quarta-feira, 5 de setembro de 2012

UMA FÁBULA ALCOÓLICA
"Por Célio Pezza"
 

Era uma vez, um país que disse ter conquistado a independência energética com o uso do álcool feito a partir da cana de açúcar.

Seu presidente falou ao mundo todo sobre a sua conquista e foi muito aplaudido por todos. Na época, este país lendário começou a exportar álcool até para outros países mais desenvolvidos.

Alguns anos se passaram e este mesmo país assombrou novamente o mundo quando anunciou que tinha tanto petróleo que seria um dos maiores produtores do mundo e seu futuro como exportador estava garantido.

A cada discurso de seu presidente, os aplausos eram tantos que confundiram a capacidade de pensar de seu povo. O tempo foi passando e o mundo colocou algumas barreiras para evitar que o grande produtor invadisse seu mercado. Ao mesmo tempo adotaram uma política de comprar as usinas do lendário país, para serem os donos do negócio.

Em 2011, o fabuloso país grande produtor de combustíveis, apesar dos alardes publicitários e dos discursos inflamados de seus governantes, começou a importar álcool e gasolina.

Primeiro começou com o álcool, e já importou mais de 400 milhões de litros e deve trazer de fora neste ano um recorde de 1,5 bilhão de litros, segundo o presidente de sua maior empresa do setor, chamada Petrobras Biocombustíveis. 
Como o álcool do exterior é inferior, um órgão chamado ANP (Agência Nacional do Petróleo) mudou a especificação do álcool, aumentando de 0,4% para 1,0% a quantidade da água, para permitir a importação. Ao mesmo tempo, este país exporta o álcool de boa qualidade a um preço mais baixo, para honrar contratos firmados.

Como o álcool começou a ser matéria rara, foi mudada a quantidade de álcool adicionada à gasolina, de 25% para 20%, o que fez com que a grande empresa produtora de gasolina deste país precisasse importar gasolina, para não faltar no mercado interno. Da mesma forma, ela exporta gasolina mais barata e compra mais cara, por força de contratos.

A fábula conta ainda que grandes empresas estrangeiras, como a BP (British Petroleum), compraram no último ano várias grandes usinas produtoras de álcool neste país imaginário, como a Companhia Nacional de Álcool e Açúcar, e já são donas de 25% do setor.

A verdade é que hoje este país exótico exporta o álcool e a gasolina a preços baixos, importa a preços altos um produto inferior, e seu povo paga por estes produtos um dos mais altos preços do mundo.

Infelizmente esta fábula é real e o país onde estas coisas irreais acontecem chama-se Brasil.

CÉLIO PEZZA é escritor (http://www.cpezza.com/)

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Executivo da TAM mudou o rumo da carreira diversas vezes
Marcelo Mendonça trocou de faculdade, fez carreira na imprensa e migrou para a comunicação corporativa
 
Rachel Sciré
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Marcelo Mendonça, 54 anos, diretor de Assuntos Corporativos da TAM, começou a carreira aos 18 anos, como técnico de distribuição em energia elétrica. Ele acha curioso o fato de muitos jovens pensarem apenas em balada, enquanto ele, com a mesma idade, era responsável por desligar a energia elétrica de uma cidade, por exemplo. “Acho que eu cresci rápido”, afirma.

Ainda na faculdade, Mendonça descobriu que sua verdadeira paixão era o Jornalismo e não titubeou na hora de mudar de curso. Hoje atuando com comunicação corporativa, o executivo relembra na entrevista a seguir outros momentos de sua carreira.

Mudança de faculdade
Sou técnico em eletrotécnica e comecei fazendo tecnologia de Processamento de Dados e fui quase até a metade do curso, até me convencer de que não era isso que eu queria e que eu gostava de Comunicação, gostava de escrever. Uma vez que eu mudei de curso, me convenci que queria ser jornalista, repórter e correspondente internacional. Não foi uma mudança complicada. Eu saí para fazer algo que eu gostava mais, então foi motivo de prazer, de desafio intelectual, de sentir que eu estava no rumo que queria para mim. Me senti muito à vontade, foi um período de grande intensidade intelectual, de descobertas.


