Scotti Pasquale teve sua prisão decretada em 1991, após condenação pela prática de diversos crimes entre 1980 e 1983
ANDREZA MATAIS - O ESTADO DE S. PAULO
26 Maio 2015 | 10h 44
Condenado à prisão perpétua pela Justiça de seu país, Pasquale Scotti estava foragido há 29 anos e usava identidade falsa
Atualizado às 14h25
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BRASÍLIA - A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira, 26, no Recife, Pasquale Scotti, o mafioso italiano mais procurado no País. Ex-chefe do braço armado da máfia italiana Camorra Napolitana, ele foi condenado à prisão perpétua pela Justiça na Itália e estava foragido havia 29 anos.
Scotti teve sua prisão decretada em 1991, após condenação pela prática dos crimes de porte ilegal de arma de fogo, resistência, extorsão e mais de vinte homicídios. Os crimes foram cometidos entre 1980 e 1983. Os integrantes da máfia liderada pelo italiano usavam armas de fogo, intimidação e ameaças.
Identidade oculta. Scotti levava uma vida reservada e sem ostentação. Segundo a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), ele escondeu até mesmo da mulher brasileira sua verdadeira identidade. Ao ser preso, ele disse aos policiais: "Pasquale não existe mais. Eu sou só o Francisco".
O criminoso ressaltou que não gostava de se lembrar do seu passado na máfia. Em 2005, em decisão mais recente da Justiça italiana, ele foi condenado à prisão perpetua por ter cometido uma série de 26 assassinatos na Itália, entre outros crimes.
A partir de agora, segundo a Interpol, os investigadores vão apurar se Scotti era sustentado pela máfia italiana no período em que permaneceu no Brasil.
"A prisão dele é considerada a mais importante entre os fugitivos até hoje. Ele é considerado um dos mais perigosos fugitivos italianos que ainda não tinha sido preso", afirmou Genaro Capulongo, diretor da Interpol na Itália.
No Brasil, Scotti adotou o nome de Francisco de Castro Visconti, identidade que lhe permitiu manter uma fábrica de fogos de artifício no Recife; além de fazer serviços de corretagem imobiliária para clientes estrangeiros por quase 30 anos sem ser incomodado.
"Ele mantinha uma vida de empresário. Estava casados há 18 anos e a família não sabia do passado dele. Ele não ostentava riqueza, fazia questão de ter uma vida reservada", afirmou o chefe da Interpol no Brasil e delegado da PF, Valdecy Urquiza Junior.
Scotti fugiu da Itália em 1984 quando estava custodiado em um hospital na cidade italiana de Casoria. A Interpol disse que não poderia informar por qual cidade brasileira ele ingressou no país porque as investigações ainda estão em curso.
Ao chegar ao Brasil, ele fez documentos como cadastro de pessoa física (CPF) e título de eleitor com base em uma certidão de nascimento falsa. A PF não explicou como ele conseguiu comprar os documentos falsos.
A Interpol no Brasil chegou a identidade do ex-chefe do grupo armado após receber informações da polícia italiana que teria levantado a pista em uma outra investigação de crimes na Itália.
"Com esses dados, passamos a monitorar uma pessoa e chegamos a conclusão que se tratava de Scotti", disse o chefe da Interpol. A identidade dele foi revelada com a comparação dos dados enviados pela Itália com o registro civil de Pernambuco.
Scotti está preso na Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco. A PF aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele seja transferido para um presídio comum. Também cabe ao STF iniciar o processo de extradição.
A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) conseguiu chegar ao mafioso por meio de comparação de digitais que comprovou que ele usava falsa identidade no Brasil, com o nome Francisco de Castro Visconti. O mafioso tinha até cadastro de pessoa física (CPF) e título de eleitor obtidos ilegalmente e se apresentava como empresário na capital pernambucana.
O STF determinou a prisão de Scotti menos de 24 horas após a Interpol formular o pedido. A partir de agora, as autoridades italianas darão início ao processo de extradição do mafioso.
- Como um mafioso italiano ficou 30 anos escondido no Brasil
(aqui)
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