A Polícia Rodoviária prendeu três pastores da Igreja Mundial do Poder de Deus transportando sete fuzis para traficantes ligados ao Comando Vermelho.
LUIZ
ANTÔNIO RYFF
da Folha de S.Paulo, no Rio
"Paz, Justiça e Liberdade". A frase, que apareceu escrita no chão de terra do campo de futebol no complexo penitenciário do Carandiru e em outros presídios rebelados ontem em São Paulo, é o slogan do PCC (Primeiro Comando da Capital) e é usada pelo CV (Comando Vermelho), a mais conhecida organização criminosa do Rio.
"O pacto que há (entre os membros do comando) é a frase 'Paz, Justiça e Liberdade'. É o que o CV prega", afirma José Carlos Gregório, 51, condenado há 64 anos de prisão por assalto a banco, sequestro e roubo.
Autor do resgate do traficante José Carlos dos Reis Encina do presídio da Ilha Grande usando um helicóptero, o "Gordo", como Gregório ficou conhecido, foi uma das principais e mais famosas lideranças do CV nos anos 1980.
Ele foi um dos integrantes do "grupo", como é chamado o "comitê" que controla o CV.
Convertido em 90, "Gordo" atende hoje por "irmão Gregório" e vive em regime semi-aberto. "Hoje estou no Comando de Jesus", diz ele, que explica de modo singelo o uso pelo PCC do slogan criado pelo CV.
"Deve ser de algum carioca que, se sentindo com saudade, escreveu."
Gregório afirma que, no seu tempo, o CV tinha ramificações além do Rio. Mas é cuidadoso ao ser questionado se há ligação entre as duas organizações.
"Acredito que não, mas não posso afirmar que não", diz ele, que identifica o mesmo tipo de funcionamento do CV e do PCC.
Ao ser informado de que a rebelião em São Paulo atingiu 29 penitenciárias e cadeias públicas, com 15 mortos, Gregório dá um assovio.
"Puxa vida...Tá danado, heim?". E lembra a revolta que marcou o nascimento, em 1979, do CV _organização surgida a partir do convívio entre presos políticos e criminosos comuns.
"Quando o CV fez aqui a primeira rebelião, foram 21 que morreram", diz, explicando os objetivos do motim.
"Ou se acabava com os estupradores, com os assaltantes de cadeia e os achacadores ou nós não íamos a lugar nenhum. Tomamos a decisão de matar todos os chefes do Comando Jacaré e dos comandos que assaltavam e estupravam na cadeia. Então fizemos a nossa noite de São Bartolomeu", diz, aludindo ao massacre dos protestantes pelos católicos em 1572, em Paris.
Segundo a Secretaria de Justiça do Rio, há sete anos não há rebelião nos 27 presídios e penitenciárias do Estado.
Para o ex-coordenador de Segurança Pública do Rio, Luiz Eduardo Soares, as organizações fortes no sistema penitenciário, com ramificações externas, como o CV, o Terceiro Comando e o ADA (amigos dos amigos), funcionam como "formas de afirmação da unidade dos grupos criminosos locais e, simultaneamente, como recursos de diferenciação, no mercado das disputas por dinheiro e poder".
Segundo Soares, "fora das prisões, esses nomes são menos a representação de organizações sólidas, bem estabelecidas, do que linhas de demarcação que aproximam e opõem os atores coletivos, do mundo criminal. Quanto valem, de fato, depende do contexto, da circunstância específica, do tema em foco", salienta.
Leia especial sobre a rebelião
da Folha de S.Paulo, no Rio
"Paz, Justiça e Liberdade". A frase, que apareceu escrita no chão de terra do campo de futebol no complexo penitenciário do Carandiru e em outros presídios rebelados ontem em São Paulo, é o slogan do PCC (Primeiro Comando da Capital) e é usada pelo CV (Comando Vermelho), a mais conhecida organização criminosa do Rio.
"O pacto que há (entre os membros do comando) é a frase 'Paz, Justiça e Liberdade'. É o que o CV prega", afirma José Carlos Gregório, 51, condenado há 64 anos de prisão por assalto a banco, sequestro e roubo.
Autor do resgate do traficante José Carlos dos Reis Encina do presídio da Ilha Grande usando um helicóptero, o "Gordo", como Gregório ficou conhecido, foi uma das principais e mais famosas lideranças do CV nos anos 1980.
Ele foi um dos integrantes do "grupo", como é chamado o "comitê" que controla o CV.
Convertido em 90, "Gordo" atende hoje por "irmão Gregório" e vive em regime semi-aberto. "Hoje estou no Comando de Jesus", diz ele, que explica de modo singelo o uso pelo PCC do slogan criado pelo CV.
"Deve ser de algum carioca que, se sentindo com saudade, escreveu."
Gregório afirma que, no seu tempo, o CV tinha ramificações além do Rio. Mas é cuidadoso ao ser questionado se há ligação entre as duas organizações.
"Acredito que não, mas não posso afirmar que não", diz ele, que identifica o mesmo tipo de funcionamento do CV e do PCC.
Ao ser informado de que a rebelião em São Paulo atingiu 29 penitenciárias e cadeias públicas, com 15 mortos, Gregório dá um assovio.
"Puxa vida...Tá danado, heim?". E lembra a revolta que marcou o nascimento, em 1979, do CV _organização surgida a partir do convívio entre presos políticos e criminosos comuns.
"Quando o CV fez aqui a primeira rebelião, foram 21 que morreram", diz, explicando os objetivos do motim.
"Ou se acabava com os estupradores, com os assaltantes de cadeia e os achacadores ou nós não íamos a lugar nenhum. Tomamos a decisão de matar todos os chefes do Comando Jacaré e dos comandos que assaltavam e estupravam na cadeia. Então fizemos a nossa noite de São Bartolomeu", diz, aludindo ao massacre dos protestantes pelos católicos em 1572, em Paris.
Segundo a Secretaria de Justiça do Rio, há sete anos não há rebelião nos 27 presídios e penitenciárias do Estado.
Para o ex-coordenador de Segurança Pública do Rio, Luiz Eduardo Soares, as organizações fortes no sistema penitenciário, com ramificações externas, como o CV, o Terceiro Comando e o ADA (amigos dos amigos), funcionam como "formas de afirmação da unidade dos grupos criminosos locais e, simultaneamente, como recursos de diferenciação, no mercado das disputas por dinheiro e poder".
Segundo Soares, "fora das prisões, esses nomes são menos a representação de organizações sólidas, bem estabelecidas, do que linhas de demarcação que aproximam e opõem os atores coletivos, do mundo criminal. Quanto valem, de fato, depende do contexto, da circunstância específica, do tema em foco", salienta.
Leia especial sobre a rebelião
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