domingo, 4 de outubro de 2015

A diferença entre ser professor na Finlândia e no Brasil - em uma visão esquerdista



Por Claudia Wallin * De Helsinque (aqui)
Neste exótico país onde a polícia não pratica tiro ao alvo com professores, a sistemática política de valorização do magistério produz resultados capazes de espantar até um pitbull da PM: a carreira de professor na Finlândia tornou-se uma das principais preferências entre os jovens, à frente de profissões como medicina, direito e arquitetura.
“O magistério na Finlândia é uma carreira de prestígio”, diz o professor Martti Mery na escola finlandesa Viikki, que também funciona como um centro de treinamento de professores vinculado à Universidade de Helsinque.
“A profissão possui um alto status em nossa sociedade, que tem grande respeito e consideração pelos professores”, ele acrescenta.
A invejável cultura finlandesa de dignidade profissional dos docentes e respeito ao professor foi forjada na revolução educacional conduzida pela Finlândia a partir dos anos 70, que alçou o país para as posições mais elevadas do ranking mundial de desempenho escolar.
A transformação que se produziu incluiu um fator de relevância especial: o nível de excelência dos professores. Todos os programas de formação de professores, que anteriormente eram realizados fora do âmbito do ensino acadêmico superior, foram levados para dentro das universidades, todas elas gratuitas. Mais: obter um mestrado tornou-se a qualificação básica e obrigatória de um professor para poder ensinar nas escolas finlandesas – mesmo na educação pré-escolar.
“No fim dos anos 70, a formação dos professores finlandeses passou a constituir um programa de mestrado com cinco anos de duração, que se dá portanto nas universidades do país. Desde então, gradualmente cresceu entre os professores o sentimento de pertencer a uma categoria profissional altamente educada e prestigiada”, diz o educador finlandês Pasi Sahlberg, um dos arquitetos do chamado milagre finlandês.
A exigência do grau de mestre para os docentes foi uma medida significativa da reforma educacional, observa Sahlberg:
“Isso não só elevou toda a categoria dos professores como profissionais, como passou a dar a eles um profundo conhecimento sobre os mais recentes avanços da pesquisa em suas respectivas áreas de ensino”, ele diz.
Outro aspecto crítico para o sucesso do modelo finlandês foi o desenvolvimento de uma relação de respeito com o professor, e de boas condições de trabalho nas escolas. Como, por exemplo, uma divisão equilibrada do tempo em que um professor necessita trabalhar dentro e fora da sala de aula.
É esta, dizem os finlandeses, a melhor forma de atrair profissionais jovens e talentosos para a carreira de professor nas escolas públicas.
“A experiência finlandesa mostra que o principal é garantir que os professores sejam tratados com dignidade, a fim de que possam concretizar o objetivo de escolher o magistério como a carreira de uma vida inteira”, enfatiza Pasi Sahlberg.


Cursos de doutorado para professores também são disponibilizados, gratuitamente, nas universidades do país. O Estado finlandês investe ainda cerca de USD 30 milhões a cada ano para o desenvolvimento profissional de professores e diretores de escola, através de cursos universitários e programas de reciclagem.
Foi assim, e não tratando professores como bandidos, que os finlandeses criaram uma legião permanente e aplicada de candidatos ao magistério no país.

A carreira de professor tornou-se uma das mais competitivas do país.
A mídia finlandesa divulga regularmente resultados de pesquisas sobre as preferências dos estudantes do ensino secundário, que sistematicamente apontam o magistério entre as profissões mais desejadas.

