quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

BATALHÃO DE GUARARAPES


O 14º Batalhão de Infantaria Motorizado (14º BI Mtz) - Regimento Guararapes - situado em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, simboliza para o Exército Brasileiro, antes de tudo, as origens da própria nacionalidade.

      O Brasil ainda não era nação independente, quando, por forte sentimento nativista, o povo brasileiro expulsou o estrangeiro invasor. Tudo teve início nestas plagas nordestinas, ao se fundirem as três raças formadoras da nacionalidade brasileira, em união de culturas antagônicas, retratando com a epopéia de Guararapes o surgimento, a um só tempo, do Exército e da própria Nação Brasileira.


      
Vários séculos se passaram antes de que o chão de Guararapes voltasse a tremer com o vibrar da cadência de tropas militares. Foi em 1934, quando foi criado e instalado no Patronato Barão de Lucena o 29º Batalhão de Caçadores (29º BC). No ano seguinte, o 29º BC já receberia seu batismo de fogo ao combater um dos focos da Intentona Comunista que irrompera no Recife, em 1935 (aqui).

      Neste episódio foram vítimas da traição e de covardes homicídios do Primeiro Tenente Lauro Leão Santa Rosa e o Cabo João de Deus Araújo, mortos no cumprimento do dever. Seguiram-se ao 29º BC outras designações: 30º BC em 1935 e 21º BC em 1940. Sua mais tradicional denominação, porém, só viria um ano mais tarde, quando foi criado o Décimo Quarto Regimento de Infantaria (14º RI) , constituído pelo 21º BC e o 6º BC de Ipameri, Goiás. Em reconhecimento ao elevado valor histórico da região, onde se achava instalado, o Decreto nº 28.319, de 29 de junho de 1950, concedeu ao 14º RI a denominação de "REGIMENTO GUARARAPES", a partir de janeiro de 1975, o então Ministro de Estado do Exército resolveu desativar o 14º RI, dando origem ao atual 14º BI Mtz que, por herdar todas as tradições do velho Regimento, adotou o dia de sua instalação, 1º de julho de 1975, como a data comemorativa do seu aniversário.



      Hoje, o estandarte do Batalhão mantém acesa a chama do espírito imortal de Guararapes, oriundo da fusão de raças e da crença em um mesmo Deus, onde se encontram as origens sagradas da Nação Brasileira, exemplo para o mundo de verdadeira fraternidade. Seu exuberante escudo contém, em campo de ouro, o impávido Leão do Norte revestido de cores que exaltam a integração das três raças formadoras do povo. Na parte superior, existem duas estrelas vermelhas, simbolizando o sangue heróico derramado nas duas vitoriosas Batalhas de Guararapes. O monumento aos heróis da Restauração Pernambucana, inaugurado a 1º de Junho de 1953, é a homenagem eterna da Unidade aos primeiros brasileiros que defenderam a Pátria. O estandarte criado pelo Decreto nº 28.319, de 29 de Junho de 1950, foi ofertado pelo povo e governo de Pernambuco em solenidade cerimônia a 25 de Agosto de 1950, no Parque 13 de Maio, na Cidade do Recife. A 1º de julho de 1964, o estandarte do Regimento foi condecorado com a medalha pernambucana do mérito.


      O 14º BI Mtz pode considerar-se uma Unidade privilegiada em instalações, quer esportivas ou para instrução da tropa. Seu amplo e diversificado parque esportivo, abrange um estádio de futebol com pista de atletismo, áreas para trein circuito, quadras polivalentes e pista de pentatlo militar, oferecendo, assim, condições de pratica de diversas modalidade esportiva. Seu campo de instrução, com mais de 4.014m2, compreende vários tipos de pistas, estande de tiro, açude e se presta para a maioria dos exercícios exigidos pelo objetivo de adestramento.

      Finalizando, possui o 14º BI Mtz uma ampla área de lazer, tendo à sua disposição um grëmio para oficiais e outro para subtenentes e sargentos, onde a Família Guararapes pode desfrutar de piscina, quadras polivalentes e salão de jogos para os seus momentos de recreação.

      O 14º BI Mtz, durante o ano de instrução, experimenta diversas missões, o que exige dos seus integrantes um enorme esforço e dedicação para êxito total. Por localizar-se na área do Grande Recife, é absolvido em ações e eventos importantes do Comando Militar do Nordeste, 7ª Região Militar e 7ª Divisão de Exército e 10ª Brigada de Infantaria Motorizada. Sua Banda de Música é a única do Exército na Guarnição do Recife e, por essa razão, é bastante solicitada para os eventos no âmbito do Comando Militar do Nordeste. É a segunda banda do Brasil em categoria e a maior do Norte e Nordeste. 

      Nos dias atuais, o 14º BI Mtz destaca-se na guarnição do Recife e do Comando Militar do Nordeste, atuando em missões reais que vão desde ações cívico-socias até a defesa integrada e manutenção da ordem interna, em eleições, demonstrando o alto nível de instrução e disciplina do soldado do 14º BI Mtz, soldado este que, é forjado para ter orgulho de bradar em alto tom: PÁTRIA! BRASIL!. -Assim, segue o 14º Batalhão de Infantaria Motorizado, o legado de suas tradições, mantendo acesa a chama dos heróis de Guararapes, pois, "Aqui se aprende a defender a Pátria"!

MARCHA DAS FAMÍLIAS COM DEUS PELA LIBERDADE, CONVOCAÇÃO (aqui)



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Filme do 14º BI Mtz 




      

Este foi o resultado da BOMBA que os GUERRILHEIROS E TERRORISTAS explodiram no aeroporto dos Guararapes no Recife. Por que será que a Globo não mostra os ATOS TERRORISTAS cometidos pela turma da Dilma??? Já que eles querem remoer o passado, que mostrem tudo o que foi feito e julguem também os feitos destes bandidos!!!


