O alarme da casa tocou
pouco depois das 6 horas da manhã, numa rua típica do bairro do Pari, em São
Paulo. Era a última sexta-feira de agosto. A Polícia Militar logo chegou ao
local, na tentativa de evitar o que imaginava ser um assalto. Encontraram
policiais federais armados, usando marreta para arrombar os 14 cadeados que
trancavam o portão de ferro. Era a única casa da rua com cerca elétrica.
Comparada às demais, parecia um bunker, rodeado por uma dezena de câmeras de
segurança. A operação fora autorizada pela Justiça Federal com o objetivo de
investigar um grupo suspeito de movimentar ilegalmente mais de R$ 50 milhões em
cinco anos. ÉPOCA descobriu que os investigados formam uma célula especializada
em lavagem de dinheiro, suspeita de apoiar o terrorismo. Seus integrantes
defendem execuções em massa, a morte do presidente americano Barack Obama e o
Estado Islâmico, a mais perigosa organização terrorista da atualidade.
A operação Mendaz foi
planejada com discrição. Mencionou apenas o desbaratamento de uma rede de
empresas e CPFs falsos, montada para enviar dinheiro para fora do país sem
identificar quem recebe. Conduzida pela Diretoria de Inteligência da Polícia
Federal, a ação foi acompanhada pela Embaixada dos Estados Unidos, pela seção
comandada por Steve Moore, agente do FBI. Na manhã daquela sexta-feira, a
Embaixada de Israel também recebeu o informe da PF sobre a ação. Há um esforço
conjunto para rastrear as conexões do grupo no exterior. É a primeira vez que
uma operação da PF chega a um grupo tão estruturado de simpatizantes do terror
no Brasil.
No topo do esquema de
lavagem está o libanês Firas Allameddin (*). Em 2009, Allameddin tentou que o
governo brasileiro o reconhecesse como refugiado. Isso poderia evitar que ele
fosse expulso ou extraditado do Brasil. O pedido foi rejeitado. De acordo com
as investigações, o grupo de Allameddin se valia de empresas de fachada e nomes
falsos para enviar valores ao Líbano. O dinheiro provém, suspeita a PF, de
golpes na praça, como estelionato, cheques sem fundo e empréstimos fraudados.
O TERROR DO ESTADO ISLÂMICO JÁ ESTÁ NO BRASIL
PF descobre rede de apoiadores do Estado Islâmico em SP http://cinenegocioseimoveis.blogspot.com.br/2015/09/pf-descobre-rede-de-apoiadores-do.html.
Posted by Osvaldo Aires Bade on Terça, 8 de setembro de 2015
“Tal rede se utilizaria de informações falsas para a obtenção de documentos que
propiciaria a criação de pessoas físicas e jurídicas ‘fantasmas’ a fim de
promover a abertura de contas, solicitar cartões, realizar operações de câmbio,
remessa e saque de valores no exterior, ao arrepio das leis brasileiras”, diz a
decisão que autorizou as buscas.
Allameddin e seus
parceiros adotavam expedientes vários e dividiam tarefas no envio de dinheiro
ao Líbano. Allameddin usava três CPFs. Seu irmão Fadi criava identidades
falsas, com uma predileção por “Felipe”. Outro irmão, Toufic, pagava cartões de
crédito com valores acima da fatura, para o excedente ser sacado no Líbano.
Também usavam empresas de fachada. Uma casa de câmbio clandestina transferia
dinheiro para uma corretora, que o remetia ao exterior. A tática dificultava o
rastreamento.
(* O Fadi Allameddin mencionado nesta reportagem não é o DJ Fadi Allameddine)
PERIGO MULTIPLICADO
O libanês Firas Allameddin, investigado por lavagem de dinheiro (Foto: Reprodução)
O libanês Firas Allameddin, investigado por lavagem de dinheiro (Foto: Reprodução)
Imagens em seu perfil mostram simpatia ao terror (Foto: Reprodução)
A loja em que ele é sócio de outro suspeito (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)
A autorização para a investigação (Foto: Reprodução)
2. O atentado no Egito, em 1997, de que Eltrabily é um acusado (Foto: Reprodução)
3. O Supremo Tribunal Federal rejeitou o pedido de extradição feito pelo Egito (Foto: Reprodução)
Outra operação da Polícia Federal chegou a um muçulmano que vendia em Brasília
análises simpáticas ao terrorismo
O libanês e os outros investigados publicam na internet imagens a favor do
Estado Islâmico (EI), com vídeos com o anúncio do advento do califado – o
mítico Estado a unir muçulmanos sob um único governo e um único chefe, que o EI
acredita estar construindo, à base de matança, escravidão e estupros.
