segunda-feira, 23 de julho de 2012

Fórmula 1 em fotos — quem te viu e quem te vê…

1954, circuito de Nurburgring, na Alemanha: o piloto argentino José Froilán González ao volante de uma Ferrari. Cinto de segurança? Imagine... Quem venceu foi o grande Juan Manuel Fangio, também argentino, com sua Mercedes-Benz. Froilán chegou em segundo lugar, completando a dobradinha dos "hermanos" .
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Balanceamento no quiosque da Dunlop anos 60


Anos 60: era assim o balanceamento de pneus nas instalações da Dunlop
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Mecânicos da Honda(com uniformes de beisebol) em Monza 1966. No ano anterior haviam conseguido a primeira vitória na F-1, no México.
Monza, Itália, 1966: o piloto norte-americano Richie Ginther e os mecânicos da Honda (com uniformes de beisebol)
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Equipe Matra, em Clemont-Ferrand, ano 1969
Clemont-Ferrand, França, 1969: vejam a prontidão da equipe da Matra
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Reunião no “motorhome” da Lotus, Hockenheim 1970.
Hockenheim, Alemanha, 1970: uma reunião no motorhome da Lotus
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O sujeito da direita é Jochen Rindt, que venceu a prova, morto em Monza no mesmo ano e único campeão póstumo da F-1. E o da esquerda é Emerson Fittipaldi, que ganhou sua primeira corrida de F1, em Watkins Glen, garantindo o título a Jochen Rindt, falecido três corridas antes.
1970: de camisa branca, à direita, está o alemão-austríaco Jochen Rindt, que morreria num acidente durante os treinos em Monza no mesmo ano e único campeão póstumo da F-1. À esquerda, de branco, Emerson Fittipaldi, que ganhou sua primeira corrida de F1 em Watkins Glen, perto de Nova York, garantindo o título a Rindt, falecido três etapas antes
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Estacionamento, Montjuich, Barcelona, ano 1971
Montjuich, Barcelona, Espanha, 1971: os bólidos, durante os treinos
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Box (?) da Ferrari em Monza 1971. Qualquer semelhança com alguma  borracharia de beira de estrada é mera coincidência.
Monza, Itália, 1971: o box da Ferrari. Qualquer semelhança com alguma borracharia de beira de estrada é mera coincidência.
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Mônaco, 1973. François Cevert, não era só bom de braço. A moça é a Condessa Cristina Caraman, que lógicamente recusou-se a lavar o macacão. Infelizmente o francês morreu em Watkins Glen naquele mesmo ano.
Mônaco, 1973: o piloto francês François Cevert tinha muitas habildades extra-pista. A moça em uma das janela de seu quarto de hotel é a Condessa Cristina Caraman. Na outra janela, um dos macacões do piloto. Cevert morreria em Watkins Glen nesse mesmo ano
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lemont-Ferrand 1973. Mecânicos dão duro no carro de Emerson.  Com certeza não estavam mexendo no mapeamento do motor...
Clemont-Ferrand, França, 1973: mecânicos trabalhando nas entranhas da Lotus de Emerson Fittipaldi, a anos-luz da tecnologia e dos recursos de hoje
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Caixa de ferramentas, ano 1974
1974: a que hoje é definitivamente primitiva caixa de ferramentas dos mecânicos da John Player Lotus Team, de Emerson Fittipaldi
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Hospitality Center, na hora do almoço
Hora de almoço nos velhos tempos: que hospitality center, que nada...
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Boquinha do Escocês Voador, Jackie Stewart
Pausa para o reabastecimento de Jackie Stewart, o Escocês Voador: 100 corridas, 27 vitórias, três campeonatos entre 1965 e 1973
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Para quem não conhece, o senhor a esquerda acompanhando o trabalho, é Colin Chapman, fundador da Lotus.
À esquerda, de branco e de bigode, Colin Chapman, fundador da Lotus
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Reabastecimento: Reparem no extintor!  E o piloto, Emerson Fittipaldi, com sua bela Lótus.
Dureza, aquela época: Emerson Fittipaldi reabastecendo no box. O equipamento antiincêndio (veja o extintor vermelho) era da pesada...

Jim Clark - O Escocês Voador

O primeiro Senna

Para ele, correr era sinônimo de vitória! Dono de um arrojo insuperável, protagonizou uma das mais brilhantes carreiras no automobilismo.

