domingo, 15 de fevereiro de 2015

Por que "Birdman" é o favorito ao Oscar?




Não é por acaso que “Birdman” é o grande favorito ao Oscar. O filme promete discussões profundas sobre a importância de se sentir amado nesse mundo. Mas tudo o que o diretor mexicano Alejandro Iñárritu nos entrega é uma agradecida homenagem à indústria de entretenimento dos EUA que lhe abriu as portas: um filme supersaturado de metalinguagem e colagens de auto-referências que acabou resultando em uma produção complacente, auto-indulgente e subserviente. Iñarritu faz homenagem a uma Broadway que não mais existe, reforçando a mitologia que ainda dá algum verniz “artístico” a Hollywood: atores autopiedosos, divas narcisistas que se entregam ao “Método” e críticos implacáveis que transformam artistas em “gênios incompreendidos”. Com isso, o diretor mexicano parece ter um grande futuro na noite do Oscar. 

Alejandro Gonzáles Iñárritu é um diretor mexicano que já conta com uma sólida e bem sucedida carreira em Hollywood (21 Gramas, Babel, Biutiful). Por isso, é chegado o momento de Iñárritu prestar uma homenagem à indústria do entretenimento que lhe abriu às portas para aquele país. E como sempre, a melhor forma é através da metalinguagem, alusões e paráfrases.

Birdman é um filme supersaturado que obriga o espectador a caminhar por um desfile interminável de colagens e referencias que acaba se tornando tão claustrofóbico quanto os corredores dos bastidores de uma peça da Broadway onde a maior parte da trama acontece. O filme engata longos planos-sequências que simulam um filme totalmente sem montagem, mas com sutis cortes que separam os atos.


Com uma câmera sempre flutuante e frenética ao redor dos personagens, Iñárritu parece ansioso em demonstrar seu domínio técnico ao prestar a primeira homenagem ao cinema: o sonho do moto perpétuo cinemático, a câmera se fundindo com a própria vida num eterno plano-sequência, assim como o olho humano.

A segunda homenagem é à Broadway, famoso circuito de teatros em Nova York que por muito tempo serviu de fornecedor de roteiristas, atores e diretores para Hollywood - e o filme Barton Fink, 1991, dos irmãos Coen é um dos que melhores retrataram isso de maneira bem ácida. Hoje Hollywood busca sua força de trabalho não mais na Broadway, mas no cinema independente e em mercados externos, como a própria carreira de Iñárritu atesta. E a Broadway acabou dominada por hits adaptados de Hollywood (Rei Leão, Ghost, Pequena Sereia etc.) para reduzir os riscos financeiros.

Birdman homenageia uma Broadway que não mais existe: a dos tempos em que ainda a opinião impressa de um crítico (que no filme vemos romanticamente escrevendo seu texto no balcão de um bar) poderia destruir uma peça ou a carreira de um artista; e atores acreditavam no “Método” da Actor’s Studio – escola de atores fundada em 1947 onde a partir de leituras particulares das proposições de Stanislavski criaram um método de completa imersão do ator no personagem.

O problema de todas as homenagens baseadas em metalinguagens e colagens de referências e paráfrases é que o resultado acaba se tornando autoindulgente, condescendente e subserviente.

Pretensamente, Birdman quer fazer uma crítica irônica à onda de filmes de super-heróis de quadrinhos e discussões de como as atuais celebridades virais da Internet contaminam o cinema.  Mas o resultado é uma agradecida homenagem à indústria do entretenimento que deu oportunidade a um diretor mexicano fazer a “América”.

O Filme


Birdman descreve o ataque crescente de ansiedade da estreia de uma peça autofinanciada por Riggan Thomson. Riggan viveu seus momentos de glória nos anos 90 ao fazer a trilogia do super-herói Birdman, que o tornou rico e famoso. Arrogantemente recusou uma quarta continuação, jogando-o no ostracismo. Agora tenta resgatar credibilidade e respeito artístico  apostando tudo que tem numa peça na Broadway – uma adaptação de uma obra de Raymond Carver.

Contrata seu advogado Jake (Zach Galifianakis) para produzir e sua filha Sam (Emma Stone) para ser sua assistente pessoal, mas na verdade tudo não passa de uma tentativa patética de superar a culpa de ter negligenciado sua infância – um abandono que contribuiu para o problema com drogas da filha.

