cumpre sua pena.
Hoje, a inversão de valores é tanta que, oficialmente, por meio das políticas públicas do governo federal, o policial militar se tornou o inimigo público número um, enquanto se concede ao criminoso o monopólio dos direitos humanos. A Resolução nº 8, de 21 de dezembro de 2012, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, sob o comando da ministra Maria do Rosário, estabelece em seu artigo 1º que, quando um bandido morre em confronto com a polícia, na descrição de sua morte nos registros oficiais não deve mais ser usada a expressão “resistência seguida de morte” e, sim, “homicídio decorrente de intervenção policial”.
A alegação é que os policiais utilizam o chamado “auto de resistência” para esconder execuções. Ora, nos casos em que isso ocorre, não vai ser mudando as palavras que o crime deixará de ser praticado. Mais do que a nomenclatura, o que importa em qualquer crime é a investigação. E essa não deixará de ser feita caso um auto de resistência levante suspeitas, a não ser que as autoridades responsáveis pelo controle externo da polícia se omitam. Prova disso é que dezenas de policiais militares são expulsos da corporação em todo o País. Classificar esse tipo de ocorrência como “resistência seguida de morte” é uma questão de respeito com o policial. É um absurdo que, após uma troca de tiros com assaltantes de bancos armados de fuzil, o policial tenha de descrever a morte de um dos bandidos como “homicídio decorrente de intervenção policial”.

Criminoso é “reeducando”, policial é “homicida”

A sociedade honesta e trabalhadora, que não se acumplicia com bandidos, não pode aceitar essa calúnia legalizada contra a polícia, tachando previamente de “homicida” o policial que mata para proteger a sociedade, cumprindo seu dever constitucional. Se numa investigação sobre um auto de resistência ficar provado que não houve confronto, mas execução, então que o policial seja punido. O que não se pode aceitar é que o policial seja antecipadamente tachado de homicida mesmo quando é obrigado a matar para proteger vidas. Na prática, é essa a mancha que o policial terá de carregar em sua imagem, caso seja obrigado a registrar a morte de um bandido em confronto como “homicídio”. Isso é ainda mais grave quando se compara o tratamento de “homicida” que querem dar ao policial com o tratamento de “reeducando” que a Justiça dá a latrocidas e estupradores nas cadeias.
Atentem para esta fórmula de inversão dos valores: policial que mata um sequestrador é “homicida”, até que prove o contrário; já o sequestrador que mata o refém vira “reeducando” quando é preso e condenado pela Justiça. Como se pode notar, há uma completa inversão dos valores morais: o policial é culpado até que prove sua inocência; já o bandido é inocente como uma criança de escola (“reeducando”), justamente quando sua culpa foi provada e sentenciada nos tribunais. Esses fatos mostram que os acadêmicos que criticam a Polícia Militar não estão preocupados com a segurança da população honesta e trabalhadora – querem é atacar a sociedade capitalista, como se não fossem justamente os mais pobres os que mais perdem com o enfraquecimento da polícia? Os ricos podem contratar segurança privada. E os pobres? E a classe média? O que será deles sem a polícia?
A grande verdade é que a Polícia Militar não é necessariamente pior do que as demais instituições humanas. Convém relembrar uma máxima do economista Albert Hirschman não aproveitada na tese do tenente-coronel Paes de Souza: “Sob qualquer sistema econômico, social ou político, indivíduos, firmas e organizações, em geral estão sujeitas a falhas de eficiência, racionalidade, legalidade, ética ou outros tipos de comportamento funcional. Não importa quão bem estabelecidas as instituições básicas de uma sociedade; alguns agentes, ao tentarem assumir o comportamento que deles se espera, estão fadados ao fracasso, ainda que por razões acidentais de quaisquer tipos”.
Ou seja, todas as demais instituições indispensáveis à Justiça, como o Judiciário, o Ministério Público, a OAB, a Polícia Federal e a Polícia Civil, para citar as principais, estão sujeitas a gravíssimas falhas por parte de seus membros. Um juiz que mata um inofensivo e desarmado vigilante de supermercado, como já ocorreu no Brasil, é infinitamente mais criminoso do que um policial desesperado, que, depois de escapar por pouco das balas de um assaltante, resolve terminar de matá-lo ao se dar conta de que ele está ferido. É errada essa atitude do policial? Sem dúvida. Mas é compreensível, tanto que a maioria da população, equivocadamente, a aprova. E a única forma de inibir essa justiça vicária feita com a própria farda é dar ao policial a certeza de que ele pode entregar o bandido aos tribunais, que a sociedade será vingada mesmo assim – sem visitas íntimas, sem saídas temporárias, sem indultos de Natal, sem celulares na prisão, sem regime semiaberto, sem remissão de pena e sem as demais regalias dadas ao criminoso.
É bom lembrar que leis mais duras serviriam inclusive para punir os maus policiais, que também existem, mas, hoje, acabam ingressando no crime organizado ao serem expulsos da corporação. Se os maus elementos de cada instituição humana fossem enforcados nas tripas dos maus elementos das outras, não sobrariam condenados nem tripas. A maldade humana está relativamente bem distribuída em todas as instituições. Por isso, é tolice creditar os problemas da segurança pública à Polícia Militar, como insistem em fazer os acadêmicos e até policiais influenciados por eles. Tortura, corrupção e truculência não são privativas da PM. E a injustiça com a PM é ainda mais grave quando se leva em conta o contexto em que a corporação atua – a miséria moral dos mais ferozes criminosos, que não têm o menor respeito pela vida humana. Por isso, é tolice achar que, desmilitarizando a PM, se resolvem todos os problemas da segurança pública. Mesmo se isso fosse verdade, seria um desatino desmilitarizar a polícia justamente quando os bandidos andam com fuzis nas ruas e transformaram até as cadeias em quartéis crime.
Publicado no Jornal Opção.
José Maria e Silva, sociólogo e jornalista, edita o blog Palavraces
Fonte: Mídia Sem Máscara


Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões Me Adicione no Facebook 


- VIVA RIO! ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE DESARMAMENTO NA VENEZUELA (aqui)

QUEM DITA AS REGRAS NAS VIZINHANÇAS DO AEROPORTO INTERNACIONAL DO RIO É UM BARÃO DAS DROGAS QUE SUSTENTA SEU IMPÉRIO COM ARMAMENTO PESADO E CORRUPÇÃO POLICIAL

PODEROSO CHEFÃO - Fernandinho Guarabu (de camisa listrada) e seu AK-47: "Igual ao do Bin Laden

E tudo isso bem ao lado do Galeão

Leslie Leitão


A Ilha do Governador já foi um bairro do Rio de Janeiro exaltado pela qualidade de vida. Sobre ele escreveram, com nostalgia, Vinicius de Moraes, que lá passou a infância nos anos 1920, e Rachel de Queiroz, que morou ali duas décadas depois. Uma ilhota bem ao lado sedia a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Outra, conhecida como Galeão, é a porta de entrada dos milhões de estrangeiros que chegam à cidade pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim. Pois nessa área, onde residem 211 000 pessoas e circulam acadêmicos, estudantes e turistas, ainda hoje um reduto da classe média, quem manda e desmanda é um barão das drogas: Fernando Gomes de Freitas, 35 anos, um dos traficantes mais poderosos e sanguinários do Rio e o que há mais tempo escapa por entre os dedos da polícia - no dia 1º de dezembro faz uma década que ele se estabeleceu no comando. Temido, temperamental, sempre cercado de seguranças, Fernandinho Guarabu, seu nome de guerra, controla o transporte, o gás, a TV a cabo, os bailes funk, a religião e, claro, a vida e a morte nos seus domínios.
O conjunto de favelas colado ao segundo aeroporto mais importante do país é uma fortaleza patrulhada dia e noite por um exército armado com mais de 200 fuzis, granadas, coletes e até armamento antiaéreo plantado nos becos. Drogas são vendidas abertamente nas ruelas. O QG de Fernandinho fica no Complexo do Dendê, por onde ele perambula com seus carrões, joias e roupas de grife, dormindo cada noite em um lugar (tem sete filhos com sete mulheres) e brandindo sua arma favorita, o fuzil AK-47 - "igual ao do Bin Laden", como gosta de enfatizar. Nessa década de impunidade, colecionou catorze mandados de prisão por oito homicídios, além de tráfico de drogas, armas e extorsão. Jamais foi detido. Ele garante a liberdade na ponta da calculadora, num exemplo contundente de como a corrupção policial pode ser decisiva para a manutenção de um reinado de horror: o chefão do Dendê paga cerca de 300  000 reais por mês em propinas.
IMPUNIDADE - Bandido vestido para a guerra, com granadas, colete à prova de bala e metralhadora antiaérea (à esq.), e venda de drogas no meio da rua: território livre para o crime
IMPUNIDADE - Bandido vestido para a guerra, com granadas, colete à prova de bala e metralhadora antiaérea (à esq.), e venda de drogas no meio da rua: território livre para o crime
VEJA ouviu mais de uma dezena de policiais com passagem pela Ilha do Governador e deles obteve ampla confirmação do propinoduto. "Lá no batalhão a gente brinca que o Dendê é o Citibank", diz um sargento com quase uma década de experiência na área. "Os preços variam de 450 a 550 reais por dia de serviço no meio de semana, e até 1 000 no fim de semana, que é pra deixar o baile em paz", conta um soldado. Uma das mais espantosas investigações ainda em curso sobre a quadrilha indica a participação no esquema até mesmo de uma equipe do Bope, a tropa de elite carioca. Sai caro: 12 500 reais por plantão. Outra parte do pagamento vem em forma de mimos e favores. Certa vez, ao descobrir que um PM não estava conseguindo bancar a festa de 15 anos da filha, o chefão pagou a conta. Em outra ocasião, mandou entregar picanha e linguiça para um churrasco no batalhão, e assim manteve os policiais longe das ruas em um dia de ação mais ostensiva do tráfico.