"O atentado no aeroporto dos Guararapes, Recife, matou duas pessoas e feriu 14...



Oito meses antes do AI-5 um documento do Comando de Libertação Nacional, o Colina, dizia que “o terrorismo, como execução (nas cidades e nos campos) de esbirros da reação, deverá obedecer a um rígido critério político”. Assim, quatro meses antes da edição do AI-5 mataram um major alemão que pensavam ser o capitão boliviano que estivera na operação que resultou no assassinato de Che Guevara. Nessa organização militava, com o codinome de Wanda, a presidANTA BANDILLMA KARABINOVISKY DUCHEFF... Tinha seus 20 anos e nunca foi acusada de ter participado de ação armada."


Via 31 de março 

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14BIMTZ FORÇA GUARARAPES COMO VOCÊ NUNCA VIU!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

VIBER LIBERA NO BRASIL LIGAÇÕES GRATUITAS PARA TELEFONE FIXO E CELULARES



Posted: 25 Feb 2014 09:00 AM PST
A disputa entre os apps de troca de mensagens e conversas está cada vez mais acirrada… Logo após a compra do What’s App pelo Facebook e do anúncio de que eles terão ligações telefônicas entre seus usuários, o concorrente Viber correu para anunciar que está liberando chamadas para telefones fixos e celulares gratuitamente, claramente em uma espécie de contra ataque ao destaque do What’s App nos últimos dias.
Após comprar o What’s App, Mark Zuckerberg disse que o app tem potencial para chegar a um bilhão de usuários, mas a declaração parece não ter afetado a confiança do rival, Viber, comprado no começo do mês pela Rakuten por US$ 900 milhões.
“Nós queremos ser o maior aplicativo de mensagens do mundo. Essa é a nossa ambição. Se eles querem ter mais de um bilhão, a gente quer ter mais do que o um bilhão deles”, dispara Luiz Felipe Barros, diretor geral do Viber no Brasil, respondendo a Zuckerberg. Enquanto o WhatsApp possui 465 milhões de usuários, o Viber afirma ser usado por quase 400 milhões.
“Quem precisa se defender é o WhatsApp. Eles estão três anos atrasados em relação a gente, que libera ligações gratuitas entre os usuários desde o lançamento. Sabe-se lá quanto tempo eles ainda vão demorar para liberar ligação de voz para usuários de fora do WhatsApp”, afirma o executivo.
Desde que foi lançado, o Viber permite que seus usuários façam ligações telefônicas gratuitas entre seus usuários só esqueceram de avisar que não funciona direito. Em novembro, o aplicativo lançou uma nova função, chamada Viber Out, que libera também ligações telefônicas diretamente para números de telefone fixo ou de celular. Para fazer essas ligações, porém, os usuários têm de comprar créditos. O pacote de créditos mais em conta sai por US$ 5.
Porém, durante duas semanas essas chamadas não serão mais cobradas! nossa, agora que não vai funcionar mesmo Barros não chama a campanha de contra-ataque ao anúncio do WhatsApp, mas de comemoração pelo avanço do app no Brasil. Nos últimos três dias, foram 600 mil novos usuários. A compra do WhatsApp pelo Facebook, diz, só ajudou.
“No dia da compra, as pessoas rapidamente começaram a falar da compra no Twitter que iam mudar do WhatsApp para o Viber e a gente aumentou em três vezes o volume do nosso volume de downloads média diário”, disse. “No dia seguinte, a gente manteve a média. E no sábado teve a queda do WhatsApp. Ainda não se sabe exatamente porquê. O motivo argumentado por eles parece bastante frágil, então a gente saltou para a segunda posição da App Store”.
Para que a iniciativa perdure, a companhia criou um gatilho: se o volume de mensagens de texto crescer 25%, as ligações continuam gratuitas por mais uma semana.
No Viber Out, as chamadas para telefone fixo ou celular começam como uma ligação VoiP (Voz sobre IP, ou seja, pela internet), mas depois têm de ser conectada à rede das operadoras. Por isso, o Viber tem de remunerar as companhias telefônicas. Com a promoção, o aplicativo internalizará esse custo.
Assim como o WhatsApp, o Viber informa que a compra milionária não afetará a forma como ganha dinheiro com o aplicativo e que o objetivo é aumentar o número de usuários. “A gente continuou independente. O que mudou é que a gente tem mais recurso para investir em iniciativas como essa no Brasil”, afirma Barros.
Posted: 25 Feb 2014 05:00 AM PST


