segunda-feira, 15 de abril de 2013

BORBOLETA-MONARCA TEM BÚSSOLA INTERNA MAS NÃO UM MAPA


| Por Ed Yong- The New York Times News Service/Syndicate

Todos os anos no outono, milhões de borboletas-monarca (Danaus plexippus) se reúnem para sua estadia de inverno em uma região montanhosa do México. Elas viajam até 4 mil quilômetros desde seu local de procriação no leste da América do Norte. Esses insetos realizam essa migração extraordinária sem saber sua distância em relação ao destino, afirma um estudo.


As monarcas podem usar sua posição em relação ao sol como uma bússola interna. Mas ao deslocá-las 2,5 quilômetros, o biólogo Henrik Mouritsen, da Universidade de Oldenburg, na Alemanha, descobriu que elas não corrigiram sua direção. 'Os estudiosos pareciam supor que elas possuíam algum tipo de mapa, o qual permitiria que se aproximassem de um local a poucos quilômetros de distância após terem viajado milhares de quilômetros', afirma. Agora, 'está claro que elas não fazem isso'. Os resultados estão publicados no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

Trabalhando em conjunto com amadores durante mais de cinco décadas, na colocação de etiquetas e no monitoramento das monarcas em liberdade, os cientistas criaram um banco de dados sobre as migrações desses animais. Ao analisar esses registros, Mouritsen notou que as monarcas estavam predispostas a se dispersarem ao longo de sua rota migratória. A distribuição desses animais se encaixava nas previsões de um modelo matemático que supunha que as monarcas voavam usando apenas uma bússola interna e não bússola e mapa.

Mouritsen também capturou 76 monarcas que viajavam na direção sudoeste, saídas de campos próximos de Ontário, no Canadá, levando-as até Calgary, província de Alberta, 2,5 quilômetros a oeste. Ele as colocou em um simulador de voo – um cilindro de plástico que não permitia a visualização de pontos de referência, com exceção do céu – e as prendeu a uma vareta, a qual permitia que tomassem qualquer direção sem escapar.

Embora precisassem voar na direção sul ou sudeste para ir de Calgary aos locais de invernagem, elas continuaram, de um modo geral, voando para o sudoeste. 'Não existe qualquer sinal de uso de um mapa interno', afirma Mouritsen.


A solução talvez esteja na geografia. As monarcas relutam em atravessar montanhas elevadas ou o mar aberto. Por isso, mesmo sem um mapa interno, as montanhas rochosas à oeste e o Golfo do México ao sul de sua rota migratória fazem com que convirjam para seu local de destino. Quando se aproximam da área comum correta, as monarcas possivelmente usam o olfato ou sinais de comunicação para orientá-las até o local exato de invernagem.

Karen Oberhauser, ecologista da Universidade de Minnesota, em St. Paul, questiona as duas linhas de evidência apresentadas no estudo de Mouritsen. Ela afirma que a equipe deveria ter comparado a distribuição das monarcas a previsões de um modelo que incluísse bússola e mapa e também de um modelo que incluísse apenas bússola. 'A ciência opera rejeitando as hipóteses que não explicam os dados e não reforçando as hipóteses favoráveis', afirma.

Além disso, a cientista afirma que Mouritsen transportou as monarcas para bem longe de sua rota normal e as colocou em uma situação à qual nunca seriam expostas de forma natural. 'Essa não é uma investigação imparcial de uma estratégia de navegação real.'

Mouritsen responde afirmando que um modelo que incluísse bússola e mapa internos precisaria ter produzido um número muito grande de suposições sobre a capacidade desses insetos de corrigir sua direção e em que momento eles passariam a fazer isso. 'Uma coisa é certa: caso usem um mapa interno para corrigir sua direção, elas devem ficar bem mais juntas do que se usarem apenas a orientação de uma bússola', afirmou.

O neurobiólogo da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts, em Worcester, Steven Reppert, está de acordo. Ele acredita que o experimento com o deslocamento dos insetos é interessante, mas inconclusivo. 'É necessário que sejam realizados estudos que incluam deslocamentos de distâncias e locais variados para se afirmar com confiança que as monarcas do leste não são realmente navegadoras', afirma.

