A mãe de Kaique Augusto
Batista dos Santos, jovem homossexual que foi achado morto em um viaduto da região
central de São Paulo há dez dias, reconheceu nesta terça feira, 21, que o filho
se suicidou. A hipótese, segundo ela, foi reforçada pelas investigações da
polícia e as mensagens de despedida encontradas no diário apreendido na casa do
rapaz de 17 anos. Inicialmente, a família falava em homofobia.
"Foi um choque. Ele não apresentava sinais de depressão", afirmou a cabeleireira Isabel Cristina Batista. As anotações do adolescente indicam que ele havia passado por uma decepção amorosa. Havia ainda mensagens de despedida para a família.
As informações preliminares da pericia também indicam que o jovem se atirou do viaduto, após sair de uma casa noturna onde estava com amigos. A investigação é conduzida pelo 3º Distrito Policial (Campos Elísios).
*Estadão/SP
Dr. Alan Keyes Dizendo Algumas Verdades Sobre o Comunismo!
.
Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões Me Adicione no Facebook
A FARSA ESQUERDISTA É LONGA E MUITO CRIMINOSA!
DE QUANTOS MORTOS PRECISA O
BRASIL PARA REAGIR CONTRA A HOMOFOBIA?
Por Jean Wyllys - O que entende também de puta (Fonte: aqui)
16 de janeiro às 17:02
Por Jean Wyllys - O que entende também de puta (Fonte: aqui)
Mais um.
Em outros países, o brutal assassinato de um adolescente homossexual de 16 anos
de idade seria uma notícia que comoveria a sociedade e nos chocaria a todos
como poucas notícias nos chocam. Um garoto que ainda estava na escola, com toda
uma vida pela frente, arrancado da existência, despojado de toda humanidade,
com todos os dentes arrancados e uma barra de ferro dentro da perna. Um menino
cheio de futuro que acaba seus dias com traumatismo craniano e intracraniano,
com o corpo todo sujo, abandonado sem vida numa avenida da região central de
São Paulo.
Em outros países, seria manchete de capa de todos os jornais. A Presidenta
falaria em cadeia nacional. O país inteiro reclamaria justiça. Os poderes
públicos reagiriam de imediato.
No Chile, um crime semelhante mudou as leis do país e fez governo e oposição
coincidirem na necessidade de políticas públicas para enfrentar o preconceito
contra a população LGBT. Daniel Zamudio, falecido no dia 27 de março de 2012
depois de vinte dias de agonia em um hospital de Santiago, acabou dando seu
nome à lei contra a homofobia que o próprio presidente Piñera (um empresário
católico de direita) se decidiu a apoiar. Daniel tinha sido golpeado até ficar
inconsciente.
Apagaram cigarros no corpo dele, desfiguraram seu rosto, o apedrejaram
reiteradas vezes, arrancaram parte de sua orelha, bateram com uma garrafa na
cabeça dele, quebraram suas pernas fazendo alavanca com elas até o limite da
resistência dos ossos e desenharam três cruzes esvásticas na sua pele com
troços de vidro.
O país inteiro reclamou justiça e os assassinos, quatro jovens
como ele que acreditavam que, por ser gay, não merecia viver, foram condenados
pela justiça num processo histórico. O líder do grupo recebeu prisão perpétua.
Mas no Brasil, Kaique Augusto Batista dos Santos é mais um, só mais um. Um dado
mais numa estatística que, de tão terrível, já passa despercebida. Em 2012, o
mesmo ano em que Daniel Zamudio perdeu a vida no Chile, 338 pessoas foram
assassinadas por serem gays, lésbicas, travestis ou transexuais no Brasil, 27%
mais que no ano anterior, que registrou 266 homicídios homo/lesbo/transfóbicos,
317% mais que em 2005, quando o Grupo Gay da Bahia contabilizou 81 casos. E
esses números são apenas o pouco que sabemos, porque o Estado não investiga.
São
estatísticas informadas por uma organização da sociedade civil, recolhidas de
matérias publicadas na imprensa e informação das famílias. O número real,
portanto, deve ser maior. Kaique é mais um nessa estarrecedora lista de mortos
com a qual o Brasil convive com naturalidade. Sua morte não é uma exceção, não
surpreende ninguém, não abala o país.
