quinta-feira, 12 de abril de 2012

NINGUÉM AGUENTA UMA PESSOA DELIRANTE DENTRO DE CASA


 Daryan Dornelles

29/05/2009 - 21:59 - Atualizado em 26/06/2009 - 20:11

Um dos maiores críticos da falta de vagas para internação psiquiátrica, o poeta Ferreira Gullar conta a ÉPOCA a experiência de ter convivido com dois filhos esquizofrênicos - o que ainda está vivo mora hoje num sítio em Pernambuco.
Cristiane Segatto

SEM OPÇÕES 

Ferreira Gullar diz que as famílias sem recursos não têm onde pôr filhos com doenças mentais
O poeta Ferreira Gullar, 78 anos, teve dois filhos com esquizofrenia. Paulo, 50 anos, vive num sítio em Pernambuco há cinco. Marcos, que tinha um quadro mais leve da doença, morreu em 1992, de cirrose hepática. Recentemente, Gullar escreveu três artigos no jornal Folha de S. Paulo sobre a falta de vagas para internação psiquiátrica. A reação dos leitores chamou atenção para uma das maiores controvérsias da psiquiatria: o que fazer com doentes mentais em estado grave? Gullar concedeu a seguinte entrevista a ÉPOCA em seu apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro (confira ao final desta página um vídeo com trechos da conversa).

ÉPOCA - A lei federal 10.216, aprovada em 2001, não proíbe a internação de pacientes em hospitais psiquiátricos, mas estimulou a redução de leitos. Por que decidiu falar sobre essa lei agora?
Ferreira Gullar -
Antes da aprovação da lei, soube do que consistia o primeiro projeto. Para internar uma pessoa, a família precisaria pedir autorização de um juiz. Felizmente isso foi retirado do texto final. Imagine o que é ter em casa um garoto em estado delirante - às vezes falando sem parar da noite até o dia seguinte. Os pais tentam dar remédio, tentam conversar e nada funciona. Nessa situação, o único recurso é internar. Você sente que a pessoa está saindo do controle e pode fazer uma loucura qualquer. Imagine ter de aguardar autorização de um juiz para internar um paciente numa situação de emergência. Que juiz? Aquele que nunca encontramos na justiça eficiente que temos? Imagine o desastre que isso seria.


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O que os pais de pessoas com transtornos mentais pensam sobre a política de saúde mental do Ministério da Saúde? Em entrevista, o poeta Ferreira Gullar, que tem dois filhos esquizofrênicos, pede mais vagas psiquiátricas em hospitais públicos. E declama a poesia que fez para o seu filho Paulo. Nunca tinha assistido a este vídeo, do Ferreira Gullar. Ele esteve no Congresso Brasileiro de Psiquiatria em novembro, dando seu depoimento. Ter 2 filhos esquizofrênicos não é fácil... Ainda mais se não há vaga para interná-los quando necessário... Fechar manicômios antes de construir os CAPS? Uma vergonha. Márcio Candiani - Psiquiatra.
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ÉPOCA - Mas por que decidiu escrever neste momento?
Gullar -
Li notícias recentes sobre o aumento de doentes mentais na população de rua. Eu já previa que isso ia acontecer diante da restrição do número de hospitais e do período de internação. Como é possível estabelecer um período de internação, determinar que um paciente psiquiátrico esteja curado dentro de determinado tempo? Quem não tem dinheiro para colocar o filho numa clínica particular fica com ele em casa até quando suportar. Muitas vezes o doente foge. Quantas vezes isso aconteceu comigo... Ele foge, vai para rua sem rumo. Ninguém sabe para onde vai.

ÉPOCA - O doente precisa ficar vigiado dentro de casa?
Gullar -
Ninguém aguenta uma pessoa em estado de delírio dentro de casa. Só se ninguém trabalhar, todo mundo ficar em volta do doente. E se for uma pessoa agressiva? Tem que internar. Nenhum pai e nenhuma mãe internam seus filhos contentes da vida, achando que se livraram. Não estou dizendo que a lei foi feita para perseguir as pessoas. Não vou imaginar uma coisa dessas. Ela foi feita com boa intenção. Mas de boa intenção o inferno está cheio.

ÉPOCA - O senhor acha que a internação em hospitais psiquiátricos é o melhor tratamento?
Gullar -
Ninguém é a favor de manicômio ou de encerrar uma pessoa pelo resto da vida. Isso não existe há muito tempo. Mas hoje as famílias sem recursos não têm onde pôr seus filhos. Eles vão para a rua. São mendigos loucos, mendigos delirantes. Podem agredir alguém. É imprevisível o que pode acontecer. O Ministério da Saúde tem de olhar isso. O hospital-dia é uma boa coisa. Mas para o doente ir para o hospital-dia ele tem que querer ir. Quando entra em surto, é evidente que não vai querer ir para o hospital-dia. Dizer que os doentes serão encarcerados é terrorismo.

