quarta-feira, 25 de março de 2015

Especialistas alertam contra estigmatização de depressão em caso da Germanwings

Nas manchetes de jornais em todo o mundo aparece a afirmação de que o copiloto do avião da Germanwings, Andreas Lubitz, sofria de depressão.
O tablóide britânico Daily Mail, no entanto, foi mais além: "Piloto suicida tinha longo histórico de depressão – por que o deixaram voar?"
Ainda não se sabe exatamente o que aconteceu nos momentos finais do voo 4U 9525. O que sabemos é que na terça-feira, o avião foi deliberadamente pilotado para uma colisão nos alpes franceses, matando 150 pessoas.

Na sexta-feira, os investigadores revelaram que atestados médicos rasgados foram encontrados na casa de Lubitz, inclusive um para o dia do acidente, que a Germanwings diz não ter recebido.
Um hospital alemão confirmou que ele havia recebido tratamento médico em março e no mês passado, mas negou que o problema em questão fosse depressão.
A teoria de que uma doença mental teria afetado o copiloto ganhou espaço na mídia alemã, que cita documentos da autoridade nacional de aviação. Os documentos teriam dito que Lubitz sofreu um sério episódio depressivo durante seu treinamento para ser piloto em 2009.
No entanto, jornais britânicos que ligaram os problemas mentais de Lubitz a suas ações estão sendo acusados por especialistas e leitores de serem "simplistas demais".


'Tenho depressão e não quero matar pessoas'

Três dos principais grupos ativistas de saúde mental da Inglaterra – Mind, Time to Change e Rethink Mental Illness – divulgaram um comunicado em conjunto condenando a "especulação difundida" a respeito da condição do copiloto, dizendo que as manchetes contribuem "para o estigma que já existe ao redor dos problemas de saúde mental".
"Todo mundo está tentando entender o que aconteceu neste acidente terrível com o avião, mas há um perigo real de que a correlação que está sendo feita entre depressão e este ato seja muito simplista e não tenha provas suficientes", disse Paul Farmer, diretor executivo do Mind, à BBC.
"A impressão que se dá é a de que as pessoas com depressão podem ser perigosas, e não há nenhuma prova disso. Há milhares de pessoas que trabalham em cargos estressantes e importantes que lutam contra a depressão e fazem seus trabalhos muito bem."


Personalidades e ativistas britânicos criticam cobertura da imprensa sobre distúrbios mentais
A hashtag #Timetochange (Tempo de mudar, em português), que critica a cobertura da imprensa, está entre os assuntos mais comentados do Twitter britânico. Personalidades pedem que o acidente não confunda pessoas deprimidas com "assassinos".
O escritor Matt Haig disse no Twitter que "A depressão pode fazer com que a pessoa machuque a si mesma. Mas nunca fez – em 15 anos intensos – com que eu ou qualquer pessoa que eu conheço quisesse machucar outras pessoas".
No Brasil, já começam a repercutir nas redes sociais as manchetes de portais de notícias afirmando que o copiloto "tinha depressão"

Especulação

Promotores alemães afirmam que Lubitz escondeu detalhes de uma doença da empresa onde trabalhava, mas o tablóide alemão Bild diz que sua pesquisa sobre o passado de Andreas Lubitz sugere um histórico de depressão.
A Lufthansa, segundo o tablóide, teria afirmado que Lubitz interrompeu seu treinamento para ser piloto para receber tratamento médico. Fontes não nomeadas na empresa, citadas pelo tablóide, teriam afirmado que a interrupção foi causada por um problema psicológico.
No total, Lubitz teria feito tratamento psicológico durante um ano e meio durante o treinamento e diagnosticado, em 2009, com um "episódio depressivo severo".
A revista semanal Der Spiegel diz que investigadores teriam encontrado, no apartamento de Lubitz em Dusseldorf, provas de que ele sofria de um distúrbio psicológico. A revista, no entanto, afirma que não sabe exatamente que provas seriam estas.


Imprensa alemã diz ter relatos de que Lubitz sofria de depressão desde que treinava para ser piloto

Depressão poderia ter causado acidente?

A depressão é uma doença séria, que afeta cada pessoa de maneira diferente. Indivíduos que sofrem de depressão podem atingir um estado tal de alienação que são capazes de tentar tirar as próprias vidas – mas a maioria das pessoas deprimidas não tentaria causar dano a ninguém além de si mesmas.
A psicóloga britânica Jennifer Wild, da Universidade de Oxford, disse ao jornal The Times que que o "pensamento irracional" por trás das ações de Lubitz na cabine podem ter sido motivados por depressão causada por algum episódio traumático recente. "Talvez nesse estado ele não tenha considerado as consequências de suas ações, ou talvez não se importasse por estar consumido pela ideia de pôr fim a sua vida", afirma.
Wild diz ainda que o uso de drogas ou um acesso extremo de raiva também poderia explicar tais ações.
No entanto, o registro da caixa preta do avião mostra o que seria a respiração calma de Lubitz enquanto supostamente apertava botões que levariam o avião à queda. Isso levou à especulação de que o copiloto poderia ser um psicopata. No entanto, Wild explica que psicopatas geralmente evitam infligir dano a si mesmos.
"Devemos ter cuidado para não fazer julgamentos apressados", disse o professor Simon Wessely, presidente do Royal College of Psychiatrists, na Grã-Bretanha. "Se realmente for comprovado que o piloto tinha um histórico de depressão, precisamos nos lembrar que milhões de pessoas também têm, incluindo pilotos que conduzem voos com total segurança até muitos anos depois de serem tratados."
"A depressão geralmente é tratável. A maior barreira para que as pessoas consigam ajuda é o estigma e o medo de serem descobertas. Neste país, percebemos uma diminuição recente desse estigma e uma abertura maior para buscar ajuda. Recomendamos evitar decisões apressadas que podem tornar mais difícil que pessoas com depressão recebam o tratamento apropriado", alerta.