A carreira de professor tornou-se uma das mais competitivas do país.
A mídia finlandesa divulga regularmente resultados de pesquisas sobre as preferências dos estudantes do ensino secundário, que sistematicamente apontam o magistério entre as profissões mais desejadas.
A cada primavera, milhares de jovens se candidatam a uma vaga para estudar nos departamentos de formação de professores das universidades da Finlândia.
Mas apenas os melhores e mais preparados estudantes podem se tornar professores na Finlândia: no exigente sistema finlandês, apenas cerca de 10% dos candidatos são em geral aprovados para cursar o obrigatório mestrado na universidade.
“A carreira de professor é extremamente popular aqui na Finlândia. Mas os exames de admissão são competitivos a tal ponto, que chegam a intimidar os candidatos. Por isso, nem todos os estudantes que desejam seguir o magistério chegam a se candidatar, por medo da reprovação”, diz Niklas Nikanorov, do Ministério da Educação e Cultura finlandês.
Em 2014, diz Nikanorov, apenas 8,9% dos 7.469 candidatos ao curso de formação de professores da Universidade de Helsinque foram aprovados. No mesmo ano, 1.597 estudantes candidataram-se ao curso de medicina da instituição, e 11,7% foram aceitos.
Sim, é isso mesmo: na Finlândia, o magistério é mais popular que a medicina.
“Do total de 139 mil estudantes universitários em todo o país, mais de 10% estudam ciências educacionais”, acrescenta Niklas Nikanorov.
Para realizar o sonho de se tornar um professor, um jovem finlandês deve ser dono de um robusto currículo escolar – além de obter excelentes notas na prova nacional de conclusão do ensino secundário, e também no exame prestado especificamente para a candidatura ao curso universitário, com perguntas focadas em um amplo conjunto de tópicos educacionais.
Na segunda fase de seleção para o acesso à universidade, os candidatos mais bem colocados da etapa inicial passam por uma série de entrevistas para explicar, por exemplo, porque decidiram se tornar professores. No final, só entram os best and brightest.
Conquistado o diploma, o professor vai receber um bom salário – mas que se situa dentro da média salarial do país como um todo (3,284 euros, segundo a agência nacional de estatísticas da Finlândia). E na igualitária sociedade finlandesa, assim como na Escandinávia em geral, as diferenças entre os salários não costumam ser exorbitantes.
O salário médio de um professor primário finlandês é de 3,132 euros mensais (cerca de 11,8 mil reais). Professores do ensino médio recebem 3,832 euros, e docentes de universidades ganham em média 4,169 euros por mês (15,7 mil reais).
Vamos comparar: um “käräjäoikeustuomari” (juiz de primeira instância) na Finlândia recebe em média 5,797 euros mensais (cerca de 22 mil reais). Um engenheiro ganha 4,577 euros. Um médico, 7,296 euros. Uma enfermeira, 3,488 euros. O diretor-executivo de uma empresa, 6,755 euros em média.
Um deputado federal brasileiro entraria talvez em estado comatoso ao descobrir o valor do salário de um parlamentar finlandês: 6,355 euros mensais (aproximadamente 24 mil reais) – mas sem direito a verbas indenizatórias ou penduricalhos extras. Isso para viver em um país caro que possui uma das mais elevadas cargas tributárias do mundo, onde o cidadão paga cerca de 51,5% de impostos sobre sua renda.
No Brasil, além do salário de R$ 33,7 mil, um parlamentar recebe ainda o chamado cotão (média de R$ 33.010,31), verba de gabinete para até 25 funcionários (R$ 78 mil) e variados benefícios extras, como ajuda de custo, auxílio-moradia e plano de saúde cinco estrelas. Os privilégios se multiplicam ainda mais na esfera da Justiça, em que o dinheiro dos impostos do cidadão chega a bancar uma obscena Bolsa Educação para pagar escolas particulares para filhos de juízes do Rio de Janeiro.
Enquanto isso, os professores brasileiros estão entre os educadores mais mal pagos do mundo – segundo apontou em 2014 o ranking internacional divulgado pela OCDE a partir de dados dos 34 países membros da organização e dez parceiros, incluindo o Brasil.
O valor do piso salarial dos professores brasileiros: R$ 1.917,78. Para professores da rede pública com diploma de licenciatura no início da carreira, o salário-base médio é de R$ 2.711,48 (excluindo gratificações).
No resto do mundo, países como a Suíça, a Holanda e a Alemanha pagam salários mais altos aos professores do que a Finlândia, apesar de registrarem índices mais baixos de desempenho escolar. No estudo da OECD, a Finlândia aparece em nono lugar na lista dos países que melhor pagam seus professores.
Qual seria então a principal motivação de uma pessoa para se tornar um professor na Finlândia?
“Respeito”, responde o professor Martti Mery, da escola Viikki.
Tal é a confiança nos mestres, que não existe nenhum tipo de avaliação formal do desempenho de professores na Finlândia. O sistema nacional de inspeção escolar, que antes exercia esta função, foi abolido no início dos anos 90.
“Controlar o desempenho do professor não é uma questão relevante na Finlândia. A premissa básica é de que os professores são, por definição, profissionais altamente educados que realizam o melhor trabalho possível nas escolas”, diz o educador finlandês Pasi Sahlberg.
Entregar a liderança do sistema a profissionais da educação também é parte da fórmula do milagre finlandês, observa Pasi Sahlberg:
“Discordamos da visão de que a melhor forma de desenvolver a educação é colocar o controle das escolas nas mãos de administradores sem experiência no setor, na esperança de que um gerenciamento de estilo empresarial vá elevar a eficiência. Na Finlândia, todas as autoridades do setor de educação estão, sem exceção, nas mãos de educadores profissionais”, ele destaca.
A taxa de sindicalização da categoria é uma das mais altas do mundo: 95% dos professores finlandeses são filiados ao poderoso Opetusalan Ammattijärjestö (OAJ), chamado de “A Voz dos Professores”.
“O modelo finlandês mostra que a colaboração com sindicatos de professores, e não o conflito, produz melhores resultados. As evidências são claras, e é este o caminho a seguir”, diz Pasi Sahlberg, que hoje atua como professor visitante da Universidade de Harvard.
* Texto publicado originalmente no Diário do Centro do Mundo

COMENTÁRIOS DO BLOG:

Veja aqui a informação correta sobre a questão do tal "tratamento dos professores como bandidos"
Brasil se distancia de média mundial em ranking de educação. CURITIBA PROVA QUE QUEM MANOBRA A VIOLÊNCIA É O PETISMO! (aqui)
.
E, aqui o método correto de se obter resultados.
10 (DEZ) PASSOS DA APRENDIZAGEM - EDUCAÇÃO E GESTÃO (aqui)

01 - Visão histórica - Marxismo Cultural e Revolução Cultural - 1/6 - Primeira Aula




Enviado em 14 de fev de 2012


Esta é uma série de palestras que busca compilar, de forma sistemática, o tema do Marxismo Cultural que se encontra difuso em diversos vídeos e palestras no site padrepauloricardo.org. O intuito é o de apresentar a revolução cultural dentro da Igreja ou, melhor dizendo, um estudo sistemático das raízes da Teologia da Libertação e de sua atuação dentro da Igreja Católica.

Análise de uma mente - Freud (Dublado com legenda)




Publicado em 28 de fev de 2013
Este raríssimo documentário aborda a vida e as ideias de Sigmund Freud, pai da psicanálise.

Mudando paradigmas na educação





Vivemos o ocaso de um modelo educacional, todavia ainda estamos sem um substituto para a vaga de titular. Sir Ken Robinson desconfia da epidemia de déficit de atenção e aponta mudanças do paradigma da educação tradicional.

Nomeado cavaleiro do reino pela rainha Elizabeth II em 2003, Sir Ken Robinson é especialista em criatividade, inovação e pessoas. Ele já esteve por aqui falando no TED sobre como as escolas matam a criatividade. Assista essa animação que resume uma de suas palestras e que dublamos para que mais pessoas tivessem acesso.


Sir Ken Robinson - Mudando Paradigmas

Todo país do mundo nesse momento, está reformando a educação pública. Há duas razões para isso: A primeira é econômica. As pessoas estão tentando resolver, como nós educamos nossos filhos, para assumirem seus lugares nas economias do século XXI.

Como fazemos isso? Já que nem sequer podemos antecipar como a economia vai estar no final da próxima semana. Como a recente crise demonstrou.

Como fazemos isso?