ÉPOCA - Qual a sua opinião sobre a visão do movimento de luta antimanicomial?
Gullar -
Esse pessoal não diz explicitamente, mas eu sei que para eles não existe doença mental. Por que falam em psiquiatria democrática? Existe urologia democrática? A psiquiatria democrática pressupõe que as pessoas internam seus parentes para cercear a liberdade deles. Segundo essa linha, o cara não é doido. Ele é um dissidente. Isso vem da época das drogas, da época dos Beatles, da época em que as pessoas diziam “tu tá pinel”. O que era isso? A classe média cheirava cocaína e ia parar no Pinel. Não eram doidos. Mas, levada a uma overdose, a pessoa pode entrar num estado de delírio. Esse pessoal acha que a máfia de branco cerceia a liberdade das pessoas. Pessoas que são dissidentes da sociedade burguesa. A psiquiatria democrática considera que a sociedade é que é doente e reprime aqueles que discordam dela.

ÉPOCA - Por que o sr. diz que isso é um marxismo equivocado?
Gullar -
A raiz ideológica da psiquiatria democrática é a ideia de que não existe doença. A sociedade é que é culpada porque é burguesa. Quando eu estava exilado em Buenos Aires, nos anos 70, fui conversar com os médicos no hospital onde meu filho Paulo (hoje com 50 anos) havia sido internado depois de um surto. Uma médica veio conversar comigo e disse que o problema não era do meu filho. Era da família e da sociedade. Disse para ela: então me interna.

ÉPOCA - Paulo estava com você no exílio?
Gullar
- Nessa época, sim. Um dia ele teve um surto e sumiu. Foi encontrado em estado totalmente delirante e foi internado. A médica chamou a mim e a minha mulher para conversar. Eu disse: coração adoece, rim adoece sem que a sociedade seja culpada de nada. O cérebro é o único órgão que não adoece por si? A sra. não acha que uma pessoa pode nascer com uma deficiência fisiológica no cérebro? O que está por trás de tudo isso é uma visão equivocada.

ÉPOCA - Quando seus filhos receberam o diagnóstico de esquizofrenia?
Gullar -
Os dois começaram a falar disparates e a se comportar de maneira anormal. Isso se manifestou quando tinham 15 ou 16 anos. A doença foi precipitada pela droga. Era um período que cheirar cocaína, fumar maconha e consumir LSD estavam na moda. Surgiram anormalidades, mas eu não fiz nada. Atribuía o comportamento deles às drogas.


 Daryan Dornelles

LEMBRANÇAS
Gullar diz ter saudades do filho, Paulo. "A gente se fala todo dia. Mas se ele vier para cá e começar a usar droga de novo, tudo vai recomeçar."

ÉPOCA - Eles falavam sem parar?
Gullar -
No começo, diziam: “Meu cérebro está vazio, não tenho mais cérebro, o LSD consumiu meu cérebro”. Coisas ilógicas. Percebi que havia algo errado, mas esperava que as coisas se acomodassem. Eu dava conselhos para que eles parassem de usar drogas. Quando fui de Lima para Buenos Aires (havia a perspectiva de um trabalho lá), um dia Paulo desapareceu. Desceu para a rua e sumiu. Terminou sendo localizado, estava preso. Ele, que nunca havia dirigido antes, pegou um carro que estava parado. Tentou roubar o carro sem saber dirigir. Coisa de pirado mesmo. Só consegui localizá-lo um mês depois. Voltou para casa em estado totalmente delirante. Quebrou a janela toda. Queria sair pela janela do quinto andar. Fui obrigado a chamar o socorro psiquiátrico. Ele começou a tomar os remédios. Um dia fugiu do hospital. Veio aparecer no Brasil dois meses depois.