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O BRILHO DOS DIAS DA GLÓRIA JUDAICA DE BALTIMORE

Por Jennifer Moses- The New York Times News Service/Syndicate

O brilho dos dias da glória judaica de Baltimore



Eu cresci ouvindo histórias sobre os dias de glória da Baltimore judaica ‒ quando, segundo dizia meu pai, os judeus eram judeus de verdade. Ele contava como ia para o 'shul', ou sinagoga, com o pai e os tios, e via homens e mulheres em suas melhores roupas do sabá caminhando depois da cerimônia, ou sentados, maravilhados, enquanto o grande cantor Abba Yosef Weisgal gritava ao céu sob o teto da Congregação Chizuk Amuno, em Reservoir Hill, bairro em que meus antepassados moravam.

Quando eu e meus irmãos viemos ao mundo, porém, no final dos anos 50 e início dos anos 60, tudo isso já tinha mudado. O bairro elegante 'do centro' das lembranças do meu pai há muito já era decadente e comparecer ao culto dos Dias Santos em Chizuk Amuno era observar uma congregação com os dias contados, pois a comunidade começava a se mudar para os subúrbios.

Felizmente a Baltimore judaica está ressurgindo, e não só nos subúrbios. Num dia frio de fevereiro, quando saí para conferir os cenários das histórias do meu pai, acabei num lugar onde a perseverança, a preservação e a memória conspiraram para manter vivo aquele mundo desaparecido.

E parece que não fui a única a descobri-lo: o Museu Judaico de Maryland recebe cerca de sete mil crianças em excursões escolares por ano, sem mencionar os milhares de adultos curiosos. Situado entre a histórica sinagoga da Lloyd Street e sua antiga concorrente, a B'nai Israel, o complexo inteiro é um tributo ao passado. O próprio bairro de East Baltimore não só era a primeira parada dos judeus alemães que chegavam ao país, como também foi, de 1830 até por volta de 1920, um reduto de imigrantes que ficou conhecido como Jewtown. O que a Orchard Street foi para o Lower East Side, a Lombard Street foi para a East Baltimore judaica: quarteirões tão lotados de gente procurando de tudo, desde farinhas e grãos a legumes e verduras e aves, que só pensar em caminhar por ali já exigia uma boa dose de 'chutzpah' (coragem). Na rua havia 'cheders' (escolas primárias judaicas, geralmente só para meninos), Talmud Torás (escolas religiosas), cortiços lotados, banheiros públicos e sarjetas onde corria o sangue fresco dos animais abatidos no mercado kosher. Era ali que viviam não só os imigrantes judeus, mas os italianos e negros. Banho era luxo, iídiche era a língua da pechinha e um dos trechos era conhecido como Corned Beef Row (Fileira da Carne Curada).







Pois o que ela uma fila virou apenas duas delicatessens, Weiss e Attman's ‒ que abriu em 1915, ainda pertence à mesma família e continua servindo sanduíches gigantescos de carne curada com molho russo e um pratinho de salada, além de tudo que engorda, é salgado e gostoso. Embora não seja mais kosher, as paredes denunciam seu passado nas fotos de gerações de 'machers' (figurões) de Baltimore. Bem depois da hora do almoço, o lugar continuava lotado.

Entretanto, a verdadeira história não estava na sopa de bolinhas de matzá, mas no museu que, ao recriar salas inteiras, conversas gravadas, cenas urbanas, objetos de uso cotidiano e fotos, relata um século de vida do bairro que, na verdade, foi batizado de Jonestown por causa do Jones Falls ali perto, mas que ainda hoje é conhecido como Jewtown. O que mais me abalou foram as recriações de fotos das confecções ‒ primeiro em locais de condições precárias e depois nas fábricas ‒ porque foi em locais parecidos que meus tataravós, cujos retratos hoje estão na minha sala de jantar, começaram a vida. Depois, conseguiram sair do bairro e se mudar para Eutaw Place, no norte da cidade, muito mais luxuoso e 'projetado com base no Champs-Elysées', segundo a descrição. Foi essa geração de membros da comunidade germânico-judaica em ascensão que acabou fundando a Aliança Educacional Judaica, escolas noturnas que ajudaram principalmente os imigrantes russos, e a Associação Hebraica de Moços, a 'Y'. Não só suas histórias foram recontadas aqui, como também as das ondas de imigrantes que vieram depois.

Se você é daqueles que se interessa por arquitetura, deve visitar o prédio ao lado, a Sinagoga da Lloyd Street, projetada por Robert Carey Long Jr e construída em 1845 com uma bela e discreta fachada no melhor estilo renascentista grego. Terceira mais antiga dos EUA, segundo o Museu Judaico, a Sinagoga da Lloyd Street funciona hoje mais como parte do museu, com exposições no porão, além de ser palco de duas miniescavações arqueológicas: a primeira revelou os fornos originais que garantiam que as matzás consumidas durante o Pessach estivessem de acordo com os rígidos padrões kosher; a segunda, um dos 'mikvahs' (banhos rituais) mais antigos do país, de meados da década de 1840. Foi ali que seu primeiro rabino, Abraham Rice, fez o sermão em alemão do 'bimah' (púlpito) montado no meio e não no extremo do salão, como era o costume nas sinagogas europeias.