Divorciado, Riggan tem uma relação amorosa com a co-estrela Laura (Andrea Risenborough) que quer um bebê. Mas ela também tem um caso com a atriz principal Lesley (Naomi Watts) que, por sua vez, vive uma relação turbulenta como Mike Sheiner, um ator narcísico-imperativo que quer vivenciar “O Método” com toda intensidade – no palco e fora dele.

A noite de estreia se aproxima e a ansiedade crescente faz Riggan ter alucinações e ser perseguido por uma voz que é uma espécie de superego-Birdman: o monstro super-herói que ele criou, ordenando-lhe a esquecer do teatro e recuperar o seu superpoder principal – fazer blockbusters para o cinema com uma virtual continuação “Birdman 4”.

A todo momento Riggan está à beira de um colapso mental devido a uma eminente catástrofe comercial e de crítica. Por isso, com o andar da narrativa a voz do superego Birdman torna-se cada vez mais frequente e a profusão de metalinguagens domina o filme: um insistente som de percussão jazzística pontua as ações sem sabermos se é um som diegético ou extra-diegético – em muitos momentos vemos, de passagem, em um canto dos bastidores o próprio baterista que faz o som; ou os diálogos nervosos sem sabermos se são linhas de diálogo do filme ou da peça que os personagens estão encenando dentro do filme.

Hollywood adora metalinguagens e auto-referências


Além disso há uma explícita auto-referência com o próprio ator Michael Keaton – tal como o personagem, foi o “ator da vez” noBatman de Tim Burton nos anos 90 e é um ator que nada fez de relevante nos últimos tempos. Em Birdman, assim como na vida real, tenta reconhecimento: lá na ficção com uma peça da Broadway; e aqui na vida real, com um esperado Oscar de melhor ator.

Hollywood adora esse tipo de homenagem metalinguística e auto-referencial: isso parece legitimá-la e dar relevância para o que faz. Ainda mais que a suposta “crítica” ou “ironia” que Birdman faria da oposição entre Hollywood X Broadway, comercial X artístico e cinema X teatro é ultrapassada é datada, assim como a discussão sobre o desejo de ser celebridade para tentar ser amado por todos.

Broadway hoje monta adaptações de histórias anteriormente testadas no cinema para diminuir os riscos diante da competição de entretenimento mais barato, como a Internet. Mas Birdman quer sustentar esse mito da Broadway, porque é positivo para Hollywood: dá um verniz “artístico” ao seu cast de atores que militam tanto no teatro quanto no cinema.

Críticos que rabiscam sua crítica em um bloquinho com poder de destruir carreiras e atores narcísicos que praticam fielmente “O Método” da Actor’s Studio são personagens também datados, colocados em Birdman para reforçar esse mito que tanto agrada a Academia de Cinema.

“A popularidade é o primo pobre do prestígio”


Embora não consiga admitir, Riggan é viciado em celebridade, mas ele está em busca de um verniz: que seja amado e reconhecido pelo seu suposto talento dramático. A certa altura o ator Mike Sheiner fala para Riggan: “A popularidade é o primo pobre do prestígio”.

Talvez essa seja a ideia potencialmente mais crítica deBirdman, mas é apenas pincelada e esquecida durante o filme – incentivado pela sua filha, Riggan transforma-se numa celebridade viral graças a vídeos postados em redes sociais.

Riggan não quer renunciar à celebridade: quer renová-la, atualiza-la, torna-la com mais classe. Esse é o atual papel ideológico da Broadway, que filmes como Birdman procura manter ao contar a história da ansiedade da pré-estreia de um ator de Hollywood que pisará em um palco onde atuaram Marlon Grando, Geraldine Page e Jason Robards.

Mas o sucesso de sua peça dependerá muito mais da sua celebridade instantânea dos vídeos virais na Internet. Ele apenas será um primo pobre do prestígio.

É justamente essa crítica que o diretor Alejandro Iñárritu preferiu deixar apenas latente, de passagem, sem desenvolver até às últimas consequências: poderia desmistificar, mostrando como a Broadway e o teatro se tornaram engrenagens de uma gigantesca indústria do entretenimento movida ablockbusters e atores auto-indulgentes.

O filme Birdman promete discussões profundas sobre a importância de se sentir amado nesse mundo, mas tudo que consegue nos entregar são os tradicionais clichês que legitimam a indústria do entretenimento: atores auto-piedosos a ponto de terem um colapso porque, afinal, são “sensíveis”; críticos impiedosos que transformam artistas em gênios incompreendidos; Broadway como meca de todo ator de Hollywood para torna-se mais “artístico”, vítimas da celebridade que entram em crise de abstinência ao perde-la etc.