Vários rumores e vazamentos só aguçaram a curiosidade de todos, e durante as últimas semanas estávamos ansiosos pela apresentação oficial. Pois bem, o Galaxy S5 foi apresentado em um grande evento na MWC 2014, e veio para colocar a Samsung novamente no posto de líder no segmento de Androids topo de linha, que havia sido tomado por LG e Sony. Com um hardware impressionante e alguns recursos inéditos, o aparelho chega para reinar absoluto…
Particularmente não acho o S5 um aparelho bonito, e tenho que concordar com a jornalista do Wall Street Journal que compara a traseira do S5 dourado com um Band-Aid. Mas o que o aparelho perde em design refinado, compensa tranquilamente com um hardware de primeira linha e alguns recursos até então inéditos no setor.
Para começar, vamos às especificações técnicas:
  • Sistema operacional: Android 4.4.2
  • Processador: Qualcomm Snapdragon 800 Quad-core de 2,5Ghz
  • Tela: 5,1 polegadas Super AMOLED
  • Resolução: 1920×1080 (Full HD)
  • Densidade de pixels: 432 ppi
  • RAM: 2 GB
  • Armazenamento interno: 16/32 GB (expansão por MicroSD de até 128Gb)
  • Conectividade: WiFi, Bluetooth 4.0, NFC, USB, 3G e 4G LTE
  • Câmera traseira: 16 MP (filmagem em 4K)
  • Câmera frontal: 2 MP
  • Bateria: 2.800 mAh
  • Dimensões: 14,2 cm de altura e 7,25 cm de largura
  • Peso: 145 gramas
  • Espessura: 0,81 cm de espessura
  • Porta micro USB 3.0
  • Extras: leitor de impressões digitais, resistência a água e poeira, medidor de batimentos cardíacos
Com especificações técnicas neste nível, fica claro que a Samsung não está de brincadeira. Vamos destacar alguns pontos que em nossa opinião colocam o S5 novamente no primeiro lugar:
Câmera da pesada:
Se continuar assim, daqui a pouco Nikon a Canon vão a falência, e profissionais da fotografia vão usar seus smartphones para trabalhar… Bom, brincadeiras a parte, o S5 é um poderoso captador de fotos e vídeos, quanto a isso não há dúvidas…
Com sensor mais poderoso, e se aproveitando da velocidade do processador, as imagens capturadas com Galaxy S5 são realmente boas. A resolução máxima das fotos é de 16 megapixels, e o foco automático acontece em 0,3 segundo graças ao Phase Detection. Outro recurso inédito é o HDR em tempo real, tanto para fotos quanto para o vídeo, que entrega fotos superiores em condições de luminosidade desafiadora.


O S5 inaugura um recurso chamado de “Foco Seletivo”, que entrega novas possibilidades para quem gosta de fazer fotos mais elaboradas. Com este recurso, as imagens podem ter o foco em apenas uma área específica, fazendo com que os planos de fundo sejam borrados de uma maneira mais profissional, entregando inclusive efeitos de profundidade de campo, algo que até então só se conseguia com câmeras semi-profissionais ou superiores.
Mas a superioridade do S5 não fica somente nas fotos, e o aparelho consegue também gravar vídeos em Ultra HD 4K, a 30 quadros por segundo.
Ultra Power Saving Mode:
Smartphone e duração de bateria sempre estiveram em lados opostos! Sabendo disso, a Samsung focou em entregar o maior tempo possível de bateria para que usa um Galaxy S5. Além de ter uma generosa bateria de 2.800 mAhA, o S5 foi além e lançou um recurso chamado de Ultra Power Saving Mode, que faz o seguinte: Quando a bateria atinge um nível crítico, sistema liga este recurso, que desliga tudo o que é desnecessário, priorizando a ligação e com isso conseguindo entregar mais várias horas de standby, deixando o aparelho apto a receber ligações e mensagens.


Com isso, a autonomia da bateria do Galaxy S5 pode chegar às 21 horas de conversação e 16 dias em standby!
Duro na queda:
O Galaxy S5 possui certificação IP67, o que significa que é resistente a água e a poeira, podendo ser mergulhado por 30 minutos em até 1 metro de profundidade! Ou seja, não é resistência a um copo de agua, é resistência de fato.
Saúde:
Auxiliar os usuários a manter a forma e ter um estilo de vida mais saudável tem sido o foco de vários fabricantes atualmente. O Galaxy S5 chega com vários recursos neste sentido e promete manter seus donos em forma. O S Health 3.0 traz registro de alimentação, pedômetro e medidor de batimentos cardíacos, tudo focado em entregar uma verdadeira central de registros sobre saúde e exercícios.
Leitor de impressão digital:
Neste ponto a Apple lançou a moda e agora todos os grandes fabricantes devem seguir atrás… Assim como o iPhone 5S, o Galaxy S5 também traz um leitor de digitais, e coincidência ou não, também está localizado na parte inferior da tela. Resta agora saber o que este recurso entregará no aparelho da Samsung.

O Galaxy S5 estará disponível no mercado de 150 países a partir do dia 11 de abril, e muito provavelmente o Brasil está nesta lista, assim como os Estados Unidos, Coreia do Sul e principais países da Europa. Nada foi dito ainda em relação a preços, mas por ser um aparelho de primeiríssima linha, não espere nada barato, principalmente por aqui…
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A IDADE E A MUDANÇA POR LYA LUFT


Este comentário da escritora, tradutora e poetisa vale para ambos os sexos, com qualquer idade.


Ela está com 77 anos.

A Idade e a mudança 

Lya Luft
"Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo. 
   
Era um bate-papo com uma plateia composta de umas 250 mulheres  de todas as raças, credos e idades. 
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi. 
   
Foi um momento inesquecível...  A plateia inteira fez um 'oooohh' de descrédito. 
   
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório 
há quase uma hora exibindo minha inteligência, 
e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? 
Onde é que nós estamos?' 


Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. 

Estão todos em busca da reversão do tempo. 
   
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas. 
   

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada. 

A fonte da juventude chama-se 'mudança'. 

  
De fato, quem é escravo da repetição está condenado 
a virar cadáver antes da hora. 
   
A única maneira de ser idoso sem envelhecer
é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. 
   
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. 
  
Mudança, o que vem a ser tal coisa? 
   
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme 
em que morou a vida toda para um bem menorzinho. 
   
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu. 
   
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens
do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. 
   
Rejuvenesceu. 
  
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou 
um baita emprego por um não tão bom,
só que em Florianópolis, 
onde ela vai à praia sempre que tem sol. 
   
Rejuvenesceu. 
  
Toda mudança cobra um alto preço emocional. 
   
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, 
chora-se muito, os questionamentos são inúmeros,
a vida se desestabiliza. 
   
Mas então chega o depois, a coisa feita, 
e aí a recompensa fica escancarada na face. 
  
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, 
e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. 
   
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem,
só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. 
   
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar. 
  
Olhe-se no espelho..." 