Nos idos de 1870, porém, começou a crescer o desentendimento entre os fundadores da sinagoga, ortodoxos falantes do alemão (incluindo meus antepassados) e os mais novos, que forçavam a modernização dos rituais de acordo com as ideias liberais que vinham da Alemanha. Os conservadores acabaram se mudando e construindo uma nova sinagoga, a Chizuk Amuno, quase no fim da quadra. É esse prédio – o original renascentista mouro, inaugurado em 1876, com um dos primeiros rabinos nascidos nos EUA, o Dr. Henry Schneeberger, à sua frente – que continua a funcionar como sinagoga ortodoxa moderna, hoje B'nai Israel.




Já no térreo, o visitante se depara com uma sala aconchegante, cheia de livros e placas, mas é no andar superior, no santuário, que reina a glória: duas fileiras de assentos (com galeria para as mulheres), um 'bimah' elevado ao centro, as lamparinas a gás originais (convertidas à eletricidade), uma belíssima 'oren kodesh' (arca) entalhada, em estilo mouro, com detalhes de folhas de palmeiras e dourado e, sobre ela, o Decálogo Hebreu, as tábuas dos Dez Mandamentos, como se dissessem: 'Estamos aqui e aqui vamos ficar'.


Havia dezenas de outras sinagogas em East Baltimore, é claro, e algumas ainda estão de pé, incluindo a Adath Israel, na East Baltimore Street, e a Adath B'nei Israel, uma construção de tijolos vermelhos que poderia perfeitamente passar por uma casa comum, também na East Baltimore Street e atualmente usada como igreja.

A boa notícia é que, graças a um êxodo discreto e pequeno, mas real, os judeus estão retornando à cidade. Segundo o rabino Etan Mintz, da B'nai Israel, foram cinco mil só nos últimos dois ou três anos ‒ tanto é verdade que seu próprio templo e um novo, recém-inaugurado, do Centro Comunitário Judaico, ficam cheios o ano inteiro.


O velho centro (que virou um prédio de apartamentos) fica no centro, entre o bairro velho e o novo reduto germânico-judaico ao sul de Druid Hill Park, para onde meus ancestrais se mudaram nos idos de 1890. Embora há muito tenha sido dividida em dois apartamentos separados, a casa dos meus tataravós, no 1826 da Eutaw Place, está igualzinha ao que se vê nas fotos ‒ assim como a maioria das casas desse bairro 'chique' que era o centro da vida da Baltimore judaica na década de 30. Aqui também é o que meu pai chama de 'shul da família', o mesmo prédio da Chizuk Amuno (hoje a revigorada Beth Am) para onde eu ia arrastada quando criança, com sua beleza austera original e vitrais rosa e azuis intactos. O mesmo se diz da Sinagoga de Eutaw Place (1892), como seus domos altíssimos, reminiscentes da Grande Sinagoga de Florença, mantida hoje pelos maçons. A algumas quadras dali, na Liberty Heights Avenue, fica o Shaarei Tfiloh, famoso pelos vitrais e pelo domo de bronze.








Comecei essa jornada para conhecer o mundo dos meus ancestrais ‒ e acabei no cemitério Hebraico de Baltimore para fazer uma homenagem às suas vidas. Era fim do inverno e as grandes árvores ao meu redor estavam nuas e a grama, seca e esparsa; os sons do trânsito, vindos do outro lado do muro, pareciam pertencer a outro tempo.

Depois de colocar pedras pequenas nos túmulos dos meus antepassados, como manda a tradição, caminhei pelo que parecia ser a parte mais antiga do cemitério, no lado sudeste. Ali, as lápides se curvavam umas em direção às outras como que procurando conforto, as inscrições em hebraico apagadas. Que vidas teriam sido aquelas? Que dificuldades enfrentaram? Que sonhos tiveram?

Se você for

Museu Judaico de Maryland, 15 Lloyd St.; jhsm.org. Ingresso para não membros: US$ 8.

Congregação B'nai Israel, 27 Lloyd St.; bnaiisraelcongregation.org.

Beth Am, 2501 Eutaw Place; bethambaltimore.org.

