Elwood McQuaid
Pequenos eventos muitas vezes são o reflexo de coisas maiores e mais importantes. Foi isso que me veio à mente quando li uma reportagem a respeito de Oscar Schindler – um industrial alemão, membro do partido nazista, que durante o Holocausto salvou 1.200 judeus da morte certa, caso fossem para os campos de concentração de Hitler. Atendendo a seu pedido, Schindler foi sepultado em Jerusalém, num cemitério localizado no monte Sião.
A reportagem informava que recentemente, na República Tcheca, durante uma reunião do conselho administrativo da região onde Schindler nasceu, seu nome foi retirado de um panfleto promocional de turismo. Nele constavam os nomes das pessoas importantes nascidas naquela parte do país, bem como seus feitos. De acordo com a reportagem, escrita por Karel Janicek e publicada na versão online do Jerusalem Post, certas pessoas daquela comunidade se empenharam muito para que o nome de Schindler fosse omitido.
Desse modo, Schindler foi considerado uma "figura controversa", tendo sido acusado de atividades não especificadas contra o Estado Tcheco. Os detalhes das acusações não foram divulgados. Tendo em vista que o industrial saiu da antiga Tchecoslováquia em 1939, os que defendiam a inclusão de seu nome no panfleto ficaram perplexos, sem entender em quais atividades antipatrióticas ele poderia ter se envolvido durante a guerra.
"Não sei o que motivou essa decisão", declarou o prefeito da cidade natal de Schindler. Ele acrescentou que, para muitos tchecos, Schindler é uma "figura controversa". Mesmo assim, o prefeito concluiu: "Mas ele salvou 1.200 judeus. Isso é um fato".
Com essa declaração, o prefeito certamente colocou seu dedo na ferida. Provavelmente não foram "atividades não especificadas contra o Estado Tcheco" que tiraram o nome de Schindler do panfleto publicitário, mas sim sua projeção internacional como herói genuíno da tragédia do Holocausto – o fato de que "ele salvou a vida de 1.200 judeus".
Também é inegável que o anti-semitismo está ressurgindo em muitas partes da Europa. Desse modo, tem ocorrido uma "reciclagem" da reputação de Adolf Hitler e de seu ódio demoníaco aos judeus, imortalizados nos registros do capítulo mais negro da história moderna: a II Guerra Mundial e o Holocausto.
Adolf Hitler perpetuou sua mensagem e sua crença em Mein Kampf [Minha Luta], livro que começou a escrever em 1923, quando estava na prisão. A obra foi concluída em 1927 e transformou-se na fonte inspiradora da filosofia de seu "Terceiro Reich" nacional-socialista. As idéias de Hitler eram a base de seu livro, em que escreveu: "Será mais fácil para as grandes multidões acreditarem numa grande mentira do que em uma pequena". Ele estava certo.
Novas Variações de uma Velha Mentira
Os ataques terroristas aos Estados Unidos e a Israel refletem o ódio arraigado que surge do eixo maligno anti-semita e antiamericano que tem se formado. |
Durante a década passada, acompanhamos o crescimento de idéias neonazistas na Alemanha, a militância dos skinheads em toda a Europa e nos Estados Unidos, juntamente com a publicação de novas edições de Mein Kampf. Além disso, o mundo inteiro testemunhou os vergonhosos ataques contra Israel e o povo judeu nas decisões das Nações Unidas e durante as conferências internacionais sobre o racismo. Agora, com o crescimento do islã radical e militante e a guerra ao terrorismo, surgiram novas variações [das acusações nazistas contra os judeus].
Em primeiro lugar, o mundo muçulmano passou a ver os Estados Unidos e Israel como seus inimigos inseparáveis: o "grande satã" e o "pequeno satã", seus adversários que precisam ser destruídos a qualquer custo. Elementos na imprensa árabe elogiam o Führer por ter iniciado um bom trabalho contra o "pequeno satã" (Israel), mas lamentam o fato dele não tê-lo concluído.
Em um panfleto intitulado "Graças por Hitler", produzido pela Al-Akhbar, uma das maiores empresas de comunicação do Egito, Ahmed Ragab escreveu: "Graças por Hitler, que vingou antecipadamente os palestinos dos mais hediondos criminosos da terra. Mesmo assim, culpamos Hitler por sua vingança não ter sido suficiente".[1] Quando questionado a respeito do artigo, o editor de Ragab deu uma explicação: "Você não deve levar o artigo ao pé da letra. Considere o seu sentimento, seu espírito".[2]
Com essa declaração, o editor revelou muito mais do que imagina. Esse mesmo espírito, ou "sentimento", se quiser chamá-lo assim, é o que motiva todos os anti-semitas. Como o autor do folheto deu a entender, seu problema não é apenas com Israel. Eles consideram todos os judeus do mundo culpados e os descrevem como "os mais hediondos criminosos da terra"[3], que merecem ser aniquilados.