Nas hostes das forças da ordem, Fernandinho conheceu aquele que é hoje um de seus homens de confiança: um ex-policial militar apelidado de Batoré, que, ainda na ativa, foi flagrado vendendo pistolas no Dendê, em 2006. Batoré acabou preso e expulso da corporação; mal saiu da cadeia, ganhou emprego fixo na favela. Por 8 000 reais semanais, administra o que parece ser o mais lucrativo negócio de Fernandinho depois das drogas e armas: o transporte alternativo. "Ele ganha dinheiro de tudo o que é comercializado dentro da ilha: varejo, máquinas caça-níqueis, mototaxistas, água, gás. Mas nada rende tanto quanto as vans e kombis", diz um inspetor da delegacia da área. Batoré dita as regras e os valores dos pedágios. "Pelo menos 600 motoristas estão pagando hoje para eles", calcula o proprietário de uma van, que também desembolsa a "taxa". Os preços semanais da extorsão variam entre 250 e 330 reais, que no fim somam cerca de 800 000 mensais. Quem se recusa a colaborar é punido com ações que vão do incêndio do veículo a sessões de tortura no morro. O conteúdo de conversas grampeadas pela polícia, às quais VEJA teve acesso, não deixa pairar dúvida sobre o pendor da gangue pela selvageria - "virar sereia", no vocabulário local, significa ter o corpo despejado na vizinha Baía de Guanabara - e sua promíscua relação com os homens da lei ("Sou parceiro", resume um agente).
LEI PRÓPRIA - No Dendê, ninguém usa capacete, para facilitar a identificação, e as vans pagam taxa: ameaças expostas em grampos
LEI PRÓPRIA - No Dendê, ninguém usa capacete, para facilitar a identificação, e as vans pagam taxa: ameaças expostas em grampos
Certa aura de glamour envolve esse barão das drogas, que patrocina bailes funk capazes de atrair da Zona Sul ao Dendê, além de policiais, artistas, filhos de conselheiros do Tribunal de Contas, jovens de classe média e, claro, jogadores de futebol. Diego Souza e Vagner Love são frequentadores, mas o grande amigo de Fernandinho é outro ex-jogador rubro-negro, o atacante Lê. No último dia 20, Lê organizou uma festa-surpresa para comemorar o aniversário do chefão. A polícia acompanhou os preparativos sem mover um dedo. "Não é só por causa de propina que ele não é preso. Tem também a estatística", diz um delegado da cúpula da Polícia Civil. A estatística, no caso, é o declínio dos crimes comuns na região por ordem expressa do traficante, que, além disso, pratica um rasgado assistencialismo: dá gás, remédio, cesta básica, paga enterro, tudo para ter apoio dos moradores que mantém sob mãos de ferro. Nas cercanias do Dendê, o chefão atropela até os códigos de trânsito; nenhum motociclista deve usar capacete, para que possa ser identificado.
Os poucos policiais que já tentaram detê-lo sucumbiram à sua demonstração de força. Em 2012, o cabo Fabrício de Paula, de 39 anos, comandava uma equipe que insistia em combater o tráfico no Dendê e pagou caro por isso: o carro que dirigia foi alvejado por mais de vinte tiros de fuzil. Ele sobreviveu, mas teve o braço direito quase decepado. Sua cabeça, dizem os colegas, valia àquela altura 150 000 reais. A quadrilha não mede esforços para silenciar os inimigos. Às 3h10 da madrugada do dia 20 de junho de 2011, dez homens armados entraram em um hospital municipal a poucos quilômetros do Dendê e, sem encontrar resistência, levaram um paciente que dera entrada horas antes, ferido a bala. Resgate de comparsa? Nada disso. O rapaz filmou para a polícia a movimentação na favela. Fernandinho descobriu, mandou matá-lo, mas ele escapou ao cerco e procurou o hospital. Foi retirado de lá para ser executado.