Sinagoga Eutaw Place, 1307 Eutaw Place.

Sinagoga Shaarei Tfiloh, 2001 Liberty Heights Ave.

Cemitério Hebraico de Baltimore, 2100 Belair Road.

Attman's Deli, 1019 East Lombard St.; attmansdeli.com.

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PERTO DA DIVISA, SUL-COREANOS LIDAM COM AMEAÇA DE GUERRA
Perto da divisa, sul-coreanos lidam com ameaça de guerra
Por Martin Fackler- The New York Times News Service/Syndicate

Munsan, Coreia do Sul – Quando Lee Jae-eun foi buscar as filhas gêmeas na creche e as colocou no carrinho de bebê com dois assentos, mal olhou para o helicóptero militar Blackhawk que pairava sobre a família, pouco acima dos arranha-céus.

Até mesmo em tempos de paz, é comum ver aeronaves militares voando baixo nessa comunidade residencial próxima da divisa fortificada que separa o sul capitalista do norte comunista. Contudo, estes não são tempos tranquilos e o ronco dos helicópteros serve para lembrar das tensões causadas pelas novas ameaças de guerra da Coreia do Norte.

Ainda assim, a dona de casa de 34 anos afirmou que a população se conformou em viver sob o risco constante e as ameaças ocasionais do vizinho belicoso mais ao norte.

'Claro, sempre ficamos ligados no próximo perigo', afirmou, segurando uma das gêmeas de um ano e cercada por outras mães que buscavam os filhos na creche. 'Mas viver aqui faz a gente ficar acostumada. Não tem tanta importância.'

Nas últimas semanas, o norte superarmado do jovem líder de rosto rechonchudo Kim Jong Un ameaçou a Coreia do Sul e os Estados Unidos com um ataque nuclear, declarando o 'estado de guerra' na península coreana. Negando-se a aceitar provocações, a presidente recém-eleita, Park Geun-hye, a primeira da Coreia do Sul, ordenou que os generais reajam caso sejam provocados.

Apesar do ritmo constante das ameaças, a vida continua na maior parte da Coreia do Sul, a potência industrial que renasceu das cinzas da Guerra da Coreia, ocorrida entre 1950-53, tornando-se uma das histórias de sucesso econômico da Ásia. Em nenhum lugar as pessoas estão tão determinadas a manter o arduamente conquistado padrão de vida de classe média quanto em Munsan, um subúrbio distante da capital sul-coreana Seul, próximo à fronteira: a zona desmilitarizada, que demarca o local onde as batalhas foram interrompidas há 60 anos.

Munsan já foi uma série de vilarejos rurais conhecidos por suas saborosas enguias, mas se transformou em um subúrbio que cresceu rapidamente, ganhando prédios altos e lojas iluminadas há uma década, durante a era de reaproximação política com o norte, quando o valor dos imóveis cresceu drasticamente no sul. Mais recentemente, o desenvolvimento perdeu ímpeto, desde que a crise financeira internacional atingiu a economia exportadora do sul e novas tensões com o norte afastaram possíveis compradores.


Jean Chung/The New York Times

Algumas das 47.000 pessoas que vivem aqui afirmam que aprenderam a aceitar a presença constante dos helicópteros ao lado de suas janelas, além das filas de tanques que às vezes fecham as ruas durante exercícios de treinamento, levando alunos a se atrasarem para a escola. As pessoas dizem que também aprenderam a ignorar os bunkers de concreto e as torres de guarda ao longo da estrada que usam todas as manhãs quando vão a Seul, 56 quilômetros ao sul.

A população simplesmente ignora os perigos e se concentra em curtir o dia a dia.

'A Coreia é o lugar mais perigoso do mundo, mas simplesmente não percebemos mais isso', afirmou Song Hyun-young, funcionário do departamento imobiliário da prefeitura de Paju, que tem jurisdição sobre Munsan. 'Se acontecer alguma coisa, morreremos todos juntos, então não há muito em que pensar.'

Quando pressionados, muitos admitem que ficaram ansiosos com as últimas ameaças da Coreia do Norte e com o fato de que o novo arsenal nuclear seja controlado por um líder imprevisível e desconhecido. Alguns também culpam a própria Coreia do Sul pelas imposições impostas à Coreia do Norte, um país fechado e empobrecido.

'Para ser honesta, a ameaça de ataque nuclear é muito mais assustadora desta vez', afirmou Lee, a mãe dos gêmeos. 'Acho que a Coreia do Norte está encurralada e todos que ficam nessa situação acabam reagindo.'

