O mundo islâmico é uma algaravia de esquisitices. E quando eu vejo uma notícia
como essa, eu fico sem saber quem está na frente no quesito tosqueira, se os
cristãos ou os muçulmanos. Decidam-se vocês, pois pra mim é caso perdido; ainda
mais quando eu vejo que durante 30 (TRINTA!!) anos o cinema era proibido na
capital da Arábia Saudita (Riad, caso você tenha matado as aulas de geografia).
Toda a atividade cinematográfica foi proibida na década de 70, mas agora, eles
viram que cinema é bom e eles gostam (além de dar lucro, obviamente). Dessa
forma, permitiram que fosse exibido uma grande película cinematográfica, mas
nada da linha de Lawrence
da Arábia (um grande filme, sobre um grande homem e de vital importância
na história do país dos Camelinhos de Alá).
O filme em cartaz foi uma produção nacional intitulada Menahi - uma comédia
sobre um beduíno ingênuo que se muda para a cidade grande. Algo como o Mazaropi
da Areia. Por sinal, o Menahi é a cara do Borat e o Borat é a cara do Mazaropi.
Será um meme?
O conjunto da obra não é bem o que se pode chamar de um filme “das Arábias”, ou
que seja pra lá de Marraquesh; é algo beirando Bollywood (se bem que hindus têm
um certo probleminha com muçulmanos e muçulmanos com todo o resto do mundo), de
forma, digamos, um pouco mais tosca.
Como não podia deixar de ser, alguns religiosos estúpidos radicais tentaram
afugentar a audiência e interromper a exibição, conforme noticiou a BBC
Brasil – e eu espero (por favor, por favor) que não tenham aparecido
semi-nus, com o Bin Laden de fora. O grupo de monas desocupadas homens
conservadores se concentrou diante do centro, tentando dissuadir os
espectadores de ver o filme. Obviamente, neguinho cagou e andou e o pessoal
entrou na fila assim mesmo, para comprar refrigerantes e pipoca, aguardando uma
oportunidade de posar com os astros do filme. Tietagem é tietagem em qualquer
parte do mundo.
Como vocês podem imaginar, nenhuma mulher teve autorização de assistir ao filme
na capital, embora algumas tivessem podido ver a obra – sob restrições – em
outras cidades. Algo como ver os créditos iniciais e finais. O que passavam no
meio disso é haran, pecado e Mohamed proíbe (tá, o Alcorão não fala nada sobre
cinemas, mas sabem como é).
O país começou a abrir espaço para as artes desde que o rei Abdullah que sentou
no troninho… er, quer dizer, subiu ao poder em 2005. Mas foram necessários
cinco meses para que os produtores do filme conseguissem permissão do governo
para exibir a obra em Riad, em um centro cultural dirigido pelo governo. Houve
pouca publicidade antecipadamente, mesmo porque isso é apenas para os pobres de
lá. Ricaço tem ultrapowerhipermegafucker Home Theater. E, bem, o
filme pode ser comprado em DVD, além de poder ser até mesmo baixado num
torrent próximo de você. Pirate Bay é seu amigo.
Os cinemas públicos foram fechados na Arábia Saudita na década de 70, quando
líderes profundamente conservadores temiam que eles levassem a um ambiente
misto – com homens e mulheres – e minassem os briosos valores islâmicos, como
misoginia e pedofilia. Desde então, houve pouca diversão pública, exceto
corridas de cavalos e camelos e festivais celebrando a cultura tradicional
saudita. No entanto, o príncipe Alwaleed, sobrinho do rei Abdullah, disse que
acredita que os cinemas acabarão abrindo na Arábia Saudita. No ano passado, o
reino realizou seu primeiro festival de cinema nacional.
O filme foi produzido pela companhia Rotana, de propriedade do príncipe saudita
bilionário Alwaleed bin Talal (entenderam agora porque os cioinemas abriram
para passar o filme?). A companhia exibiu anteriormente o filme em várias
outras cidades sauditas, inclusive Jedá e Taif. Em algumas as mulheres puderam
assistir ao filme em recintos separados dos homens; mas a prática islâmica é
mais rigorosa em Riad.
O filme vem sendo exibido em Riad desde sexta-feira passada (05/06) no Centro
Cultural Rei Fahd, onde duas sessões diárias são realizadas com lotação quase
total. As salas têm capacidade para cerca de 300 pessoas.
Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na
"Socialização" - Estou entre os 80 milhões Me
Adicione no Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário