quinta-feira, 12 de abril de 2012

Um homem. Uma mulher. Só amigos?
 

Por William Deresiewicz, The New York Times News Service/Syndicate
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Será que homens e mulheres podem ser amigos? Nós nos fazemos essa pergunta há muito tempo e a resposta costuma ser não. O filme "Harry & Sally - Feitos um Para o Outro" oferece o cenário clássico. O problema, como assegura a famosa explicação de Harry, é que "a parte do sexo sempre estraga tudo". Pessoas heterossexuais do sexo oposto podem afirmar ser apenas amigos, continua a mensagem, mas tenha certeza de que - piscadela e cutucada - está rolando mais alguma coisa. A cultura popular reforça essa noção sem parar. Filme atrás de filme, série depois de série, a trama é a mesma. O que começa como amizade (Ross e Rachel, Monica e Chandler) termina na cama.
Existe uma história aqui, e, de forma surpreendente, ela é política. A amizade entre os sexos era mais ou menos desconhecida na sociedade tradicional. Homens e mulheres ocupavam esferas diferentes e as mulheres eram vistas como inferiores em todos os casos. Algumas amizades epistolares entre seguidores da vida monástica, alguns relacionamentos na literatura e círculos da corte, mas tirando isso, a amizade entre os sexos era impensável na sociedade ocidental e continua sendo em muitas culturas.
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Então chegou o feminismo - mais especificamente, Mary Wollstonecraft, a mãe do feminismo, no final do século do século XVIII. Wollstonecraft tinha plena ciência dos relacionamentos platônicos, que poderiam terminar com facilidade, a seu ver, em problemas. (Ela tinha um filho fora do casamento.) Porém, acreditava que a amizade, "o mais sublime dos afetos", deveria ser a mola mestra do casamento.
Na década de 1890, quando o feminismo emergiu das salas de estar e dos comitês refinados para se tornar um movimento radical de massas (o termo "feminismo" foi cunhado em 1895), a amizade reapareceu como demanda política. Era o tempo da "Nova Mulher", retratada na ficção e interminavelmente debatida na imprensa.
A Nova Mulher era inteligente, lida, resoluta, idealista, anticonvencional e sem papas na língua. Para ela, relacionamentos com homens, com ou sem sexo, tinham de envolver camaradagem mental, liberdade de escolha, igualdade e respeito mútuo. Em resumo, deviam ser amizades. Da mesma forma que o voto representa a visão do futuro político do feminismo, a amizade representava sua visão do futuro pessoal, o termo central do contrato sexual renegociado.
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Sem dúvida, algo mais fácil de falar do que de fazer. Contudo, a noção da amizade como origem dos relacionamentos românticos começou a se infiltrar na cultura. Os termos "boyfriend" (namorado ou amigo) e "girlfriend" (namorada ou amiga) também começaram a surgir na década de 1890.
Agora, julgamos as palavras como naturais, mas pense no que elas implicam e que ideia inovadora representavam: que os parceiros românticos compartilham mais do que paixão erótica, que o companheirismo e igualdade integram o relacionamento. Um "boyfriend" é amigo e amante. Quanto a marido e esposa, o ideal de Wollstonecraft há muito se tornara um clichê. Quem não pensa no cônjuge _ou afirma pensar assim ou é o que deseja - como seu melhor amigo?
Assim, a amizade agora faz parte do que chamamos de amor. Mesmo assim, isso não nos leva a relacionamentos platônicos. Para tanto, precisávamos de outra onda feminista, a que começou nos anos 60. A amizade não fazia parte da demanda desta vez, mas as coisas exigidas - direitos e oportunidades iguais em todas as esferas - criaram as condições para tanto. Foi somente quando os sexos se combinaram em termos iguais e familiares na escola, trabalho e nos espaços sociais existentes entre eles - somente quando se tornou normal e até entediante ver um membro do sexo oposto na mesa ao lado - que as amizades platônicas se tornaram uma parte comum da vida.
E foi exatamente isso o que aconteceu.
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As amizades com membros do sexo oposto se tornaram uma parte importante da minha vida desde que cursei o colegial no final dos anos 70 e não creio, nem de longe, ser o único. Avalie a partir de sua própria experiência, mas enquanto olho ao redor, não penso que amizades platônicas sejam raras ou merecedoras de piscadelas e cutucadas. E é por isso que quase não se escuta mais esse termo. As amizades platônicas agora são simplesmente amizades. Mas o sexo não estraga tudo? Às vezes, sem dúvida. É mais complicado para os jovens, é claro - com tantos hormônios e tantos colegas solteiros. Na verdade, uma das soluções mais comuns ao dilema de Harry é fazer sexo e continuarem amigos. Se o sexo atrapalhar, a resposta costuma ser simplesmente tirá-lo da equação.
Só que ele nem sempre atrapalha. Talvez vocês não se sintam atraídos. Talvez saibam que nunca daria certo, assim não vale a pena estragar a amizade. Talvez não seja nada disso.
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Assim, se agora é comum que homens e mulheres sejam amigos, por que o vemos tão raramente na cultura popular? Em parte por ser um problema de narrativa. Amizade não é galanteio. Não tem começo, meio e fim. Histórias sobre amizades de qualquer tipo são relativamente raras, principalmente em função do espaço enorme que as relações ocupam em nossas vidas. E, é claro, não são sexy. Junte um homem e uma mulher num filme ou romance e vamos esperar que surjam faíscas. E não se trata apenas de um problema de narrativa ou de Hollywood.
Em nossa cultura, temos um problema com qualquer amor que não seja baseado em sexo ou sangue. Nós compreendemos os relacionamentos românticos e compreendemos a família, e parece que é só isso o que compreendemos.
Nós temos problemas com a tutela, o amor assimétrico entre mestre a aprendiz, professor e estudante, guia e guiado; temos problemas com a camaradagem, o vínculo nascido de trabalho intenso em comum; e temos problemas com a amizade, ao menos a íntima. Quando imaginamos esses relacionamentos, parece que temos de sexualizá-los.
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Amizades íntimas entre membros do mesmo sexo, afinal, sempre são suspeitas. Até mesmo a Oprah precisou defender seu relacionamento com Gayle King e, quanto a homens e homens, pode esquecer.
Não consigo pensar em outra área das nossas vidas nas quais exista uma distância tão grande entre o que fazemos e o que nossa cultura diz que fazemos. Porém, quem sabe, as coisas estejam começando a mudar. Os jovens, tendo crescido com o movimento dos direitos gays e, em muitos casos, frequentado faculdades com alojamentos mistos, estão abertos a uma gama mais ampla de possibilidade emocional.
A amizade entre os sexos pode ter deixado de ser uma questão política, mas é uma questão de liberação: a liberdade de amar quem quisermos do jeito que quisermos. Talvez seja a hora de todos nós a tirarmos do armário.
(William Deresiewicz é ensaísta, crítico e autor de "A Jane Austen Education".)
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