Em resposta a essas preocupações, funcionários do município de Paju realizaram recentemente um exercício de evacuação com a polícia, os bombeiros e o exército. Em caso de ataque, os cidadãos serão levados para um dos nove novos abrigos antibomba subterrâneos, construídos pela cidade após a última provocação da Coreia do Norte: o bombardeio de uma ilha sul-coreana que deixou dois civis mortos há três anos. Os abrigos receberam novos carregamentos de lanternas, remédios, máscaras de gás e kits de primeiros socorros, afirmam autoridades.



Contudo, a maior parte das pessoas não tomou precauções similares. Nenhum dos entrevistados afirmou estar estocando comida e outros mantimentos. Muitos afirmaram ter certeza de que essas preparações seriam desnecessárias, pois tinham confiança que a origem compartilhada pelos dois países falaria mais alto, impedindo a Coreia do Norte de cumprir as ameaças apocalípticas.


'O mundo todo pensa que estamos às vésperas de uma guerra, mas estamos bem', afirmou a agente imobiliária Gong Soon-hee, de 55 anos, cujo pequeno escritório está recoberto de mapas que mostram um quebra-cabeças de terrenos particulares que acaba abruptamente na zona desmilitarizada, a poucos quilômetros dali. 'Os coreanos são pessoas boas e gentis, não são estúpidos que começariam uma guerra do dia para a noite.'

Apesar das tensões, Gong afirma que novos compradores continuam a chegar, atraídos por preços que não chegam a um décimo dos praticados no centro de Seul. Quase todos percebem os helicópteros que voam em formação a poucos metros dos apartamentos que desejam comprar, afirmou.

'Acho que poderíamos nos esconder em garagens subterrâneas, caso comecem a soltar bombas', afirmou, 'mas não perdemos tempo com planos de fuga'.

Outros afirmam que o impasse revela o fato de que o sul está em uma posição fragilizada, já que tem mais a perder com as ameaças do norte. Há quem diga que a maior vulnerabilidade da Coreia do Sul seja o fato de seus cidadãos não estarem dispostos a abrir mão de seu padrão de vida atual, algo que facilitaria muito a 'compra' do norte.

'Se as coisas vão continuar assim até que ajudemos nossos vizinhos, então é melhor darmos logo uma mão', afirmou a dona de casa Park Soon-yi, de 44 anos, com uma risada. Mas a brincadeira parecia ter um fundo de verdade, enquanto Soon-yi fazia compras no Hillstate, um shopping e prédio de apartamentos de luxo. 'Então eles ficariam quietos e nos deixariam em paz.'

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BARES DE ACOMPANHANTES AJUDAM SUL-COREANAS RICAS A DRIBLAR SOLIDÃO
Atualizado: 21/09/2012 05:37 | Por BBC, BBC Brasi
Casas noturnas de Seul exclusivas para o público feminino oferecem homens para 'conversar' por até US$ 600 (R$ 1,2 mil)
Bares de acompanhantes ajudam sul-coreanas ricas a driblar solidão


O rápido crescimento econômico da Coreia do Sul tem provocado profundas mudanças na estrutura da conservadora sociedade do país, incluindo a proliferação de bares exclusivos para o público feminino.

Nesses locais, regados à bebida alcoólica, mulheres financeiramente independentes pagam um bom dinheiro para passar a noite ao lado de uma companhia masculina.

Uma dessas casas noturnas é o Bar 123, onde, sob luz baixa, uma dezena de homens jovens enfileiram-se de joelhos em um pequeno quarto no subsolo de Gangnam, um dos mais ricos distritos da capital da Coreia do Sul, Seul, e mundialmente conhecido pelo hit Gangnam Style, do rapper sul-coreano Psy.

Enquanto estão ajoelhados, os homens gritam seus nomes na tentativa de chamar a atenção das clientes afortunadas.

Malhados e com cortes de cabelo que se assemelham aos de integrantes de boy bands, esses garotos percorrem a limitada área à espera de serem escolhidos. No corredor ao lado do espaço, mais meninos chegam para mais uma noite de trabalho.

São 2 horas da manhã quando as primeiras clientes chegam.

Uma das frequentadoras assíduas desse estabelecimento é Minkyoung, gerente de um hotel cinco estrelas sul-coreano.

À primeira vista, entretanto, ela não parece ter o estilo tradicional de 'mulher caçadora'.

Minkyong tem uma beleza natural quase infantil e suas roupas não apresentam qualquer resquício de vulgaridade. Tampouco parece alguém que pagaria para ter a companhia de um homem por uma noite.