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No mundo da Lya
A gaúcha Lya Luft se torna uma campeã de

vendagem com a lição de que a vida deve ser
saboreada no que tem de doce e de amargo


Isabela Boscov

Liane Neves
Lya, na casa que construiu com o primeiro marido, em Porto Alegre: o sucesso depois dos 60

Leia cap�tulos de Pensar � Transgredir
Outros livros da escritora
Teste: Voc� conhece o universo de Lya Luft?
Existe uma longa (e quase esquecida) tradição filosófica, que começa na Grécia clássica, empenhada em refletir sobre a vida e a morte – ou, mais precisamente, sobre como remover os obstáculos que nos impedem de viver e morrer bem. Há também uma corruptela moderna, e altamente lucrativa, dessa tradição – a auto-ajuda, que trocou a reflexão pelo tom e pelas simplificações dos manuais. Entre esses dois extremos, encontra-se algo raro, que o best-seller Perdas & Ganhos, lançado no ano passado pela escritora Lya Luft, exemplifica. Perdas & Ganhos fala das armadilhas que nós próprios criamos, e que se interpõem entre nós e a fruição plena da vida. Fala do medo da velhice e do quanto ele é injustificado, da desorientação diante da educação dos filhos, da falta de tempo e de como desperdiçamos o pouco que temos em frivolidades, dos rancores passados que ainda norteiam o presente, do fim às vezes inevitável dos casamentos, dos arrependimentos pelas oportunidades que julgamos perdidas. 

Fala, também, das rasteiras que vez por outra a vida nos passa, como nascer num lar infeliz ou o sofrimento com a morte de pessoas queridas. Fala, claro, das coisas boas da existência humana – especialmente as ligadas ao amor, em todas as suas formas. Não por acaso, muitos dos leitores do livro de Lya o têm usado como fonte de aconselhamento. Se, à primeira vista, isso parece caracterizar o trabalho da autora gaúcha como representante do segmento de auto-ajuda, um exame um pouco mais atento não demora a dispersar essa impressão – que Lya, aliás, abomina. "A auto-ajuda pretende ensinar as pessoas a serem felizes. Eu quero provocar meus leitores e fazer com que eles pensem", diz. Para tanto, ela se vale de um tom que reproduz o de uma conversa íntima: em uma prosa serena e de polimento nitidamente literário, a autora troca idéias com o leitor, faz reflexões, rememora episódios de sua vida, conta casos que lhe foram transmitidos por outros e emite opiniões – opiniões, frise-se, não conselhos.

Reprodução
Pedro Rubens
Com Celso Luft e, hoje, com a filha Suzana e as netas Bibi e Nanda: elas já acordam pedindo pela "fofó"

Trata-se de um casamento feliz entre forma e conteúdo, ao qual o público reagiu de imediato. Lya varreu as livrarias do país como um pé-de-vento: chegou sem aviso e deixou um bocado desarrumada a tradicionalmente estável lista dos campeões nacionais de popularidade. Num mercado editorial em que vendas contadas às dezenas de milhares são um feito de destaque, a escritora gaúcha ultrapassou com facilidade a casa da centena. Já há 150.000 exemplares de Perdas & Ganhos nas mãos dos leitores. Nem há sinal de calmaria no horizonte: no início de fevereiro, o livro voltou ao primeiro posto da relação de mais vendidos de VEJA, na categoria ficção, que tem freqüentado assiduamente nos últimos oito meses e de onde desbancou o antes inexcedível Paulo Coelho. 

Agora, seus direitos vêm sendo negociados também para o teatro, com a atriz Regina Duarte entre os principais interessados. Perdas & Ganhos é o 14º livro de Lya, e o primeiro em seus 24 anos de carreira a atingir repercussão e números desse porte. Mas não deve ser o último. Em 5 de março, as primeiras 40.000 cópias do próximo trabalho da escritora, Pensar É Transgredir, chegam às prateleiras das livrarias de todo o Brasil – e não se espera que demorem a sair delas.

Dois capítulos em especial de Pensar É Transgredir demonstram quanto Lya tem o pulso de seus leitores. Em Canção das Mulheres, uma mulher hipotética exorta seu companheiro a tomá-la nos braços quando ela está com medo, sem fazer perguntas demais; a perceber suas fragilidades sem rir nem se aproveitar delas; a não censurá-la quando ela pede um segundo drinque no restaurante; a admirá-la e amá-la mesmo que eventualmente ela perca a paciência, a graça ou a compostura; e assim por diante. 

É uma espécie de compêndio das queixas e das dores cotidianas que, somadas, não raro terminam por consumir um relacionamento. Lya, entretanto, costuma ser severa com o recurso das mulheres à vitimização – e por issoCanção dos Homens é ainda mais pungente que a sua contrapartida feminina. Nela, o marido ou amante pede que a mulher não o humilhe por estar ficando calvo ou barrigudo, que não faça gestos públicos de enfado quando ele conta de novo uma mesma piada, que não tire o bebê de seus braços dizendo que homem não tem jeito para isso, que não comente a intimidade do casal com as amigas, que não o acuse quando ele está com pouco dinheiro, que o deixe também ter momentos de fraqueza. 

E que atire a primeira pedra a mulher que nunca cometeu um desses pecados – ou que, na visão de Lya, não tenha sucumbido a envenenar o amor com essas doses pequenas, mas cumulativas, de desafeto. "Para viver de verdade, pensando e repensando a vida para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se", escreve a autora em outro ponto de Pensar É Transgredir. 


Rafael Campos
Regina, que negocia os direitos de Perdas & Ganhos: rumo ao teatro

Essa literatura, que se pode chamar de cunho moral, floresceu desde a Antiguidade – com o grego Epicuro ou o romano Cícero, que além de ser estadista escreveu sobre, por exemplo, a dor pela perda de sua filha – até a segunda metade do século XIX, quando os filósofos alemães estavam na sua dianteira. Mas desde então essa grande presença se converteu numa ausência conspícua. 