ÉPOCA - Foi nessa ocasião que o sr. pediu ajuda ao Vladimir Herzog (jornalista morto pela ditadura em 1975)?
Gullar -
Um dia ele fugiu do Rio e foi aparecer em Taboão da Serra, em São Paulo. Um homem o encontrou sentado na lama e na chuva. Levou-o para casa e deu-lhe banho. Paulo deu o meu endereço em Buenos Aires e o homem me escreveu. Quando recebi a carta, liguei para a Revista Visão, onde o Herzog trabalhava, e pedi ajuda. Ele se prontificou a ir imediatamente buscá-lo em Taboão. Quando chegou, Paulo já havia fugido. Foi encontrado por uma freiras, caído na estrada, e foi levado para um convento. Depois a família o encontrou e ele foi internado em uma clínica particular no Rio. Quando voltei do exílio, em 1977, assumi esse problema todo. Descobri que existia o Instituto Bairral, em Itapira, no interior de São Paulo. Parecia uma fazenda, uma estação de repouso. Ele ficou alguns meses nessa clínica particular. Isso não é a família que decide. São os médicos. Quando voltou ao Rio, veio morar com a família. Mudei de Ipanema para Copacabana porque descobri que havia um fornecedor de drogas para ele em Ipanema. Não demorou muito e a mesma coisa começou a acontecer em Copacabana.


ÉPOCA - O sr. conseguia escrever com eles em casa?
Gullar -
Uma pessoa esquizofrênica não está permanentemente em estado de surto. Às vezes fica sozinha no quarto. O problema é quando ocorre o surto. O Paulo passou muitos anos com a família. Passava seis meses internado e voltava para casa. Às vezes passava um ano sem ter nada. Mas não pôde trabalhar nem estudar. Não tinha condição, nem disposição, interesse.


ÉPOCA - Paulo aceita o tratamento facilmente?
Gullar -
Às vezes fingia que tomava o remédio, mas cuspia fora. Leva tempo até o doente aceitar o remédio, entender que ele ajuda. Paulo mora há cinco anos no sítio de um amigo meu em Pernambuco. Não está internado, mas é como se estivesse. Cuida dos cavalos, cria uns gatinhos, pinta quadros. Lá ele toma o remédio sozinho. Quando entra numa derrapada e deixa de tomar o remédio, começam os problemas. Mas hoje ele tem muito mais consciência da doença. Amadureceu. É uma pessoa mais afetuosa.


ÉPOCA - O sr. tem saudade?
Gullar -
Tenho. A gente se fala todo dia. Mas se ele vier para cá e começar a usar droga de novo, tudo vai recomeçar. Ele está controlado porque não tem droga onde vive. Com droga fica excitado, alucinado, agresssivo.


ÉPOCA - A condição de seus filhos influenciou sua literatura?
Gullar -
Tudo influencia na vida, mas eu procuro me colocar diante das coisas com lucidez. Nao me deixou levar por desesperos, por bobagens. Não sou nenhum Super-Homem, mas sempre procurei entender as coisas e encontrar o caminho mais correto. Claro que isso foi um grande sofrimento durante anos e anos. Pode ter se refletido na minha literatura. Mas a minha literatura não é de desespero. Recebo cartas de pessoas que disseram que se salvaram, que tiveram coragem de enfrentar seus problemas lendo meus poemas. Evito pregar o desespero. Muitas vezes estou desesperado, mas jamais transmito isso para as pessoas.


ÉPOCA - O que lhe desespera?
Gullar -
Estar com um filho numa situação dessa é estar num estado de desespero. Estar sendo perseguido pela ditadura também. Viver clandestino durante um ano, sem ver sua mulher, seus filhos, seus amigos, é desespero. Uma pessoa pode fazer desse desespero a matéria de sua literatura. Nunca fiz isso.


ÉPOCA - O poema Internação, publicado em 1999, é autobiográfico? Aquilo aconteceu entre você e Paulo?
Gullar -
É. Meu filho falou sobre o vento no rosto e eu fiz o poema. Aquilo é bonito, não é desespero. Nunca fiz do meu sofrimento individual a matéria da minha poesia. Nunca quis transferir para os outros o meu desespero, o meu amargor. Procuro não ter amargor e enfrentar as coisas. Sei que a vida é inventada. Ela depende de mim. Se eu invento uma vida infernal, ela será infernal. Nao vou ficar sentado à beira da calçada, chorando. Isso não resolve problema algum.


ÉPOCA - Alguma vez o Paulo foi agressivo?
Gullar -
Foi.


ÉPOCA - Contra o sr.?
Gullar -
Não quero falar sobre isso. Chegou a ser agressivo. Mas, passado o momento do surto, ele se arrependeu.


ÉPOCA - Ele tentou suicídio?
Gullar -
Tentou uma vez. Tem um problema de coluna porque se jogou de uma clínica, de um andar baixo. A pessoa precisa ser protegida. Não sabe o que está fazendo. Depois, rindo, me disse: “Pai, você não vai acreditar. Naquele exato momento, pensei que fosse voar”.