Mas a sedução dos bares sempre fala mais alto. Em tais estabelecimentos, diz Minkyoung, ela recebe maior atenção dos homens, além de ter oportunidade de escolher e, assim, ter mais controle sobre si mesma.



'Nos bares tradicionais, os homens que bebem comigo só tem um objetivo - me levar para cama, se possível, na mesma noite. Mas eu não quero isso; daí que eu venho aqui para me divertir, basicamente', explica ela.

Os rapazes são contratados pelos bares para oferecer companhia e entretenimento às mulheres como Minkyong. Oficialmente, o trabalho consiste em levar bebida às clientes, falar e dançar com elas, além, é claro, de cantar karaokê, uma das paixões nacionais.

Sexo

Nesses locais, o sexo não está no menu. Em princípio, qualquer envolvimento sexual seria considerado ilegal, mas Minkyoung, por exemplo, não tem pudores em flertar e tocar seu companheiro daquele noite.

Por baixo dos panos, os homens que trabalham ali estimam que cerca de metade das clientes querem pagar por sexo, dentro ou fora do estabelecimento.

James trabalha no Bar 123 há alguns anos. A cultura coreana, explica ele, dá grande importância 'ao orgulho próprio' e o preço por sexo nunca é negociado às claras.

Em vez disso, acrescenta, uma eventual relação sexual depende mais da intenção dos rapazes do que propriamente da cliente.

'Os meus colegas são todos a favor (do sexo) e nós sabemos o que fazemos', afirma James.

'Após conversar com a cliente por uma hora, nós, basicamente, conseguimos avaliar quanto dinheiro ela tem e no que ela trabalha. A partir dessa avaliação, sabemos mais ou menos quanto ela está disposta a pagar', disse.

James e outros rapazes afirmam que grande parte de suas clientes pertence à elite sul-coreana, e que dá para ganhar muito dinheiro e regalias com o trabalho.

Segundo ele, em sua primeira semana de trabalho, conheceu uma mulher que, depois alguns minutos de bate-papo, lhe pediu 'exclusividade' por dois anos.

'Ela disse: Vamos assinar um contrato', conta James, para depois lhe mostrar um pedaço de papel numerado de um a cinco. 'Cada um desses números representava um valor', explica. 'E ela, então, me disse: pode escolher o que quiser que eu pago'.

Inicialmente, James, talvez por inexperiência, achou que se tratava de uma brincadeira e recusou a oferta.

Mas, pouco tempo depois, descobriu que um de seus colegas tinha faturado - e alto - em cima da cliente. Ele teria ganhado em torno de US$ 60 mil (R$ 120 mil) pelo 'contrato'.

'Se ela viesse novamente com essa proposta, aceitaria imediatamente. Na época, eu era muito ingênuo', afirmou.

Começo

Ironicamente, a maioria dos bares nasceu de uma das tradições típicas entre os homens de negócio do país. Não é de hoje que o imaginário sul-coreano está habituado com cenas de um grupos de homens reunidos em torno de uma mesa sendo servidos por lindas e atraentes acompanhantes.

Foi da necessidade dessas acompanhantes de se destressar após o trabalho que surgiram os bares exclusivos para mulheres, com um staff exclusivo de homens, diz Kim Dong-hee, um veterano do circuito.

'O que essas acompanhantes queriam é fazer nós, homens, sentirmos na pele o que parte delas sofre. Muitas vezes, essas meninas são forçadas a fazer coisas que não querem, só por dinheiro', explica.

Especialistas creditam o crescimento dos bares exclusivamente femininos ao rápido crescimento econômico da Coreia do Sul.

Mas, segundo Jasper Kim, presidente da consultoria Global Research Group em Seul, esse crescimento teve seu lado ruim.

'Eu acho que todo o rápido crescimento traz consigo rápidas mudanças, e os coreanos não estão sabendo se adaptar a elas. Surpreendentemente, o capitalismo está provocando uma mudança em normas sociais básicas que seriam impensáveis há algumas décadas', afirmou.

Para Kim, por exemplo, as longas jornadas de trabalho da Coreia do Sul, conhecidas mundialmente, fizeram com que muitas mulheres do país passassem a se sentir muito solitárias, enquanto que o avanço tecnológico acabou por separar muitas pessoas do convívio social.

'O componente humano da sociedade coreana simplesmente deixou de existir. As pessoas estão focadas na tecnologia, nos seus empregos, e não mais nas relações humanas', comenta.

