quinta-feira, 12 de abril de 2012

BANQUEIRO, CAPITÃO, SOLDADO, ESPIÃO

Por Benn Steil, The New York Times News Service/Syndicate

Barack Obama in Berlin

O presidente Barack Obama recentemente nomeou Jim Yong Kim, presidente da Faculdade Dartmouth, para ser o próximo presidente do Banco Mundial _ um privilégio concedido aos Estados Unidos desde a fundação do banco, em 1946. Um europeu, por sua vez, fica incumbido da direção do Fundo Monetário Internacional.

Na esteira da Segunda Guerra Mundial, tal repartição dos lugares de topo entre as grandes potências era inevitável. Mas como os Estados Unidos, país fundador e principal financiador das duas instituições, acabaram tomando o leme do Banco Mundial, e não do FMI, que era de importância muito maior para o seu governo?


U.S. Democratic presidential candidate Sen. Barack Obama, D-Ill., left, is welcomed by German Chancellor Angela Merkel in the chancellery in Berlin Thursday, July 24, 2008.


Na verdade, esse era o objetivo original de Harry Dexter White, principal representante do Ministério da Fazenda na conferência de Bretton Woods, de julho de 1944, onde as duas instituições foram criadas. O FMI era central para o que White planejava para o pós-guerra em termos de uma arquitetura financeira mundial dominada pelo dólar americano.

White relegou o chefe da delegação britânica, John Maynard Keynes, à comissão de criação do Banco Mundial especificamente para mantê-lo afastado do evento principal: a criação do FMI. White driblou tão magistralmente os britânicos que eles acabaram aderindo a um projeto centrado no dólar para o fundo, algo que eles achavam já ter bloqueado.

Em seguida, em 23 de janeiro de 1946, Harry S. Truman nomeou White para ser o primeiro diretor-executivo americano do FMI (tais diretores representam os principais países membros). Também havia uma grande expectativa de que Truman fosse nomear White para alto cargo de diretor-gerente do fundo.

Os problemas, porém, logo apareceram na forma de J. Edgar Hoover, diretor do FBI. White estava sob vigilância havia dois meses, suspeito de ser um espião soviético. Hoover preparou um relatório para o presidente, com base em informações fornecidas por trinta fontes, incluindo a espiã confessa Elizabeth Bentley, afirmando que White era "uma adição valiosa a uma organização secreta de espionagem soviética", colocando pessoas de alta consideração à inteligência soviética dentro do governo. Se o conhecimento de suas atividades se tornasse público, destacou Hoover, poderia pôr em risco a sobrevivência do fundo.

Indiferente, o Comitê do Senado sobre o Sistema Bancário e Moeda aprovou a nomeação de White em 5 de fevereiro, um dia após relatório de Hoover ser entregue.

O Secretário de Estado James F. Byrnes, tendo lido o relatório, queria que Truman retirasse a nomeação; o secretário do Tesouro, Fred Vinson, queria que White ficasse totalmente fora do governo. Truman, que não confiava em Hoover, mas sabia que tinha um grande problema político nas mãos, decidiu deixar White em quarentena, como diretor executivo americano do FMI, um cargo muito aquém do de diretor-gerente.

A nomeação de outro americano para ocupar uma posição superior à de White, no entanto, serviu como alerta. Por que o principal arquiteto do fundo teria sido preterido? Tal pergunta era evitada pela Casa Branca.

Em 5 de março, Vinson se reuniu com Keynes, então diretor britânico tanto do FMI quanto do Banco Mundial. Ele contou que Truman havia decidido não levar adiante o nome de White para ocupar o topo do FMI, apesar de ser alguém "ideal" para ele. Os Estados Unidos apoiariam, então, um americano para o Banco Mundial. Keynes ficou chocado.

Washington conseguiu o que queria, é claro, e um belga, Camille Gutt, tornou-se o primeiro diretor do FMI, enquanto um norte-americano, Eugene Meyer, tornou-se o primeiro diretor do Banco Mundial. Embora os Estados Unidos estivessem claramente em uma posição forte o suficiente para exigir o cargo do FMI após a saída de Gutt, em 1951, o fundo estava passando por um momento praticamente moribundo, tendo o seu papel suplantado pelo Plano Marshall, e os Estados Unidos estavam satisfeitos com o posto do Banco Mundial .

Quanto a White, ele renunciou ao FMI em 1947. No verão seguinte, Bentley e Whittaker Chambers o acusaram de espionar para os soviéticos, uma acusação que ele negou diante do Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas em 13 de agosto, vindo a falecer de ataque cardíaco três dias depois.

Após a condenação de Alger Hiss por perjúrio em 1950, o deputado Richard M. Nixon revelou um memorando manuscrito de White, que recebera de Chambers, aparentemente mostrando que White havia transmitido informações confidenciais aos soviéticos. No entanto, tal culpa apenas seria atribuída em definitivo a ele após cabos de inteligência soviéticos serem revelados na década de 1990.

Em vez de tratar a presidência do Banco Mundial como um direito inato e sagrado dos americanos, devemos nos lembrar de que ela nunca foi nada mais do que um prêmio de consolação para um governo que tentou evitar um escândalo de espionagem.

(Benn Steil, diretor de economia internacional no Conselho de Relações Exteriores, é autor do livro "The Battle of Bretton Woods" _ "A Batalha de Bretton Woods" _, ainda inédito.)

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