A segunda é cultural: Todo país do mundo está tentando entender como educamos nossos filhos para que eles tenham uma percepção de identidade cultural para que possamos passar os genes culturais de nossas comunidades. Enquanto fazendo parte do processo da globalização, como equacionamos isso?

O problema é que eles estão tentando chegar ao futuro fazendo aquilo que fizeram no passado. E no processo estão alienando milhares de crianças que não vêem nenhum propósito em ir para a escola.

Quando nós fomos para escola, éramos mantidos lá com a história de que se você estudasse bastante e tirasse boas notas e obtivesse um diploma universitário, você conseguiria um emprego. Nossos filhos não acreditam nisso. E a propósito, eles estão certos em não acreditar.

É melhor ter um diploma do que não ter um, mas isso não é mais uma garantia. Particularmente se o caminho para ele, marginalizar a maior parte das coisas que você pensa que são importantes para você.

Algumas pessoas dizem que temos que elevar or padrões - se isto representa algum avanço. Sabe. Claro que devemos elevá-los. Por que baixaríamos? Você sabe, eu ainda não encontrei nenhum doido que me persuadisse a baixar os padrões. Mas elevá-los, é claro que devemos elevá-los.

O problema é que o sistema educacional atual foi desenhado e pensado e estruturado para uma época diferente. Ele foi concebido na cultura intelectual do Iluminismo. E na circunstância econômica da Revolução Industrial.

Antes da metade do Século XIX não havia sistemas de educação pública. Não realmente. Você era educado por Jesuítas se você tivesse dinheiro.
Mas Educação Pública financiada pelos impostos. Obrigatória para todos e de graça, era uma idéia revolucionária.

E muitas pessoas foram contra isso. Elas disseram que não era possível para muitas crianças de rua e da classe operária, se beneficiarem da Educação Pública.
Elas são incapazes de aprender a ler e escrever, então por que estamos gastando tempo com isso? 

Então foi embutido nisso uma série de suposições a respeito da capacidade de estruturação social. Isto foi impulsionado por uma necessidade econômica da época.
Mas paralelamente a isso estava um Modelo Intelectual da Mente. O que essencialmente era a visão Iluminista da inteligência.

A inteligência real consistia nessa capacidade para certos tipos de deduções lógicas. E num conhecimento dos Clássicos. O que passamos a definir como habilidade acadêmica. E isto está implantado profundamente na cadeia genética da educação pública.

É que há apenas dois tipos de pessoas: Acadêmicos e não acadêmicos. Pessoas inteligentes e pessoas desprovidas de inteligência. E a conseqüência disso é que muitas pessoas brilhantes acham que não o são. Porque elas são julgadas com base nessa visão especifica da mente.

Então nós temos pilares gêmeos, econômico e intelectual. A minha visão é que esse modelo trouxe caos para a vida de muitas pessoas. Tem sido ótimo para alguns.

Há pessoas que se beneficiaram enormemente com isso. Mas a maioria das pessoas não. Elas ao invés sofreram isso.

Isto é a epidemia moderna. E é tão inapropriada como fictícia. Isto é a praga do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). 

Este é um mapa da incidência do TDAH nos EUA. Ou prescrições médicas para TDAH. Não me interprete mal. Eu não quero dizer que não há tal coisa como Transtorno do Déficit de Atenção. Eu não estou qualificado para dizer que não existe tal coisa. Eu sei que uma grande parte dos psicólogos e pediatras acreditam que exista tal coisa. Mas ainda é um assunto em discussão.

O que eu sei como fato, é que não é uma epidemia. Essas crianças estão sendo medicadas com a mesma frequência em que retiramos nossas amídalas. E pelos mesmos motivos caprichosos e pela mesma razão.... modismo médico. As nossas crianças estão vivendo no período mais intensamente estimulante da história da terra.


Elas estão sendo cercadas por informação e dividindo sua atenção entre várias plataformas. Computadores, iPhones e publicidade de centenas de canais de TV. E nós as estamos penalizando por se distraírem. De quê? Coisas chatas.... na escola. Na maioria das vezes.

Parece-me não ser totalmente uma coincidência que a incidência de TDAH tenha aumentado paralelamente ao crescimento da padronização dos testes. Estas crianças estão sendo medicadas com Ritalina e Adderall e todo o tipo de coisas. Drogas geralmente bastante perigosas para ajudá-las a se concentrarem e se acalmarem.


Mas de acordo com isto o TDAH aumenta a medida que você cruza o país em direção ao leste. 


As pessoas começam a perder o interesse em Oklahoma. (risos) Elas dificilmente conseguem pensar direito em Arkansas. E quando chegam a Washington já estão completamente perdidas. (risos) E eu creio que há razões diferentes para isso.... (risos)


É uma epidemia fictícia. Se você pensar nisso, as Artes. E eu não quero dizer que seja exclusivamente as Artes. Eu também acho que é o caso da Ciência e da Matemática. Eu menciono as Artes em particular, porque eles são as vítimas dessa mentalidade atualmente. Em especial.


As Artes tratam especialmente da idéia de experiência estética. 
Uma experiência estética é aquela em que os seus sentidos estão operando na sua capacidade máxima. 
Quando você está presente no momento atual.
Quando você está vibrando com o entusiasmo desse sentimento que você está experimentando.
Quando você está plenamente vivo.

E Anestésico é quando você fecha seus sentidos, e se anestesia para o que está acontecendo. E muitas dessas drogas fazem isso. Nós estamos conduzindo nossas crianças na sua educação escolar, anestesiando-as. E eu penso que deveríamos fazer exatamente o contrário. Não devemos colocá-las para dormir, mas sim despertá-las,para aquilo que elas tem dentro de si.

Mas o modelo que temos é esse. Eu acredito que nós temos um sistema educacional moldado nos interesses da industrialização e na sua imagem. Eu vou dar alguns exemplos:

Escolas ainda são organizadas como fábricas.

Com sinais tocando, diferentes instalações, especializada em diferentes matérias. Ainda educamos crianças por grupos. As colocamos no sistema por faixa etária. Por que fazemos isso?
Por que há essa suposição, de que a coisa mais importante que as crianças tem em comum é a idade? É quase como se a coisa mais importante sobre elas fosse a sua data de fabricação.