A segunda variação [da grande mentira] é que os EUA freqüentemente são ligados aos nazistas e a Adolf Hitler; e, no mínimo, "o espírito, o sentimento" por trás das analogias é tão antiamericano quanto antijudeu. No Al-Ahram, outro importante jornal egípcio, o colunista Anis Mansour classificou o tratamento dado aos prisioneiros da Al-Qaida [na base americana de Guantánamo] em Cuba como sendo "algo pior do que Hitler fez com seus rivais judeus e cristãos".[4]
Abraham Foxman, diretor da Liga Judaica Anti-Difamação, classificou o artigo de "ultrajante". Ele disse: "Infelizmente, os jornais egípcios publicam com freqüência matérias sensacionalistas, temperadas com comentários a respeito do Holocausto que são inapropriados ou desavergonhadamente falsos".[5]
Uma outra distorção da história apareceu no Akher Sa’a, um semanário oficial egípcio, que publicou um artigo intitulado "Os Judeus são Sanguessugas e Tomarão Conta dos Estados Unidos". O repórter alegou que havia um documento arquivado no Instituto Franklin, na Filadélfia, provando que Benjamin Franklin não gostava de judeus. O chefe da biblioteca do Instituto negou a acusação e afirmou que o Instituto Franklin não possui tal documento. Sabe-se, porém, que o "documento" em questão, citado como prova, é uma falsificação feita pelos nazistas em 1935, quando foi publicado o livro anti-semita A Handbook on the Jewish Question [Manual da Questão Judaica]. Ele continha a alegação de que Franklin, um dos patriarcas da independência americana, fez comentários maldosos a respeito da imigração judaica durante um recesso na Convenção Constitucional, ocorrida na Filadélfia em 1789 (a Convenção realmente ocorreu, mas em 1787). As mentiras atribuídas a Benjamin Franklin foram:
Se eles [os judeus] não forem excluídos dos Estados Unidos pela Constituição, dentro de 100 anos tomarão conta deste país, crescendo tanto em número que irão nos controlar, destruir e mudar a forma de governo pela qual nós americanos derramamos nosso sangue e sacrificamos nossas vidas, propriedades e liberdades individuais... Se os judeus não forem expulsos, dentro de 200 anos nossos filhos estarão trabalhando nos campos para alimentar os judeus, enquanto eles continuarão contando dinheiro e esfregando as mãos com satisfação.[6]
Esses tipos de ataques sarcásticos contra Israel e os Estados Unidos continuaram após o presidente George W. Bush fazer seu pronunciamento à nação em janeiro de 2002. A mídia árabe comparou o discurso de Bush às declarações de Osama Bin Laden nas fitas de vídeo que passaram a ser divulgadas após os ataques de 11 de setembro. Bush também foi comparado a Hitler e ao vilão judeu Shylock, criado por William Shakespeare.
Abd Al-Bari Atwan, editor do jornal londrino Al-Quds, que é publicado em árabe, escreveu:
O presidente americano George W. Bush, que todos concordam ser negligente e sem experiência, afirmou no pronunciamento que fez ao povo americano... [ser] um líder sedento por sangue, que deseja declarar guerra contra metade do mundo para satisfazer um sentimento de vingança. Ele estaria em submissão ao doentio incentivo israelense que surge dos interesses defendidos pelo Estado hebreu – mesmo que para [satisfazer] esses interesses ele precisasse destruir o mundo inteiro.[7]
É ao mesmo tempo interessante e revelador que nessas críticas violentas nunca é dita uma palavra sequer sobre o fato de radicais islâmicos terem jogado aviões comerciais contra o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, assassinando mais de 3.000 pessoas inocentes, dentre elas muitos muçulmanos.
Igualmente revelador é o fato de que esses ataques frontais aos Estados Unidos e a Israel refletem o ódio arraigado que surge do eixo maligno anti-semita e antiamericano que tem se formado – algo que vai muito além dos seus principais representantes (Irã, Iraque, Coréia do Norte), segundo a identificação feita pelo presidente Bush.
Adolf Hitler aspirava criar uma nova religião: a Igreja Germânica, colocar em todos os púlpitos uma nova "bíblia" (o Mein Kampf),varrer os judeus da face da terra, destruir o cristianismo histórico e iniciar um império ariano que duraria mil anos. Na foto: prisioneiros em um campo de concentração nazista.
Eixo do Mal ou Trindade do Mal?