SOCIEDADE - O parceiro Gil, que também dá ordens no Morro do Dendê (à esq.): há dez anos que a polícia faz vista grossa aos desmandos do bando












O tráfico começou a se entranhar no cotidiano dos moradores da Ilha do Governador nos anos 1990. As disputas de território aterrorizaram a região até que, em 2003, Fernandinho tomou a bala o controle do Complexo do Dendê junto com o comparsa Gilberto de Oliveira, o Gil (também solto). "Quem manda aqui não é Fernandinho e Gil. É Jesus! O dono da favela são vocês, moradores. A gente só administra", já disparou o próprio Fernandinho diante da plateia de um abarrotado baile funk (o vídeo está no YouTube). O barão da Ilha confia tanto na impunidade que, há quatro anos, deu entrevista à revista americana New Yorker sobre o tráfico no Rio. Posou, inclusive, para foto no sofá da sala, com "Jesus Cristo" tatuado no antebraço direito. Sem aderir a nenhuma denominação, afirma "ter sido tocado pela palavra de Deus". Fechou terreiros de candomblé e umbanda e instalou alto­falantes por todo o complexo que transmitem uma oração ao cair da noite. Apaziguados os anseios espirituais, ele se sente mais à vontade para continuar fazendo o que faz há dez anos: vender drogas e armas, corromper policiais, explorar e achacar moradores e eliminar desafetos, informantes ou qualquer um que não reze pela cartilha criminosa em vigor na principal porta de entrada do Rio de Janeiro.

Ordem para castigar um motorista de van que desafiou o bando

TRAFICANTE - Faz um favor? Senta a mão na cara dele pra mim? Senta a mão bem dada, no meio da cara, e manda ele vir resolver aqui. Ele vai puxar faca pra quem aqui?

COORDENADOR DAS VANS - Não manda que eu faço mesmo...

TRAFICANTE - Eu tô te dando uma ordem. Senta a mão no meio da cara, pra ficar os cinco dedos. Pra todo mundo saber o motivo do tapa. E fala pra ele: "Vai lá em cima agora falar com quem tu quiser".


​Policial convence um dos capangas
de Fernandinho a não destruir sua van

PM - Quem tá falando é o dono da van que tá rodando o Edinho (motorista), se ligou na parada?

TRAFICANTE - Porra, que pressão, hein?!

PM - Irmão, não é pressão, não. Negócio é todo mundo trabalhar... Eu sou aqui do 17 (batalhão da região) também. Tá bom, meu parceiro.

TRAFICANTE - (...) Ninguém vai fazer nada com a tua van, não. Mas, se acontecer alguma coisa com ele, eu não quero nem saber. (...)

PM - Tranquilo, irmão. Tu me conhece, eu te conheço. É só pra tu ficar ligado e todo mundo trabalhar.

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Outros destaques de VEJA desta semana
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- VIVA RIO! ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE DESARMAMENTO NA VENEZUELA (aqui)

VIVA RIO! ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE DESARMAMENTO NA VENEZUELA






ANTONIO RANGEL BANDEIRA E RUBEM CESAR FERNANDES NA VENEZUELA

Quem é Rubem Cesar Fernandes?
Possui graduação em Filosofia pela Universidade de Varsóvia (1964), mestrado em História do Pensamento Social pela Columbia University (1972), mestrado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1969) e doutorado em História do Pensamento Social pela Columbia University (1976).
Atualmente é COORDENADOR ÁREA DE PESQUISA S/VIOLÊNCIA URBA do Instituto Superior de Estudos da Religião e Diretor Executivo da Viva Rio. Tem experiência na área de Antropologia. Atuando principalmente nos seguintes temas: Antinomias, Historia, Liberdade.