Allameddin divulga na internet imagens de execuções pelo EI, com tiros na
cabeça de prisioneiros. “Morram de inveja! O Estado Islâmico vai ficar para
sempre e vai se espalhar”, afirma um dos textos publicados por um irmão de
Allameddin. Corpos carbonizados são a imagem do perfil de Facebook de outro
parceiro do libanês, também investigado. Se a lei antiterrorismo brasileira já
estivesse aprovada, a situação deles poderia ser diferente – no projeto de lei
em tramitação no Senado, já aprovado pela Câmara, a pena seria de até 13 anos
de cadeia.
O grupo usava com frequência
uma corretora especialista em transferências de dinheiro, localizada no bairro
paulistano do Brás. Funcionários da agência relatam que os investigados davam
explicações diferentes para as remessas e ficavam irritados quando o sistema
não completava a operação. O grupo fazia transferências de baixo valor, sem a
necessidade de conta bancária. Só Allameddin fez cerca de 300 operações em
menos de dois anos, para enviar cerca de R$ 2,5 milhões ao Líbano. É algo como
um envio a cada dois dias, sempre abaixo de R$ 10 mil. Ficaram registrados na
corretora do Brás cerca de 20 destinatários dos repasses, mas sem detalhes,
apenas o primeiro nome. Pelas regras da agência, o limite diário é de US$
1.900. Basta fornecer um nome e a senha para que qualquer um, em outro país,
saque um valor em dinheiro vivo. Muitos saques foram feitos por Mohamed, um
nome tão comum no Líbano quanto José no Brasil.
A investigação da PF
começou a partir do egípcio Hesham Eltrabily para chegar à célula financeira de
Allameddin. Radicado no Brasil pelo menos desde 2002, Eltrabily leva uma vida
discreta como comerciante em São Paulo. Era parceiro comercial de Allameddin
numa loja chamada Nuclear Jeans. O local está fechado. Para o governo do Egito,
Eltrabily é um terrorista, acusado de participar de um atentado que matou 62
pessoas em 1997. O Egito pediu a extradição dele e justificou: “O réu liderou e
juntou-se a um grupo ilegal. Esse grupo usou o terrorismo para alcançar seus
objetivos, marcando e assassinando homens da segurança e personagens públicas,
bombardeando e destruindo instituições”. O Supremo Tribunal Federal negou o
pedido, em 2003. Queria descrição melhor dos crimes cometidos.
IMPORTADO
1. Hesham Eltrabily, acusado de terrorismo no Egito, vive como comerciante em São Paulo (Foto: Reprodução)
2. O atentado no Egito, em 1997, de que Eltrabily é um acusado (Foto: Reprodução)
3. O Supremo Tribunal Federal rejeitou o pedido de extradição feito pelo Egito (Foto: Reprodução)
A Operação Mendaz cumpriu
18 mandados de busca e apreensão. Agora, a PF analisa o material apreendido, para
desvendar com quem o grupo se comunicava no Líbano e se há, entre eles,
terroristas ou apoiadores do terror. Eltrabily, que morava no bunker no Pari,
tinha em casa dez celulares. ÉPOCA procurou suspeitos da investigação em 15
locais, em endereços residenciais e comerciais. As lojas estão fechadas ou não
existem. Nas residências, ninguém quis se identificar. A Embaixada dos Estados
Unidos disse que não se pronunciaria.
A Operação Mendaz não
foi a única, em poucos meses, a encontrar conexões com o terrorismo no Brasil.
A comunidade de informação foi alertada sobre o trabalho de Marcelo Bulhões,
membro da comunidade muçulmana sunita em Brasília. Bulhões vendia informações
sobre muçulmanos, embaixadas e agências de inteligência, segundo os
investigadores. Seu tema preferencial era o terrorismo. Não era uma atuação
discreta: oferecia relatórios a quem quisesse pagar.
O caso, contudo, foi
enquadrado pela PF como falsificação de documentos. Isso porque Bulhões colocou
em seus relatórios brasões oficiais. As informações produzidas por ele traziam,
segundo os investigadores, “o perfil característico de simpatizantes,
apoiadores e operativos terroristas”.