Por isso, Birdman parece mostrar o quanto o diretor mexicano Alejandro Iñárritu está grato pelas portas de Hollywood abertas para ele – em troca, ele tornou mais “moderninho” (com seus longos planos sequências, câmeras flutuantes e apuro de efeitos digitais) os velhos mitos que legitimam o negócio da indústria cinematográfica.

O que torna o filme o grande favorito ao Oscar desse ano.


Ficha Técnica


Título: Birdman
Diretor: Alejandro Gonzalez Iñárritu
Roteiro: Alejandro Gonzalez Iñárritu, Nicolás Giacobone
Elenco: Michael Keaton, Zach Galifianakis, Edward Norton, Naomi Watts, Emma Stone
Produção: New Regency Pictures
Distribuição: 20th Century Fox Pictures
Ano: 2014
País: EUA





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Artistas ingleses boicotam Israel enquanto 1 milhão de meninas inglesas são estupradas por gangues muçulmanas


Julio Severo

Numa iniciativa chamada “Artistas em Defesa da Palestina,” uns 700 artistas ingleses, inclusive Roger Waters, Brian Eno, Mike Leigh, Ken Loach e Richard Ashcroft, fizeram um compromisso, em 14 de fevereiro, de boicotar Israel em reação ao que classificaram de “catástrofe palestina,” de acordo com o jornal Jerusalem Post.
Catástrofe? É o que está acontecendo ao redor de Israel. A Síria, o Iraque e outras nações islâmicas ao redor de Israel estão sofrendo: muçulmanos estão matando cristãos. Em todas as nações muçulmanas do Oriente Médio, o mesmo padrão se repete em grau maior ou menor: muçulmanos matando cristãos.

Por que no mar de violência do Oriente Médio os muçulmanos são os agressores e levam vantagem contra os cristãos, mas não contra Israel?
Porque Israel é a única nação não-muçulmana do Oriente Médio que tem condições de se defender.
Por que os artistas ingleses estão incomodados com a defesa israelense, mas não estão preocupados nem angustiados com o fato de que cristãos estão sendo estuprados, torturados e massacrados em nações muçulmanas ao redor de Israel? A Inglaterra não é uma nação com raízes cristãs? A Inglaterra é incapaz de sentir compaixão de cristãos oprimidos por muçulmanos?
Por que os artistas ingleses estão incomodados com Israel? Será que os judeus estão estuprando meninas inglesas? Aliás, se o povo inglês fosse informado na 2ª Guerra Mundial que soldados nazistas tinham a intenção de invadir a Inglaterra para estuprar meninas inglesas, a população britânica reagiria e lutaria furiosamente por suas meninas.
Se dissessem ao povo inglês hoje que os judeus têm a intenção de invadir a Inglaterra para estuprar meninas inglesas, o povo inglês reagiria e lutaria furiosamente por suas meninas.
Contudo, é exatamente isso que está acontecendo. A Inglaterra está sendo invadida, mas não por nazistas ou judeus. De acordo com uma reportagem reveladora, chocante e dolorosa da revista americana FrontPage, gangues muçulmanas estão infligindo exploração sexual em meninas inglesas, e as autoridades inglesas acreditam que até 1 milhão de meninas podem ter sido vítimas, descrevendo a situação como um “desastre nacional” que exige alguma resposta para lidar com o “horror.”
Então, quando é que os artistas ingleses vão pressionar o governo britânico a fazer um compromisso de boicotar toda imigração de estupradores islâmicos?
Quando é que eles vão lançar uma iniciativa “Artistas em Defesa das Meninas Inglesas”?
Quando é que eles vão reagir furiosamente ao desastre e horror nacional da exploração sexual islâmica de meninas inglesas?
Ou proteger as meninas inglesas é menos importante do que ser rotulado de fanático, racista ou islamófobo pela mídia esquerdista?
Toda vez que Israel se defende contra muçulmanos palestinos, os mesmos rótulos são usados contra os judeus.
O apático governo e povo inglês, que não estão protegendo suas filhas dos muçulmanos, não têm direito algum de condenar Israel por proteger seu povo e suas filhas.
Se queremos ganhar a guerra contra o terrorismo islâmico, proteger as meninas inglesas e proteger os cristãos e Israel de inimigos islâmicos, temos de estar prontos para a guerra de rótulos travada pelos esquerdistas.

