Efe
3/4/2012 12:46
Um transtorno profissional cujo diagnóstico e classificação ainda estão em desenvolvimento é a mais recente das doenças ligadas às novas tecnologias: o estresse mental. Quando os níveis de exigência, esforço psicológico e atenção se tornam excessivo, o trabalhador termina mentalmente esgotado.
Por María
Jesús Ribas
Da Efe
Da Efe
Os computadores, os robôs, os sistemas de telecomunicações, a
informação, as redes wi-fi, o e-mail e a automatização revolucionaram o mundo da
produção, o comércio e o trabalho, mas também apresentam um lado obscuro para
quem precisa utilizá-los.
Se as doenças ligadas às novas tecnologias são uma das
novidades mais recentes na medicina do trabalho, o estresse mental, transtorno
relacionado aos elevados níveis de atenção, concentração e esforço intelectual
que o desenvolvimento tecnológico impõe ao trabalhador, é uma das últimas
incorporações aos catálogos das tecnodoenças.
"As doenças profissionais relacionadas às novas tecnologias que
surgiram nos últimos anos são tão recentes que em alguns casos seu diagnóstico e
classificação ainda estão sendo desenvolvidas", explicou o Antonio Iniesta,
presidente da Associação Espanhola de Especialistas em Medicina do Trabalho
(AEEMT).
Segundo um estudo recente da Universidade de Huelva (UH), na
Espanha, o estresse mental está aumentando cada vez mais entre os
trabalhadores.
Na opinião dos especialistas, este fenômeno se deve ao desenvolvimento tecnológico dos últimos tempos e à crescente terciarização (participação do setor terciário ou de serviços) do mundo laboral, que influíram decisivamente na evolução da carga de trabalho.
Cada vez mais o trabalho requer um contato menos direto com os
materiais e sua transformação, o que fica a cargo de máquinas, robôs e outros
dispositivos. Isso significa que o responsável por controlar o funcionamento
correto deste equipamento deve estar atento a uma série de sinais, conhecer seu
significado e acionar os comandos correspondentes para conseguir a operação
desejada, explica a pesquisa da UH.
Mais atenção, mais
pressão
Segundo Iniesta, a carga mental pode ser definida como a
"quantidade de esforço mental usado para se conseguir um resultado concreto", e
está ligada "à necessidade de processar um grande volume de informação e tomar
decisões".
Estar informado e decidir exige do empregado um estado de
atenção, ou uma capacidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo, que
podem causar "altos níveis de pressão psicológica", segundo o presidente da
AEEMT.
O diagnóstico de uma doença profissional depende "muito da relação causa-efeito", já que quando se trata de uma doença comum é fácil reconhecê-la, mas um mal causado por esforço mental o diagnóstico demora mais, explicou Iniesta.
O estresse laboral é o segundo problema de saúde mais
frequente na União Europeia, depois dos transtornos músculos-esqueléticos,
segundo uma pesquisa do Instituto Nacional de Segurança e Higiene no Trabalho da
Espanha, que adverte que 50% dos trabalhadores sofrem desse problema.
No trabalho, esta desordem pode causar uma baixa da
produtividade, um maior risco de acidentes e um aumento das faltas.
Segundo o investigador César Martínez Praça, autor do livro
"Estresse: aspectos médicos", e especialista em segurança e higiene no trabalho,
no ambiente laboral há cinco tipos dessa doença, desde o grau mais leve, que é a
hiperatividade emocional, até o mais severo, que é conhecido pelo nome japonês
de "karoshi" e pode chegar a ocasionar a morte devido ao excesso de trabalho em
ambientes extremamente exigentes.
Segundo um estudo canadense no qual participaram 6.719 homens
e mulheres de negócios, entre 18 e 65 anos, trabalhar em empregos altamente
estressantes pode elevar a pressão arterial quase dois pontos acima do
normal.
"A exposição acumulada a trabalhos tensos aumenta a pressão
sanguínea em homens de negócios, especialmente naqueles com baixos níveis de
apoio social no trabalho", segundo a doutora Chantal Guimonte e sua equipe da
Universidade de Laval, em Québec, no Canadá.
Osvaldo Aires Bade
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