Eu conheço crianças que são muito melhores do que outras crianças da mesma idade em diferentes matérias. Ou em diferentes horas do dia. Ou melhores em grupos menores do que em grupos maiores, ou as vezes elas querem ficar sozinhas.

Se você está interessado no modelo de aprendizado, você não começa por essa mentalidade de linha de produção. Isto é essencialmente sobre normatização, é cada vez mais a respeito disso, quando você olha o crescimento dos testes padronizados e de currículo escolares padronizados. Eu acredito que devemos ir exatamente em direção oposta.

Há um excelente estudo feito recentemente sobre pensamento divergente. Publicado há dois anos. Pensamento divergente não é a mesma coisa que criatividade.

Eu defino criatividade como o processo de ter idéias originais que tem valor.
Pensamento divergente não é um sinônimo, mas é uma capacidade essencial para a criatividade. É a habilidade de enxergar muitas respostas possíveis para uma pergunta. Muitas formas possíveis de interpretar uma pergunta. Pensar, como Edward de Bono definiu publicamente de "lateralmente". Pensar não apenas de maneira linear ou convergente. Enxergar múltiplas respostas e não apenas uma.

Eu preparei um teste para isso. Num deles chamado de exemplo do bacalhau são feitas perguntas do tipo: Quantas utilidades você pode ver para um clipe de papel?
Uma das perguntas rotineiras. A maioria das pessoas pensa em 10 a 15. Pessoas boas nisso podem achar até 200 utilidades. E elas fazem isso dizendo: Você sabe... Precisa ser um clipse de papel como o conhecemos, Jim? 

O teste é esse: Eles foram dados para 1500 pessoas, num livro chamado "Breakpoint and Beyond". E pelas regras do teste, se você pontuasse acima de um certo nível, você seria considerado um gênio do pensamento divergente. Então a minha pergunta sobre isso é: Qual percentagem das 1500 pessoas testadas obteve pontuação de gênio em pensamento divergente? Eu preciso saber mais uma coisa sobre eles. Estas eram crianças do Jardim de Infância... Então o que você acha?

Qual foi a percentagem de gênios? -80? 80, Ok?, 98%. Agora a questão aqui é que este foi um estudo longitudinal. Então 5 anos mais tarde eles retestaram as mesmas crianças. Com idades de 8-10. O que você acha? -50%? Eles as testaram novamente 5 anos mais tarde. Idades 13-15. Você percebe uma modismo vindo por ai.

Agora isto nos conta uma história interessante. Porque você poderia imaginar que eles estariam indo em outra direção. Não é verdade?
Você começa não sendo muito bom, mas melhora com a idade. 

Mas isso mostra duas coisas: Uma é que todos nós temos essa capacidade. E duas: Ela predominantemente se deteriora. Muitas coisas aconteceram com essas crianças a medida que cresceram. Muitas.

Mas das coisas mais importantes que aconteceu, que estou convencido, é que agora elas foram educadas.

Elas passaram 10 anos na escola ouvindo: Há uma resposta. Está atrás[do livro]. E não olhe. E não copie. Porque isso é colar. Fora da escola isso é chamado de colaboração. Mas não dentro das escolas.

Isto não é porque os professores quiseram que fosse desse jeito. É simplesmente porque acontece dessa maneira.
É porque está na cadeia genética da educação.Nós temos que pensar de forma diferente a respeito da capacidade humana.
Temos que romper com a concepção antiga de acadêmico e não acadêmico, abstrato, teorético, vocacional. E vê-la pelo o que ela é. Um mito.

Em segundo lugar temos que reconhecer que o melhor aprendizado acontece em grupos.

Colaboração é a matéria do crescimento.

Se atomizarmos as pessoas separando e julgando-as separadamente. Nós criamos uma espécie de barreira entre elas e o seu ambiente natural de aprendizado.

E em terceiro lugar, isto é crucialmente sobre a cultura de nossas instituições. Os hábitos das instituições e os habitats que elas ocupam.
[Via BBA]

Governo vai pedir para julgamento de contas de Dilma ser suspenso

'É vedado ao magistrado se manifestar por qualquer meio de comunicação sobre processo em curso', afirmou Luis Inácio Adams, ao lado de José Eduardo Cardozo e Nelson Barbosa

BRASÍLIA - O governo vai pedir a suspensão do processo de julgamento de contas ao Tribunal de Contas da União (TCU). O argumento central do governo é de que o ministro relator do processo, Augusto Nardes, tem vazado reiteradamente seu voto, que é pela reprovação das contas. Essa postura, que é vedada por lei, teria constrangido os demais ministros da corte.
'É vedado ao magistrado se manifestar por qualquer meio de comunicação sobre processo em curso', afirmou Luis Inácio Adams, ao lado de José Eduardo Cardozo e Nelson Barbosa
O pedido do governo será enviado à Corregedoria do TCU nesta segunda-feira, 5, com a defesa de que há "vício" no processo relatado por Nardes. Em termos práticos, a medida pede a substituição do relator, por conta de "suspeição".
Se a Corregedoria acatar o pleito, enviará sua demanda à presidência do tribunal, que terá de submeter o pedido do governo ao plenário da corte, ou seja, os próprios colegas de Nardes terão de julgar a sua conduta à frente do processo.
"É vedado ao ministro do tribunal que, por qualquer meio de comunicação, expresse opinião sobre processo pendente", declarou Luís Inácio Adams, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU).
Segundo Adams, o governo colheu mais de 2 mil páginas de reportagens nas quais Nardes deixa clara a sua intenção de reprovar as contas do governo Dilma Rousseff (PT) de 2014.  Perguntado por que, só agora, decidiu pedir a suspeição de Nardes, Adams disse que o posicionamento do ministro do TCU se tornou mais claro desde o dia 11 de setembro, quando o governo entregou uma última parte de suas defesas. 
"Essa reiterada manifestação vem em claro conflito com uma regra que se dirige aos magistrados. Não estamos falando de agentes políticos, mas magistrados que têm regras de comportamento", disse Adams. "Essa lógica, essa manifestação reiterada gerou um movimento de constrangimento, como já noticiado pela imprensa."
Em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o governo tem "absoluta convicção que não existe motivos ou justa causa para reprovação das contas". 
"Consideramos lamentável a postura de alguns setores oposicionistas que querem transformar as contas em cenário de disputa política", declarou. "Setores oposicionistas têm ido ao TCU para pressionar, na tentativa de constranger aqueles que vão julgar. Acho profundamente lamentável que isso ocorra. Como se lá fosse realizado um julgamento político."
O ministro do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), Nelson Barbosa, reafirmou que "todas as medidas foram feitas com amparo legal e seguiram o que foi aplicado em todos os anos anteriores".
"Os pontos apontados podem ser objeto de aperfeiçoamento. E como isso é feito? É feito para frente. Reafirmamos que as operações de repasse de recursos não são operação de crédito, mas de repasse", disse Barbosa, que também defendeu que não houve operação de crédito nas equalizações de taxas de juros. 
"São discussões técnicas, que respeitaram a legislação em vigor, mas que podem ser aperfeiçoadas, e qualquer mudança deve ser aplicada daqui para frente", declarou. 
COMENTÁRIO DO BLOG:

Advocacia geral da Putaria...

Ciência prova que a beleza está nos olhos de quem vê

© Thinkstock Atração: gostar de alguém está relacionado as experiências pessoas de cada umSão Paulo – Um estudo publicado na revista Current Biology prova que a beleza realmente está nos olhos de quem vê. Os pesquisadores descobriram que muito do que atrai as pessoas é guiado por suas experiências individuais.
Para fazer a pesquisa, os cientistas criaram um teste online (que você pode fazer aqui) com 200 imagens de rostos diferentes – alguns foram gerados por computadores para melhor imitar o que vemos no mundo real.
De acordo com os cientistas, esta parte do estudo ajudou a reforçar a noção de que as preferências físicas de uma pessoa são relativamente previsíveis. “Nós podemos prever cerca de 50% das preferências de uma pessoa aleatória com preferências de outro indivíduo aleatório”, explica Jeremy Wilmer, um dos autores do estudo, ao site Smithsonian.
Estudos anteriores, que usaram gêmeos como participantes, mostraram que os genes tinham grande influência na percepção e no comportamento. Mesmo testes de reconhecimento facial pareciam ser impulsionados pela genética.
Segundo os cientistas, as bagagens pessoas de cada um são tão sutis, que elas não estão relacionadas com a escola que a pessoa foi ou outros fatores socioeconômicos. “Elas [as experiências] são muito mais individuais, incluindo nossas experiências únicas, altamente pessoais com amigos ou colegas”, disse Laura Germine, pesquisadora do estudo, em um comunicado.

Próximos passos

Os cientistas também revelaram que querem compreender de onde vem outras preferências humanas, como o amor pela arte ou por um animal de estimação. “Todas estas questões retornam para uma ampla questão filosófica: o que é a beleza? De onde ela veio?”, finaliza Wilmer.

Truques para conseguir mais, trabalhando menos

Trabalha, trabalha mas parece que as coisas nunca aparecem feitas – pelo menos não tão rapidamente como desejaria?

Não tem só a ver com a organização, tanto o nosso corpo com os programas que usamos no dia-a-dia de trabalho têm ferramentas que, quando aproveitadas, nos permitem conseguir mais, trabalhando menos – ou pelo menos sem ter de trabalhar mais.
O Huffington Post reuniu alguns truques que vão permitir conseguir mais coisas, trabalhando menos.
Aproveite o efeito Zeigarnik. Sabia que o cérebro humano tem uma característica que irá lembrá-lo constantemente das atividades que deixou incompletas, de forma a empurrá-lo para a tarefa? É chamado o efeito Zeigarnik.
Por isso, aproveite esta ferramenta do seu cérebro, se tem algo para fazer que lhe parece aborrecido, comece por abrir um documento em branco, ou por escrever qualquer coisa num bloco. Depois de a tarefa ter sido iniciada, o seu cérebro vai certificar-se de que a termina.
Use ferramentas de gestão. ‘Parta’ cada tarefa em pequenos desafios para facilitar a sua rotina e para não se estressar . Para isso, pode usar ferramentas de software ou online para gerir e organizar o seu trabalho e a sua agenda, mesmo que não tenha a ver com trabalho.
Transforme os seus hábitos. Todos temos hábitos e a maioria deles são difíceis de quebrar. Ainda assim, é possível mudar a sua rotina para que os maus hábitos não o prejudiquem. Comece por identificar os maus hábitos que lhe estão a tirar tempo da sua preciosa rotina. Por exemplo, o tempo que passa nas redes sociais, e depois encontre uma forma de programar esses hábitos ou de os limitar a um curto espaço de tempo para que não o atrasem.
Use a regra dos 90 minutos. Há cerca de meio século, Nathaniel Kleitman descobriu que o nosso corpo diminui o estado de alerta a cada 90 minutos. Por isso, quando precisar de ser ‘super produtivo’, faça-o durante 90 minutos seguidos e depois faça uma pausa. E vá repetindo o processo à medida das necessidades.
Estabeleça prioridades. Esta é a regra de ouro para qualquer lista de tarefas diárias. Organize a lista por ordem de urgência. Depois das tarefas urgentes, distingua as fáceis de fazer das difíceis para assim organizar bem o seu dia e não perder tempo

Como branquear os dentes com a casca de uma banana


Branquear os dentes é uma tarefa difícil que, na grande maioria das vezes, implica gastar algum dinheiro extra. Mas há uma forma eficaz de o fazer sem sair de casa… e sem gastar muito dinheiro.
Diz o site Pure Wow que para tal apenas é preciso a casca de uma banana, uma escova e uma pasta de dentes. E como funciona? Basta esfregar o lado mais fibroso da casca nos dentes e deixar atuar por dez minutos, evitando o contacto com os lábios e as gengivas. O potássio e o magnésio vão atuar no esmalte, fortalecendo-o.
Depois, retire a casca e limpe os dentes com a escova seca. Em seguida, escove os dentes normalmente com a pasta e enxague com água.
Para uns dentes brancos e saudáveis em pouco tempo, este truque deve ser feito diariamente durante duas semanas.