A Presidenta, como sempre, não disse nada. Para o governo Dilma, aliado do
fundamentalismo religioso e das máfias que pregam o ódio contra todos aqueles
que amam diferente, a morte desses meninos não é um fato importante, que mereça
a atenção do Estado. A própria Presidenta já disse, justificando o cancelamento
de políticas públicas de prevenção e combate à homofobia e ao buyilling nas
escolas, que não faria "propaganda da homossexualidade", como se
aquilo fosse possível. Vocês já imaginaram um governante dizendo, para explicar
por que se opõe a qualquer política pública contra o racismo, que não admitirá
a "propaganda da negritude"?
Como eu já escrevi tempo atrás, em ocasião de outros assassinatos como este, em
cada caso aparece, como pano de fundo, o discurso de ódio alimentado por
igrejas caça-níquel e pela bancada fundamentalista no Congresso federal, que em
2013 ganhou de cínico presente, com o apoio da bancada governista, a
presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
É claro que a violência é praticada por pessoas violentas e os agressores são
responsáveis por seus atos, mas não é por acaso que as vítimas dessas agressões
sejam, repetidamente, jovens homossexuais, e que muitas vezes as pancadas
venham acompanhadas por citações bíblicas.
A culpa não é da Bíblia, mas dos
charlatães que, em nome de uma fé que não têm, distorcem seu texto e seu
contexto para usá-la contra a população LGBT, pregando o ódio e convocando a
violência. Eles fazem isso por dinheiro e poder — ou você acha que realmente
acreditam em alguma coisa? — e o resultado é um país que já se acostumou a
assistir no Jornal Nacional à morte de mais um jovem gay, mais uma jovem
lésbica, mais uma travesti ou uma pessoa transexual, vítimas do ódio irracional
que os fundamentalistas promovem.
Essa loucura tem de parar! E tem que parar a hipocrisia e o oportunismo dos
políticos sem coragem que fazem de conta que não veem o que acontece e
continuam subindo fazendo acordos com o fundamentalismo para ganhar minutos de
TV e palanques na campanha. Isso custa vidas!
Semanas atrás, o Senado federal enterrou o PLC-122, um projeto de lei que
pretendia equiparar a homofobia ao racismo, agravando as penas dos crimes de
ódio contra a população LGBT e punindo as injúrias homofóbicas e a incitação à
violência e ao preconceito. É público que eu tenho diferenças de concepção com
o texto desse projeto, porque acho que não é apenas pela via do direito penal
que vamos acabar com a homofobia e porque acredito que o aumento do estado
penal, inclusive nesses casos, não é uma boa ideia.
Acredito que a homofobia
deve ser crime, sim, e que não pode receber um tratamento diferente ao que
recebem os crimes de motivação racista. Acredito, também, que os crimes
violentos cometidos por motivo de ódio contra alguma das "categorias
suspeitas" que o direito internacional reconhece (negros, judeus,
mulheres, homossexuais, transexuais, estrangeiros de nacionalidades
estigmatizadas, pessoas com deficiência etc.) devem ter suas penas agravadas, e
que as injúrias e atos discriminatórios não-violentos devem receber penas
alternativas — não a cesta básica ou a simples multa, mas penas socioeducativas
que sirvam para "curar" essa doença social que chamamos preconceito.
Contudo, também acredito que com isso não basta e que o direito penal não pode
ser o eixo da política pública contra esse problema: precisamos de programas
contra o buylling nas escolas, de campanhas nacionais contra o preconceito, de
investimento público em políticas em favor da diversidade, de uma legislação
que permita às pessoas se defenderem da discriminação no trabalho, no acesso
aos serviços públicos e em outros âmbitos da vida social. Precisamos de uma
forte e decidida ação dos poderes públicos para acabar com a violência
homofóbica e com todas as formas de discriminação legal que a legitimam, por
isso meu mandato impulsionou a campanha pelo casamento igualitário e a lei de
identidade de gênero e promove regras para a inclusão e políticas afirmativas
que favoreçam as minorias estigmatizadas.
Contudo, a decisão do Senado de enterrar o PLC-122 não foi motivada por uma
discussão séria sobre qual é a melhor política contra a homo/lesbo/transfobia,
mas pela decisão da maioria dos senadores de que não haja nenhuma política
contra ela. Não é por acaso que o pastor Silas Malafaia, um dos líderes do Ku
Klux Klan antigay brasileiro, parabenizou os senadores e, em especial, o
senador Lindberg Farias, um dos líderes da causa homofóbica no governista
Partido dos Trabalhadores.
