PSICOLOGIA/PSIQUIATRIA - A batalha contra a timidez
16/12/2011 12:17
Cobrir o rosto para esconder nosso sofrimento é uma demonstração típica de vergonha
16/12/2011 12:17
Cobrir o rosto para esconder nosso sofrimento é uma demonstração típica de vergonha
Por Alberto
Peñalba
Da Efe
Você sua frio para falar em público? Sente que o olhar dos
outros atravessa seu corpo e revela todos os seus temores? Isso significa que
você sofre de timidez, um dos sentimentos mais complexos do ser humano. Em seu
livro sobre vergonha, o neuropsiquiatra francês Boris Cyrulnik analisa todos os
fatores relacionados a esse medo do olhar alheio.
O que as crianças que se escondem atrás da mãe quando chega um
desconhecido tê em comum com as pessoas que enterram o rosto debaixo do
travesseiro para que ninguém veja seu sofrimento?
A resposta é a timidez, um sentimento baseado na imagem que a
pessoa acredita dar aos demais, analisado a fundo pelo neuropsiquiatra Boris
Cyrulnik em seu livro "Mourir de dire: La honte" ("Morrer de falar: a vergonha",
em tradução livre).
Atribuir ao outro um olhar severo é a principal causa deste
comportamento que, por ser provocado por uma representação do eu, se manifesta
com especial virulência durante a adolescência, pois é nessa idade que o jovem
começa a fazer seriamente perguntas como "quem sou eu diante dos olhos do
outro?".
Embora sentir certa vergonha em algumas ocasiões seja "a prova
de um bom amadurecimento biológico e de um bom desenvolvimento das aptidões
relacionais, o excesso dela revela uma sensibilidade exagerada próxima à fobia,
uma tendência a se despersonalizar para deixar lugar ao outro", indica o
especialista francês, de origem russa.
Esconder as emoções pode transformar o envergonhado
em um solitário prisioneiro de suas palavras
Esta importância concedida da opinião dos demais pode
significar que um mesmo fato se revista de orgulho dependendo do contexto social
onde se desenvolva. Assim, muitos dos funcionários da polícia alemã se sentiram
envergonhados diante de seus companheiros quando, entre 1939 e 1942, foram
incapazes de cumprir as ordens de assassinar as crianças e judeus da região
polonesa de Lodz.
"Já os corajosos homens do 101º batalhão da polícia não
sentiram vergonha de executar uma a uma, nas ruas, nos hospitais e nas escolas,
as 83 mil pessoas", assinala o autor, referindo-se àqueles homens que, ao
contrário, acataram as atrozes ordens de seus superiores.
Vergonha justa e
necessária
Como reconhece o autor, cujos pais morreram em um campo de
concentração nazista quando ele ainda era criança, os sentimentos de vergonha e
culpa são necessários para que nossas relações não se reduzam à violência.
No entanto, o prolongamento deste sentimento em nossa vida
di¨¢ria provoca "um mal-estar consciente" que implica a triste ren¨²ncia ao
prazer de viver sem essas ataduras, sobretudo quando, segundo o especialista,
"se pode sentir vergonha sem motivo para sentir vergonha".
Ao não compartilhar suas emoções com os outros, o envergonhado
instala em seu interior uma espécie de alto-falante que faz com que elas se
amplifiquem. "A pessoa deseja falar, gostaria de dizer que é prisioneira de sua
linguagem muda".
Muitos réus de processos na Justiça cobrem o rosto,
temendo os olhares alheios
Como tratamento, alguns dos afetados por este temor ao olhar
alheio se usam do recurso de escrever uma autobiografia em terceira pessoa.
Cyrulnik destaca que o fato de dar "forma verbal à sua fratura" e de
compartilhá-la por escrito, apesar de seus medos, permite à pessoa "se libertar
da imagem do monstro que acreditava ser".
Os animais sentem
vergonha?
Na opinião do autor francês, a resposta é sim: os animais
sentem vergonha, como demonstram suas observações realizadas no zoológico de San
Diego (EUA), onde comprovou que os bonobos, uma espécie de chimpanzé pequeno,
cobriam seus olhos com a mão ao se sentirem observados por visitantes
desconhecidos.
Estudos analisados por Cyrulnik demonstram que existe uma
relação entre este sentimento de timidez e o nível de serotonina, um
neurotransmissor ao qual se atribui uma influência decisiva em manifestações
humanas, como a raiva e o humor. Conforme diminuem os níveis deste elemento,
aumenta o temor perante qualquer informação do exterior, e o sujeito pode chegar
a respondê-la com violência.
Mas, na opinião do pesquisador, a genética é "insuficiente
para explicar uma trajetória de vida" e o déficit desta substância não é o único
causador da vergonha demonstrada pelos primatas. Problemas familiares, por
exemplo, podem afetar o comportamento social das crianças, que não desenvolvem
as habilidades necessárias para conviver com outras pessoas.
Essas reações podem ser passadas dos pais para os filhos
geneticamente hipersensíveis, mas, segundo o escritor, as crianças podem superar
seus medos se receberem um "reforço afetivo precoce". Permanecendo atento ao
olhar dos outros sem haver rejeição, poderão se transformar em "adultos bons,
conformistas, sensíveis e equilibrados".
Olimpia Pinheiro
Consultora Executiva
(91)8164-1073
CRA-PA/AP 3698
CRECI-PA/AP 6312
http://cinenegocioseimoveis.blogspot.com
cinegocioseimoveis@gmail.com
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