COMENTÁRIO DO BLOG:


David Gilmour guitarrista do Pink Floyd não é antiSSemita. Em 2005, David Gilmour foi o único do Pink condecorado como “Cavaleiro do Império Britânico” pelos seus serviços prestados à música.



O conselho de Pink Floyd para os Rolling Stones
Roger Waters e Nick Mason pedem que Mick Jagger e sua banda não façam show programado para 4 de julho em Tel Aviv. “É o equivalente moral a se apresentar em Sun City no auge do apartheid sul- africano”

roger waters mick jagger israel
Roger Waters e Mick Jagger


Dois dos fundadores da banda Pink Floyd, Roger Waters e Nick Mason, escreveram uma carta pedindo que os Rolling Stones e outras bandas reconsiderem sobre a decisão de tocar em Israel no ano de 2014.

“Tocar em Israel agora é o mesmo que tocar em Sum City no ápice do apartheid”, insistem os roqueiros do Pink Floyd. No documento, os músicos explicam que ao se apresentarem aos israelenses, estas bandas, incluso os Rolling Stones, vão “fornecer propaganda que será usada pelo governo israelense em suas tentativas de encobrir as políticas de seu regime injusto e racista.”



Versão em inglês deste artigo: British Artists Boycott Israel As One Million British Girls Are Raped by Muslim Gangs
Leitura recomendada:
  
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José Eduardo Cardozo dá golpe na Lava Jato. Ele precisa ser demitido e punido judicialmente






O que você vai ler aqui é de estarrecer até mesmo os mais estoicos e niilistas. É algo que só encontra precedentes na atual Argentina kirchnerista e na Venezuela chavista. Veja um trecho da matéria As conversas impróprias do ministro da Justiça, da Veja:
Ex-deputado pelo PT e candidato há anos a uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cardozo se lançou numa ofensiva para acalmar as construtoras acusadas de envolvimento no petrolão, que, conforme VEJA revelou, ameaçam implicar a presidente Dilma Rousseff e o antecessor Lula no caso se não forem socorridas.
Mas por que diabos esse sujeito estaria puxando conversa com os investigados? Leia a seguir:
Há duas semanas, o ministro recebeu em seu gabinete, em Brasília, o advogado Sérgio Renault, defensor da UTC, que estava acompanhado do ex-deputado petista Sigmaringa Seixas.
Quer dizer, quebrando a autonomia da Polícia Federal ele usou suas informações privilegiadas para falar com os investigados.
O relato da conversa percorreu os gabinetes de Brasília e os escritórios de advocacia como um sopro de esperança para políticos e empresários acusados de se beneficiar do dinheiro desviado da Petrobras. Não sem razão. Na reunião, que não constou da agenda oficial, Cardozo disse a Renault que a Operação Lava-Jato mudaria de rumo radicalmente, aliviando as agruras dos suspeitos de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. O ministro afirmou ainda que as investigações do caso envolveriam nomes de oposicionistas, o que, segundo a tradição da política nacional, facilitaria a costura de um acordo para que todos se safem.
“Costura” para que todos se safem? Quer dizer que nesta altura do campeonato um ministro da justiça está influenciando pessoas para que elas consigam arrumar um jeito de afundar a Lava Jato? E tudo com base em brechas. Crime.
Depois disso, Cardozo fez algumas considerações sobre os próximos passos e, concluindo, desaconselhou a UTC a fechar um acordo de delação premiada. Era tudo o que os outros convivas queriam ouvir. Para defender a UTC, segundo documentos apreendidos pela polícia, o escritório de Renault receberá 2 milhões de reais. Além disso, se conseguir anular as provas e as delações premiadas que complicam a vida de seu cliente, amealharia mais 1,5 milhão de reais. Renault esgrime a tese de que a Lava-jato está apinhada de irregularidades, como a coação de investigados. No encontro, Cardozo disse o mesmo ao advogado, ecoando uma análise jurídica repetida como mantra pelos líderes petistas.
Note aí, leitor, que a intenção dessa gente é anular as delações premiadas até o momento.
Depois da reunião no ministério, representantes de UTC e Camargo Corrêa recuaram nas conversas com o Ministério Público para um acordo de delação premiada. A OAS manteve-se distante da mesa de negociação. “Na quarta-feira (um dia depois do encontro em Brasília), fomos orientados a suspender as conversas com os procuradores”, confidencia um dos advogados do caso. Cardozo não operou esse milagre sozinho. “Chegou o recado de que o Lula entrará para valer no caso e assumirá a linha de frente. Isso aumentou a esperança de que o governo não deixe as empresas na mão”, diz outro advogado de uma empreiteira.
É o suficiente. A menor influência de um ministro de justiça em uma situação dessas é o encerramento da instituição do ministério da justiça. É coisa digna de merecer fechamento de portas. E ainda tem o envolvimento direto de Lula, o que só faz tornar tudo mais grotesco.
Procurados por VEJA, Cardozo, Renault e Sigmaringa tropeçaram nas próprias contradições ao tentar esclarecer a reunião no Ministério da Justiça, classificada por eles como um mero bate-papo entre amigos sobre assuntos banais. Cardozo disse inicialmente que não se reuniu com Renault. Depois, admitiu o encontro. A primeira reação de Sigmaringa também foi negar a audiência com Renault no gabinete do ministro, para, em seguida, recuar. Os amigos compartilham, como se vê, do mesmo problema de memória. Na versão de Cardozo, a reunião teria sido obra do acaso. Sigmaringa, um “amigo de longa data”, teria ido visitá-lo. Renault, que estava em Brasília e tinha um almoço marcado com o ex-deputado, decidiu se encontrar com Sigmaringa também no ministério. Pimba! Por uma conjunção cósmica, o advogado da UTC, empresa investigada pela Polícia Federal, acabou no gabinete de José Eduardo Cardozo.
Em um país sério, Cardozo já deveria estar respondendo inquérito por vazamento de informações sigilosas e tráfico de influências.
Antes da discussão sobre impeachment, é preciso urgentemente falar sobre a imprescindível demissão de Cardozo. Enquanto ele estiver em seu cargo, a instituição do ministério da justiça está sob suspeita.
Simplesmente, enquanto a Polícia Federal trabalha, um ministro vai dando dicas e distribuindo informações privilegiadas, o que constitui influência em órgão autônomo, uso dessas informações privilegiadas para benefício do partido, e abuso do poder estatal, de modo tirânico, para evitar que delatores digam o que saibam.
Hoje é um dia para todos os brasileiros não ficarem apenas indignados, mas apavorados, pois um ministro da justiça desceu a um ponto onde nenhum outro jamais havia feito.