Primeiros empregos
Eu fiz colegial técnico e meu primeiro emprego foi na CPFL, como técnico de distribuição em energia elétrica, em Bauru. Fiquei cinco anos na empresa. Eu me convenci que provavelmente seria um técnico mediano, com um risco razoável de o mediano virar medíocre, porque aquilo não estava na minha alma. Depois eu passei cinco anos como escriturário do Banco do Brasil, em São Paulo. Até terminar o curso de Jornalismo e receber um convite da Folha de S. Paulo.


Bagagem como jornalista
O fato de eu ter uma carreira construída na imprensa é representativo, criei um relacionamento com as pessoas que estão na imprensa, conheço o funcionamento dos veículos de comunicação, o dia a dia de uma redação, os humores e até algumas idiossincrasias próprias da atividade jornalística. Ter experiência em jornalismo político também me ajuda, porque na TAM, a área de Assuntos Corporativos tem uma gerência de relações com a imprensa e uma gerência de relações institucionais e governamentais. No entanto, eu senti necessidade de buscar mais formação, além dessa em Comunicação. Por isso estou fazendo MBA em Gestão Empresarial na FGV. Existem algumas ferramentas próprias da gestão de empresas que o profissional que só tem uma formação na área de comunicação precisa buscar, seja para aperfeiçoar competências de liderança ou conhecimentos de finanças corporativas.


24 horas por dia, 7 dias por semana
Se formos falar de carga horária de trabalho, eu estou sempre disponível, mas posso dizer que é uma média de dez a 12 horas de trabalho por dia e o telefone toca de fim de semana, toca à noite. É muito intenso, porque a nossa atividade não é só com o consumidor. A companhia voa 24 horas por dia e existe demanda nesse período, mas a gente se organiza. Na área de relações com a imprensa, por exemplo, tem um celular de plantão que fora do horário comercial fica sempre com uma pessoa da equipe, para as demandas mais corriqueiras. Se existe uma demanda mais complexa, que exige a minha participação ou que precisam me consultar, eu sou acionado. 


Conciliar trabalho e lazer 
Ainda que os telefones fiquem ligados, eu procuro ficar com a minha mulher, encontrar a família, tentar ir ao cinema, sair para jantar e viajar. Como eu viajo bastante, sempre que há oportunidade, por exemplo uma viagem a trabalho, eu tento levar minha mulher para, de repente, aproveitar o fim de semana.


Achar o rumo e batalhar por ele
Se você gosta de algo e você tem energia e talento para buscar isso, sempre vai ter espaço no mercado de trabalho, por mais saturado que ele esteja. Quem está começando não pode ter receio de fazer uma mudança no meio do caminho. Eu passei por uma troca de carreira e só depois de dez anos que cheguei naquilo que eu queria. Isso não foi impedimento para eu crescer na carreira. Tem que gostar, ter paixão por aquilo que faz, e se capacitar.


Amadurecimento rápido
Eu olho para trás e veja como se desenvolveu a minha história, o meu começo de carreira. Eu comecei a trabalhar com 18 anos, na CPFL, em Bauru. Eu lembro que eu tirei carta e logo em seguida passei a pegar os carros da companhia. E eu gostava de balada, ia na boate da faculdade, mas quando eu penso no que eu fazia com 18, acho curioso – não é muito o que a gente vê hoje em dia. Tinha sábado que eu acordava às cinco da manhã e ia trabalhar, porque um empreiteiro ia remover uma linha de alta tensão que estava dentro de um lago, por exemplo. Então íamos lá desligar a energia elétrica da cidade e resolver todos os problemas que aconteciam durante essa ação. Aí eu paro e penso: eu fazia tudo isso com 19 anos! Acho que eu cresci rápido (eu tive que crescer), com as responsabilidades que eu assumi muito novo. Eu tenho orgulho disso! Ajudou a construir quem eu sou hoje. Eu podia ter tido mais baladas também, mas é uma coisa que eu olho para trás e acho bacana.


Tags Marcelo Mendonça TAM carreira


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