ÉPOCA - Depois dos artigos que escreveu, muita gente lhe procurou?
Gullar -
Recebi cartas, convites para participar de congressos. Não é a minha matéria. Falei como um cidadão que tem uma tribuna e pode dizer as coisas. Não tenho a intenção de criar um movimento. Uma mulher escreveu uma carta para a Folha pedindo uma providência contra mim. Que providência ela quer? A minha demissão? Ela é da psiquiatria democrática. Imagine se fosse da psiquiatria ditatorial.



- ESQUIZOFRÊNICO É AMARRADO PELO PESCOÇO E ESPANCADO EM NATAL (aqui)

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O certo é que a esquerda mundial sabendo das pesquisas e dos avanços da medicina nos países livre inclusive nos fármacos  para a saúde mental na Dinamarca tratou de mais uma vez roubar e enganar promovendo a tal da "psiquiatria democrática" que nada mais é do que a possibilidade dos tratamentos serem feitos fora dos hospitais via ambulatório. Tendo como expoente o esquerdista italiano Franco Basaglia (Veneza11 de março de 1924 — Veneza, 19 de agosto de 1980) um psiquiatra italiano que promoveu uma importante reforma no sistema de saúde mental italiano. Nos anos sessenta dirigiu o hospital psiquiátrico de Gorizia, onde juntamente com outros psiquiátricas começou a promover uma série de mudanças práticas e conceituais, expostas no livro "A Instituição Negada" (1968). Entre os co-autores deste livro organizado por Basaglia está Giovanni Jervis, que posteriormente aprofundará estes conceitos teóricos de modo acessível aos leigos no "Manual Crítico de Psiquiatria" (1975), descrevendo ali também a história do movimento, reunido em torno da Associação Psiquiatria Democrática italiana.
Em 1973 o Serviço Hospitalar de Trieste, dirigido por Basaglia, foi considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como referência mundial para reformulação da assistência à saúde mental.
lei nº 180, ano de 1978 (Lei Basaglia) estabeleceu a abolição dos hospitais psiquiátricos (manicômios) na Itália e está vigente até o presente momento.
Em 1979, Basaglia visitou no Estado de Minas no Brasil o Hospital Colônia da cidade de Barbacena, tendo-o comparado aos campos de concentração nazistas de Adolf Hitler. Grandes novidades qual esquerdista conhece tudo de outro.

Ficheiro:1979 - BasagliaFoto800.jpg
Franco Basaglia (1979)



BASAGLIA, TRIESTE, ITÁLIA... ALGUMAS INSPIRAÇÕES



Navegando nas muitas msgs dos grupos de discussão que participo, encontrei esse site, do Dipartimento di Salute Mentale, da Itália  com fotos, citações, falas sobre a experiencia de Trieste, dos Centros de Saúde Mental (CSM) que dizem primórdios dos nossos CAPS, enfim, da desinstitucionalização, de onde partiram as principais influencias de nossa Reforma nos anos 80.

A foto ao lado mostra como pensavam a Saúde Mental na Época .. muito bom! A foto é um mapa de como pensavam as práticas.

Olhando as fotos, vendo o mapa e lendo, para mim fica cada vez mais claro que não desinstitucionalizaremos se não trabalharmos com os territórios. E isso, pensando atualmente, tem a ver diretamente com os serviços da atenção básica e intersetoriais... desafios.


O link ao site está a seguir: (clique)

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Convocado pela poesia



Em entrevista à revista cultural Dicta&Contradicta, o poeta Ferreira Gullar, prêmio Camões deste ano, fala de seu processo de criação e de seus anos de engajamento – e desilusão – na política e que foi publicada também na Veja.
Este é um grande ano para o poeta Ferreira Gullar, 79 anos. O autor de A Luta Corporal acaba de ganhar o Prêmio Camões, a mais importante distinção literária da língua portuguesa. Será também um grande ano para seus leitores: no segundo semestre, ele publica Em Alguma Parte Alguma, primeiro livro de poemas em mais de dez anos. “Só escrevo quando sou convocado pela poesia”, diz ele. A edição da revista cultural Dicta&Contradicta que será lançada nesta semana traz uma longa entrevista com o autor. VEJA antecipa, a seguir, alguns trechos:

Criação poética
O poema não tem plano. Escrevo meio cego. É uma descoberta passo a passo, algo que vai sendo revelado a mim mesmo a cada momento. Eu nunca presto atenção no modo como construo um poema. O poema, para mim, é a grande aventura de como fazer. Costumo dizer em palestras para estudantes que, quando vou escrever um poema, a página está em branco, e isso significa que todas as possibilidades estão abertas, são infinitas. No momento em que sorteio uma palavra, reduzo as possibilidades, o acaso é menor. Mas não sei o que vai acontecer.