PF intercepta ligação de Gilmar Mendes para investigado no STF

Conversa foi gravada no dia em que o governador Silval Barbosa foi preso em flagrante; Ministro da Justiça também foi flagrado

FILIPE COUTINHO
06/02/2015 20h15 - Atualizado em 06/02/2015 20h53

À esquerda, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, entrega em 2013 uma medalha de honra ao mérito ao ministro e conterrâneo Gilmar Mendes (Fotos: Ednilson Aguiar/Secom-MT)

Em 15 de maio do ano passado, o Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-­Geral da República, autorizou a Polícia Federal a vasculhar a residência do então governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, do PMDB, à cata de provas sobre a participação dele num esquema de corrupção. Cinco dias depois, uma equipe da PF amanheceu no duplex do governador, em Cuiabá. Na batida, os policiais acabaram descobrindo que Silval Barbosa guardava uma pistola 380, três carregadores e 53 munições. Como o registro da arma vencera havia quatro anos, a PF prendeu o governador em flagrante. Horas mais tarde, Silval Barbosa pagou fiança de R$ 100 mil e saiu da prisão. Naquele momento, o caso já estava no noticiário. Às 17h15, o governador recebeu um telefonema de Brasília. Vinha do mesmo Supremo que autorizara a operação.

“Governador Silval Barbosa? O ministro Gilmar Mendes gostaria de falar com o senhor, posso transferi-lo?”, diz um rapaz, ligando diretamente do gabinete do ministro. “Positivo”, diz o governador. Ouve-se a tradicional e irritante musiquinha de elevador. “Ilustre ministro”, diz Silval Barbosa. Gilmar Mendes, que nasceu em Mato Grosso, parece surpreso com a situação de Silval Barbosa: “Governador, que confusão é essa?”. Começavam ali dois minutos de um telefonema classificado pela PF como “relevante” às investigações. O diálogo foi interceptado com autorização do próprio Supremo – era o telefone do governador que estava sob vigilância da polícia. Na conversa, Silval Barbosa explica as circunstâncias da prisão. “Que loucura!”, diz Gilmar Mendes, duas vezes, ao governador (leia ao lado um trecho da transcrição da conversa). Silval Barbosa narra vagamente as acusações de corrupção que pesam contra ele. Gilmar Mendes diz a Silval Barbosa que conversará com o ministro Dias Toffoli, relator do caso. Fora Toffoli quem, dias antes, autorizara a batida na casa do governador.  Segue-se o seguinte diálogo:



Silval Barbosa: E é com isso que fizeram a busca e apreensão aqui em casa.