Vencer ou... vencer! O segundo colocado é o primeiro dos perdedores. Esta frase, muito comum na boca de Ayrton Senna, tem suas origens. Jim Clark que o diga. Considerado o mestre do arrojo, o Escocês Voador, como era chamado, largou 72 vezes em provas de Fórmula 1. Venceu 25, mas só chegou em segundo lugar apenas uma única vez. Para ser mais exato, quando não venceu só pontuou 15 vezes.

Clark sempre acelerou fundo. Sua estratégia nunca foi segredo para ninguém: abrir o máximo de vantagem no ínicio para, depois, administrar. Com frequência, tinha de levar o carro nas costas no final devido a problemas mecânicos. E mesmo assim, vencia. Seu estilo agressivo e sua habilidade sempre encantaram, principalmente quando vencia Graham Hill, seu principal rival nas pistas. Rapidamente, ganhou a admiração de Colin Chapman, proprietário da Lotus - equipe pela qual sempre correu e venceu seus dois campeonatos mundiais em 1963 e 1965 - e, principalmente, do público, que o imortalizou na restrita galeria de heróis da Fórmula 1.

 No do ano do bi, 1965, Jim venceu seis provas seguidas.

Jim Clark nasceu em 1936, na pequena Kilmany, Fife, na Escócia. Filho de uma familia de agricultores, não se interessou pelos negócios do pai e logo estava pilotando para a Bordon Reivers, uma equipe privada dirigida por escoceses. Sua carreira decolou em 1960, quando a equipe lhe entregou um Lotus Elite novinho em folha e o inscreveu para o famoso GP de Brands Hatch. Daí para ingressar para a Fórmula Júnior da equipe Lotus foi um passo. Jim dominou a categoria e, apesar de ter disputado algumas provas pela Aston  Martin, ainda em 1960 aceitou o convite de Chapman para dirigir para a equipe principal da Lotus.

Sua estréia no Mundial de Fórmula 1 foi no GP da Holanda, e já aí mostrou seu talento: andou em quarto por um bom tempo, até ser obrigado a abandonar com o câmbio quebrado. Ainda neste ano, marcou um impressionante terceiro lugar no GP de Portugal, foi quinto nos GPs da Bélgica e da França, e terminou o campeonato na oitava posição. Nada mau para quem acabara de iniciar a carreira...

Jim Clark - Em sua essência

O ano seguinte marcou uma transição na F1. Os motores foram limitados a 1500 cm³ e nenhum dos times britânicos estava preparado para a mudança. O que se viu foi um banho da célebre Ferrari Dino 156, apelidada de "Sharknose" (nariz de tubarão) devido ao formato do bico. Os pilotos Wolfgang von Trips, Giancarlo Baghetti e Phil Hill (que acabou ficando com o título) levaram os carros do Comendador Enzo a cinco vitórias nas oito provas disputadas do Mundial. A Lotus venceu as outras três, com duas vitórias de Stirling Moss e uma de Innes Ireland.

Hill, o grande rival

Em 1962, no entanto, Jim realmente explodiria como piloto. Contando com um carro mais potente - a Lotus, para esse ano, tinha novos v8 da Coventry-Climax, e estreava o revolucionário modelo 25 , que trazia a maior novidade para época: um chassi monocoque. O duelo que o Escocês Voador travou no campeonato com Graham Hill, que corria pela BRM, foi, no mínimo, memorável. Clark não levou o título apenas porque seu carro não era muito confiável. E nem por falta de velocidade: dos nove GPs disputados, largou na primeira fila oito vezes, sendo seis da pole. Entretanto, foi Hill quem começou a temporada vencendo, no GP da Holanda. Clark acertou o passo já na prova seguinte, o GP da Bélgica, disputado no díficil circuito de Spa-Francorchamps, conquistando sua primeira vitória na categoria. Depois, venceu ainda o GP da Inglaterra. Hill reagiria, ganhando os GPs da Alemanha e Itália. Uma nova recuperação de Clark, que vencera o GP dos EUA, levaria a decisão do título para a África do Sul, última prova da temporada. Este GP começou bem ao estilo de Jim: largando da pole, abriu logo no ínicio cerca de 30 segundos de vantagem, praticamente garantindo a vitória. No entanto, um problema no motor, que começou a perder óleo, obrigou-o a abandonar. O caminho estava aberto para Hill.

 Graham Hill e Jim Clark, rivalidade dentro das pistas.

Clark e Colin Chapman, aventura em Indianápolis.