Estado americano executa 1ª mulher em 70 anos

© APCopyright British Broadcasting Corporation 2015 Kelly teve pedidos de clemência negado e foi executada com uma injeção letal; a Georgia não executava uma pessoa que não havia cometido…
Antes da execução, religiosos pedem clemência e humanidade no julgamento do caso© bbcCopyright British Broadcasting Corporation 2015 Antes da execução, religiosos pedem clemência e humanidade no julgamento do caso
A americana Kelly Gissendaner, de 47 anos, foi executada no Estado da Geórgia apesar de vários apelos por clemência, inclusive um feito pelo papa Francisco.
Foi a primeira mulher a ser executada no sul dos Estados Unidos em 70 anos. Ela foi morta na terça-feira, com uma injeção letal.
Os advogados de Kelly fizeram ao menos três apelos à Suprema Corte do país, para tentar adiar o cumprimento da execução, mas eles foram rejeitados.
Kelly planejou o assassinato do marido, Douglas Gissendaner, em 1997. O crime que foi executado por seu amante na época, Gregory Owen, que foi condenado à prisão perpétua. Ele conseguiu escapar da pena de morte por conta de um acordo judicial, no qual aceitou testemunhar contra Kelly.
O papa Francisco, que visitou os Estados Unidos e deixou o país no domingo, fez um apelo para que a sentença fosse reconsiderada.
O arcebispo que representa o papa no país disse que não queria minimizar o crime, mas sugeriu que sua sentença fosse alterada por uma que "expressasse de uma maneira melhor tanto justiça como misericórdia".
A Geórgia não executava uma pessoa que não havia cometido assassinato desde que a pena de morte foi retomada no Estado, em 1976. Cerca de 60 pessoas já foram executadas desde então e há mais de 80 pessoas no corredor da morte.
Nos últimos anos, 19 Estados acabaram com a pena de morte, sendo Nebraska o mais recente, em maio deste ano.
Mesmo assim, a pena de morte ainda é bastante difundida no país; está em vigor em 31 Estados americanos.

Trump diz que enviaria todos os refugiados de volta para a Síria

O pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que, caso seja eleito, enviará os milhares de refugiados sírios de volta ao seu país de origem. "Já digo isso desde agora: o mundo e essas 200 mil pessoas devem saber que vou devolvê-las a seu país", declarou Trump nesta quarta-feira (30) à noite, à rede de televisão CNN.
O pré-candidato demonstrou preocupação que haja terroristas infiltrados entre os refugiados sírios. "Não vamos aceitar 200 mil pessoas que possam ser do grupo Estado Islâmico. Não temos ideia de quem são", afirmou o bilionário, em mais uma afronta à política migratória do presidente Barack Obama.
Trump criticou a gestão do conflito sírio pelo governo americano, classificando-a de uma "debilidade de Obama". O pré-candidato lidera as pesquisas de intenções de voto entre os republicanos, para disputar a presidência dos Estados Unidos pelo partido.
O republicano avalia que o início das operações militares da Rússia na Síria pode ser “uma boa coisa”, se Moscou “atacar e acabar com o [grupo] Estado Islâmico e, talvez, estabilizar a onda de migração”. Em setembro, o secretário de Estado americano, John Kerry, anunciou que os Estados Unidos poderão receber 85 mil refugiados em 2016, dos quais 10 mil são sírios, e mais 100 mil pessoas em 2017.
Com informações AFP

Os remadores que venceram Hitler


A equipe de remo dos EUA que conseguiu o ouro em 1936.