A alegria da escrita
O poema é cura, não doença. Escrevo para ser feliz, para me libertar do sofrimento, não para sofrer. É a alquimia da dor em alegria estética. Mesmo quando a coisa é doída, amarga, naquele momento a transformo no ouro que é o poema.

Engajamento
Quando escrevi romances de cordel na época da ditadura, queria fazer mais subversão do que arte. Estava usando a minha poesia para fazer política. A preocupação principal era levar as pessoas a ter consciência dos problemas sociais, como a reforma agrária, as favelas, a desigualdade. Não havia uma preocupação estética. (…) Lembro-me de quando fomos, com o Centro Popular de Cultura, à favela da Praia do Pinto, para fazer um espetáculo, um auto antiamericano, anti-imperialista. Quando chegamos lá, todos os adultos foram embora, ficaram só as crianças ouvindo o Vianinha (o dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho) berrar contra o imperialismo. Olhava aquilo e ficava pensando: “O que é isso? Pregando o anti-imperialismo para menino de 5 anos na favela da Praia do Pinto?”. Isso foi a um mês do golpe de 1964. Comecei a perceber que a ideia de fazer arte com baixa qualidade só para atingir o povo era falsa. 



Enganos da esquerda 
Vivi a experiência da União Soviética, em Moscou, e depois vivi o drama e a derrota do (presidente) Allende no Chile – eu estava lá quando ele foi derrubado. Tudo isso me levou a ter uma visão crítica em relação à revolução, em relação às coisas em que nós acreditávamos, aos procedimentos que adotávamos. Aprendi que a coisa era muito mais complexa do que imaginávamos. Sonhávamos em chegar ao poder – e então chegamos ao poder no Chile, com Salvador Allende. E aí? O que aconteceu? Houve uma grande confusão: as esquerdas não se entendiam. Os radicais queriam obrigar Allende a fazer o que não podia ser feito – o que ele sabia que não podia fazer, porque seria derrubado. No fim, foi a própria esquerda que causou a queda de Allende. Aquilo me deixou arrasado. Sacrifiquei minha vida, meus filhos, para me meter numa confusão dessas.

Comunismo 
Um professor meu de economia política marxista lá em Moscou me disse o seguinte: “Você sabe quanto tempo levou para que em Paris houvesse, todo dia, às 8 da manhã, croissant para todo mundo, leite para todo mundo, pão para todo mundo, café para todo mundo, e tudo saindo na hora? Alguns séculos”. A revolução desmonta uma coisa que os séculos criaram. Agora, o Partido resolve, e não vai ter café, não vai ter pão, leite, nada. Resultado? Trinta anos de fome na União Soviética. Você desmonta a vida! E havia outra porção de erros: afirmavam que quem faz a riqueza é o trabalhador. Mentira! O trabalhador também faz isso, mas, se não existe um Henry Ford, não existe a fábrica de automóvel e não vai ter emprego para você. Nem todo mundo pode ser Bill Gates, nem todo mundo pode inventar uma coisa. Marx está correto quando critica o capitalismo selvagem do século XIX. Quando propõe a sociedade futura, está completamente errado.

Invenção da realidade 
Discordo quando dizem que a arte revela a realidade. Na verdade, a arte inventa a realidade. Afirmam que Shakespeare revelou a complexidade da alma humana; não, ele inventou a complexidade da alma humana. Nós vivemos no mundo da cultura. Quem vive na natureza é macaco e maçã. O índio já tem os mitos e já está dentro do mundo cultural dele, que foi inventado. A poesia é uma dessas criações, no terreno da fantasia, que existe porque a vida não basta. Eu escrevo para ser feliz, escrevo porque estou me inventando, para ser melhor do que sou.

Incoerência
Eu sou incoerente, e a minha obra é incoerente. A Luta Corporal é muito diferente da minha fase de poesia concreta. O livro seguinte a essa fase, Dentro da Noite Veloz, é diferente do próximo, e assim por diante. Não tenho a preocupação da coerência. Se há alguma, está na busca, que muda sempre, porque, enquanto vivo, critico, penso, repenso e invento as coisas que experimentei. Se você quer ser poeta, se quer fazer poesia, se sente dentro de si essa necessidade, deve se entregar a ela sempre com paixão, pois não se inventa a realidade de graça.



