O QUE É UM REVOLUCIONÁRIO OU A MENTE REVOLUCIONÁRIA?
"Por Osvaldo Aires aptado de Olavo de Carvalho"
A inversão da moral
A
inversão da percepção do tempo
As pessoas normais
consideram que o passado é algo imutável e que o futuro é algo de contingente ― “o
passado está enterrado e o futuro a Deus pertence”, diz o senso-comum.
A mente revolucionária
não raciocina desta forma: para ela, o futuro utópico é um objectivo que será
inexoravelmente atingido ― o futuro utópico é uma certeza; não pode ser mudado.
Por outro lado, a mente revolucionária considera que o passado pode ser mudado
(e ferozmente denunciado!) através da reinterpretação da História por via do
desconstrucionismo ideológico (Nietzsche → Gramsci → Heidegger → Sartre →
Foucault → Derrida → Habermas). Em suma: o futuro é uma certeza, e o passado
uma contingência ― isto é, o reviralho total.
A inversão da moral
Em função da crença num
futuro utópico dado como certo e determinado, em direcção ao qual a sociedade
caminha sem qualquer possibilidade de desvio, a mente revolucionária acredita
que esse futuro utópico inexorável é isento de “mal” ― esse futuro será
perfeito, isento de erros humanos. Por isso, em função desse futuro utópico
certo e dado como adquirido, todos os meios utilizados para atingir a
inexorabilidade desse futuro estão, à partida, justificados. Trata-se de uma
moral teleológica: os fins justificam todos os meios possíveis.
Inversão
do sujeito – objecto
A culpa dos actos de
horror causados pela mente revolucionária é sempre das vítimas, porque estas
não compreenderam as noções revolucionárias que levariam ao inexorável futuro
perfeito e destituído de qualquer “mal”. As vítimas da mente revolucionária não
foram assassinadas: antes suicidaram-se, e a acção da mente revolucionária é a
que obedece sem remissão a uma verdade dialéctica imbuída de uma certeza
científica que clama pela necessidade desse futuro sem “mal” ― portanto, a
acção da mente revolucionária é impessoal, isenta de culpa ou de quaisquer
responsabilidades morais ou legais nos actos criminosos que comete.
Segundo a mente revolucionária, as pessoas assassinadas por Che Guevara ou por
Hitler, foram elas próprias as culpadas da sua morte (suicidaram-se), por se
terem recusado a compreender a inexorabilidade do futuro sem “mal” de que os
revolucionários seriam simples executores providenciais.
Ser-se “conservador”
resume-se à antítese destas características da mente revolucionária. Quando me
perguntarem o que é o “conservadorismo”, farei um link para
este postal com a seguinte nota: é a antítese disto.
Antítese
Etimologia
do grego antithèsis, de anti, “contra”,
e thèsis, “acção de supor”, “tese”.
Significado
comum
oposição entre dois termos, proposições, ideias, coisas, etc.
Lógica
e Filosofia
- Na Antítese da Razão Pura, Kant examina
quatro teses sobre a natureza e
origem do mundo, e mostra como cada uma delas se pode argumentar com a tese contrária,
ou a antítese. Pode por exemplo argumentar-se que “o
mundo tem um começo no tempo” e que ele é“limitado no espaço”.
A razão confronta-se com uma antinomia, na medida
em que pode apresentar provas tanto da antítese como
da tese.
- Hegel refere-se
a um emprego da palavra antítese, paradoxalmente, bastante
próximo do significado comum: num movimento
dialéctico, sucedem-se sucessivamente o momento da tese depois da antítese, e
finalmente, o da síntese entre
os dois momentos opostos. Ex.: o nada é
o contrário ou a antítese do ser, e o devir é a unidade ou a síntese dos
dois, visto que uma coisa ― ou um ser ― “em transformação” é
e não é simultaneamente o que era no momento anterior (ver tempo e Espaço-tempo).
- Heráclito defendia
a mesma ideia ao
afirmar metaforicamente que “nunca
nos banhamos duas vezes na mesma água do mesmo rio”, pois entre dois
momentos, a água não deixou de correr.
Osvaldo Aires Bade Comentários
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