sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Aécio Neves é entrevistado no Jornal da Globo



Fonte: (aqui)
Encerrando a nossa série de entrevistas com os principais candidatos à presidência da República, hoje é a vez do candidato do PSDB, Aécio Neves. A ordem foi definida por sorteio na presença dos assessores dos candidatos.
Para atender a um pedido dos candidatos, ficou acertado que as entrevistas seriam gravadas. As gravações estão sendo exibidas na íntegra, sem qualquer tipo de edição ou corte. A entrevista com Aécio Neves foi gravada na noite desta quarta-feira (3).
PRIMEIRA PARTE 
SEGUNDA PARTE
William Waack: Boa noite, Aécio Neves, candidato pelo PSDB.
Christiane Pelajo: Boa noite, candidato.
William Waack: Eu vou fazer a primeira pergunta. O seu tempo começa a contar a partir de agora. Candidato, pela primeira vez em 20 anos o seu partido, o PSDB, corre o risco de não chegar ao segundo turno em uma disputa presidencial. Em que falhou o seu discurso de oposição?
Aécio Neves: Boa noite, William. Boa noite, Christiane. Boa noite, telespectadores. William, em primeiro lugar eu venho de uma terra que ensina muito cedo que eleição e mineração, o resultado só vem depois da apuração. Eu continuo extremamente confiante no projeto que nós temos para o Brasil, porque é melhor para o Brasil. Um projeto construído em amplos debates ao longo dos últimos anos, um projeto exequível, e acho que daqui por diante nós temos uma segunda eleição, a verdade é essa. Nós tivemos até 30 dias atrás uma eleição, ainda com o Eduardo entre nós. Infelizmente, com a tragédia que o abateu, o quadro mudou e eu sou o primeiro a reconhecer isso. Mas continuo acreditando nas mesmas coisas que acreditava lá trás, que é preciso nós termos um governo com qualidade, com responsabilidade, com coragem de tomar as decisões certas. Eu acho que no momento da eleição nós estaremos no segundo turno.
Christiane Pelajo: O senhor...
William Waack: Candidato, mas... Desculpe Chris, eu só vou...
Christiane Pelajo: Lógico, lógico.
William Waack: Nessa questão ainda um pouquinho mais e daí você entra. Candidato, mas é exatamente nessa mudança de uma eleição para outra, quando o senhor estava confortável em segundo lugar, que o senhor passou para o terceiro lugar. O senhor não conseguiu capturar isso que se detecta no eleitorado? Esse sentimento generalizado de mudança?
Aécio Neves: Olha, eu reconheço que hoje nós não temos uma situação tão confortável como tínhamos a 30 dias atrás. Mas o quadro mudou, a candidata é outra. O que eu acho que é essencial nesse momento, William, é nós reafirmarmos os nossos compromissos com o Brasil. O ano de 2015 e os anos vindouros serão anos difíceis para o Brasil e que não comportam improviso e mudança de posição ao sabor dos ventos. Eu tenho muita confiança que, no momento da decisão, a reflexão vai se dar em torno de duas candidaturas, porque, na minha avaliação, a atual presidente da República perderá as eleições. Perderá pelo conjunto da obra, pelos inúmeros equívocos do seu governo, pelo quadro extremamente perverso, do ponto de vista econômico, que ela deixará ao seu sucessor. E no campo oposicionista existe a nossa candidatura desde sempre na oposição a isso que está aí, e a candidatura da Marina, que terá que mostrar a consistência das suas propostas. E eu tenho dúvida exatamente sobre isso. Sobre a capacidade que ela terá de implementar, no prazo que se propõe, o conjunto de medidas ou de bondades que apresenta à população brasileira.
Christiane Pelajo: Mas candidato, o senhor não respondeu a pergunta do William. Como é que o senhor explica o fato de outro partido ter se apropriado desse desejo de mudança que a gente viu em pesquisas?
Aécio Neves: Olha, eu espero que no dia da eleição nós sejamos a mudança verdadeira. Christiane, eu vou lhe dizer de forma muito clara. A mudança, ela não se dá no dia da eleição. A mudança se inicia a partir do primeiro dia do mandato do próximo presidente da República. E é isso que eu tenho tentado colocar de forma muito clara. Nós temos o melhor projeto para que essa mudança, esse sentimento de mudança amplamente majoritário na sociedade brasileira, se confirme adiante. Nós hoje vivemos uma grande frustração. O Brasil comprou um bilhete falsificado de loteria. Uma grande gestora que colocaria o Brasil em ordem, controlaria a inflação e permitiria o Brasil a voltar a crescer. Isso não aconteceu e por isso acho que perderá a eleição. Temos uma nova candidata que se apresenta com um conjunto de propostas absolutamente inexequíveis do ponto de vista prático e terá que explicar isso. O custo das propostas já anunciadas até aqui, fora as que certamente virão ainda durante a campanha, significa um aumento de gasto de R$ 150 bilhões ao ano, 3% do PIB. Só tem uma forma de se fazer isso: aumentando a carga tributária, que ela diz que não vai acontecer. Então, eu acho que esse conjunto de propostas poderá se transformar amanhã em uma grande frustração à sociedade brasileira.
William Waack: Candidato, o senhor já colocou a conversa na economia. Esse é um ótimo tema para a gente explorar. Por exemplo, o senhor vem dizendo durante a sua campanha que o senhor será capaz de recuperar a confiança que o senhor disse que foi quebrada na atual administração da política econômica brasileira. Aí eu vou colocar algumas questões específicas. Por exemplo, o senhor está disposto a trabalhar com uma brutal alta dos juros? Ou o senhor vai esperar as coisas se colocarem mais ou menos nos trilhos, mesmo sabendo que a inflação, que o senhor inicialmente teria que combater com juros, vai corroendo o salário do trabalhador.