Ferreira Gullar [Poeta, Crítico de Arte, Biógrafo, Tradutor, Memorialista e Ensaísta Brasileiro]



Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira (São Luís, 10 de setembro de 1930) é um poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo.
Devido ao mau gosto de poemas escritos por um certo José Ribamar Pereira, resolveu adaptar o sobrenome de sua mãe - Goulart – para não ser confundido.
Aos 13 anos, abandonou as brincadeiras com os amigos para ficar em casa lendo e escrevendo poemas para uma menina por quem se apaixonou. Nesta época já se destacava nas provas de redação, e decide ler apenas gramáticas nos dois anos seguintes para se tornar escritor.
Foi aprovado em segundo lugar no exame de admissão do Ateneu Teixeira  Mendes, em 1942, não chega a concluir o ano letivo nesse colégio. Ingressa na Escola Técnica de São Luís, em 1943. Apaixonado por uma vizinha, Terezinha, deixa mais uma vez os amigos para mergulhar na leitura e na produção de poemas. 



Foi locutor da Rádio Timbira e colaborador do "Diário de São Luís", em 1948. 
Seu primeiro livro, "Um pouco acima do chão", foi editado com recursos próprios e o apoio do Centro Cultural Gonçalves Dias, mas o autor o retirou de sua bibliografia.
Em 1950, após haver presenciado o assassinato de um operário pela polícia, durante um comício de Adhemar de Barros na Praça João Lisboa, em São Luís, nega-se a responsabilizar os “baderneiros” e “comunistas” pelo ocorrido, o que lhe valeu uma demissão.




Tirou primeiro lugar no concurso promovido pelo "Jornal de Letras" com o poema "O galo", cuja comissão julgadora era era formada por Manuel Bandeira, Odylo Costa Filho e Willy Lewin.
Em 1.951, como o próprio autor dizia, fugiu da quitanda, da família, da vida sufocante e pouca e muda-se para o Rio de Janeiro, onde se torna revisor das revistas “O Cruzeiro”,  “Manchete” e do “Diário Carioca”. Seus textos refletiam a preocupação com as injustiças sociais.
Em 1954, casa-se com a atriz Thereza Aragão, com quem teve três filhos: Paulo, Luciana e Marcos. Lança "A luta corporal", que causou desentendimentos com os tipógrafos em função do projeto gráfico apresentado.



Em nomeado diretor da Fundação Cultural de Brasília em 1.961, cargo que ocupa por alguns meses. Neste período revê seu estilo e abandona os movimentos de vanguarda.
Trabalhou 30 anos na filial carioca do jornal "O Estado de São Paulo", ao mesmo tempo em que ingressa no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC), onde foi eleito presidente.
No dia do golpe militar, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro. Ao lado de Oduvaldo Viana Filho, e  funda o "Grupo Opinião", que conquista os prêmios Molière e Saci. Ciente dos riscos que corria, mudou-se para Moscou, quando colaborava com “O Pasquim”, sob o pseudônimo  de Frederico Marques.


Em 1.975, Vinícius de Moraes organiza no Rio de Janeiro, sessões fechadas de leitura de seus poemas.
Ferreira Gullar traduziu suas obras para o alemão, inglês e espanhol. Em 1985, ganha o prêmio Molière pela sua tradução de "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand. Foi a primeira vez que o prêmio foi atribuído à categoria “Tradutor”.
Gullar foi preso no dia seguinte de seu desembarque no Brasil, quando recebeu ameaças até para os membros de sua família. É libertado 72 horas depois, devido a movimentação de amigos seus junto às autoridades do regime militar.

Aos poucos, vai retomando suas atividades de crítico, poeta e jornalista, lançando livros no Brasil e Venezuela, e uma peça teatral. Por indicação do amigo Dias Gomes, começa a escrever para o Grupo de Dramaturgia da Rede Globo, onde colabora nas minisséries Araponga e as Noivas de Copacabana.
Em 2002, é indicado ao Prêmio Nobel de Literatura por nove professores titulares de universidades de Brasil, Portugal e Estados Unidos. 