Gilmar Mendes: Meu Deus do céu!

Silval Barbosa: É!

Gilmar Mendes: Que absurdo! Eu vou lá. Depois, se for o caso, a gente conversa.
Silval Barbosa: Tá bom, então, ministro. Obrigado pela atenção!
Gilmar Mendes: Um abraço aí de solidariedade!
Silval Barbosa: Tá, obrigado, ministro! Tchau! 


  



Meia hora após o telefonema de Gilmar Mendes, foi a vez de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ligar para Silval Barbosa. Isso mesmo: o chefe da PF foi interceptado... num grampo da PF. A secretária avisa: “Governador, é o ministro da Justiça”. Curiosamente, a conversa começa quase idêntica à anterior. “Que confusão, hein, governador?”, diz Cardozo. Silval Barbosa repete o que dissera a Gilmar Mendes sobre as acusações de corrupção. “Barbaridade!”, diz Cardozo. Silval Barbosa diz ao ministro que tinha uma arma com registro vencido. Cardozo responde: “Muita gente não sabe disso, viu, Silval?”, diz o ministro sobre as regras de renovação de porte. Cardozo ainda diz “que loucura” quando o governador critica o fato de a investigação ser tocada no Supremo, foro do ex-governador e atual senador Blairo Maggi, um dos investigados, e não no Superior Tribunal de Justiça, foro de Silval Barbosa. A conversa prossegue – em determinado momento, Silval Barbosa é chamado de “mestre” por Cardozo.  “O pessoal da PF se comportou direitinho com você? (…) Eu queria saber muito se a PF tinha feito alguma arbitrariedade”, diz Cardozo. “Fizeram o trabalho deles na maior educação, tranquilo”, afirma o investigado. “Qualquer coisa me liga, tá, Silval?”, diz o ministro da Justiça.


ÉPOCA teve acesso com exclusividade à íntegra do inquérito relatado por Dias Toffoli. É lá que se encontram os áudios transcritos nestas páginas (ouça em epoca.com.br) – e as provas do caso. O inquérito foi batizado com o nome de Operação Ararath – uma referência bíblica ao monte da história de Noé, na qual só os policiais parecem encontrar sentido. Iniciada em 2013, a investigação da PF e do Ministério Público Federal desmontara um esquema de lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e corrupção política no topo do governo de Mato Grosso. O caso subiu ao Supremo quando um dos principais operadores da quadrilha topou uma delação premiada. Entregou o governador e seus aliados, assim como comprovantes bancários. No dia em que Silval Barbosa foi preso, a PF também fez batidas em outros locais. Apreendeu documentos que viriam a reforçar as evidências já obtidas.


  


No inquérito, há indícios de que Silval Barbosa recebeu dinheiro do esquema (documento acima) (Foto: Reprodução)

A investigação exigiu do Ministério Público Federal uma força-tarefa de procuradores, além de uma investigação em sigilo absoluto, com direito à entrega de documentos em mãos ao procurador-­geral da República, Rodrigo Janot. Segundo as provas reunidas pelos investigadores, o esquema era simples. O grupo político que governava Mato Grosso desde 2008, representado pelo então governador Blairo Maggi, hoje senador, e Silval Barbosa, que era seu vice, usava a máquina do governo para financiar campanhas eleitorais. Empreiteiras com contratos no governo do Estado faziam ­pagamentos a in­ter­mediários, que por sua vez repassavam dinheiro às campanhas. Esses intermediários eram donos de empresas que funcionavam como pequenos bancos ilegais. Mantinham à disposição do grupo político uma espécie de conta-­corrente. Silval Barbosa foi acusado de articular pessoalmente o pagamento de R$ 8 milhões às campanhas dele e de seus aliados, nas eleições de 2008 e 2010. Há documentos bancários que confirmam o depoimento do delator.