Aécio Neves: William, eu tenho a absoluta confiança, até pela clareza das nossas propostas, e fiz até um gesto de ousadia ao anunciar, obviamente se eleito, quem será o meu ministro da Fazenda, para sinalizar de forma muito clara que nós teremos uma política fiscal transparente e seremos o governo da previsibilidade. Hoje, você que conhece tão bem economia sabe disso, a inflação se move muito em razão das expectativas de que ela vai aumentar lá na frente. Em razão, em boa parte, dos preços represados que nós temos hoje. A nossa vitória, eu acredito, ela gerará um efeito oposto àquele que nós tivemos em 2002, com a vitória do presidente Lula, cercada de incerteza. Nós tivemos uma disparada do dólar, a inflação, que era em torno de 7% chegou a 12%. No momento em que o presidente incorpora os pilares macroeconômicos herdados do governo anterior, esquecendo obviamente o discurso da campanha, há uma estabilidade. A nossa vitória, certamente, ela já sinalizará claramente para a diminuição dos juros a longo prazo. Então, acho que o que o Brasil precisa fazer é retomar num ciclo de crescimento sustentável. Ninguém, melhor do que nós, tem a capacidade de fazer o Brasil voltar a crescer. E só crescendo, William, nós vamos resgatar a capacidade de gerar os empregos. Empregos de melhor qualidade do que aqueles que foram gerados nos últimos anos para melhorar os investimentos também na saúde, na segurança e na educação.

William Waack: Mas candidato, eu percebo o senhor na sua resposta lidando no terreno das expectativas. O que eu estou sentindo falta na sua resposta, são dos instrumentos práticos de combate à inflação em prazo rápido. Quais que o senhor vai usar, se o senhor evitou falar de alta de juros.
Aécio Neves: Eu acho que a simples chegada nossa é uma sinalização adequada em relação à inflação sim, por que... Eu usei um termo, que eu tenho usado muito William: previsibilidade. O nosso não será um governo de sustos, um governo...
William Waack: Com tanta expectativa.
Aécio Neves: Um governo de grandes planos, será um governo que sinalizará de forma muito claro para o mercado que as regras, inclusive de reajustes de preços, serão respeitadas e serão de conhecimento de todos. Hoje, nós temos uma expectativa gerada de inflação lá na frente em razão da imprevisilidade que é a marca do atual governo. Então, nós apontaremos para um cenário de estabilidade, de resgate dos investimentos, a partir do respeito às regras, aos contratos, o fortalecimento das agências reguladoras. O Brasil precisa resgatar a capacidade de investimento da sua economia. Nós hoje temos uma taxa de investimento em torno de 18% do PIB, estagnada há muitos anos. Temos um projeto muito ousado, de fazer isso chegar em quatro anos, em torno de 24%.
Christiane Pelajo: Mas, candidato, a princípio, caso o senhor seja eleito. O que o senhor pretende fazer? A gente sabe que candidato algum em lugar nenhum do mundo tem coragem de dizer na prática o que ele pretende fazer, porque ele teme perder votos. A gente queria que o senhor quebrasse essa tradição aqui no Jornal da Globo. Tá na hora de suor, sofrimento e aperto?