BIBLIOGRAFIA

Um pouco acima do chão, 1949.
A luta corporal, 1954.
Poemas, 1958.
Teoria do não-objeto, 1959.
João Boa-Morte, cabra marcado para morrer (cordel), 1962.
Quem matou Aparecida? (cordel), 1962.
Cultura posta em questão, 1965.
A luta corporal e novos poemas, 1966.
História de um valente, (cordel, na clandestinidade, como João  Salgueiro), 1966
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, (Em parceria com Oduvaldo Viana Filho), 1966
A saída? Onde fica a saída?, com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa, 1967
Por você por mim, 1968
Dr. Getúlio, sua vida e sua glória, (Em parceria com Dias Gomes), 1968
Vanguarda e subdesenvolvimento, 1969
Ubu rei, Alfred Jarry (Tradução para o Teatro), 1972
Dentro da noite veloz, 1975
Poema sujo, 1976
Antologia poética, 1977
Augusto do Anjos ou Vida e morte nordestina, 1977
Tentativa de compreensão: arte concreta, arte neoconcreta - Uma contribuição brasileira, 1977
La lucha corporal y otros incendios (Tradu~]ao para o espanhol de A luta corporal e outros incêncidos, Caracas, 1977)
Uma luz no chão, 1978
Um rubi no umbigo, 1979 (Peça Teatral)
Dona Felinta Cardoso, a rainha do agreste, 1979
Episódios da série "Aplauso", Rede Globo, 1979
Hombre comun y otros poemas (Tradução para o espanhol de Homem comum e outros poemas), Buenos Aires, 1979
Antologia poética de Ferreira Gullar (música de Egberto Gismonti), 1979 (Disco)
Episódios do seriado "Carga Pesada", Rede Globo, 1980:
Toda poesia, 1980
Na vertigem do dia, 1980
Ferreira Gullar - seleção de Beth Brait, 1981
Episódios do seriado "Obrigado doutor", Rede Globo, 1981:
Poesía (Antologia poética), Cuenca, 1982
Os melhores poemas de Ferreira Gullar - seleção de Alfredo Bosi, 1983
Insensato coração, "Quarta nobre", Rede Globo, 1983.
Sobre arte, 1983
Etapas da arte contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta, 1985
Cyrano de Bergerac, Edmond Rostand (Tradução para o Teatro), 1985
Schmutziges Gedicht (Tradução para o alemão de Poema sujo), Frankfurt, 1985
rime na flora ou Ordem e progresso, 1986
Faule Bananen und andere Gedichte (Tradução para o alemão de Bananas podres e outros poemas, Frankfurt), 1986
Barulhos, 1987
Poemas, Lima, 1987
Poemas escolhidos, 1989
A estranha vida banal, 1989 (Crônicas)
Indagações de hoje, 1989
Lés pays des éléphants, Louis-Charles Sirjacq (Tradução para o Teatro), 1.989
Araponga, com Dias Gomes e Lauro César Muniz, 1990
O formigueiro, 1991
Der grüne Glanz der Tage (Tradução para o alemão de O verde clarão dos dias), Munique, 1991
Dirty Poem (Tradução de Poema sujo para o inglês), Nova York, 1991

As noivas de Copacabana, com Dias Gomes e Marcílio Moraes, 1992
Argumentação contra a morte da arte, 1993
Gamação, 1996
Nise da Silveira: uma psiquiatra rebelde, 1996
Cidades inventadas, 1997
Fábulas, La Fontaine, 1997 (Tradução de obras infanto-juvenis)
Rabo de foguete - Os anos de exílio, 1998
"O Grupo Frente e a reação neoconcreta", 1998
En el vértigo del dia (Na vertigem do dia), México, 1998
Poema sucio (Poema sujo), Madri, 1998
Muitas vozes, 1999
As mil e uma noites, 2000 (Tradução para o Teatro)
Um gato chamado Gatinho, 2000 (Tradução de obras infanto-juvenis)
O menino e o arco-íris, 2001
O rei que mora no mar, 2001 (Tradução de obras infanto-juvenis)
Cultura posta em questão/Vanguarda e subdesenvolvimento, 2002
Rembrandt, 2002
Don Quixote de la Mancha, Cervantes, 2002 (Tradução para o Teatro)
Relâmpagos, 2003




“(...) toda sociedade é, por definição, conservadora, uma vez que, sem princípios e valores estabelecidos, seria impossível o convívio social. Uma comunidade cujos princípios e normas mudassem a cada dia seria caótica e, por isso mesmo, inviável.”        


        



Não-Coisa

subverte a sintaxe
implode a fala, ousa
incutir na linguagem
densidade de coisa

sem permitir, porém,
que perca a transparência
já que a coisa ë fechada
à humana consciência.

O que o poeta faz
mais do que mencioná-la
é torná-la aparência
pura — e iluminá-la.

Toda coisa tem peso:
uma noite em seu centro.
O poema é uma coisa
que não tem nada dentro,

a não ser o ressoar
de uma imprecisa voz
que não quer se apagar
— essa voz somos nós.





EXTRAVIO

Onde começo, onde acabo,
se o que está fora está dentro
como num círculo cuja
periferia é o centro?

Estou disperso nas coisas,
nas pessoas, nas gavetas:
de repente encontro ali
partes de mim: risos, vértebras.

Estou desfeito nas nuvens:
vejo do alto a cidade
e em cada esquina um menino,
que sou eu mesmo, a chamar-me.

Extraviei-me no tempo.
Onde estarão meus pedaços?
Muito se foi com os amigos
que já não ouvem nem falam.