E o enterro do PLC-122 veio coroar uma política de
Estado, implementada pelo governo Dilma, que incluiu o cancelamento do programa
"Escola sem homofobia", a destruição de todos os programas e projetos
contra a discriminação no âmbito da saúde pública, a oposição ao casamento
igualitário (regulamentado pelo Conselho Nacional da Justiça após uma ação
promovida pelo meu mandato junto ao PSOL e à ARPEN-RJ, mas ainda engavetado no
Congresso), além daquela desastrada declaração da Presidenta sobre a
"propaganda homossexual", em linha com a retórica internacionalmente
repudiada do governo russo de Vladimir Putin.
Em meio a tudo isso, Kaique foi morto. Mais um. E mais outros virão.
Quantos? De quantos mortos o Brasil precisa para reagir?
Eu já disse uma vez e vou repetir. Cada uma dessas vítimas tem um algoz
material — o assassino, aquele que enfia a faca, que puxa o gatilho, que
"desce o pau", como o pastor Malafaia pediu numa de suas famosas declarações
televisivas. Mas há outros algozes, que também têm sangue nas mãos. São aqueles
que, no Congresso, no governo e nas igrejas fundamentalistas, promovem,
festejam, incitam ou fecham os olhos, por conveniência, oportunismo, poder e
dinheiro, cada vez que mais um Kaique é morto. Eles também são assassinos.
Como deputado federal, mas também como cidadão gay desse país, e antes disso
tudo, como ser humano não consegue conviver com a violência e o ódio como se
fossem naturais, ficarei à disposição da família e dos amigos de Kaique e farei
tudo o que puder para que esse e outros crimes sejam esclarecidos e não fiquem
impunes. Como dizia o poeta Pablo Neruda, chileno como Daniel Zamudio,
"por esses mortos, nossos mortos, eu peço castigo".
Mais um.
Em outros países, o brutal assassinato de um adolescente homossexual de 16 anos de idade seria uma notícia que comoveria a sociedade e nos chocaria a todos como poucas notícias nos chocam. Um garoto que ainda estava na escola, com toda uma vida pela frente, arrancado da existência, despojado de toda humanidade, com todos os dentes arrancados e uma barra de ferro dentro da perna. Um menino cheio de futuro que acaba seus dias com traumatismo craniano e intracraniano, com o corpo todo sujo, abandonado sem vida numa avenida da região central de São Paulo.
Em outros países, seria manchete de capa de todos os jornais. A Presidenta falaria em cadeia nacional. O país inteiro reclamaria justiça. Os poderes públicos reagiriam de imediato.
No Chile, um crime semelhante mudou as leis do país e fez governo e oposição coincidirem na necessidade de políticas públicas para enfrentar o preconceito contra a população LGBT. Daniel Zamudio, falecido no dia 27 de março de 2012 depois de vinte dias de agonia em um hospital de Santiago, acabou dando seu nome à lei contra a homofobia que o próprio presidente Piñera (um empresário católico de direita) se decidiu a apoiar. Daniel tinha sido golpeado até ficar inconsciente.
Apagaram cigarros no corpo dele, desfiguraram seu rosto, o apedrejaram reiteradas vezes, arrancaram parte de sua orelha, bateram com uma garrafa na cabeça dele, quebraram suas pernas fazendo alavanca com elas até o limite da resistência dos ossos e desenharam três cruzes esvásticas na sua pele com troços de vidro.
O país inteiro reclamou justiça e os assassinos, quatro jovens como ele que acreditavam que, por ser gay, não merecia viver, foram condenados pela justiça num processo histórico. O líder do grupo recebeu prisão perpétua.
Mas no Brasil, Kaique Augusto Batista dos Santos é mais um, só mais um. Um dado mais numa estatística que, de tão terrível, já passa despercebida. Em 2012, o mesmo ano em que Daniel Zamudio perdeu a vida no Chile, 338 pessoas foram assassinadas por serem gays, lésbicas, travestis ou transexuais no Brasil, 27% mais que no ano anterior, que registrou 266 homicídios homo/lesbo/transfóbicos, 317% mais que em 2005, quando o Grupo Gay da Bahia contabilizou 81 casos. E esses números são apenas o pouco que sabemos, porque o Estado não investiga.
São estatísticas informadas por uma organização da sociedade civil, recolhidas de matérias publicadas na imprensa e informação das famílias. O número real, portanto, deve ser maior. Kaique é mais um nessa estarrecedora lista de mortos com a qual o Brasil convive com naturalidade. Sua morte não é uma exceção, não surpreende ninguém, não abala o país.