Aécio Neves: Christiane, eu acho o suor, sofrimento e aperto os brasileiros já estão sentindo na pele. A inflação está aí de volta. A inflação de alimentos já está em dois dígitos há mais de um ano e ela corrói entre 35%, 40% do salário daqueles que menos têm. O Brasil está em recessão. Esse é o termo. Técnica ou não, o Brasil está em recessão. Então, o aperto já foi feito por esse governo. O que nós temos é que estabelecer uma nova política econômica que permita o Brasil voltar a crescer. Nós crescemos nesse ano apenas mais do que a Venezuela na nossa região. No ano passado, fomos os últimos. Isso não se justifica para um país com as potencialidades do Brasil. A nossa indústria foi embora. Nós, hoje, temos uma participação da indústria no nosso PIB que nós tínhamos na época de Juscelino Kubitschek, em torno de 13%. O Brasil não pode, William, se contentar em ser, Christiane, o país do pleno emprego de dois salários mínimos. Que transformação nós vamos fazer na nossa realidade e na realidade, sobretudo, daqueles mais pobres? Então, eu acho que o Brasil vai viver o encerramento de um ciclo. Isso é um fato. As pesquisas mostram e é um sentimento que se colhe Brasil afora. Das duas alternativas colocadas para iniciar um novo ciclo, vão ter que ser dissecadas. As pessoas vão ter compreendê-las na sua inteireza, na sua profundidade. Um conjunto de boas intenções não resolve os problemas do Brasil. E nós temos o melhor time, os melhores quadros e a melhor proposta para o Brasil voltar a crescer.
Christiane Pelajo: Candidato, na entrevista ao Jornal Nacional o senhor falou em realinhamento de preços públicos. A gente queria que o senhor fosse um pouco mais claro em relação a isso. O que o senhor quis dizer com realinhamento de preços públicos?
Aécio Neves: Olha, nós sabemos que temos hoje preços represados de combustíveis, de energia elétrica e de transportes públicos. Tem que haver regras claras e isso não será feito do dia para noite, mas regras claras que permitam à economia se mover sem sustos. O que eu tenho dito é que o meu governo será o governo das regras claras, da previsibilidade. Essa receita do atual governo, de conter a inflação através do represamento de determinados preços, isso deu errado desde a década de 80, e nós temos que soltar a tampa dessa panela de pressão, mas sem sustos. Nenhuma candidatura está em melhores condições, pelos quadros que nós temos, pelo que eles inspiram nos mercados, de fazer isso, de garantir previsibilidade, para que nós possamos retomar os investimentos, voltar a crescer, termos a médio e longo prazo uma redução da taxa de juros e focarmos naquilo que esse governo jamais focou: no centro da meta da inflação. Esse governo trabalhou o teto da meta como se ele fosse o centro, e é por isso que nós estamos com a inflação saindo de controle e um crescimento tão baixo da nossa economia.
William Waack: Candidato Aécio, o senhor está em campanha, como todo político em campanha, o senhor trata de levar a cada um daqueles grupos que o senhor acha que podem ser vantajosos do seu ponto de vista de captação de votos, promessas, acena com projetos, e a sua própria descrição da situação da economia brasileira, sugere que caso o senhor seja eleito, o senhor vai encontrar uma situação difícil, com pouca arrecadação, com a inflação ainda andando alto e com o país com baixo crescimento. Aí é que eu lhe cobro o realismo das suas promessas, diante do próprio quadro que senhor descreve.
Aécio Neves: William, as nossas são realistas, as nossas não enganam, até porque eu não estou assumindo compromissos pontuais, como assumiu, por exemplo, a candidatura de Marina. Eu vou repetir o número: são R$ 150 bilhões por ano. O orçamento da saúde pública no ano passado foi em torno de R$ 83 bilhões, nem todo executado, é fato. Então a nossa é realista. E economia é confiança. Nós temos as condições que as outras candidaturas não têm, até porque a da presidente perdeu e a da Marina não sabe exatamente o que significa isso, governar é com todos, com Lula, com Fernando Henrique. Então, chegou a hora de transformar estas bondades em projetos, eu acho que é isso que a sociedade brasileira vai cobrar da candidata Marina.
William Waack: Candidato, nós vamos fazer um breve intervalo e voltamos daqui a pouquinho. A gente vai estar de voltar com a segunda parte da entrevista com o candidato do PSDB Aécio Neves. Até já.
William Waack: Estamos de volta com a entrevista do candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves. Seu tempo volta a contar agora, candidato. Eu gostaria ainda de prosseguir em algumas questões específicas de economia, candidato, pegando, por exemplo, o salário mínimo. Ele é o indexador de muitos dos benefícios sociais. Como o senhor está de acordo com a regra de reajuste do salário mínimo, qual é a sua intenção nesse caso então? Se a gente considera que o salário mínimo tem um enorme peso no buraco da previdência, o senhor vai tentar tirar o salário mínimo como indexador da previdência?