Hoje, afora o suíço Alain de Botton, que se diverte compilando aquilo que os grandes filósofos pensaram sobre temas caros também ao homem contemporâneo – como a falta de popularidade ou de dinheiro –, não há muitos escritores que se dediquem ao gênero. É essa a lacuna que Lya Luft parece preencher entre seus leitores. Guardadas as diferenças de crença, estilo e alcance, o que ela faz lembra aquilo que tornou o americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882) imensamente popular à sua época: não fornecer respostas para problemas (como a auto-ajuda pretende fazer), mas sim auxiliar homens e mulheres comuns a identificar suas indagações e indicar o caminho para que cada um chegue às suas soluções – um caminho que, em geral, está dentro de nós próprios.


Muito de Pensar É Transgredir se volta para esse tema: aquilo que Lya descreve como "a horrenda banalidade do cotidiano" e os seus efeitos deletérios sobre nossa capacidade de saborear a vida, no que ela tem de doce e de amargo. Mas há dados curiosos no sucesso de Lya. O primeiro é que a sua definição do que é banal não é exatamente a mais corrente. Em seus textos, a escritora é impiedosa com o consumo exagerado, a ânsia com a juventude, o carro, a viagem, o tênis mais caro para o filho. A riqueza, diz ela, está no tempo que se dedica aos filhos, aos amigos, aos amores, à sensualidade e ao trabalho feito com prazer – e que compra, isso sim, uma vida digna. 

O público de Lya vem crescendo entre os homens e os jovens, mas é ainda na maioria composto de mulheres maduras. Para elas, que presumivelmente vivem divididas entre escolhas pessoais e profissionais, essa reafirmação de que o afeto é uma prioridade tem algo de alívio e, de tão antiga, também de novidade. O outro fator que chama a atenção em Perdas & Ganhos é que essas coisas não são ditas em tom de chamego, para agradar ao leitor. Não raro, elas tomam a forma de desabafos e chacoalhões, especialmente quando a escritora fala do tópico que mais a incendeia: a obsessão pela juventude, as plásticas que transformam mulheres feitas em caricaturas de adolescentes e o desejo de permanecer infantil também no espírito. Hoje amadurecemos tarde e mal, acredita Lya. Não à toa, portanto, tememos tanto a velhice: chegamos a ela vazios, sem a bagagem interior com que deveríamos nos sustentar em mais essa etapa.

Envelhecer, na definição de Lya, não tem nada a ver com entregar os pontos. Divertida, ela narra uma conversa que ouviu entre sua neta Isabela, de 5 anos, e uma amiguinha, que louvava os dotes culinários de sua avó. "A minha avó não faz bolo", retrucou Isabela. "Ela tem é namorado – e bem bonitão." A foto na mesa de trabalho de Lya confirma o julgamento da neta sobre o novo romance da escritora, um engenheiro carioca que hoje mora em Porto Alegre e sobre o qual ela é muito reticente. "Esse, graças a Deus, ninguém conhece", diz ela, numa referência aos seus casamentos anteriores com figuras públicas – o lingüista Celso Pedro Luft, pai de seus três filhos, e o psicanalista Hélio Pellegrino. Lya não quer nem divulgar o nome de seu novo amor, mas o define assim: "É um homem... bom, interessante, sensível, que vê em mim muito mais o ser humano do que a escritora, que cuida de mim, me entende, me conhece, me faz bem, me faz feliz, me deixa segura, conhece minhas fragilidades e meus segredos. Ele venceu a barreira da minha solidão e da minha reserva. Os verdadeiros encontros são sempre um mistério, não é?".

Lya não tem perdão para os desavisados que vêm perguntar "como é isso de se apaixonar aos 65 anos". "Tenho 65 anos, e não 165", costuma esclarecer, seca. "Ademais, não há nada de estranho em um homem se apaixonar por uma velha gordinha e sensual como eu. As mulheres estão muito chatas: só falam de dieta, e metade do tempo não se pode nem encostar nelas, tantas as cicatrizes de plástica", fulmina. Cirurgia, a escritora só fez uma, depois da morte de Hélio Pellegrino, para amenizar a expressão sombria que o luto deixara em sua fisionomia. Das caminhadas, ela não abre mão, por uma razão "de higiene". "Quero conseguir me levantar sozinha da cadeira aos 80 anos."

O que há de especial na biografia de Lya – e que se reflete na sua literatura – é justamente o que ela tem de tão comum à classe média brasileira: dinheiro curto (pelo menos até o sucesso de Perdas & Ganhos), mãe doente, saudade do pai que morreu cedo demais, casamentos desfeitos, viuvez, alguns filhos perto e outros longe, um olho na rotina da casa e outro sempre no trabalho, pouco tempo para a diversão e para a ginástica. Lya começou a publicar aos 41 anos, quando deu um basta à vida de professora universitária, e foi sempre uma escritora de vendas constantes, mas modestas. 

Nunca pôde, portanto, deixar o trabalho como tradutora do alemão e do inglês, de autores que vão de James Joyce a Thomas Mann. Sem ele, não haveria como custear os 2.500 reais mensais da clínica em que mora sua mãe, de 89 anos, que sofre de Alzheimer e Parkinson, ou o salário ("muito bem pago, porque justiça social começa e se aprende em casa") das duas empregadas que tomam conta da residência ampla, construída por ela e Celso Luft nos anos 70. A atividade ali é grande. Quando Suzana, sua filha mais velha, se casou, Lya construiu um novo piso sobre a casa térrea, que foi se ampliando com a chegada das netas Isabela e as gêmeas Fernanda e Fabiana, de pouco mais de 1 ano.