Conheça desastres aéreos que podem ter sido provocados intencionalmente por pilotos

Em 1999, 217 pessoas morreram na queda do voo 990 da Egyptair perto de Nova York

As autoridades francesas que investigam a queda do voo U4 9525 da Germanwings acusaram o copiloto do Airbus A320, Andreas Lubitz, de ter deliberadamente causado o acidente que matou 150 pessoas na última terça-feira.
A acusação volta a lançar luz sobre um dos maiores temores de companhias aéreas e autoridades de segurança: o de desastres causados por quem deveria evitá-los.
Desde a década de 1980, há pelo menos cinco casos em que conclusões de investigadores apontaram para ações deliberadas de pilotos em quedas de aeronaves.

1. Voo 740, Mozambique Airlines (2013)

Em 29 de novembro de 2013, o voo TM740 partiu de Maputo, a capital de Moçambique, para Luanda, em Angola, mas caiu no parque nacional de Bwabwata, na Namíbia, matando todas as 33 pessoas a bordo. De acordo com a investigação oficial, o piloto do Embraer 190, João Abreu, lançou o avião deliberadamente contra o solo, aproveitando a ida do copiloto ao banheiro. Tanto Abreu quanto o copiloto haviam passado por avaliações psicológicas recentes.

2. Voo 990, EgyptAir (1999)

Trinta minutos depois de decolar de Nova York para o Cairo, em 31 de outubro de 1999, o Boeing 767 da EgyptAir caiu de 36 mil para 19 mil pés em apenas um minuto, uma descida violenta o suficiente para partir a aeronave em pedaços, que caíram no Atlântico. Todas as 217 pessoas a bordo morreram. A investigação das autoridades americanas mostrou que o piloto, Gamal al-Batouti, repetiu diversas vezes uma frase em árabe associada à proximidade da morte antes de o piloto automático ter sido desligado e o avião mergulhar dos céus. Uma análise dos destroços do leme sugeriu que Al-Batouti empurrara o manche de pilotagem para baixo enquanto o copiloto tentara puxar o seu para cima. As autoridades egípcias, porém, jamais aceitaram a conclusão das investigações.

3. Voo 182, SilkAir (1997)

ATR 42
O ATR 42 era o avião que fazia o voo 630 da Royal Air Maroc, em 1994
Outro caso controverso. Em 19 de dezembro de 1997, um Boeing 737-300 da companhia indonésia SilkAir que fazia a rota entre Jacarta e Cingapura, caiu no rio Musi, na Indonésia, matando as 104 pessoas a bordo. Duas investigações obtiveram resultados diferentes: a coordenada pelas autoridades indonésias concluiu que era impossível determinar a causa do acidente, mas autoridades de segurança aérea americanas acusaram o piloto de deliberadamente iniciar uma descida suicida quando o copiloto saiu da cabine. As suspeitas aumentaram porque a caixa-preta que grava as vozes no cockpit foi desligada durante o voo.

4. Voo 630, Royal Air Maroc (1994)

Apenas dez minutos depois de decolar de Agadir, no Marrocos, para Casablanca, o avião ATR 42 da Royal Air Maroc que levava 44 pessoas a bordo se espatifou nas Montanhas Atlas, perdendo altura subitamente quando estava a cerca 16 mil pés de altitude. A investigação determinou que o piloto automático teria sido desligado deliberadamente pelo piloto, Younes Khayati.

5. Voo 350, Japan Airlines (1982)

Em sua aproximação final para a aterrissagem no aeroporto de Haneda, em Tóquio, o DC-8 da Japan Airlines caiu no mar depois de seu capitão, Seiji Katagiri, deliberadamente ter revertido a potência dos motores em voo - procedimento usado para frear a aeronave no solo. O avião acabou atingindo a água numa velocidade relativamente lenta. Apenas 24 dos 166 passageiros a bordo morreram. O capitão sobreviveu e foi a julgamento, mas foi absolvido por insanidade.

Norwegian Air muda regras para cabine após acidente da Germanwings

OSLO (Reuters) - A empresa aérea de baixo custo Norwegian Air anunciou nesta quinta-feira que mudou os procedimentos para garantir que sempre haja duas pessoas dentro da cabine durante um voo, após o acidente com um avião da companhia alemã Germanwings nos Alpes franceses.
"Nós estávamos planejando mudar nossos procedimentos, mas esse acidente acelerou a implementação. De agora em diante, duas pessoas da tripulação sempre estarão presentes na cabine", disse uma porta-voz da Norwegian Air.
Um copiloto da Germanwings se trancou sozinho dentro da cabine e realizou manobras para jogar o avião contra montanhas nos Alpes franceses, aparentemente de forma intencional, de acordo com um procurador público francês. [nL2N0WS0XT]
(Reportagem de Nerijus Adomaitis)
  
Esses camaradas são os maiores propagadores do comunismo no mundo (aqui)

Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões  Me Adicione no Facebook 

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