Aécio Neves: Não, nós não cogitamos isso, William. Inclusive, nós apresentamos um projeto que prorroga até o ano de 2019 o reajuste real do salário mínimo.

William Waack: Isso do salário. Eu estou tô falando do peso que ele tem na previdência.

Aécio Neves: Isso... vamos lá. Vamos lá. Não, mas eu estou te respondendo com a forma absolutamente clara. Não pensamos nessa desindexação. Isso foi uma conquista que vai ser mantida. Agora, é preciso que fique claro que o reajuste real do salário mínimo, por exemplo, do ano de 2016, daqui a dois anos, já está precificado. Porque ele será exatamente o crescimento da economia nesse ano. Então, nós podemos ter um reajuste real negativo, nulo, que é o que vai acontecer daqui a 16, daqui a dois anos. Eu digo isso para enfatizar a necessidade, William, de recolocarmos o Brasil na rota do crescimento. E crescimento não se faz sem confiança, sem respeito à regra, sem respeito a contratos, sem nós reorganizarmos a economia. Todos os indicadores nos últimos meses, da Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, existem outros, mas esse é, tem uma credibilidade maior, mostram que os empresários da indústria, do comércio, do setor de serviços a cada ano têm uma visão mais negativa, de menor confiança em relação aos investimentos futuros. Esse governo que está aí, o governo da presidente Dilma, não tem mais condições de sinalizar pra retomada do crescimento da nossa economia. Por isso, ela vai perder as eleições e eu espero estar no lugar dela.
William Waack: Há uma série de bombas-relógio colocadas aí no caminho de quem quer que seja o próximo presidente. No seu caso, candidato, voltando a questão da previdência, do salário mínimo, da indexação de benefícios, o senhor tem um outro problema que são as centrais sindicais, suas aliadas, lhe solicitando que acabe com o Fator Previdenciário. O que, segundo alguns especialistas, tornaria o déficit da previdência ainda menos controlável. O que o senhor quer fazer com o Fator Previdenciário afinal?
Aécio Neves: Olha, eu quero discutir com as centrais sindicais. Eu não estou assumindo esse compromisso. Eu poderia até fazê-lo, mas seria leviano da minha parte fazê-lo neste momento e sem estar, enfim, de posse, na posse da presidência da República. Na verdade, o que nós temos discutido com as centrais, com a Força Sindical em especial, são formas de garantir ao aposentado algum ganho real, além daqueles que os assalariados estão tendo. Nós, inclusive, apresentamos uma proposta que permite acrescentar à correção que já existe hoje, já prevista, um cálculo baseado no aumento médio da cesta de medicamentos, que obviamente são consumidos em maior escala pelos aposentados. O que nós vamos ter é uma relação absolutamente transparente com as centrais sindicais e vamos, sobretudo, fazer o Brasil crescer. Porque crescendo o Brasil, William, todo mundo ganha.
Christiane Pelajo: Mas candidato, isso piora ainda mais a conta da previdência, que tá caminhando para algo insustentável, quase insolúvel aqui no Brasil.
Aécio Neves: Mas é, não, essa nossa proposta é o contrário. O custo é muito pequeno, o custo seria alguma coisa em torno de R$ 1,5 bilhão ao ano, nada que impacte na previdência como um todo.
William Waack: O senhor tem dito em reuniões com empresários que o Brasil tem um custo enorme da mão de obra, sobretudo por força da nossa legislação trabalhista. Esse é um dos assuntos mais espinhosos para qualquer político em campanha, mas eu não vou evita-lo. Ao contrário, eu gostaria de confrontá-lo. O senhor considera a CLT intocável, mesmo afirmando que está na carga que um empregador paga, por funcionário que emprega, um dos maiores problemas para o custo do Brasil?
Aécio Neves: William, eu, como você certamente se lembra, estive na Constituinte. Eu fui um dos signatários da Constituição de 1988 que consagra os direitos trabalhistas. E essa é uma conquista da sociedade brasileira que não pretendo alterar. Agora, desde que haja disposição das partes de negociar, isso tem que ser estimulado por qualquer governo, em razão de especificidade de cada categoria. Sem obviamente afrontar os direitos trabalhistas.
William Waack: Disposição das partes em negociar, candidato, significa que o senhor está empurrando o problema um pouco com a barriga para os outros.
Aécio Neves: Não, essa questão não pode ser arbitrada pelo governo. Ela terá que ser negociada entre as partes...
William Waack: Mas o sinal é seu.
Aécio Neves: Atendendo aos interesses em primeiro lugar dos trabalhadores. Eu jamais serei o presidente que vai retirar os direitos conquistados dos trabalhadores brasileiros.
Christiane Pelajo: Quer dizer, nesse momento aí, cabe uma pergunta: Qual é o Aécio que está valendo? Aquele que quer botar o Brasil no trilho ou, como disse o William, aquele que quer empurrar com a barriga os problemas que são mais difíceis e insolúveis, quase?

Aécio Neves: Chris, eu estou preparado para botar o Brasil no trilho, na forma que eu acho mais adequada, sem limitar ou retirar dinheiro dos, direito dos trabalhadores. Essas são conquistas, conquistas extremamente positivas. Eu serei o presidente que vai montar um time que vai permitir o Brasil resgatar a confiança perdida, voltar a crescer gerando empregos cada vez de maior qualidade e para minimizarmos os dramas que nós temos hoje em todas as áreas...

Christiane Pelajo: Mas como, candidato? Qual é a solução mágica? Como?

Aécio Neves: Previsibilidade. Previsibilidade. Por que, Christiane, que os investimentos deixaram de vir para o Brasil? Porque nós temos um governo intervencionista, que não respeita contratos e que não gera confiança nos parceiros do governo, que demonizou, durante os últimos dez anos, as parcerias com o setor privado. Um governo que se intrometia na taxa de retorno daqueles que investiam. E não há nada mais valioso na política do que o tempo. E o tempo perdido não volta mais. A experiência do PT no governo custou imensamente caro ao país. Por isso que eu temo uma nova, que uma nova inexperiência dentro do governo nos leve a uma nova frustração lá na frente.

Christiane Pelajo: Mas candidato, o senhor cobra de adversários do senhor sempre coisas mais concretas, programas mais concretos, criações mais concretas, mas o senhor não está apresentando aqui para gente ações concretas.
Aécio Neves: Christiane, nada mais concreto que a previsibilidade, do que o respeito aos contratos, do que resgatar as agências reguladoras, do que não maquiar as contas públicas, nada mais concreto do que uma política fiscal transparente, onde o superávit conseguido, será um superávit conquistado ano a ano e previsível para o ano seguinte, não como nós conseguimos no ano passado, do 1,9% do superávit primário da nossa economia, mais da metade foi construído com receitas que não se repetirão, libra, refis. Por exemplo, a previsibilidade é que vai permitir ao Brasil voltar a crescer, e essa é a chave do sucesso do nosso governo. Crescimento.
William Waack: Deixa eu voltar a mais um ponto específico, candidato. Por exemplo, o Brasil vive uma situação, é um paradoxo. O Brasil vive taxas históricas de desemprego baixas, nós temos regime de pleno emprego, e ao mesmo tempo um estouro dos benefícios ao desempregado, ou seja, o salário-desemprego. Nessa questão específica, por exemplo, nós estávamos falando, a Christiane estava perguntando sobre coisas concretas, o que o senhor pretende fazer? Que tipo de restrição, por exemplo, o senhor fixaria a concessão de benefícios como esse?
Aécio Neves: Nós estamos debatendo intensamente como reorganizar o seguro-desemprego. Existem exageros, sim, que têm que ser contidos. Nós estaremos, inclusive, até o dia 15 apresentando o nosso programa de governo, e esse é um capítulo que nós anunciaremos de forma muito clara como vamos fazer. Agora é preciso que na questão do emprego, eu vejo sempre esse discurso, William, de que nós temos hoje uma taxa de desemprego extremamente baixa.
William Waack: Bom, historicamente ela é.
Aécio Neves: Mas é preciso que nós olhemos o filme. Os empregos formais gerados no mês de julho foram os menores do século, comparados com o mesmo mês de julho dos anos anteriores. E isso vem acontecendo ao longo dos últimos quatro ou cinco meses. Qual é a leitura que nós temos? Economia que não cresce, não gera empregos. Então, o filme em relação ao emprego é também preocupante. Nós vamos ter taxas de desemprego crescendo pelos próximos meses.
Christiane Pelajo: Mas o senhor vai limitar, o senhor vai fazer algum tipo de restrição para fixar, para poder dar essa concessão do benefício?