Todas as manhãs, Nanda e Bibi já acordam chamando pela "fofó", que pára o trabalho quantas vezes for preciso para colocá-las no colo, beijar um machucado ou desarrumar seus cachos. Isabela, Suzana e Lya almoçam juntas todos os dias, sempre ao meio-dia – a família é madrugadora, e Suzana, que é pintora pela manhã, tem de correr para o seu consultório de pediatra à tarde. "Não sei o que eu faria sem a minha mãe", diz Suzana. O arranjo funciona na base do respeito mútuo: o térreo e o andar superior têm entradas separadas, e nem mãe nem filha fazem visitas uma à outra sem antes telefonar ou bater à porta, numa demonstração prática dos ensinamentos da escritora sobre ser uma mãe – e uma avó – presente, mas não intrometida.

Suzana tinha 20 anos quando Lya se separou de Celso Luft, e foi a primeira a se aproximar de Hélio Pellegrino. A personalidade calorosa do psicanalista não demoraria a conquistar também Eduardo, o filho mais novo, que hoje é filósofo, e André, o do meio, que é agrônomo e mora em Mato Grosso. "O fim de um casamento não precisa ser o fim de uma relação", diz Lya. "Minha convivência com Celso havia se metamorfoseado numa grande amizade. Eu me mudei para o Rio, com o Hélio, e também Celso foi viver com uma nova companheira", diz ela, rebatendo as versões mais titilantes que circularam pela imprensa. Na festa de noivado de Suzana, Celso e Hélio finalmente se conheceram pessoalmente – e passaram a noite toda engatados numa conversa animada, sem dar a mínima para as respectivas esposas.

Quando Pellegrino morreu de infarto, em 1988, após apenas três anos de convivência, a escritora ficou devastada. "Tinham de me dar comida na boca." Celso, os filhos e os amigos é que a apoiaram, moral e financeiramente, nessa época. É dela também que datam os poemas de O Lado Fatal – numa referência ao lado esquerdo do peito, o do coração –, o único livro que Lya não quer relançar agora que está de editora nova, a Record. "Só o publiquei porque estava meio louca", diz a escritora, para quem hoje os poemas representam uma brecha desconfortável em seu recato. Quatro anos após a morte de Pellegrino, Lya e Celso anularam o divórcio. Não muito depois, o lingüista sofreu um acidente vascular gravíssimo, e aí vieram os três anos de chumbo da escritora, durante os quais sua casa virou um hospital dos mais desesperançados, já que nunca houve chance real de recuperação para Celso.

A psicóloga argentina Martha Herzberg, grande amiga da escritora, morre de rir do jeito dela. "Lya ainda vai morrer estrangulada na echarpe do seu romantismo, como a bailarina Isadora Duncan", diverte-se. Lya confirma: "Por constituição, sou apaixonada. Quando gosto de uma música, passo meses ouvindo só ela, na sala, no carro e no escritório. Mas a paixão é uma coisa para poucos. Ela exige alguma audácia, ou alguma loucura". Nesse quadro, o pai de Lya, o advogado e juiz Arthur Germano Fett, e Celso Luft teriam sido os formadores, os companheiros de aventuras intelectuais e professores de afeto. Pellegrino foi o terremoto.

Entre todas essas lembranças, a que mais abala a escritora é a do pai, que morreu quando ela tinha 35 anos e, em suas palavras, dividiu sua vida ao meio. Nascida no interior do Rio Grande do Sul, numa família que emigrara da Alemanha no início do século XIX, mas ainda se considerava alemã, Lya desde cedo foi a "diferente". Em pequena, certa feita perguntou ao pai o que era aquilo que tanto se revolvia em sua cabeça. "São seus pensamentos", explicou ele, embevecido. Quando a filha quis saber quem era Sócrates, o pai não a mandou passear. 

Explicou que o filósofo não deixara escritos, mas algo de seu pensamento podia ser compreendido "neste livrinho aqui". Era um exemplar deO Banquete, de Platão. Lya não entendeu lá muita coisa do livro, mas adorou. Para as tias e avós que a circundavam na então pequena Santa Cruz do Sul, esse tipo de curiosidade não causava tanto entusiasmo. A mãe de Lya, famosa pela beleza e pelo temperamento vivaz, estava ainda em luto pelo seu primogênito quando a filha nasceu. Estranhava mais ainda, portanto, a menina medrosa, quieta, sempre no mundo da lua e enfiada nos livros que tinha em casa. Lya também não lia pela cartilha das boas meninas alemãs de então: não sabia cozinhar (nunca aprendeu, confirmam os filhos), seus bordados eram pavorosos e ela era o que então se chamava uma criança desobediente. 

As contravenções de Lya consistiam em mostrar a língua para a mãe, ou não esticar direito os lençóis da cama. Mas bastaram para que, mal despontasse a puberdade, ela fosse despachada para um internato. Foram apenas dois meses longe de casa até que o pai a trouxesse de volta, mas ela diz que o sentimento de traição se tornou inesquecível.

Tímida assim, e dividida entre a idolatria pelo pai e um amor que julgava não correspondido pela mãe, Lya não parecia uma candidata provável a afirmar sua independência. Mas conseguiu atravessar a infância e a adolescência fazendo o que bem entendia. Para começar, detesta o rótulo de "alemã" (ou "alemoa", como gostava de brincar Pellegrino). "Sou tão brasileira quanto qualquer baiana que venda acarajé em Salvador", diz. Aos 19 anos, espantou os pais, luteranos distraídos, convertendo-se ao catolicismo. Não muito mais tarde, conheceu o professor Celso Luft, que era dezoito anos mais velho e desde os 8 vivera num seminário. 

Celso abandonou seus votos, aos 43, para se casar com Lya, não sem antes avisá-la de que não tinha o menor pendor para a vida prática. "Não tem problema", respondeu ela. "Eu cuido de tudo." E foi o que ela fez nos mais de vinte anos que durou o casamento. O marido trabalhava duro na universidade – onde Lya também lecionava –, mas não mentira quanto à falta de senso prático. "Um dia, quando eu já estava com o Hélio, ele ligou para minha casa no Rio de Janeiro para perguntar como se trocava o gás", diverte-se Lya. 