Antes mesmo da batida no apartamento do governador, os delegados foram peremptórios sobre a participação dele no esquema. “Além do crime contra o sistema financeiro nacional, revela-se por parte de Silval Barbosa a prática do crime de corrupção passiva, consubstanciada na solicitação – e posterior recebimento – de empréstimo de R$ 4 milhões (na campanha de 2008), quantia que não seria obtida mediante operação regular (vantagem indevida), para fins eleitorais e partidários (satisfação das necessidades do PMDB), circunstância ligada diretamente a sua atividade política e cargo ocupado (vice-governador); a conduta foi praticada, portanto, em razão da função”, escreveram os delegados ao STF.



O irmão mais novo de Gilmar Mendes, Francisco Mendes, pertence ao mesmo grupo político de Silval Barbosa e Blairo Maggi. Francisco Mendes foi prefeito de Diamantino, cidade natal da família. Apesar da proximidade com Silval Barbosa, Francisco Mendes, ressalte-se, não está sob investigação da PF. O ministro Gilmar Mendes também mantém boas relações com Silval Barbosa. Em 21 de junho de 2013, quando Silval Barbosa era governador e o caso começava a ser investigado pela for­ça-tarefa, Gilmar Mendes foi ao gabinete dele em Cuiabá para receber a medalha de honra ao mérito do Estado de Mato Grosso. Assim falou Gilmar Mendes: “É uma visita de cortesia ao governador. Somos amigos de muitos anos, temos tido sempre conversas muito proveitosas. Fico muito honrado. Faço tudo para que o nome de Mato Grosso seja elevado”.



Em sete de outubro, quatro meses após o telefonema de solidariedade a Silval Barbosa, o ministro Gilmar Mendes foi convocado a desempatar um julgamento do inquérito. A Procuradoria-Geral da República pedira ao Supremo que o principal operador do esquema, segundo a PF, fosse preso novamente. Argumentava-se que ele tentara fugir – e tentaria de novo. Trata-se de Éder Moraes. Ele fora secretário da Casa Civil, da Fazenda e chefe da organização da Copa do Mundo em Mato Grosso nos governos de Blairo Maggi e Silval Barbosa.
 
Quatro meses após ligar para Silval, Gilmar  deu o voto decisivo para manter livre o operador do esquema

O pedido foi julgado na primeira turma do Supremo, composta de cinco ministros. Meses antes, Toffoli, o relator do caso, votara por mantê-lo em liberdade. Os ministros Celso de Mello e Luís Roberto Barroso avaliaram que não poderiam atuar no caso. Sem declinar as razões, Celso de Mello e Barroso se declararam suspeitos. O ministro Luiz Fux votou com Toffoli, mas os ministros Marco Aurélio Mello e Rosa Weber votaram a favor do pedido do Ministério Público – pela prisão preventiva. O julgamento estava empatado. Faltava um voto. O ministro Gilmar Mendes avaliou que não tinha razões para se declarar impedido ou suspeito de participar do julgamento. Votou contra a prisão do acusado. Foi o voto que assegurou a liberdade de Éder Moraes – que, segundo as investigações, era o parceiro de Silval Barbosa no esquema.



Procurados, os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli disseram que não conversaram sobre o processo. ÉPOCA enviou ao ministro Gilmar Mendes cópia do diálogo interceptado pela PF. Em nota, o ministro negou qualquer conflito de interesses ao participar do julgamento do operador. Também não viu problemas no teor do telefonema de solidariedade ao investigado. “Ao ser informado pela imprensa sobre a busca e apreensão na residência do então governador do Estado do Mato Grosso, com quem mantinha relações institucionais, o Min. Gilmar Mendes telefonou ao Governador Silval Barbosa para verificar se as matérias jornalísticas eram verídicas”, diz a nota. A assessoria do ministro disse ainda que ele usou as expressões “que absurdo” e “que loucura” como interjeições, sem juízo de valor. Gilmar Mendes preferiu não fazer nenhum comentário adicional sobre o assunto.



A amigos, Gilmar Mendes disse que seu voto no caso obedeceu aos mesmos princípios que ele sempre seguiu em julgamentos de pedido de prisão. Segundo a assessoria de Gilmar Mendes, o ministro não julgou Silval Barbosa e, mesmo nesse caso, não haveria motivo para impedimento ou suspeição porque, segundo Gilmar Mendes, eles não são amigos íntimos. “O ministro Gilmar Mendes foi convocado a participar do julgamento de agravo regimental pela Primeira Turma e, no caso, não se verificam quaisquer das hipóteses de suspeição e impedimento, estritamente reguladas nos artigos 277 a 287 do RISTF, 95 a 107 do CPP e 134 e 135 do CPC”, diz uma nota do ministro.



