Perícia mostra que casal de black blocs tinha bomba caseira com capacidade de provocar mortes
15/07/2014 às 4:18
Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
Um laudo do Esquadrão Antibombas deixa claro que baderneiros presos no sábado no Rio de Janeiro se organizavam para cometer crimes em protesto marcado pelas redes sociais para a decisão da Copa do Mundo, neste domingo, no Maracanã. A Justiça aceitou o pedido de prisão temporária da ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, e outros dezoito black blocs sob o entendimento judicial de que o grupo forma uma quadrilha armada. O laudo a que o site de VEJA teve acesso mostra que um casal de baderneiros preso pela polícia na operação guardava em casa uma bomba de fabricação caseira com “capacidade de provocar mortes”. O artefato continha 140 gramas de pólvora — para se ter uma ideia, o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade em fevereiro deste ano continha 60 gramas.
Um laudo do Esquadrão Antibombas deixa claro que baderneiros presos no sábado no Rio de Janeiro se organizavam para cometer crimes em protesto marcado pelas redes sociais para a decisão da Copa do Mundo, neste domingo, no Maracanã. A Justiça aceitou o pedido de prisão temporária da ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, e outros dezoito black blocs sob o entendimento judicial de que o grupo forma uma quadrilha armada. O laudo a que o site de VEJA teve acesso mostra que um casal de baderneiros preso pela polícia na operação guardava em casa uma bomba de fabricação caseira com “capacidade de provocar mortes”. O artefato continha 140 gramas de pólvora — para se ter uma ideia, o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade em fevereiro deste ano continha 60 gramas.
O delegado Alessandro Thiers, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, sustenta que as 28 pessoas investigadas na operação Firewall 2 planejaram cometer crimes neste domingo e estiveram envolvidos em atos violentos em manifestações anteriores. O material apreendido até o momento corrobora a versão policial.
Durante as buscas feitas no sábado, a polícia encontrou uma bomba de fabricação caseira, em formato de tubo, na casa em que estavam a professora Camila Rodrigues Jourdan e o ativista Igor Pereira D’Icarahy. Camila é funcionária pública concursada e dá aulas na Faculdade de Filosofia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Igor é filho do advogado Marino D’Icarahy Júnior, que defende Sininho em processos judiciais. No apartamento também foram encontradas garrafas e litros de gasolina, material para preparação de coquetéis molotov.
Os investigadores dizem ter indícios de que o casal tinha uma conduta específica na quadrilha de black blocs e, por isso, a Justiça expediu um mandado de prisão temporária contra cada um. A situação da dupla se complicou depois da apreensão da bomba. O casal passou a responder na Justiça não somente por formação de quadrilha armada, mas também por porte de explosivo. Mesmo que consigam um habeas corpus contra a prisão temporária por formação de quadrilha, vão precisar de outra ordem judicial para escapar da prisão em flagrante pela posse de explosivos. Procurado pelo site de VEJA, o advogado Marino D’Icarahy Júnior não quis se manifestar.
Laudo técnico assinado pelos inspetores Francisco Sidney Farias Rodrigues e Raphael Ferreti de Souza atesta que a bomba caseira é chamada tenicamente de “bomba tubo” e foi “confeccionada por agente que demonstrou habilidade e conhecimento no manuseio de bombas caseiras desta natureza”. A perícia diz ainda que “a detonação deste artefato explosivo tem capacidade de provocar mortes, lesões corporais diversas, bem como danos patrimoniais e ao meio ambiente”.
Na operação de sábado, dezenove adultos foram presos e dois adolescentes detidos. Sete suspeitos ainda estão foragidos. Nas residências dos investigados, a polícia localizou armas de choque, martelos pontiagudos, litros de gasolina, garrafas e escudos. De acordo com a investigação, eram instrumentos para a participação criminosa dos suspeitos em protestos. Na casa de uma das adolescentes, que morava com a irmã, foi encontrado um revólver. O pai da menina se apresentou como dono da arma de fogo e foi autuado por omissão de cautela, crime de menor potencial ofensivo que vai ser julgado no Juizado Especial Criminal. Mas a adolescente vai ficar detida por ato infracional análogo ao porte ilegal de arma de fogo.
Incomodado com críticas sobre a prisão dos black blocs, o delegado garante que vai detalhar as provas contra os suspeitos na conclusão do inquérito. Ele prevê que isso será feito em até 10 dias. Após o fim do sigilo judicial na fase de investigação, pretende exibir um organograma com a responsabilidade de cada um dos 28 investigados na “quadrilha”. “Existe uma quadrilha armada cometendo atos violentos durante manifestações, com divisão de tarefas. As apreensões só confirmam isso. Foram apreendidos galões de gasolina, garrafas de coquetel molotov, diversos martelos pontiagudos e uma bomba de fabricação caseira. Não era uma bombinha de festa de faculdade. Quem anda com isso? Tinham o nítido propósito de fazer depredação. O viés político que estão querendo colocar é uma atitude de desespero de advogados”, afirmou Thiers.
A acusação de formação de quadrilha armada foi corroborada pelo promotor Luís Otávio Figueira Lopes, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. O crime apontado pela polícia motivou a decretação de prisão, por cinco dias, como permite a legislação em casos do gênero. A decisão foi do juiz Flavio Itabaiana de Oliveira Nicolau, titular da 27ª Vara Criminal da Capital do Rio de Janeiro. Por isso e pelo conjunto de provas colhidos na investigação, o delegado critica as reclamações de que foram “prisões arbitrárias”.
O delegado diz ainda que pode pedir a prisão preventiva dos investigados, como permite a lei. “Se for necessário, vamos pedir a prisão preventiva. É leviano tratar a investigação como se fosse política sem conhecê-la. Não tem nenhuma banalidade sendo investigada. O que um manifestante pacífico faria com coquetel molotov e bomba caseira? Os advogados tiveram amplo acesso aos documentos da investigação. A polícia só combate os excessos”, afirmou o delegado.
Por Reinaldo Azevedo
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