Fiel ao que ensina hoje em seus livros, ela se preocupava menos em instigar os seus poucos talentos de dona-de-casa e mais em estar presente para os filhos. "Ela não é uma mãe, assim, básica, mas é de uma generosidade inacreditável. Nem na minha adolescência deixamos de nos entender", diz Suzana. André e Eduardo eram mais "tinhosos", e vez por outra voavam chinelos pela casa, na tentativa de conter o ímpeto dos moleques. "Mas tudo sempre terminava em esculhambação", diz Lya. 

"No amor, seja com os filhos ou com o marido, o importante é dar a certeza do colo, do ombro, da escuta. Mas sem vigiar ou fiscalizar." Ouvir o carinho com que os filhos falam dela, ou ver as fotos da escritora cercada por seus sete netos, é a prova de que o mundo de Lya, embora tão atribulado quanto o de qualquer mulher brasileira de classe média, é mais harmonioso que o de muitas. Algo que os seus leitores sem dúvida descobriram neste último ano.

O que vem por aí


Trechos do novo livro de Lya Luft, Pensar É Transgredir


Milestones



"No Rio do Meio, escrevi entre outras coisas que também os homens sofrem de solidão – na medida da solidão (ou da infantilidade) de suas mulheres; que também querem ser amados, ouvidos, olhados, não só criticados e cobrados. Em palestras afirmo (para horror de muitas) que nós mulheres também sabemos ser muito chatas. Insatisfeitas, cobradoras, ásperas ou lamuriosas, frívolas e agitadas, chantagistas: nem sempre companheiras, poucas vezes cúmplices. (...) E deixamos sozinho o nosso homem, que bem ou mal é o que está do nosso lado. Pois se for ruim demais, por que ainda estamos com ele?"
"O silêncio nos assusta por retumbar no espaço vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro ângulo de nós mesmos. (...) No susto que essa idéia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos em casa e ligamos a televisão antes de largar a bolsa ou a pasta. Não é para assistir a um programa: é pela distração."

"O que precisa um casal para ser um bom casal, amoroso, alegre, criando pontes sobre as diferenças e resolvendo com bom humor as agruras do convívio cotidiano? Penso que o bom casal é o que SE GOSTA, com tudo o que isso significa: cumplicidade, interesse, sensualidade boa, e o difícil compromisso da lealdade." 


Photodisc



"Muitas vezes a salvação está na separação, embora casais não se separem apenas por frieza ou desamor. Às vezes houve tamanhas e tais transformações no curso do tempo que o mais digno, o mais libertador para todos, é uma separação com respeito e amizade. (...) Não acho um fracasso uma relação que dure dez, vinte anos e depois termine. O 'que seja eterno enquanto dure' de Vinicius não era cinismo, porém constatação de que um amor pode se transformar, não em rancor mas em um afeto que foge às definições e permanece mesmo depois de uma separação. Desde que não se abafe essa possibilidade debaixo de camadas de rancor e desejo de vingança."
"Para ser boa mãe não preciso me vitimizar: a mãe-mártir desperta culpa e causa aflição. Só uma pessoa que se respeita e valoriza pode realmente amar seus filhos, prepará-los para não serem almas subalternas, e lhes servir de eventual apoio."
"O desperdício de nossa vida, talentos e oportunidades é o único débito que no final não se poderá saldar: estaremos no arquivo morto."
"Fico imaginando que se a gente fizesse uma faxina em nossos compromissos e deveres, boa parte desapareceria ligeiro no ralo do bom senso. (...) Sobrariam alguns compromissos reais, dos quais não há como fugir: provavelmente saúde, prestação do apartamento, escola (a pública estando como está), e alguns outros (poucos). Comprar não é um dever, quando não se trata do indispensável ou do que faz bem. Comprar pode ser, e tem sido, em grande parte moda, mania, quase neurose. (...) Cada um que arrume o baú de suas prioridades, e faça a arrumação que quiser ou puder."
Trechos de Pensar é Transgredir

O amor por Pellegrino

Reprodução
Com Hélio, numa das poucas fotos do casal: uma perda devastadora



"Insensato eu estar aqui, e viva. O rosto dele me contempla vincado e triste no retrato sobre minha mesa;em outros, sorri para mim, apaixonado e feliz. Insensato, isso de sobreviver: mas cá estou, na aparência inteira.
Vou à janela esperando que ele apareça e me acene com aquele seu gesto largo e generoso, que ao acordar esteja ao meu lado e que ao telefone seja sempre a sua voz.
Sei e não sei que tudo isso é impossível, que a morte é um abismo sem pontes (ao menos por algum tempo).
Sobrevivo, mas pela insensatez."
Trecho de O Lado Fatal

Educação sentimental


Amor, família e bem-viver, em Perdas & Ganhos

"De modo geral acho que nos contentamos com muito pouco. Não falo em dinheiro, carro, casa, roupa, jóias, viagens, que esses cobiçamos cada vez mais. Refiro-me aos tesouros humanos: ética, lealdade, amizade, amor, sensualidade boa."
"Se o outro servir de cabide para os nossos sonhos mais extravagantes de perfeição, o primeiro vento contrário derruba o pobre ídolo que não tem culpa de nada."
"'Mas o que pode haver de positivo em ficar velho?', perguntaram-me um dia. (...) As qualidades interiores vão sobressaindo, afirmando-se sobre as físicas. Ao contrário da pele, cabelos, brilho de olhar e firmeza de carnes, elas tendem a se aprimorar: inteligência, bondade, dignidade, escutar o outro. Capacidade de compreender. Mas é preciso que exista algo interior para sobressair: o desgaste físico será compensado pelo brilho de dentro."
"Mãe não tem de ser amiguinha, tem de ser mãe. Tem de ser aquela a quem filhos, mesmo adultos, sabem que podem recorrer quando tudo falhou, até os melhores amigos. Não ser a falsa jovenzinha competindo em maquilagem e roupas com a filha, ou parecendo seduzir colegas do filho – criando constrangimentos que ela ignora como se não vivesse no real. Conceitos pouco simpáticos, severos? A vida pode ser bem mais severa que isso."
"Não comandamos o destino das pessoas amadas, nem ao menos podemos sofrer em lugar delas, mas ter filhos é ser gravemente responsável. Não apenas por comida, escola, saúde, mas pela personalidade desses filhos: mais complicado do que garantir uma sobrevivência física saudável."