Aécio Neves: Nós vamos organizar melhor o seguro-desemprego, que inclusive é uma criação do PSDB, do então deputado José Serra. O que nós queremos é ver aonde estão as falhas, aonde estão os exageros e corrigi-los. Como vamos fazer em todo o governo, em todos os programas. O programa tem que ter eficiência, o programa tem que dar resultado para ser mantido. Hoje, no Brasil, não há qualificação dos programas. Sejam os programas sociais e mesmo na condução, por exemplo, da política econômica no que diz respeito às desonerações. Não há um acompanhamento de que benefícios efetivos essas políticas públicas vêm trazendo ao Brasil. E muitas delas não trazem benefício algum a não ser para os beneficiários.

William Waack: Candidato eu queria chamar a sua atenção agora para um ponto que o senhor tem criticado bastante, que são os acordos comerciais que não existem, e que na sua avaliação da situação tornam o crescimento do Brasil ainda mais difícil. O que é que o senhor vai fazer eleito? O senhor vai telefonar pra Casa Rosada e depois o senhor vai telefonar para o palácio lá em Caracas e vai dizer aos dois principais parceiros do Mercosul que não são mais parceiros?
Aécio Neves: Olha, certamente não precisa ser dessa forma, mas política externa é, sobretudo, negociação. Na verdade, política externa em países desenvolvidos William, é negócio, é pragmatismo, é abertura de mercados. São negociações que beneficiem a nossa economia, os empregos gerados aqui. E o Brasil optou por um alinhamento ideológico na sua politica externa, meramente ideológico. O mundo está avançando, nós perdemos uma oportunidade extraordinária de consagrarmos um acordo com a União Europeia que possibilitaria nós duplicarmos a nossa, as nossas exportações de produtos do agronegócio para o conjunto dos países da União Europeia. Essa cota que foi aberta lá, já foi ocupada pela negociação com o Canadá e não se abrirá outra tão facilmente. Nós temos que ter uma política externa pragmática e eu defendo sim uma flexibilização nas regras do Mercosul, de união aduaneira passando a ser uma área de livre comércio. O Brasil não pode estar de mãos atadas, vendo a sua competitividade aqui diminuída e os seus mercados possíveis serem ocupados por outras nações concorrentes.
Christiane Pelajo: O senhor já disse várias vezes que vai diminuir à metade o número de ministérios. Antecipa aqui para a gente, quais são os ministérios que o senhor vai cortar? Quais ministérios vão desaparecer?

Aécio Neves: Olha, eu acho que metade do número atual de ministérios, alguma coisa em torno disso, é absolutamente razoável para o Brasil ser bem governado. Um ministério não significa que aquela determinada ação...

William Waack: Metade aí seriam 20, então?

Aécio Neves: Eu acho que uma coisa entre 20 e 23. Nós estamos em um primeiro desenho chegando em alguma coisa em torno de 23 ministérios. Porque não significa que uma determinada questão, determinada área deixe de ser respondida por um ministério, ela terá  menor eficiência. Ao contrário, terá maior. Inclusive, anunciei...

Christiane Pelajo: Mas quais vão desaparecer, candidato?