Voltei à raia olímpica depois de muitos anos, para ler as últimas páginas de Meninos de Ouro (Editora Sextante), a extraordinária e comovente história da equipe de remo que humilhou Hitler e assombrou o mundo. Com o livro debaixo do braço, desci ao atracadouro e me sentei na madeira úmida sentindo um nó na garganta. Não voltava à raia desde a morte de Agustí Fancelli. Juntos, Agustí e eu passamos muito tempo remando naquelas águas calmas. Fugíamos do jornal ao meio-dia e embarcávamos para remar no largo espelho brilhante sobre o qual o céu se refletia.
Tudo acontecia como de costume. Andorinhas e maçaricos capturavam insetos na margem, perto da qual flutuava um casal de patos; canoas e caiaques descansavam empilhados, prontos para cair, os coletes salva-vidas e os remos pendiam de seus suportes no barracão aberto. No meio da raia um barco de competição, longo e elegante, o remador deslizando ritmadamente para frente e para trás em seu banco, atravessava de forma limpa a superfície, como uma folha afiada abrindo uma ferida.
A raia olímpica da Catalunha, em Castelldefels, não é o circuito de remo de Grünau, no lago Langer See, no subúrbio de Berlim, que foi o palco em que se disputou a legendária regata de Meninos de Ouro, o maravilhoso livro de Daniel James Brown que relata um dos maiores feitos do esporte, levando o leitor muitas vezes à beira das lágrimas, mas quis o destino que o céu estivesse tão encoberto, e a água tão acinzentada quanto naquele 14 de agosto de 1936, durante os Jogos Olímpicos. Na ocasião, às seis da tarde, na final da prova da modalidade oito com timoneiro, nove jovens norte-americanos da classe trabalhadora –agricultores, pescadores e lenhadores do Estado de Washington– enfrentaram as melhores tripulações do mundo, incluindo a perigosa equipe alemã, que competia em casa com o apoio de 75.000 espectadores que gritavam e sob o olhar de Adolf Hitler, um estímulo e tanto. Vencendo todas as adversidades –entre elas, navegar na pior posição no lago, o desmaio do remador da popa, que estava febril, e não ter ouvido o sinal de partida–, os rapazes norte-americanos venceram a prova e levaram a medalha de ouro. Um deles, Bobby Moch, o timoneiro, era de família judia (seu pai lhe disse isso antes de sua partida para a Europa).
Hitler, que estava na tribuna de honra, de uniforme e com uma capa que parecia ter saído do filme Bastardos Inglórios, saiu furioso, talvez pensando que se vingaria invadindo a Polônia. Sorte que ainda era 1936, porque alguns anos mais tarde com certeza os remadores alemães teriam acabado no front russo, remando no rio Volga, por assim dizer. Hitler não sabia então que aqueles sujeitos norte-americanos fortes e simples, autênticos e otimistas, voltariam para lhe tirar mais do que uma medalha.
A vitória dos jovens norte-americanos naquela Berlim entregue ao mal foi um pequeno milagre, em vista das circunstâncias, e uma bofetada no regime nazista semelhante à dada nos mesmos Jogos pelo atleta negro Jesse Owens –obtendo quatro medalhas de ouro e derrubando o mito da superioridade ariana diante das barbas dos chefões do III Reich–, mas a história é muito menos conhecida. Brown a resgatou num dos livros mais emocionantes que li em muito tempo e que é um hino ao melhor do esporte e do espírito humano. Como um Carruagens de fogo com remos –como foi descrito–, é repleto de características épicas e de poesia.
“Quis descrever bem todos os aspectos técnicos do remo, claro, a mecânica da remada, os estilos”, explica Daniel James Brown, “mas me pareceu igualmente importante transmitir com o máximo realismo a experiência sensorial e emocional de remar. Daí eu ter falado com muitos remadores bons. Para mim era muito importante convencer o leitor que remar em cada situação provocava exatamente essas sensações e sentimentos que descrevo”. Quando digo que sua prosa parece influenciada por poetas como Robert Frost, demonstra muita satisfação. “Obrigado! Cresci lendo boa literatura. Uma vida lendo Shakespeare, Faulkner, Joyce e Dickens (e CervantesBorges e García Márquez!) me deu certa propensão à boa escrita. Mas na verdade conhecer esses rapazes, suas vidas, por meio principalmente de seus filhos e netos, foi o que me inspirou, me arrebatou o coração e me deu o combustível emocional para entender a história num nível profundo. Quando isso acontece, a boa escrita vem com bastante facilidade.”
Poucas vezes um esporte encontrou uma voz que o engrandeça tanto como faz aqui o autor com o remo, destacando seus valores sociais, morais e até espirituais. Mas na verdade é possível dizer que o livro fala tanto do remo quanto da vida. “Sim! Está absolutamente certo. Para mim, a história desses nove rapazes que entram no barco e aprendem a manejá-lo juntos de forma tão poderosa e bela é uma metáfora de tantas coisas na vida. A vida nos coloca num barco com outras pessoas o tempo todo, gostemos ou não. Na guerra, na política, nos negócios… E aprendemos a criar laços de confiança e afeto, e a remar juntos, e então metas que pareciam impossíveis se tornam atingíveis. Foi o que descobri escrevendo o livro e o que espero que os leitores entendam.”
Diferentemente dos rapazes fortões do barco, nós, Agustí e eu, na raia, naqueles dias, nunca fomos o que se chama de atletas –mais para uns amadurecidos e improváveis Tom Sawyer e Huckleberry Finn– , e nossa embarcação, de fibra de vidro barata e não do cheiroso cedro vermelho norte-americano, fazia água e até adernava. Mas conhecemos de passagem a grandeza e a brutal dureza do remo: as bolhas nas mãos, a dor nos músculos das costas ao final da remada, as cãibras, a luta contra o vento, contra o frio e o conformismo; o prazer de impor sua vontade à água e aos elementos, e o orgulho de superar a dor e o esforço, abraçados à camaradagem. Tudo isso, respeitando a enorme distância que há entre os heróis –como os da equipe norte-americana de 1936– e uns pobres aficionados como éramos, recuperei, com melancólica alegria, no livro de Brown. Que também é uma grande história de amizade, como são todas as grandes histórias.
Meninos de Ouro (The Boys in The Boat, no original em inglês) narra em 450 páginas lidas como um romance os acontecimentos que culminaram nesses seis minutos irrepetíveis da regata diante de Hitler. O autor recua a três anos antes, 1933, para nos levar inexoravelmente até o encontro no lago de Berlim e o momento em que o juiz dá o sinal para começar a competição. O caminho é longo e apaixonante, cheio de obstáculos e intrincado. Penetramos nos trabalhos, dúvidas, sofrimentos e satisfações desse pequeno band of brothers de remadores que conquistaram o impossível, ou pelo menos o muito improvável. Sem esquecer o treinador, Al Ulbrickson, e o construtor do barco, –o Husky Clipper, uma verdadeira obra de arte–, George Yeoman Pocock, poeta da matéria, cujas citações recheadas de filosofia abrem cada capítulo: “O remo é todo uma arte. A melhor arte que existe. É uma sinfonia de movimentos. Quando se rema bem, é algo que beira a perfeição. E quanto se beira a perfeição se toca o divino. É algo que toca o você de si mesmo. Que é a alma”.
