POR RODRIGO RODRIGUES
Escolhido nesta segunda-feira (30) como vice de Aécio Neves na chapa do PSDB à Presidência da República, o senador Aloysio Nunes Ferreira é um dos nomes fortes e cultos do tucanato paulista e ajudou a erguer o PSDB. 
Ex-militante do antigo PCB (Partido Comunista Brasileiro), Ferreira foi militante da esquerda armada e lutou contra a Ditadura Militar, fazendo parte da ALN – Aliança Libertadora Nacional, maior organização guerrilheira do Brasil naquela época.
A ALN era liderada por Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira. Ambos assassinados pelos militares.
A vida política do hoje senador por São Paulo começou em 1963, quando ele assumiu a presidência do tradicional Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP. 
Bacharel em Direito da turma de 1968, Aloysio Nunes caiu na clandestinidade atendendo pelo pseudônimo de 'Mateus'. Ele era motorista das ações clandestinas de Marighella, participando, inclusive, do assalto ao trem pagador da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em agosto de 1968.

Alvo de processo penal naquela época por terrorismo, Aloysio Nunes Ferreira foi condenado à revelia com base na antiga Lei de Segurança Nacional, fugindo para a França com passaporte falso. 
No exterior, coordenou as ligações da ALN com vários movimentos de esquerda do mundo, filiando-se, inclusive, ao Partido Comunista Francês em 1971.
O ex-guerrilheiro também negociou o treinamento militar de guerrilha de vários brasileiros na Argélia, tratando diretamente com o presidente argelino Houari Boumédiène, que governava o País na época com uma junta militar de esquerda.
Após a Lei da Anistia, Nunes Ferreira voltou ao Brasil e militou no PMDB, fazendo parte da turma de Orestes Quércia.
O senador também foi vice-governador de São Paulo de 1991 a 1994, eleito na chapa de Luiz Antônio Fleury Filho. Na época, acumulava a função de vice-governador com a de secretário estadual de Negócios Metropolitanos. 
Saiu do PMDB para o PSDB em 1997, partido que milita até hoje. Na época do governo Fernando Henrique Cardoso, Nunes ocupou o Ministério da Justiça e também a secretaria-geral da Presidência da República. 
Em entrevistas, o senador sempre disse que considera a entrada na luta armada um erro da juventude, apesar de nunca ter declarado – assim como Dilma Rousseff – que se arrepende dos atos daquela época. 

Bombeiro tucano

No PSDB, sempre atuou como bombeiro das várias crises internas do partido e dos rachas entre serristas, alckmistas e aecistas.
Amigo pessoal de José Serra desde os tempos da ditadura, defendeu a candidatura do tucano em 2010 e a realização de prévias antes de Aécio Neves ser alçado candidato natural à Presidência. 
Contrariando muitos tucanos, Aloysio Nunes Ferreira elogiou a presidente Dilma Rousseff quando a mesma resolveu criar a Comissão Nacional da Verdade (CNV) para investigar os crimes da época dos militares. 

Apesar do perfil progressista e desenvolvimentista, o senador paulista ganhou notoriedade nos últimos tempos por bate-bocas e incidentes com colegas da situação no Senado, e por defender a redução da maioridade penal.
No projeto apresentado por Nunes à casa, os jovens a partir de 16 anos seriam responsabilizados criminalmente quando cometessem atos hediondos como estupros, homicídios, tráfico e seqüestros.
Nos últimos meses, o perfil conciliar do senador deu lugar à um furioso membro da Tropa de Choque contra o governo federal, especialmente depois que o nome dele foi mencionado numa reportagem do jornal “O Estado de São Paulo” como suposto beneficiário do esquema de caixa 2 da empresa alemã Siemens.  
A Siemens é acusada de formar um cartel para superfaturar contratos com o Metrô e a CPTM de São Paulo. Aloysio Nunes Ferreira foi citado pelo ex-diretor da companhia, Everton Rheinheimer, em carta endereçada ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Na carta Rheinheimer diz que teve a oportunidade de presenciar o “estreito relacionamento do diretor-presidente da Procint, Artur Teixeira, com políticos” paulistas. 
Artur Teixeira é investigado como suposto operador do esquema. Entre os políticos que Rheinheimer se refere na carta estão Aloysio Nunes Ferreira, Jurandir Fernandes (atual secretário de Transportes Metropolitanos de SP), Rodrigo Garcia (ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado) e Edson Aparecido (atual secretário da Casa Civil de Geraldo Alckmin).
Em entrevista ao Terra Magazine, o senador negou qualquer participação e se disse vítima de um “grave erro do jornal”, porque simplesmente era Secretário de Transportes Metropolitanos do Estado entre 1991 e 1994.
Na denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República sobre o cartel de São Paulo ao Supremo Tribunal Federal (STF), o nome de Aloysio foi excluído de qualquer processo. No processo que corre no MP de São Paulo, o senador sequer é mencionado na denúncia.

De lá pra cá, entretanto, o tucano abandonou o tom de voz calmo e de diálogo, partindo pra cima dos petistas e membros da base de apoio do governo em qualquer denúncia de corrupção ou falha de administração.
O senador protagonizou, inclusive, um bate-boca com um blogueiro dentro do Senado, partindo para cima do rapaz aos gritos e berros de “vagabundo”. 
O blogueiro Rodrigo Grassi Cadermatori, conhecido como Rodrigo Pilha, foi detido pela polícia do Senado depois do episódio, acusado de agredir o senador tucano com uma garrafa de água. O senador disse na época que iria processar o rapaz.
Ao escolher um vice de São Paulo, Aécio reedita a velha política do 'café com leite', que durante anos revezou no poder um político  paulista e outro mineiro, sendo alvo principal das críticas de Getúlio Vargas ao ascender ao poder nos anos 30.





1º - A CAMPANHA SECRETA DE FHC PRÓ-LULA (aqui)
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2º - Diário do Olavo: Reinaldo Azevedo, vigarista e profissional da cegueira, e as mentiras contra o Cel. Ustra (aqui)
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3º - É MENTIRA DO PT - O PETISMO E SEUS ASSASSINATOS DE REPUTAÇÕES (DOSSIÊS). Quem mente rouba e quem rouba mata. (aqui)

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