domingo, 14 de dezembro de 2014

Eles já foram donos do mundo: em livro, a história da dinastia Rothschild


Marie-Helène, o barão Guy e Édouard de Rothschild, aos 5 anos, em Ferrières: o então garoto é hoje um bilionário que prefere discrição em vez de badalação e opulência (Foto: Arnold Newman / Getty Images)

24/03/2012
às 16:08 \ Livros & Filmes

Os donos do mundo
Capa: Dinastia Rothschild
Capa: Dinastia Rothschild
A biografia dos Rothschild, o clã mais rico da Europa, mostra como o poder e a fortuna da família influenciaram a história – e prova que, sim, os ricos também choram
Por muito tempo – do século XIX ao início do século XX -, a expressão “rico como um Rothschild” era usada largamente por toda a Europa quando se queria descrever alguém que realmente tivesse dinheiro. Muito dinheiro. O mundo de então não conhecia nenhuma outra entidade, além dos governos e das casas reais, que detivesse tanto poder econômico quanto o clã de banqueiros judeus estabelecidos em Frankfurt, Viena, Nápoles, Londres e, sobretudo, Paris.
A certa altura, dizia-se mesmo que os Rothschild eram donos de tudo – “até do bom gosto”, segundo detratores incomodados com o crescente apetite da família para adquirir obras de arte festejadas e cobiçadas, como telas de Vermeer e desenhos de Fragonard.
Eles souberam da derrota de Napoleão antes dos governos inglês e francês
Sem falar que o sistema de envio de mensagens desenvolvido pelo banco M.A. Rothschild e Filhos se mostrou ágil e eficiente a ponto de ser utilizado pelos serviços de inteligência de vários países. Um exemplo: os escritórios londrinos e parisienses da empresa receberam a notícia da vitória do general inglês Wellington sobre Napoleão, na batalha de Waterloo, um dia antes dos respectivos governos.
Esse é apenas o início da saga da família contada pelo escritor e jornalista americano Herbert R. Lottman em A Dinastia Rothschild(tradução de Ana Ban; L± 400 páginas; 58 reais).
As compras de arte de Edmond foram a base do acervo do Louvre
Radicado em Paris desde os anos 50, Lottman é especializado em monumentos franceses. Escreveu biografias dos escritores Flaubert, Camus, Colette e Júlio Verne, além do painel histórico A Rive Gauche: Escritores, Artistas e Políticos em Paris 1934-1953. Os Rothschild ganham o mesmo tratamento de exaltação nacional.
O ramo francês do clã sempre foi o mais poderoso e cintilante, tendo produzido, além de homens de negócios, mecenas, colecionadores de arte – como Edmond de Rothschild, cujas aquisições formaram a base do acervo do Louvre – filantropos e, claro, playboys. “Eles foram os Medici de seu tempo”, diz o autor, em referência à célebre família da Itália renascentista.
Édouard de Rothschild hoje, aos 55 anos (Foto: Franck Prevel / Getty Images)
Ferrovias, petróleo e código de ética
Para Lottman, os Rothschild se destacaram e levaram vantagem sobre a concorrência devido a seu “conhecimento inequívoco de como o dinheiro se comporta”. Por terem escritórios espalhados por toda a Europa, podiam emitir títulos em todas as moedas importantes da época e foram pioneiros em empreendimentos modernos como as ferrovias e a exploração do petróleo.
Também seguiam um rígido código de ética (“lealdade à família e discrição na condução dos negócios alheios”) e eram adeptos dos casamentos consanguíneos, como na realeza, para manter a independência mesmo dentro da comunidade judaica, na qual seus grandes rivais foram os também banqueiros Pereire e Lazard.
Sobretudo, procuraram utilizar suas poderosas conexões econômicas e políticas para interferir em possíveis conflitos entre nações – a paz é sempre melhor para os negócios, era seu lema.
Impávido colosso O barão James de Rothschild, fundador do ramo francês do clã, ganhou título de nobreza da corte austríaca: “A paz é sempre melhor para os negócios” (Foto: AKG / LatinStock)
IMPÁVIDO COLOSSO -- O barão James de Rothschild, fundador do ramo francês do clã, ganhou título de nobreza da corte austríaca: “A paz é sempre melhor para os negócios” (Foto: AKG / LatinStock)
Apesar de a figura mais importante do livro ser o barão James de Rothschild, o fundador da família na França (o título de nobreza veio da corte de Viena, pelos serviços prestados por seu banco durante as guerras napoleônicas), a dinastia começou com seu pai, Mayer Amschel, no gueto de Frankfurt, num tempo em que os judeus não tinham direito nem a sobrenome.
Foi ele quem iniciou a fortuna como especialista em moedas antigas, consultor financeiro e, por razões ainda nebulosas, fornecedor de moedas raras e objetos de arte para a corte e quem mais pudesse pagar por tais itens.
Mas, como os ricos também choram, o grande drama dos Rothschild aconteceu no século XX, quando decisões equivocadas e negócios malsucedidos provocaram significativas perdas de capital. Durante a II Guerra, eles se viram obrigados a se refugiar nos Estados Unidos, onde nunca se sentiram realmente à vontade ou gozaram do poder e distinção de que desfrutavam na Europa.
Um Rotschild do século XXI, longe da vida mundana
A grande figura desse período é o barão Guy de Rothschild, misto de financista e bon-vivant que, ao lado da mulher, a não judia Marie-Hélène, restaurou o castelo da família, Ferrières, promoveu nele históricas festas para o jet set internacional e mais tarde o doou à Universidade de Paris. Foi Guy quem amargou a liquidação do banco da família pelo governo socialista de François Mitterrand, em 1981, e tentou recomeçar no lugar que sua família tanto evitara: Nova York.
Seu filho Édouard, hoje com 54 anos, é visto como um Rothschild atípico: prefere os negócios, e só eles, aos esportes e à vida mundana. É a dinastia Rothschild no século XXI, um tempo em que já não se fazem mais ricos como antigamente.
(Resenha de Mario Mendes publicada na edição impressa de VEJA)


  
Esses camaradas são os maiores propagadores do comunismo no mundo (aqui)

Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões  Me Adicione no Facebook