Ao recontar a história desses rapazes, “com os quais era impossível não simpatizar e desejar que vencessem no final”, Brown se concentrou muito especialmente nas experiências de um deles, o mais outsider, Joe Rantz, um herói ferido e perturbado que conheceu pessoalmente. Por meio de todos eles, o autor traça com fôlego digno de um Tolstói um panorama de anos decisivos para os EUA e para o mundo.
Porque os nove rapazes do barco não remavam no vácuo. Faziam isso em tempos agitados pela Grande Depressão de 1929 e os regimes fascistas, rumo ao desastre da Segunda Guerra Mundial. O percurso de Joe Rantz, personagem que parece saído das fotos de Walker Evans, Dorothea Lange ou Ben Shahn, exemplifica o desenraizamento, a solidão, o abandono, a humilhação e a dor de toda uma geração perdida. Sua redenção graças ao remo depois de viver sem nada e se dedicar à pesca clandestina de salmão é uma belíssima lição de superação e coragem. Quando Brown o conheceu em 2007, era nonagenário e estava para morrer, mas conseguiu o tempo para contar sua história. Joe se pôs a chorar ao narrá-la. Quando Brown estava para ir embora, a filha do velho campeão pôs em suas mãos a medalha de ouro, que ficara anos desaparecida, tomada por um esquilo.
O remo era nos anos 20 e 30 um esporte muito popular nos EUA, atraindo multidões. Era praticado por pessoas tão diversas como Robert McNamara e Gregory Peck. Embora tivesse nascido com conotação classista (um esporte de cavalheiros) nas escolas particulares do Leste, ao estilo das instituições britânicas de elite como Oxford, Cambridge e Eton, difundiu-se no mundo rude do Oeste, longe do ambiente sofisticado de origem, em que abundavam as calças vincadas e os cardigãs.
Em 19 de outubro de 1944 –quarto ano da Grande Depressão, Franklin Delano Roosevelt na presidência, King Kong nas telas- ocorreu em Seattle, em um antigo hangar de hidroaviões transformado em pavilhão de barcos, a inscrição dos novos candidatos à equipe de remo da Universidade de Washington, que tinha a ambição –em rivalidade regional com a da Califórnia- de estar no auge desse esporte disputando o campeonato nacional com as veteranas e mais sofisticadas equipes do Leste. Entrar no time significava para rapazes como Joe –que foi expulso de casa aos 10 anos- escapar de uma vida de miséria e poder estudar. Mas só havia nove vagas no barco, e a competição era enorme. As belas embarcações, caras como um Cadillac, eram longas e delicadas, com remos duas vezes mais altos que os jovens, e navegar nelas exigia muita técnica, que só se conseguia com inúmeras horas de treinamento e sacrifício, e uma vontade indomável. Nessas horas escuras e anônimas, cheias de dor, com chuva e neve, começou a se forjar a equipe que derrotaria os melhores remadores do mundo. A fórmula do sucesso de Washington consistiu em dispor de um barco esplêndido –construído a partir do melhor da natureza norte-americana e com técnicas dos índios do Noroeste-, uma remada revolucionária e um material humano sem igual: esses nove rapazes eram magníficos, capazes de se fundir em uma única entidade sintonizada com a água.
Entretanto, na Alemanha, Hitler estava certo de que receber os Jogos era uma boa ideia, ainda que exigisse alguns ajustes nas ruas, transformar provisoriamente os SA em guias turísticos e deixar os judeus tranquilos, por ora. Goebbels e Leni Riefenstahl –que gravaria a regata para seu filme Olympia- já começavam a brigar porque à segunda o Führer dava liberdade total para apresentar ao mundo a imagem do nacional-socialismo. “Para mim foi uma sorte que Riefenstahl tenha feito boas imagens do dia da prova”, diz Brown. “Dispor desse material me proporcionou uma boa amostra de como estava a atmosfera naquele dia. A trilha sonora também foi muito útil, porque pude escutar o rugido da multidão. Mas devo dizer que a maioria dos detalhes do que aconteceu procedem não do filme de Riefenstahl, mas dos próprios diários dos rapazes e de suas cartas para casa. Foram impagáveis para mim, ao me permitirem ser capaz de descrever a tensão e as emoções no barco. Isso é drama de verdade!”
Os nove rapazes de Washington ganharam o direito de ir a Berlim vencendo todas as provas preliminares e o campeonato nacional. Ainda tiveram que vencer outras adversidades, como os problemas de financiamento da viagem. Mas conseguiram finalmente chegar a Berlim, onde os nazistas tinham preparado a cidade para mostrar as conquistas do regime. “Bem-vindos ao III Reich, não somos o que dizem”, proclamava um letreiro com a malvada ingenuidade dos marcianos de Mars Attacks! Enquanto passeavam pela cidade, quando alguém lhes dizia um “Heil Hitler!”, os rapazes respondiam com “Heil, Roosevelt!”. Um dia treinaram com penas de índios. Após se classificarem, chegou o momento da competição pela medalha de ouro, contra a Alemanha (que já havia conquistado cinco nos dias anteriores em outras categorias do remo), Itália, Grã-Bretanha, Hungria e Suíça. O Husky Clipper foi posto na água após receber uma aplicação por baixo de uma camada de óleo de cachalote. Largaram mal, mas se recuperaram em uma prova inesquecível e cruzaram a linha de chegada seis décimos de segundo à frente dos seguintes, os italianos, e um segundo antes que os terceiros, os alemães, com suas camisetas decoradas com a águia negra e a suástica.
Enquanto entardecia no canal de Castelldefels, li as vibrantes páginas finais sobre a corrida pensando que eram o clímax do livro, mas depois cheguei ao epílogo. Os rapazes voltaram transformados em heróis e retomaram suas vidas. No ano seguinte, voltaram a conquistar o título nacional em Poughkeepsie, confirmando que eram a melhor equipe de remo de oito da história. Naquela época já tinham remado o suficiente para ir de Seattle ao Japão. Depois, a cada aniversário da regata de Berlim, pegavam seu barco e remavam no lago Washington. Em 1971, reduzidos a oito pelo câncer, se reuniram para remar juntos e posaram para os fotógrafos com o torso desnudo e empunhando os remos para um remake da foto da juventude. Estavam barrigudos, os ombros caídos e o cabelo branco, mas se saíram bem. Cinquenta anos depois de sua vitória, em 1986, empurraram de novo o Husky Clipper, subiram com cuidado no barco e, enquanto o timoneiro, Bobby, gritava no velho megafone, colocaram os remos na água e começaram a deslizar. “Remando sempre como um só homem, foram atravessando a água que o sol do meio da tarde lustrava como se fosse bronze. Depois, ao final da tarde, subiram a rampa até o pavilhão, saudaram os fotógrafos e colocaram pela última vez os remos nas prateleiras”. Gravei essa imagem que se fundia com minhas recordações e levei para casa uma frase final do livro enquanto a luz se apagava na superfície do canal: “E assim morreram, queridos e lembrados por tudo que foram: não só remadores olímpicos, mas pessoas boas”.
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