Estou disperso nos vivos,
em seu corpo, em cada olfato,
onde durmo feito aroma
ou voz que também não fala.

Ah, ser somente o presente:
esta manhã, esta sala.





nós, latino-americanos

Somos todos irmãos
mas não porque tenhamos
a mesma mãe e o mesmo pai:
temos é o mesmo parceiro
que nos trai.

Somos todos irmãos
não porque dividamos
o mesmo teto e a mesma mesa:
divisamos a mesma espada
sobre nossa cabeça.

Somos todos irmãos
não porque tenhamos
o mesmo berço, o mesmo sobrenome:
temos um mesmo trajeto
de sanha e fome.

Somos todos irmãos
não porque seja o mesmo sangue
que no corpo levamos:
o que é o mesmo é o modo
como o derramamos.






uma voz

Sua voz quando ela canta
me lembra um pássaro mas
não um pássaro cantando:
lembra um pássaro voando



Por Você Por Mim

“A noite, a noite, que se passa? diz
que se passa, esta serpente vasta em convulsão, esta
pantera lilás, de carne
lilás, a noite, esta usina
no ventre da floresta, no vale,
sob os lençóis de lama e acetileno, a aurora,
o relógio da aurora, batendo, batendo,
quebrado entre cabelos, entre músculos mortos, na podridão
a boca destroçada já não diz a esperança,
batendo
Ah, como é difícil amanhecer em Thua Thien.
Mas amanhece.” (…)








Fonte:
http://www.revistaliteraria.com.br/artes.htm
http://kdfrases.com/frase/159191

Ferreira Gullar
Todos os direitos autorais reservados ao autor.


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"Os cavalos da internet que relincham e dão coices". 
"Por Nelson Motta"



A maneira mais estúpida, autoritária e desonesta de responder a alguma crítica é tentar desqualificar quem critica, porque revela a incapacidade de rebatê-la com argumentos e fatos, ideias e inteligência. A prática dos coices e relinchos verbais serve para esconder sentimentos de inferioridade e mascarar erros e intenções, mas é uma das mais populares e nefastas na atual discussão politica no Brasil.



A outra é responder acusando o adversário de já ter feito o mesmo, ou pior, e ter ficado impune. São formas primitivas e grosseiras de expressão na luta pelo poder, nivelando pela baixaria, e vai perder tempo quem tentar impor alguma racionalidade e educação ao debate digital.

Nem nos mais passionais bate-bocas sobre futebol alguém apela para a desqualificação pessoal, por inutilidade. Ser conservador ou liberal, gay ou hetero, honesto ou ladrão, preto ou branco, petista ou tucano, não vai fazer o gol não ser em impedimento, ser ou não ser pênalti. Numa metáfora de sabor lulístico, a politica é que está virando um Fla x Flu movido pelos instintos mais primitivos.

Na semana passada, Ferreira Gullar (foto), considerado quase unanimemente o maior poeta vivo do Brasil, publicou na “Folha de S.Paulo” uma crônica criticando o mito Lula com dureza e argumentos, mas sem ofensas nem mentiras. Reproduzida em um “site progressista”, com o habitual patrocínio estatal, a crônica foi escoiceada pela militância digital.


Ler os cento e poucos comentários, a maioria das mesmas pessoas, escondidas sob nomes diferentes, exigiria uma máscara contra gases e adicional de insalubridade, mas uma pequena parte basta para revelar o todo. Acusavam Gullar, ex-comunista, de ter se vendido, porque alguém só pode mudar de ideia se levar dinheiro, relinchavam sobre a sua idade, sua saúde, sua virilidade, sua aparência, sua inteligencia, e até a sua poesia. E ninguém respondia a um só de seus argumentos.

Mas quem os lê? Só eles mesmos e seus companheiros de seita. E eu, em missão de pesquisa antropológica. Coitados, esses pobres diabos vão morrer sem ter lido um só verso de Gullar, sem saber o que perderam.


Nelson Motta é jornalista.




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O ratinho estava na toca, e do lado de fora o gato: 

- MIAU, MIAU, MIAU....

O tempo passava e ele ouvia: 

- MIAU, MIAU, MIAU...

Depois de várias horas e já com muita fome o rato ouviu:

- AU! AU! AU!

Então ele deduziu: 'Se tem cachorro lá fora, o gato foi embora'.

Saiu disparado em busca de comida. Nem bem saiu da toca o gato CRAU!!

Inconformado, já na boca do gato perguntou:

- Pô gato!!! Que sacanagem é essa??? 

E o gato respondeu:

- Meu filho, hoje nesse mundo 'globalizado' quem não falar pelo menos dois Idiomas 'MORRE DE FOME'!



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