Essa "reciclagem" do espírito de Adolf Hitler e da acelerada obsessão pela destruição de Israel, e agora também dos Estados Unidos, vai muito além da depravação humana. Quando se observa as páginas negras da iniquidade humana, dificilmente se pode encontrar um exemplo mais preciso de alguém inspirado e dirigido demoniacamente do que Adolf Hitler. O fato de seu nome ter sido exaltado em publicações, glorificado na retórica de políticos ou mesmo citado com admiração em conversações é uma mancha e uma vergonha para nossa civilização. É estarrecedor saber que ainda há quem se inspire na sua sinistra habilidade de inundar a Europa com o sangue de milhões de inocentes.
O capítulo 13 do Apocalipse revela profeticamente a maligna trindade satânica: a "besta" (v. 1), o "dragão" (v. 2) e o "falso profeta" (v. 11). Essa passagem descreve a Grande Tribulação do final dos tempos, ou o "tempo de angústia para Jacó", segundo a profecia de Jeremias 30.7. Os objetos do ódio propagado por esse "eixo do mal" são o povo judeu e os santos da Grande Tribulação. Esse triunvirato estabelecerá uma religião mundial que desprezará o Deus do Antigo e do Novo Testamento e estabelecerá um império religioso reverente a Satanás.
O que é apresentado de forma concisa no Apocalipse é uma continuidade do que é ensinado em toda a Escritura. Seu alcance vai bem além do muito discutido "choque de civilizações" contemporâneas. Trata-se do confronto final entre o bem e o mal; dos filhos das trevas contra os filhos da luz; da conflagração de uma criação devastada e, é claro, da última parte do conflito entre Deus e Seu arquiinimigo, o diabo.
Adolf Hitler aspirava criar uma nova religião: a Igreja Germânica, colocar em todos os púlpitos uma nova "bíblia" (o Mein Kampf), varrer os judeus da face da terra, destruir o cristianismo histórico e iniciar um império ariano que duraria mil anos. O roteiro traçado por ele se desenrolou como uma fotocópia dos acontecimentos dos últimos dias descritos na Bíblia.
Hoje, 60 anos depois, estamos testemunhando uma "reprise" da mesma produção. A única diferença são os atores. Porém, o enredo continua o mesmo. Como sempre, ele envolve a aniquilação dos judeus e a tentativa de expulsá-los da terra que Deus lhes prometeu. Está provado que a contínua existência do anti-semitismo através da história é uma das grandes confirmações de como as Escrituras são precisas. Além disso, existe uma trama paralela: a determinação em destruir ou subjugar tudo aquilo que é popularmente conhecido como o "cristianismo ocidental".
No centro do palco estão os cristãos evangélicos. Esses são os que se basearam na autoridade das Escrituras, acreditando na santidade do plano que Deus traçou para Israel e para o povo judeu. Eles são os que se recusam a ser assimilados pelo consórcio mundial de seitas, pseudo-religiões e deuses pagãos que pretendem ser iguais ou superiores ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
Essas questões nunca mudam. Com o tempo, elas apenas se intensificam. O fato de que esses conflitos, antes limitados em sua abrangência, agora têm implicações globais, deveria abrir nossos olhos para entendermos qual posição ocupamos no palco da história humana. Quando vemos o espectro de Adolf Hitler inspirando um bando de tiranos a fazerem o pior que podem contra pessoas inocentes e pacíficas, deveríamos acordar para a seriedade da situação e perceber como as coisas estão avançadas. Que todos nós possamos entender isso. (Israel My Glory - http://www.beth-shalom.com.br)
Elwood McQuaid é editor-chefe de "The Friends of Israel".
AS VIÚVAS DE HITLER
O Jornal Árabe Londrino Al-Quds Al-Arabi publicou:
"O exército israelense, através de seu tratamento desumano para com mais de dois milhões de palestinos sitiados por terra, mar e ar, nos faz lembrar de um tratamento semelhante pelo exército nazista de prisioneiros judeus nos campos nazistas. A única diferença é que o exército israelense não enviou os palestinos para os fornos a gás, pelo menos ainda não"
Notas:
- Jasper Mortimer, "Egypt’s Al-Akhbar: ‘Thanks to Hitler"’, The Internet Jerusalem Post, 7 de fevereiro de 2002.
- Idem.
- Ibid.
- "ADL: Egyptian Paper’s US-Hitler Comparison ‘Outrageous"’, The Internet Jerusalem Post, 3 de fevereiro de 2002.
- Idem.
- "Egyptian Government Weekly Reproduces Nazi Propaganda Forgery", Special Dispatch 339 – Egypt/Arab Antisemitism, The Middle East Media Research Institute, 31 de janeiro de 2002.
- "Arab Media on the State of the Union Address: Bush Like Hitler, Bin Laden, and Shylock", Special Dispatch 341 – Jihad and Terrorism Studies, The Middle East Media Research Institute, 5 de fevereiro de 2002.Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões Me Adicione no Facebook
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