Novo empreendimento

O veterano da cena dos bares femininos, Kim Dong-hee, concorda que muitas frequentadoras não estão pagando por sexo, mas pela companhia dos homens, o que o incentivou a abrir uma nova rede para capturar esse mercado, chamada Red Model Bars.

'Os homens querem prazer visual e são mais táteis. Já as mulheres querem conversar e ser ouvidas. Por isso, decidi abrir esse novo bar - onde o diálogo tenha grande importância', explica.

Os Red Model Bars de Kim Dong-hee são diferentes das tradicionais casas noturnas em um único aspecto - há uma regra de não tocar os rapazes.

As clientes sentam de um lado da mesa, os garotos de outro, e nenhum contato físico é permitido.

O novo modelo de negócio depende inteiramente da vontade das mulheres de pagar centenas de dólares para conversar com homens bonitos em meio a algumas taças de vinho ou copos de cerveja.

Ainda assim, a empreitada parece estar dando certo. Dong-hee planeja abrir mais três bares desse tipo neste ano.

Um dia inteiro de atenção masculina, um bem raro nos dias de hoje, custa caro: varia de US$ 487 a US$ 650 (R$ 974 a R$ 1,3 mil).

Para a florista Kim Nayu, que frequenta o bar diariamente para 'discutir assuntos de rotina', 'conversar com as amigas seria mais barato', admite.

'Mas elas não querem ouvir meus problemas. Elas estão ocupadas, e com pressa para falar sobre si mesmas. Aqui as pessoas prestam atenção e me ouvem', explica.

'Eu gasto muito dinheiro com isso, claro, mas vale cada centavo pelo lado emocional. As pessoas pagam para ir ao psicólogo ou psiquiatra, por que eu não posso ter algo similar e, ao mesmo tempo, menos estressante?', questiona.

Um dos rapazes favoritos de Nayu é Sung-il, para quem é difícil, muitas vezes, separar o lado pessoal do profissional.

'Honestamente, estaria mentindo se dissesse que nunca fiquei tentado em tentar querer algo mais com algumas clientes, porque somos humanos e somos homens, mas há regras', explica.

Ele conta que uma de suas clientes falou tanto dele para o seu marido que, no dia em que os três se encontram, ocorreu algo improvável: os dois ficaram amigos.

Para especialistas, o crescimento desse tipo de bar na Coreia do Sul representa um novo desafio para a sociedade coreana, acostumada às populares casas noturnas e a antros de prostituição feminina.

Ao oferecer às mulheres um caminho respeitável para desafiar o papel dos gêneros e flexibilizar o poder econômico, esses novos estabelecimentos, acreditam, levantam questões na sociedade coreana que não podem mais ser ignoradas.

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OS MAIORES ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO DO BRASIL

por Claudia Lima


Por causa dela, perdemos R$ 12 bilhões em investimentos privados em 2011 – o equivalente a R$ 1,2 mil pagos anualmente por cada trabalhador brasileiro. Conheça os casos mais notórios dos últimos 20 anos*