Bom pelo que percebo essa ONG defende a liberação das drogas, mais não das armas, por que será?
Falar de desarmamento lá na Venezuela, uma tremenda duma ditadura... Não pode ser apenas ignorância.
Vai acontecer o mesmo no Brasil: ditadura esquerdista financiada pela Rede Globo que antes se diziam do lado dos militares e que agora mudam para o lado vermelho.

CAMBADA DE CALHORDAS!

O que mais se podia esperar da Viva Rio?
Os canalhas tendem a se agregar, nada mais natural, e o VIVA RIO poderia começar o serviço conclamando que Chávez entregasse os 100.000 fuzis AK 47 recentemente enviados da Rússia via Cuba para essa ONG trambiqueira, que então os cremaria em festividade no aterro do flamengo num domingão de sol.
Seria lindo não?

Que beleza. Que tal o senhor Rubem Cesar Fernandes ajudar a criar agora o Viva Irã, o Viva Cuba e o Viva Korean do Norte para a companheirada mais avessa a livre expressão coibir o direito natural a defesa contra sanguinários ditadores que tomaram estes países de assalto.

Onde esta o Ministério Publico e demais autoridades que não vasculham a vida deste senhor para entender de onde vêm os recursos de suas campanhas milionárias contra o direito do cidadão de bem possuir uma arma?

TIRANETES DE MERDA

Como é fácil contar mentiras na televisão.
Isso é ridículo! O Provo Brasileiro já decidiu que não quer se desarmado! Estou impressionando com a quantidade de mentiras que esse verme da Viva Rio diz!
Hermanos, no entreguem sus armas!

Essa porcaria de ONG VIVA RIO deveria ser extinta da face da terra, já na bastou o seu diretor ser preso porque estava vendendo um fuzil para um traficante. Agora esse merdinha de nada, sai por aí de conchavo com nada menos que o sucessor de Hitler na terra - Hugo Chávez. Pelo amor de deus.

Isso tem que acabar. Essa ONG é o verdadeiro lobo em pelo de cordeiro.

É NOSSO DIREITO DE PROTEGER NOSSA FAMÍLIA, AMIGOS E A NÓS MESMOS?

O Sr. Antônio esqueceu convenientemente que existem armas ILEGAIS vendidas nas fronteiras do Brasil e que as autoridades não fazem porra nenhuma para impedi-las de entrarem no país, também esqueceu que 99,9% desses homicídios com armas de fogo são causados por VAGABUNDOS que roubam, matam, estupram e vivem felizes para sempre, e se encostarmos a mão nesses vagabundos protegidos do "Direitos dos Manos", quem vai preso é nós mesmos. 


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ONG VIVA RIO
Fundada por Rubem Cesar Fernandes (graduado em filosofia em Varsóvia comunista).

Um cara altamente suspeito, conceituadíssimo e totalmente blindado.

Isso tem que acabar

As quadrilhas de drogas são o mal que precisa ser extirpado de um Rio que entrou em uma nova era

