AS
DROGAS E OS DITOS “PROGRESSISTAS”
A questão das drogas, desafortunadamente, se transformou num dos modos, deixem-me ver como escrever, da “luta contra o estado burguês” e “contra o império americano” (que estaria na origem da atual política de combate ao tráfico), embora seja uma causa levada adiante, no mais das vezes, por beneficiários do “estado burguês”… Ou alguém já viu um movimento de mães da periferia de São Paulo ou das favelas do Rio (em carioquês, diz-se “comunidade”…) em defesa da descriminação das drogas? Ora… Passeatas com esse conteúdo se fazem na Avenida Paulista e em Copacabana, não no Capão Redondo ou em Duque de Caxias…
Por Reinaldo Azevedo
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21/01/2013 às 16:07
A internação involuntária de viciados em crack expõe o fundo falso da tese daqueles que defendem a legalização — ou descriminação; nesse caso, tanto faz — das drogas. A questão é simples e objetiva: se se considera que o que chamam “liberdade de escolha” é o melhor caminho no caso da maconha, por exemplo, por que seria diferente com o crack? Os que vão às ruas marchar em defesa da erva poderiam tentar responder à questão. Mas não vão porque ficam com preguiça, acho…
Os defensores da maconha sempre foram muito hábeis no esforço de converter o seu vício ou o seu gosto num, sei lá como chamar, “direito fundamental” ou “exercício da liberdade individual”.
Ora, ninguém lhes tira o direito de consumir substâncias que podem lhes trazer danos. Continuam livres para isso — e há centenas de substâncias legais potencialmente danosas. No caso das drogas ilícitas, a sociedade escolheu um caminho que considera, atenção para isto!, mais seguro para ela, não para os consumidores individuais disso ou daquilo. “Mas a repressão também gera dificuldades…” Eu sei. Não há escolha que se possa fazer sem efeitos colaterais indesejados — nesse assunto ou em qualquer outro. O mundo sem óbices e dificuldades, leitor, é aquele dos seus devaneios; é um exercício solitário e incompartilhável.
O crack, porque se transformou na droga dos miseráveis, foi, na prática, legalizado. Seu consumo, na maioria das cidades brasileiras, se dá a céu aberto e sem repressão. Chegamos ao que se vê por aí. E assim é mesmo havendo uma forte interdição que é mais de caráter social e moral do que propriamente policial. Dá para imaginar como seria uma sociedade em que o consumo fosse livre. Aí um poeta ou outro do absurdo imagina: “É preciso descriminar o consumo, mas reprimir o tráfico…”. Entendo: querem liberar a demanda, mas restringir a oferta. No máximo, vão provocar inflação no setor…
Os ditos progressistas submeteram essa questão a uma inversão moral, coisa em que são especialistas. O drogado se tornou um “agente de direitos” como drogado. Ora, é claro que o assistem as garantias de que gozam os demais homens, mas não como membro de uma categoria apartada da sociedade. Um programa como a internação involuntária ou compulsória já implica um custo adicional para os demais indivíduos. Será sustentado com recursos púbicos, oriundos dos impostos dos que trabalham e produzem. A sociedade lhe dá, pois, suplementarmente a chance de se tratar, mas não está obrigada a ceder a reivindicações que potencialmente a destroem. “Mas destroem mesmo?” A resposta está nas áreas das cidades brasileiras que foram privatizadas pelo crack.
Código Penal
A questão das drogas, desafortunadamente, se transformou num dos modos, deixem-me ver como escrever, da “luta contra o estado burguês” e “contra o império americano” (que estaria na origem da atual política de combate ao tráfico), embora seja uma causa levada adiante, no mais das vezes, por beneficiários do “estado burguês”… Ou alguém já viu um movimento de mães da periferia de São Paulo ou das favelas do Rio (em carioquês, diz-se “comunidade”…) em defesa da descriminação das drogas? Ora… Passeatas com esse conteúdo se fazem na Avenida Paulista e em Copacabana, não no Capão Redondo ou em Duque de Caxias…
Há, assim, uma mistura de exacerbação do discurso da liberdade individual com um eco, santo Deus!, da luta de classes e do combate ao imperialismo. Trata-se de uma salada aloprada de conceitos. Já sou velho. Tenho 51 anos. Sou do tempo em que as esquerdas combatiam as drogas porque entorpeciam a consciência… Ainda que parecesse improvável ou impossível, as esquerdas pioraram muito…
Na era, no entanto, em que cada minoria acredita que pode impor aos outros as suas necessidades, reivindicando direitos especiais e reparações, também as drogas viraram objeto de militância. E esses militantes conseguiram vender a sua tese vagabunda. Aquela comissão de juristas que elaborou a estúpida proposta de reforma do Código Penal que está no Senado não fez por menos: além de propor a descriminação do consumo DE QUALQUER SUBSTÂNCIA, resolveu estabelecer um limite a partir do qual estaria caracterizado o tráfico. Quem portasse o suficiente para cinco dias de uso próprio não seria importunado pela polícia. Ora, para tanto, seria preciso definir a unidade, certo?, quanto se considera normal consumir em um dia… Quanto? Ah, não sei! Aí, creio, seria preciso criar uma nova estatal: uma Drogobras ou uma Anardroga (Agência Nacional de Regulação das Drogas). Depois de se indicarem uns “companheiros” para cargos de confiança, chegar-se-ia a esse quantum…
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Bem, tudo muito compreensível. É a mesma turma que decidiu que abandonar um cachorro é pior do que abandonar uma criança…(seus absurdos estão (aqui)
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