O vício da paixão


Não é brincadeira: atração é mesmo 
uma questão de química

sentimento mais sublime, e o mais exaltado pela arte e pela poesia desde que a arte e a poesia existem, tornou-se agora a fixação de categorias profissionais bem diversas: os antropólogos, os bioquímicos e os neurocientistas que se vêm dedicando a descobrir como, e por quê, o mundo só parece fazer sentido para nós se aquela determinada pessoa estiver olhando nos nossos olhos. As conclusões são no mínimo intrigantes. A paixão, sugerem esses pesquisadores, é um tipo de dependência química mais potente que o vício da heroína e capaz de causar tanto ou mais estrago do que este na paz de nossa vidinha diária. Mais: para alguns visionários, chegará o dia em que a incapacidade de sentir paixão (ou a propensão excessiva a se apaixonar) poderá ser tratada por remédios, como uma dor de cabeça ou uma bursite.
Há quatro anos, dois cientistas do University College de Londres fizeram um experimento curioso. Selecionaram estudantes que declaravam estar loucamente apaixonados e mapearam sua atividade cerebral. Surpresa: o amor romântico ativa uma área do cérebro muito menor do que a envolvida, por exemplo, na amizade. Trata-se também de uma região diferente daquela que se acende quando somos presas de outras emoções, como o medo ou a raiva. Os mecanismos neurais postos em marcha pela paixão são os mesmos que respondem pelas sensações de euforia que nos invadem ao consumir drogas. "Somos literalmente viciados em amor", disse Larry Young, pesquisador americano da Universidade Emory, num artigo sobre o tema na revista inglesa The Economist. Essa parte do cérebro é chamada de reptiliana – por ter começado a se desenvolver há cerca de 65 milhões de anos, muito antes que os mamíferos se propagassem sobre o planeta. Essa região neuronal está associada a nosso sistema de "recompensa". Young explica que, sem ele, os seres vivos poderiam se esquecer de comer, beber e fazer sexo, o que obviamente traria péssimos resultados para a sobrevivência das espécies. A razão pela qual sempre nos lembramos de fazer essas coisas é que elas nos proporcionam prazer e queremos voltar a esse prazer em todas as oportunidades possíveis.
Os mecanismos bioquímicos envolvidos nessas operações são, claro, incrivelmente complexos e estão longe de ser desvendados em sua totalidade. Também variam não só de espécie para espécie, mas de indivíduo para indivíduo. Isso sem falar nos fatores culturais imponderáveis que agem sobre o ser humano. Mas, de forma geral, o sexo libera no organismo fartas quantidades de uma substância neurotransmissora chamada dopamina – e aí sentimos prazer. No nosso caso, outras substâncias têm também papel preponderante na química da paixão, como a oxitocina e a vasopressina. Entre outras coisas, a oxitocina nos ajuda a identificar características individuais de um parceiro de forma que também elas se tornem fontes de prazer. Mulheres que acabam de dar à luz têm seu organismo inundado pela oxitocina. Ela ajuda a promover a formação dos laços de ternura entre mãe e filho. De certa forma, pode-se dizer que a oxitocina é ainda o hormônio do instinto maternal. Talvez atue com o mesmo poder agregador na união que se forma entre os parceiros sexuais. Esse coquetel químico, acredita-se, é o que nos faz sentir tomados por uma energia extraordinária, uma motivação quase obsessiva em obter a recompensa desejada, e sentimentos de elação ou tragédia conforme nos julguemos mais próximos ou mais distantes dessa recompensa. Flechados por esse Cupido neuroquímico, enfim, comportamo-nos todos mais ou menos como a Scarlett O'Hara de ...E o Vento Levou:somos incapazes de tirar Rhett Butler da cabeça, não aceitamos "não" como resposta e movemos montanhas, se necessário, para estar nos braços dele mais uma vez.
A pesquisadora Helen Fisher, da universidade americana Rutgers, acaba de lançar um livro – Why We Love: the Nature and Chemistry of Romantic Love, ou Por que Amamos: a Natureza e a Química do Amor Romântico – que ilumina consideravelmente esse cenário. Helen acredita que o amor ocorre em três diferentes essências: desejo, amor romântico e ligação duradoura. Elas se manifestariam conforme o efeito pretendido por nossa natureza – respectivamente, o sexo, a formação de pares ou a criação da prole. Apesar de compartilharem alguns mecanismos, essas essências são produzidas por sistemas independentes entre si. É aí que mora o problema: mesmo sendo independentes, elas freqüentemente trabalham nas mais variadas combinações. Pode-se sentir, simultaneamente, uma ligação profunda com um parceiro estável, paixão por uma segunda pessoa e desejo sexual por uma terceira – ou quarta, ou quantas forem. Em sociedade, esses impulsos costumam ganhar o nome de traição e promiscuidade, fonte de infindáveis dores de cabeça e, em caso de descuido, de filhos inesperados. Por isso mesmo eles são simultâneos. Conclui Helen Fisher: "Não fomos construídos para ser felizes, mas para nos reproduzir".


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