Nos últimos anos, o Rio de Janeiro conquistou importantes vitórias nos campos político, econômico e cultural. Aos poucos a cidade começa a retomar para si o papel de um dos principais protagonistas de uma nova fase de desenvolvimento pela qual passa o Brasil. Este novo Rio que emerge agora atrai investimentos bilionários, fascina visitantes dos quatro cantos do globo e desponta para, uma vez mais, ser o símbolo de um Brasil que marcha rumo à potência mundial. Com todas essas conquistas, não há mais espaço para bandos de marginais financiados pelo tráfico de drogas, que precisam ser definitivamente extirpados dos morros cariocas. No sábado 17, a ousadia das facções criminosas voltou a se manifestar.
Com tiros de metralhadoras antiaéreas .30, os bandidos do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na zona norte, abateram um helicóptero da Polícia Militar durante uma operação que tentava acabar com uma guerra entre facções rivais pelo controle de bocas de fumo. Após cair, o helicóptero explodiu e matou três PMs que estavam a bordo. Ato contínuo, os traficantes, ligados ao Comando Vermelho, telefonaram para comparsas em outras favelas ordenando ataques em série em vários pontos da cidade, queimando ônibus e fechando o comércio. A guerra persistiu durante toda a semana e o número de mortos, até a sexta-feira 23, chegava a 33.
O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, afirmou que o fatídico sábado tinha sido "o nosso 11 de setembro" - numa referência aos atentados terroristas de 2001, em Nova York - e que a Polícia daria uma resposta à altura. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a compra de uma aeronave blindada e a liberação de R$ 100 milhões para o governo do Rio aplicar em segurança. Várias autoridades se manifestaram, como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que cobrou uma atuação mais consistente do governo federal no combate ao crime organizado. O jornal inglês "The Daily Telegraph" disse que foi o pior ato de violência praticado pelo crime organizado no Rio e o "The New York Times" cravou como título de sua reportagem de duas páginas a pergunta: "O Rio consegue resolver o problema até a Olimpíada?" A resposta veio do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge. "Estamos confiantes de que os brasileiros encontrarão boas maneiras de aplicar medidas para resolver isso", disse ele, em Vancouver, no Canadá.
De modo geral, todos cobram a mesma coisa: uma solução imediata para a violência. Segundo o cientista social Antonio Rangel Bandeira, coordenador do controle de armas da ONG Viva Rio, os morros cariocas vivem uma escalada armamentista. "Nos últimos dois anos, a Polícia do Rio apreendeu mais de 40 metralhadoras .30. Essa arma derruba até avião", disse. Um estudo da ONG mostra que, dos 17 milhões de armas que existem no Brasil, seis milhões estão nas mãos de criminosos. Para o sociólogo Gláucio Soares, "a presença da Polícia tem que ser permanente, como no Dona Marta".




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Máquin a pesada

R$ 4,2 bilhões

é o orçamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro para 2009

89,4%

desses recursos são usados com despesas correntes e pessoal

O secretário Beltrame, delegado federal, mandou um recado: "Tráfico de drogas é com a PF." E o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que não faltarão verbas para o combate aos bandidos. Durante a semana o conflito iniciado no sábado envolveu 11 comunidades e o próximo campo de batalha deverá ser o Alemão, um complexo de favelas onde estariam escondidos os cabeças do tráfico que deflagraram os conflitos. Eles precisam ser banidos da sociedade.

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08/12/2011
 às 6:41

O dia em que a Viva Rio, de Rubem César Fernandes, protestou contra a prisão de William, o do fuzil. E o que diziam os fatos, relatados em VEJA

Como todos vocês viram, William Oliveira, o preferido das estrelas e dos políticos, foi preso porque flagrado vendendo um fuzil de fabricação russa, avaliado em R$ 50 mil, ao traficante Nem. Desde que o blog existe, acuso a escandalosa convivência de algumas ONGs com o crime. As pessoas não gostam, ficam irritadas. No Rio, isso é mais freqüente porque vem de longe certo esforço de “poetização” do morro, que considero uma das formas mais refinadas — e canalhas — de crueldade dos ricos. Em 2005, o tal William foi preso, acusado de colaboração com o narcotráfico. No dia 25 de fevereiro daquele ano, na página da ONG “Viva Rio”, comandada pelo buliçoso antropólogo Rubem Cesar Fernandes, encontrava-se esta nota de protesto (fotografei a página para que não suma), com um miniabaixo-assinado. Reparem no tom.
Fórum Dois Irmãos faz pronunciamento sobre a prisão do líder comunitário da Rocinha- 25/02/2005
Nós, que participamos do Fórum Dois Irmãos e do Conselho do Viva Rio, vimos nos pronunciar sobre a prisão de William Oliveira, Presidente da União Pró Melhoramentos dos Moradores da Rocinha. Acompanhamos de perto a crise vivida pela comunidade no último ano e podemos dizer que William tem sido uma liderança importante na busca de soluções positivas. Com coragem e discernimento incomuns, defende publicamente não apenas investimentos sociais, como também medidas de segurança que possam estabilizar a situação de forma duradoura. Acreditamos na Justiça e confiamos na lisura da investigação policial neste caso. Apelamos às autoridades responsáveis e à imprensa que considerem os danos causados por esta prisão não apenas a William e sua família (com filho recém nascido), mas também ao povo da Rocinha, que o elegeu em processo eleitoral exemplar e que, com ele à frente, manifestou-se contra a violência de modo que raramente se vê. A prisão preventiva de pessoa com endereço e trabalho certos e as conclusões precipitadas na opinião pública fazem mal a ele, às lideranças comunitárias em geral, à Rocinha e ao Rio de Janeiro.
Amaro Domingues – Líder Comunitário do Complexo da Maré
André Midani -   Empresário
André Urani – Diretor Executivo do IETS – Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade
Alfredo Luiz Porto Britto – Arquiteto
Antônio Carlos  Mendes Gomes -  Diretor  Executivo  do Sindicato da Indústria e Construção Civil do Rio de Janeiro – SINDUSCON
Antônio Felix -   Lider Comunitário na Região de Santa Cruz
Andres  Cristian Nacht – Presidente do Conselho de Administração da MILLS do Brasil Estruturas e Serviços Ltda.
Carlos Manoel Costa Lima -  Vice-Presidente da Federação Nacional dos Metalúrgicos
Eduardo  Eugênio Gouvêa Vieira Filho -  Empresário
Elysio Pires – Consultor de Comunicação e Marketing
Fernanda Carísio -  Diretora  do Sindicato dos Bancários  do Rio de Janeiro
Isabel Barroso Salgado – Técnica de Vôlei
Jorge Hilário Gouvêa Vieira – Advogado – Escritório de Advocacia Gouvêa Vieira
Luiza Parente – Professora de Educação Física / Ginástica Artística
Luis Roberto Pires -TV Globo - Gerente de Projetos Sociais
Milton Tavares – Associação Comercial do Rio de Janeiro
Rubem César Fernandes – Antropólogo – Diretor Executivo do Viva Rio



