Indústria, desenvolvimento e democracia
Atualizado: 14/04/2012 03:05
Por que não havia democracia no Antigo Egito e não há na Rússia
ou na China (velhas ou novas) e na Venezuela? Porque em países patrimonialistas,
onde a estrutura de produção é altamente concentrada numa só mão (a do Estado),
a classe ou o grupo que toma o poder simplesmente o reparte entre os seus
membros e nele se perpetua.
Na América Latina, esse é um fenômeno favorecido na origem por
fortes culturas autóctones, como a dos astecas e a dos incas, depois continuado
pelo regime colonialista, baseado na extração mineral e em algumas poucas
culturas agrícolas, e hoje pelos governos populistas que aqui proliferam.
No mundo inteiro, o patrimonialismo leva à concentração de
riquezas em poucas mãos, ao despotismo, à corrupção e ao atraso da sociedade.
Por isso os processos de modernização das sociedades sempre têm estado
associados ao desenvolvimento da indústria e do comércio, que, incentivando a
iniciativa, a criatividade e a liberdade de empreender, fortalecem as sociedades
democráticas e livres. Não é por acaso que Atenas, líder comercial do
Mediterrâneo, inventou a democracia.
Também não é por acaso a situação de relativa singularidade, em
relação a seus vizinhos na América Latina, que desfrutam o Brasil, o Chile e,
mais recentemente, a Colômbia. Tal situação decorre de terem estes países uma
iniciativa privada razoavelmente estruturada e uma economia mais aberta e menos
unidependente.
Devemos essa conquista a uma forte, porém pouco estudada,
vertente empresarial do nosso povo - recentemente reabilitada por Jorge Caldeira
em sua História do Brasil por Empreendedores - e aos enormes esforços
governamentais e privados para criar uma indústria local, especialmente
desenvolvidos no governo JK, nos primeiros anos do regime militar e,
posteriormente, refrescados pelas privatizações dos presidentes Fernando Collor
de Melo a Dilma Rousseff.
O segmento industrial, pouco expressivo no início do século 20,
desenvolveu-se a ponto de representar quase 30% do nosso Produto Interno Bruto
(PIB). Com ele, o emprego, a tecnologia, a pesquisa, a ciência, os sindicatos, a
classe trabalhadora e as bases da multiplicidade de interesses pessoais,
profissionais e empresariais fortaleceram, em sua diversidade, a dura
reconquista da democracia pelo povo brasileiro.
Isso, porém, está em pleno retrocesso. Políticas incorretas
voltam a nos levar a ter a indústria representando apenas 15% do PIB - por
efeito de educação deficiente; logística ineficaz; preços de energia elevados;
burocracia governamental inepta; legislação trabalhista retrógrada e contrária
ao interesse do trabalhador; carga tributária injusta; e taxa de câmbio
estupidamente sobrevalorizada. Em suma, por causa de uma baixa inovação e baixa
competitividade.
E isso ocorre num país que, pela facilidade de se abastecer
competitivamente de todos os componentes das cadeias produtivas, não tem
desculpa alguma - salvo a da ignorância ou curta visão - para se deixar ficar
para trás novamente. Estudos recentes de Regis Bonelli, consultor e pesquisador
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no Rio de Janeiro, apontam
para que algo na faixa de 22% de participação da indústria no PIB seria o
razoável.
O déficit de US$ 90 bilhões na balança comercial do segmento
industrial expressa o desmonte de vários setores industriais por falta de
isonomia na competição com o exterior. Significa dizer que voltamos a ser uma
fazenda exportadora de produtos de baixo valor agregado. Que não voltemos a ser
a correspondente expressão política: um regime centralizador, autoritário,
repressor das liberdades e da democracia. Para isso, a reação tem de começar
pelo fortalecimento da atividade empresarial moderna e privada, tarefa que
requer uma atuação muito mais proativa das associações empresariais e da
sociedade.
É VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INFRAESTRUTURA E
INDÚSTRIAS DE BASE (ABDIB)
Abraço e Sucesso a Todos
Olimpia Pinheiro
Consultora Executiva
(91)8164-1073
CRA-PA/AP 3698
CRECI-PA/AP 6312
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*Se você precisar de informações sobre consultoria de gestão organizacional:
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*Se você precisar de informações sobre cinema:
3- Cinema Como Recurso Pedagógico.
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