As leis e as normas citadas pelo ministro estipulam os casos em que um magistrado pode se declarar impedido ou suspeito para julgar um caso. Há uma diferença entre impedimento e suspeição. Um juiz declara-se impedido de julgar determinado processo por critérios objetivos. Quando há razões subjetivas que possam comprometer a parcialidade do juiz, ele deve se declarar suspeito. Um juiz deve se declarar impedido quando, por exemplo, ele for parente de uma das partes do processo. Os critérios subjetivos que determinam a suspeição do juiz são vagos: incluem ser “amigo íntimo ou inimigo capital”. Na prática, com exceção de casos muito claros, como os que envolvem parentesco com os acusados, o juiz tem liberdade para decidir, caso a caso, quando deve se declarar impedido ou suspeito.
 


SEM CONVERSA

O ministro Dias Toffoli, relator do caso. Ele diz que não falou com Gilmar Mendes sobre a prisão do governador (Foto: Alan Marques/Folhapress)

Ouvido por ÉPOCA, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que é seu dever apurar abusos da Polícia Federal e, por isso, ligou para o governador. “Sempre que recebo algum tipo de informação de que pode ter ocorrido algum tipo de abuso, é meu dever apurar. Era uma mera busca e apreensão, e não havia prisão. Posteriormente, pela imprensa, chegou a informação de que o governador tinha sido preso. Deputados também tinham dito que houve arbítrio. E para checar exatamente o que tinha acontecido, eu liguei para o governador para saber o que tinha acontecido.” Segundo Cardozo, ele mantinha contato frequente com Silval Barbosa por ser governador e, por isso, ligou diretamente. O ministro afirmou ainda que, ao falar em “loucura” e “barbaridade”, usou expressões de concordância, sem juízo de valor.

O advogado de Silval Barbosa, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que não há provas contra o ex-governador. “O caso está sendo investigado e a única base das acusações é uma delação que já foi, inclusive, desmentida pelo delator mediante retratação formal. A defesa não considera que exista qualquer prova de irregularidade contra o governador Silval Barbosa”, disse.



O senador Blairo Maggi negou qualquer participação no esquema. O advogado de Éder Moraes, Rodrigo Alencastro, negou a participação de seu cliente como operador do grupo de Silval Barbosa. “Ele jamais teve esse papel de operador e nem sequer conhece a existência do esquema. Essas afirmações do delator são todas peremptoriamente negadas por Éder Moraes”, disse.




No Supremo, após a decisão que manteve solto o homem acusado de ser o principal operador do esquema, o inquérito contra Silval Barbosa e Blairo Maggi tramita lentamente.





Joaquim Barbosa pede a demissão do Ministro da Justiça


© Nelson Jr./SCO/STF Barbosa escreveu: “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a presidente Dilma demita imediatamente o ministro da Justiça.”

São Paulo – O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa pediu no último sábado, em seu perfil no Twitter, a demissão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Barbosa mostrou insatisfação com a revelação de que José Eduardo Cardozo tranquilizou advogados de executivos presos na Operação Lava Jato da Polícia Federal sobre os rumos do caso depois do feriado de carnaval.
Barbosa escreveu: “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a presidente Dilma demita imediatamente o ministro da Justiça”, escreveu em sua conta oficial no Twitter. 
De acordo com informações do jornal O Globo, o ministro Cardozo recebeu em três advogados representantes da Odebrecht, construtora envolvida na operação Lava-Jato.
Segundo a publicação, eles esperavam receber ajuda do governo para soltar os 11 executivos que estão presos.
Cardozo também teria encontrado outros advogados de construtoras como a UTC e a Camargo Corrêa, segundo a Folha de S. Paulo.



Joaquim Barbosa @joaquimboficial · 14 de fev
Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a Presidente Dilma demita imediatamente o Ministro da Justiça. Joaquim Barbosa diz que brasileiros devem exigir demissão do ministro da Justiça.


O ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, publicou este tuíte às 19 h 3 min do dia 14 de fev de 2015 . É hora da Oposição interromper o Carnaval e rumar para Brasília. Estamos vivendo uma crise institucional de graves proporções que não vai acabar na quarta-feira.

OAB ENQUADRA JOAQUIM BARBOSA NO CASO CARDOZO
  
Esses camaradas são os maiores propagadores do comunismo no mundo (aqui)

Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões  Me Adicione no Facebook