Pois é…
A nota é de 25 de fevereiro. No dia 12 de março, a edição nº 1896 de VEJA começava a chegar às bancas com uma reportagem sobre o rapaz! Ô revista encardida, essa, né?, como se diria lá em Dois Córregos. Sempre estragando a poesia da turma que aplaude o pôr do sol…
Lia-se, então, na reportagem:

Com a força das armas, o tráfico de drogas conquistou, nos últimos anos, o domínio sobre regiões inteiras das grandes cidades. No Rio de Janeiro, 1 milhão de pessoas que vivem em 700 favelas são submetidas a um regime tirânico. Esse avanço territorial tem várias causas, entre elas o arsenal de guerra dos bandidos, a falta de uma política de segurança eficaz e a corrupção policial. Mas, no dia 23 de fevereiro, a prisão do líder comunitário William de Oliveira jogou luz sobre uma face mais complexa e chocante desse fenômeno. Presidente da União Pró-Melhoramentos, a mais importante associação de moradores da Rocinha, a maior favela do Rio, William foi flagrado em escutas telefônicas com os chefes do tráfico local. Em uma das gravações, autorizadas judicialmente, o líder comunitário pede ao traficante Erismar Rodrigues, o “Bem-Te-Vi”, patrocínio para uma festa em comemoração ao aniversário da associação de moradores.
Pesa ainda contra William a suspeita de ter usado a entidade que preside para comprar aparelhos de radiocomunicação e repassá-los aos traficantes. Outra líder comunitária, Maria Luiza Carlos, também presa na operação policial, foi mais longe. Ex-presidente da mesma União Pró-Melhoramentos, “Madrinha”, como é conhecida, atuava como elo entre bandidos e policiais corruptos. Era de sua responsabilidade a entrega, de três em três dias, de uma propina de cerca de 2.500 reais. A prisão de William e Maria Luiza revela a deformação de uma estrutura que deveria agir em favor dos interesses comunitários, e não prestar vassalagem a bandidos. Estudos apontam que, no Rio de Janeiro, quase metade das associações de moradores sucumbiu à proximidade com o tráfico e hoje oscila entre a calada submissão e o apoio ostensivo ao crime organizado.

(…)
A revista também trazia um trecho da conversa em que William pede patrocínio para uma festa ao traficante Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi.


William -
 Vou fazer, dia 22, o aniversário da associação, 43 anos, lá na Curva do S.
Bem-Te-Vi - Vai fechar um show lá?
William - Vou, vou, vai ser no domingo. De 3 da tarde até meia-noite, a entrada é 1 quilo de alimento. Tô fechando a programação e quando tiver pronta eu vou falar contigo, pra ver o teu patrocínio aí, o que você pode me patrocinar.
Bem-Te-Vi – Que patrocínio? Pô, tá maluco? Minha “firma” tá quebrada. Tá ligado que tá quebrada a firma? Mas a gente fala alguma coisa, a gente pede alguma coisa a alguém, tá ligado?