Aécio Neves: Eu anunciei, por exemplo, que o Ministério da Pesca vai estar dentro de um ‘Superministério’ da  Agricultura, do Agronegócio. Um ministério que tenha interlocução com a área da Fazenda, interlocução com a área de infraestrutura. Esse é um outro ministério, nós vamos apresentar o desenho de um grande Ministério de Infraestrutura, para o Brasil superar esse gargalo enorme à nossa competitividade hoje. Olha, eu tenho enorme confiança, Christiane, que hoje eu represento um projeto que o Brasil precisa viver. A mudança verdadeira, a mudança com começo, meio e fim, com quadros qualificados, nós é que temos condições de fazer. E repito: não é no dia da eleição que essa mudança vai se dar. Ela se dará a partir do primeiro dia do próximo mandato. E o Brasil não pode caminhar de frustração em frustração. Por isso, eu tenho muita confiança que, na hora certa, no dia 5 de outubro, nós estaremos no segundo turno. E, a partir daí, prontos para iniciar um virtuoso ciclo de crescimento e desenvolvimento social no Brasil.

William Waack: Candidato Aécio, muito obrigado pela sua entrevista. Boa noite para o senhor.

Christiane Pelajo: Obrigada. Boa noite.

Aécio Neves: Obrigado, Christiane. Obrigado.
Entrevista Aécio Neves GloboNews
 

Entrevista Aécio Neves ao Jornal Nacional 


Publicado em 12/08/2014
Nas eleições 2014, o Jornal Nacional abriu a série de entrevistas com candidatos a Presidência da República. O primeiro foi Aécio Neves (PSDB). Data: 11/08/2014. Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/n... Twitter: @WagnerEustaquio

Entrevista Eduardo Campos GloboNews - 12-08-2014: https://www.youtube.com/watch?v=17bo-...

Entrevista Aécio Neves a Globo News - 11/08/2014 no mesmo dia da Entrevista ao Jornal Nacional: https://www.youtube.com/watch?v=U4NYF...



Entrevista Eduardo Campos ao Jornal Nacional: https://www.youtube.com/watch?v=gVE5X...



Entrevista Aécio Neves GloboNews: https://www.youtube.com/watch?v=U4NYF...


Entrevista Dilma Rousseff ao Jornal Nacional 


Entrevisa Dilma Rousseff ao Jornal Nacional por souzaewagner no Videolog.tv.


Entrevista Pastor Everaldo ao Jornal Nacional



Entrevista Pastor Everaldo ao Jornal Nacional por souzaewagner no Videolog.tv.


  
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Dilma fugiu da entrevista do Jornal da Globo e as perguntas ficaram sem respostas!! COMPLETO

  


AMARELOU!



Dilma se recusou a participar da série de entrevistas com os candidatos no Jornal da Globo. A entrevista com a Presidente seria feita na noite de hoje. 


Edição do dia 02/09/2014 
03/09/2014 00h14 - Atualizado em 03/09/2014 00h39 
Dilma não participa da série de entrevistas com candidatos no JG 
Pelo sorteio, presidente seria a entrevistada desta terça-feira (2).
Marina Silva participou da série na segunda; na quarta será Aécio Neves.

Como faz desde 2002, o Jornal da Globo abriu na segunda-feira (1), com a candidata do PSB, Marina Silva, a série de entrevistas com os principais candidatos à presidência. Entendemos as entrevistas como ajuda para que o eleitor faça as suas escolhas.

A entrevista desta terça-feira (2), decidida por sorteio, seria com a candidata do PT, Dilma Rousseff, mas ela se recusou a dar a entrevista, naturalmente um direito dela. É a primeira vez que isso ocorre em se tratando de candidatos à presidência.

Em respeito aos telespectadores, vamos apresentar algumas das perguntas que seriam feitas a ela, evidentemente sem as réplicas que se fariam necessárias. Os telespectadores ficarão sem resposta, mas saberão o que pretendíamos tornar mais claro.

As perguntas são estas:

1ª - Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?

2ª - A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente, para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?

3ª - A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil no seu governo tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?

4ª - A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?

5ª - Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?

6ª - A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?

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Entrevista Eduardo Campos ao Jornal Nacional 



Publicado em 13/08/2014 12 08 2014
Entrevista Eduardo Campos ao Jornal Nacional

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