No informe, a PF alertou as embaixadas de
que tais relatórios não tinham nenhuma chancela de órgão brasileiro. “Marcelo
se vale de seu acesso à comunidade islâmica para angariar dados e produzir, com
base em seu interesse pessoal, informações que serão oferecidas a serviços de
inteligência brasileiros e estrangeiros. O objetivo é fazer dessa dinâmica de
venda de informações seu meio de vida”, diz o alerta enviado.
Além de emitir análises
simpáticas a organizações perigosas e falsificar documentos, Bulhões também
adotava táticas similares às de um agente duplo, segundo o documento enviado
pela PF às embaixadas. “É sabido também que Marcelo não hesita em oferecer
informações sobre um ‘cliente’ a outro. Deste modo, na medida em que angaria a
confiança de um Serviço, brasileiro ou estrangeiro, passa a vender a outras
informações que produz a respeito deste Serviço, atuando como um ‘agente
duplo’”, afirma a PF. Há uma agravante: Bulhões era advogado e, entre seus
clientes, estavam integrantes da comunidade sunita. Como advogado, ele não pode
vender informações sobre seus clientes.
No dia 24 de abril, a
PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Bulhões. Foi empregado todo
o aparato de um filme de ação, com o grupo antibomba e apoio de policiais do
Comando de Operações Táticas, a tropa de elite da PF. A situação chamou a
atenção da vizinhança. Levantou-se a suspeita de que a operação seguia os
protocolos de uma ação antiterrorismo. A PF nunca negou. Procurado, Bulhões
disse, por meio de seu advogado, que não vendia informação. “O senhor Bulhões é
advogado atuante na área de imigração e, por tal motivo, mantém contato com
diversas embaixadas e órgãos públicos. Além de sua atividade profissional,
Bulhões não tratou nem repassou informação ou documento a qualquer
representação diplomática e nunca divulgou informação referente a seus
clientes. As questões do processo tramitam em segredo de Justiça, e aguardamos
que o mal-entendido seja esclarecido judicialmente”, afirmou o advogado Ariel
Foina.
As investigações
seguirão na trilha dos crimes financeiros, no caso da Mendaz, e de falsificação
de documentos, no caso do agente duplo – mesmo que a PF e a Justiça saibam que
as suspeitas são de atos muito mais perigosos. No Brasil, não são crimes o
terrorismo nem o apoio a ele, muito menos a apologia. Se o projeto de lei
aprovado pela Câmara estivesse em vigor, a pena mais leve seria de quatro a
oito anos de detenção, para o crime de apologia. Atentados terroristas seriam
punidos com 12 a 30 anos de prisão – ou seja, em qualquer caso, a punição seria
sempre em regime fechado. Pela lei, todos que fossem condenados a mais de oito
anos de prisão, por qualquer desses crimes, ficariam obrigatoriamente em
presídio de segurança máxima.
A um ano das Olimpíadas
no Rio de Janeiro, o governo aguarda uma definição do Congresso para colocar,
em lei, o que é um atentado terrorista, o que configura apoio a atividades
terroristas e o que significa a apologia desse tipo de causa. A discussão,
contudo, esbarra numa polêmica descabida: o receio de que movimentos sociais
possam ser enquadrados. Enquanto isso, o crime de terrorismo fica, no Brasil,
num limbo jurídico. Restando à Justiça, por enquanto, enquadrar os casos em
outras leis, com penas mais leves do que se tais agressões à sociedade fossem
classificadas como terrorismo.
Os Europeus ainda vão entregar suas filhas e mulheres para os islâmicos
Com dois dias de chuva imigrantes muçulmanos na fronteira da Macedônia recusam-se a recolher a comida porque é da cruz vermelha e a cruz simboliza o cristianismo.Entendendo a invasão de imigrantes islâmicos na Europa http://cinenegocioseimoveis.blogspot.com.br/2015/09/entendendo-invasao-de-imigrantes.html.
Posted by Osvaldo Aires Bade on Domingo, 6 de setembro de 2015
depoimentos e entrevistas não existem nessa matéria????
ResponderExcluirFazemos o que pudemos não temos dinheiro de ninguém - nem em forma de doação
ExcluirAbração
Acabei de melhorar muito a postagem
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