Cama voadora

Se, em 1962, Jim perdera o título para Hill na última prova, em 1963 ele fora impecável. O Lotus 25, apelidado de cama voadora devido à posição de pilotagem, já que o piloto dirigia quase deitado - exatamente como hoje, já na época começavam as preocupações com a aerodinâmica dos carros - tornara-se confiável e, apesar de uma má estréia, acabou se firmando como o melhor monoposto da temporada. Clark travou um duelo íncrivel com Hill e fez uma temporada memorável, marcando sete vitórias seguidas em dez provas, fazendo igual número de poles e ainda marcando seis melhores voltas. Como só os seis melhores resultados contavam pontos para o campeonato mundial, Clark ainda conseguiu a proeza de ser campeão marcando o número máximo de pontos. Coisa para poucos.
Apesar de contar com o melhor carro da temporada, Jim deixou evidente que seu talento era fundamental para tanto desempenho. A prova mais evidente de sua genialidade ficou clara no GP da Bélgica, em Spa Francorchamps: ignorando a chuva torrencial que caíra durante a prova, acelerou tudo e mais um pouco até dar uma volta em todos os concorrentes. De novo, a comparação com Ayrton é inevitável...

 Jim Clark, campeão do Mundo em 1963.

O ano de 1964 não foi tão bom como o anterior, mas mesmo assim Jim levou a decisão do título para a última prova. E a história se repetiu: na liderança, tinha enorme vantagem sobre o segundo colocado, até seu Lotus falhar novamente. Terminando em quinto, o título acabou ficando com John Surtees, que, chegando em segundo, terminou o campeonato um ponto à frente de Hill. Mas, em 1965, Jim conseguiria sua consagração como piloto: venceu as seis primeiras provas do campeonato e só ficou de fora da disputa da sétima vitória consecutiva, no GP de Mônaco, por uma razão muito simples: optara por disputar as lendárias 500 milhas de Indianápolis. E venceu! O título fora confirmado com a vitória no GP da Alemanha, três provas antes do término da temporada.

 O primeiro campeão Mundial de F1 a vencer as 500 milhas de Indianápolis.

Da mesma maneira que 1965 foi um ano inesquecível, 1966 seria o ano a ser esquecido. A F1 voltava aos motores de 3.0 litros e, novamente, a Lotus não estava preparada. Basicamente, porque um acordo havia sido firmado com a Ford, que passaria a fornecer propulsores à equipe atráves da Cosworth Engineering, a partir de 1967. Neste ano de transição, Clark colecionou abandonos e venceu apenas o GP dos EUA, terminando o campeonato na sexta posição. No ano seguinte, a decepção foi igual: por exigência da Ford, que queria duas superestrelas na equipe que leveva seus motores, a Lotus contratara Graham Hill, o grande rival. Clark chegou a vencer o GP da estréia do motor Ford Cosworth, mas, mesmo com a Lotus tendo vencido o maior número de provas da temporada, as quebras foram muitas e o título acabou ficando com o regular Denis Hulme, pilotando um Brabham Repco, que não era veloz, mas era o mais confiável. 

A última temporada

Novas perspectivas se abriam na temporada de 1968, quando Jim começou vencendo, no GP da Africa do Sul. A Lotus e a Ford pareciam ter acertado o carro e Clark conquistara sua 25ª vitória, batendo o recorde de Juan Manuel Fangio, de 24 conquistas. Mas a fatalidade acabaria de vez com o sonho do tricampeonato: participando de uma corrida de Fórmula 2, em Hockenheim, no dia 7 de abril, Jim perdeu o controle do carro e bateu em um árvore... Coisas de F1 de outrora. A notícia da morte de um dos maiores ídolos da categoria abalou o mundo da F1 e a Lotus, sem seu grande piloto, acabou sendo campeã com Graham Hill. 

  Restos do Lotus, morte de Clark chocou o mundo da F1.

Acidente Fatal - Hockenheim - 7/4/68

Murray Walker on Jim Clark

Mesmo 44 anos após a morte de Jim Clark, suas façanhas ainda são impressionantes: 25 vitórias em 72 provas disputadas, 33 poles, marca só superada por Michael Schumacher e Ayrton Senna e igualada por Alain Prost, 28 melhores voltas, número só superado por Prost, Mansell e Schumacher e 11 "perfect scores", como os ingleses chamam as vitórias conquistadas com largada da pole, de ponta a ponta, e com a melhor volta.

James "Jim" Clark jr. 
04/03/36 - 07/04/68
 73 GPs disputados;
25 vitórias;
33 poles;
28 melhores voltas;
Bicampeão Mundial de F1 (1963/1965)
Vencedor das 500 milhas de Indianápolis 1965


Texto extraído da Revista Racing
Nº 11
por Mario Fittipaldi 

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