10. Me dá um dinheiro aí
CASO: Máfia dos fiscais
ROMBO: R$ 18 milhões
QUANDO: 1998 e 2008
ONDE: Câmara dos vereadores e servidores públicos de São Paulo.
Comerciantes e ambulantes (mesmos aqueles com licença para trabalhar) eram colocados contra a parede: se não pagassem propinas, sofriam ameaças, como ter as mercadorias apreendidas e projetos de obras embargados. O primeiro escândalo estourou em 1998, no governo de Celso Pitta. Dez anos mais tarde, uma nova denúncia deu origem à Operação Rapa.
9. Olha essa mesada!
CASO: Mensalão
ROMBO: R$ 55 milhões
QUANDO: 2005
ONDE: Câmara Federal
Segundo delatou o ex-deputado federal Roberto Jefferson, acusado de envolvimento em fraudes dos Correios, políticos aliados ao PT recebiam R$ 30 mil mensais para votar de acordo com os interesses do governo Lula. Dos 40 envolvidos, apenas três deputados foram cassados. A conta final foi estimada em R$ 55 milhões, mas pode ter sido muito maior.
8. Siga aquela ambulância
CASO: Sanguessuga
ROMBO: R$ 140 milhões
QUANDO: 2006
ONDE: Prefeituras e Congresso Nacional
Investigações apontaram que os donos da empresa Planam pagavam propina a parlamentares em troca de emendas destinadas à compra de ambulâncias, superfaturadas em até 260%. Membros do governo atuavam nas prefeituras para que empresas ligadas à Planam ganhassem as licitações. Nenhum dos três senadores e 70 deputados federais envolvidos no caso perdeu o mandato.
7. Pobre Amazônia
CASO: Sudam
ROMBO: R$ 214 milhões
QUANDO: 1998 e 1999
ONDE: Senado Federal e União
Dirigentes da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia desviavam dinheiro por meio de falsos documentos fiscais e contratos de bens e serviços. Dos 143 réus, apenas um foi condenado e recorre da sentença. Jader Barbalho, acusado de ser um dos pivôs do esquema, renunciou ao mandato de senador, mas foi reeleito em 2011.
6. Navalha na carne
CASO: Operação Navalha
ROMBO: R$ 610 milhões
QUANDO: 2007
ONDE: Prefeituras, Câmara dos Deputados e Ministério de Minas e Energia
Atuando em nove estados e no Distrito Federal, empresários ligados à Construtora Gautama pagavam propina a servidores públicos para facilitar licitações de obras. Até projetos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e ao Programa Luz Para Todos foram fraudados. Todos os 46 presos pela Polícia Federal foram soltos.
5. Bilhete premiado
CASO: Anões do orçamento
ROMBO: R$ 800 milhões
QUANDO: De 1989 a 1992
ONDE: Congresso Nacional
Sete deputados (os tais “anões”) da Comissão de Orçamento do Congresso faziam emendas de lei remetendo dinheiro a entidades filantrópicas ligadas a parentes e cobravam propinas de empreiteiras para a inclusão de verbas em grandes obras. Ficou famoso o método de lavagem do dinheiro ilegal: as sucessivas apostas na loteria do deputado João Alves.
4. Cadê o fórum?
CASO: TRT de São Paulo
ROMBO: R$ 923 milhões
QUANDO: De 1992 a 1999
ONDE: Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo
O Grupo OK, do ex-senador Luiz Estevão, perdeu a licitação para a construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. A vencedora, Incal Alumínio, deu os direitos para o empresário Fabio Monteiro de Barros. Mas uma investigação mostrou que Fabio repassava milhões para o Grupo OK, com aval de Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, ex-presidente do TRT-SP. A construção do Fórum nunca foi concluída.
3. Precinho camarada
CASO: Banco Marka
ROMBO: R$ 1,8 bilhão
QUANDO: 1999
ONDE: Banco Central
Com acordos escusos, o Banco Marka, de Salvatore Cacciola, conseguiu comprar dólar do Banco Central por um valor mais barato que o ajustado. Uma CPI provou o prejuízo aos cofres públicos, além de acusar a cúpula do BC de tráfico de influência, entre outros crimes. Cacciola foi detido em 2000, fugiu para a Itália no mesmo ano e, preso em Mônaco em 2008, voltou ao Brasil deportado.
2. Chama o Van Helsing
CASO: Vampiros da Saúde
ROMBO: R$ 2,4 bilhões
QUANDO: De 1990 a 2004
ONDE: Ministério da Saúde
Empresários, funcionários e lobistas do Ministério da Saúde desviaram dinheiro público fraudando licitações para a compra de derivados do sangue usados no tratamento de hemofílicos. Propinas eram pagas para a Coordenadoria Geral de Recursos Logísiticos, que comandava as compras do Ministério, e os preços (bem acima dos valores de mercado) eram combinados antes. Todos os 17 presos já saíram da cadeia.
1. Manda pra fora
CASO: Banestado
ROMBO: R$ 42 bilhões
QUANDO: De 1996 a 2000
ONDE: Paraná
Durante quatro anos, cerca de US$ 24 bilhões foram remetidos ilegalmente do antigo Banestado (Banco do Estado do Paraná) para fora do país por meio de contas de residentes no exterior, as chamadas contas CC5. Uma investigação da Polícia Federal descobriu que as remessas fraudulentas eram feitas por meio de 91 contas correntes comuns, abertas em nome de “laranjas”. A fraude seria conhecida por gerentes e diretores do banco. Foram denunciados 684 funcionários - 97 foram condenados a penas de até quatro anos de prisão. O estado obteve o retorno de arrecadação tributária de cerca de R$ 20 bilhões.
*Valores estimados e atualizados pela inflação
Fontes: Andre Carraro, professor do departamento de economia da Universidade Federal de Pelotas e especialista em corrupção, Museu da Corrupção, Controladoria-Geral da União, ONG Transparência Brasil, site Consultor Jurídico, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo

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MATEMÁTICA BÁSICA - CONCURSO PÚBLICO - NÚMEROS INTEIROS, FRACIONÁRIOS E DECIMAIS

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