VEJA teve acesso também à transcrição de conversas telefônicas entre Maria Luiza Carlos, antecessora de William na presidência da União Pró-Melhoramentos da Rocinha, e Bem-Te-Vi. Fica claro que ela servia de ligação entre traficantes de drogas e policiais corruptos.

Bem-Te-Vi -
 Manda eles ficarem no Largo da Macumba, e, se passar, não precisa dar tiro, não, que nós tá (sic) vendo tudo.
Maria Luiza – Eu vou passar para ele. Olha, eles estão mandando te perguntar se você não quer comprar um colete à prova de balas novinho.
Bem-Te-Vi – Tem aquele porta-pistola na frente do peito?
Maria Luiza – É esse mesmo.
Bem-Te-Vi ­ Quanto é?
Maria Luiza – Mil e quinhentos.
Bem-Te-Vi -
 Que é isso? Os amigos deles outro dia venderam um por 600, aí comprei mais vinte
(….)
Como reagiu Ruben César Fernandes, da Viva Rio, diante dessas evidências? Assim:

“Eu, pessoalmente, mantenho a minha opinião sobre o William mesmo depois da divulgação das conversas, que podem ser interpretadas de diferentes maneiras. Hoje, não há liderança comunitária dentro de favela que não fale com o tráfico”.
Pois é… Essas convicções de Rubem César acabaram metendo terceiros em roubadas, como foi o caso de um diretor da ONG  “Sou da Paz” (leia aqui)Outro que saiu em defesa de William foi o jornalista Zuenir Ventura. Os dois chegaram a participar de um debate sobre… meio ambiente!!! Na sua página na Internet, o “líder comunitário” cita o jornalista: 
“A cidade partida definida por Zuenir Ventura pode começar a ser unida a partir das nossas práticas.”

Nem diga!
Inversão total de valores

Dias depois da prisão de William, em 2005, o que mobilizou os descolados do Rio, sabem quem estava na defensiva, tendo de se explicar? O então secretário de Segurança, Marcelo Itagiba. As acusações contra William acabaram dando em nada, apesar das evidências. No ano passado, o site que anunciava que ele debateria meio ambiente com Zuenir apresentava o seu currículo:

“É presidente nacional do Movimento Popular de Favelas, vice-presidente do Fórum de Turismo da Rocinha e vice-presidente da Federação das Associações de Jacarepaguá, Barra, Recreio e Adjacências. É diretor jurídico e relações públicas da Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro. Morador da Rocinha, participa dos conselhos comunitários de segurança pública e do PAC.”
O evento se chamava “Rio de Encontros”. Várias páginas se produziram na Internet da mais pura e comovente poesia social!!!
Entre a conivência e a tolice dos abobados metidos a iluministas, quem, historicamente, paga o pato é o homem comum, o povo de verdade, aquele sem pedigree, que não aprendeu a falar as palavras-chave que encantam os bem-nascidos.
O crime organizado deve rir desses, como chamarei?, clowns!
Ah, sim: não adianta me chamar de reacionário, não, viu? Em primeiro lugar, não dou a mínima. Em segundo lugar, reacionário é ficar alimentando mitos e fortalecendo posições de “lideranças” que mantêm refém a população invisível, aquela que não debate com o Zuenir…
Por Reinaldo Azevedo

“Eu, pessoalmente, mantenho a minha opinião sobre o William mesmo depois da divulgação das conversas, que podem ser interpretadas de diferentes maneiras. Hoje, não há liderança comunitária dentro de favela que não fale com o tráfico”
Fala a verdade você apoia bandido né…



1º - QUEM DITA AS REGRAS NAS VIZINHANÇAS DO AEROPORTO INTERNACIONAL DO RIO É UM BARÃO DAS DROGAS QUE SUSTENTA SEU IMPÉRIO COM ARMAMENTO PESADO E CORRUPÇÃO POLICIAL (aqui)

2º - A FALÁCIA DA DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍCIA (aqui)




REPORTAGEM DA BAND SOBRE DESARMAMENTO

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21 - Parresía: A Igreja e o desarmamento