sábado, 14 de abril de 2012

ESTRESSE MENTAL, QUANDO O TRABALHO PESA

Segundo o pesquisador César Martínez Plaza, autor do livro "Estresse: aspectos médicos", no ambiente de trabalho há cinco tipos dessa doença, desde o grau mais leve, que é a hiperatividade emocional, até o mais severo, que é conhecido pelo nome japonês de "karoshi" e pode chegar a ocasionar a morte devido ao excesso de trabalho em ambientes extremamente exigentes(Efe)
Por Efe, 3/4/2012 12:46

Um transtorno profissional cujo diagnóstico e classificação ainda estão em desenvolvimento é a mais recente das doenças ligadas às novas tecnologias: o estresse mental. Quando os níveis de exigência, esforço psicológico e atenção se tornam excessivo, o trabalhador termina mentalmente esgotado.

Por María Jesús Ribas
Da Efe


Os computadores, os robôs, os sistemas de telecomunicações, a informação, as redes wi-fi, o e-mail e a automatização revolucionaram o mundo da produção, o comércio e o trabalho, mas também apresentam um lado obscuro para quem precisa utilizá-los.

Se as doenças ligadas às novas tecnologias são uma das novidades mais recentes na medicina do trabalho, o estresse mental, transtorno relacionado aos elevados níveis de atenção, concentração e esforço intelectual que o desenvolvimento tecnológico impõe ao trabalhador, é uma das últimas incorporações aos catálogos das tecnodoenças.

"As doenças profissionais relacionadas às novas tecnologias que surgiram nos últimos anos são tão recentes que em alguns casos seu diagnóstico e classificação ainda estão sendo desenvolvidas", explicou o Antonio Iniesta, presidente da Associação Espanhola de Especialistas em Medicina do Trabalho (AEEMT).

Segundo um estudo recente da Universidade de Huelva (UH), na Espanha, o estresse mental está aumentando cada vez mais entre os trabalhadores.

Efe

Na opinião dos especialistas, este fenômeno se deve ao desenvolvimento tecnológico dos últimos tempos e à crescente terciarização (participação do setor terciário ou de serviços) do mundo laboral, que influíram decisivamente na evolução da carga de trabalho.

Cada vez mais o trabalho requer um contato menos direto com os materiais e sua transformação, o que fica a cargo de máquinas, robôs e outros dispositivos. Isso significa que o responsável por controlar o funcionamento correto deste equipamento deve estar atento a uma série de sinais, conhecer seu significado e acionar os comandos correspondentes para conseguir a operação desejada, explica a pesquisa da UH.

Mais atenção, mais pressão

Segundo Iniesta, a carga mental pode ser definida como a "quantidade de esforço mental usado para se conseguir um resultado concreto", e está ligada "à necessidade de processar um grande volume de informação e tomar decisões".

Estar informado e decidir exige do empregado um estado de atenção, ou uma capacidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo, que podem causar "altos níveis de pressão psicológica", segundo o presidente da AEEMT.

Efe

O diagnóstico de uma doença profissional depende "muito da relação causa-efeito", já que quando se trata de uma doença comum é fácil reconhecê-la, mas um mal causado por esforço mental o diagnóstico demora mais, explicou Iniesta.

O estresse laboral é o segundo problema de saúde mais frequente na União Europeia, depois dos transtornos músculos-esqueléticos, segundo uma pesquisa do Instituto Nacional de Segurança e Higiene no Trabalho da Espanha, que adverte que 50% dos trabalhadores sofrem desse problema.

No trabalho, esta desordem pode causar uma baixa da produtividade, um maior risco de acidentes e um aumento das faltas.

Segundo o investigador César Martínez Praça, autor do livro "Estresse: aspectos médicos", e especialista em segurança e higiene no trabalho, no ambiente laboral há cinco tipos dessa doença, desde o grau mais leve, que é a hiperatividade emocional, até o mais severo, que é conhecido pelo nome japonês de "karoshi" e pode chegar a ocasionar a morte devido ao excesso de trabalho em ambientes extremamente exigentes.
Segundo um estudo canadense no qual participaram 6.719 homens e mulheres de negócios, entre 18 e 65 anos, trabalhar em empregos altamente estressantes pode elevar a pressão arterial quase dois pontos acima do normal.

"A exposição acumulada a trabalhos tensos aumenta a pressão sanguínea em homens de negócios, especialmente naqueles com baixos níveis de apoio social no trabalho", segundo a doutora Chantal Guimonte e sua equipe da Universidade de Laval, em Québec, no Canadá.


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