A Presidenta, como sempre, não disse nada. Para o governo Dilma, aliado do fundamentalismo religioso e das máfias que pregam o ódio contra todos aqueles que amam diferente, a morte desses meninos não é um fato importante, que mereça a atenção do Estado. A própria Presidenta já disse, justificando o cancelamento de políticas públicas de prevenção e combate à homofobia e ao buyilling nas escolas, que não faria "propaganda da homossexualidade", como se aquilo fosse possível. Vocês já imaginaram um governante dizendo, para explicar por que se opõe a qualquer política pública contra o racismo, que não admitirá a "propaganda da negritude"?
Como eu já escrevi tempo atrás, em ocasião de outros assassinatos como este, em cada caso aparece, como pano de fundo, o discurso de ódio alimentado por igrejas caça-níquel e pela bancada fundamentalista no Congresso federal, que em 2013 ganhou de cínico presente, com o apoio da bancada governista, a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. É claro que a violência é praticada por pessoas violentas e os agressores são responsáveis por seus atos, mas não é por acaso que as vítimas dessas agressões sejam, repetidamente, jovens homossexuais, e que muitas vezes as pancadas venham acompanhadas por citações bíblicas.
A culpa não é da Bíblia, mas dos charlatães que, em nome de uma fé que não têm, distorcem seu texto e seu contexto para usá-la contra a população LGBT, pregando o ódio e convocando a violência. Eles fazem isso por dinheiro e poder — ou você acha que realmente acreditam em alguma coisa? — e o resultado é um país que já se acostumou a assistir no Jornal Nacional à morte de mais um jovem gay, mais uma jovem lésbica, mais uma travesti ou uma pessoa transexual, vítimas do ódio irracional que os fundamentalistas promovem.
Essa loucura tem de parar! E tem que parar a hipocrisia e o oportunismo dos políticos sem coragem que fazem de conta que não veem o que acontece e continuam subindo fazendo acordos com o fundamentalismo para ganhar minutos de TV e palanques na campanha. Isso custa vidas!
Semanas atrás, o Senado federal enterrou o PLC-122, um projeto de lei que pretendia equiparar a homofobia ao racismo, agravando as penas dos crimes de ódio contra a população LGBT e punindo as injúrias homofóbicas e a incitação à violência e ao preconceito. É público que eu tenho diferenças de concepção com o texto desse projeto, porque acho que não é apenas pela via do direito penal que vamos acabar com a homofobia e porque acredito que o aumento do estado penal, inclusive nesses casos, não é uma boa ideia.
Acredito que a homofobia deve ser crime, sim, e que não pode receber um tratamento diferente ao que recebem os crimes de motivação racista. Acredito, também, que os crimes violentos cometidos por motivo de ódio contra alguma das "categorias suspeitas" que o direito internacional reconhece (negros, judeus, mulheres, homossexuais, transexuais, estrangeiros de nacionalidades estigmatizadas, pessoas com deficiência etc.) devem ter suas penas agravadas, e que as injúrias e atos discriminatórios não-violentos devem receber penas alternativas — não a cesta básica ou a simples multa, mas penas socioeducativas que sirvam para "curar" essa doença social que chamamos preconceito.
Contudo, também acredito que com isso não basta e que o direito penal não pode ser o eixo da política pública contra esse problema: precisamos de programas contra o buylling nas escolas, de campanhas nacionais contra o preconceito, de investimento público em políticas em favor da diversidade, de uma legislação que permita às pessoas se defenderem da discriminação no trabalho, no acesso aos serviços públicos e em outros âmbitos da vida social. Precisamos de uma forte e decidida ação dos poderes públicos para acabar com a violência homofóbica e com todas as formas de discriminação legal que a legitimam, por isso meu mandato impulsionou a campanha pelo casamento igualitário e a lei de identidade de gênero e promove regras para a inclusão e políticas afirmativas que favoreçam as minorias estigmatizadas.
Contudo, a decisão do Senado de enterrar o PLC-122 não foi motivada por uma discussão séria sobre qual é a melhor política contra a homo/lesbo/transfobia, mas pela decisão da maioria dos senadores de que não haja nenhuma política contra ela. Não é por acaso que o pastor Silas Malafaia, um dos líderes do Ku Klux Klan antigay brasileiro, parabenizou os senadores e, em especial, o senador Lindberg Farias, um dos líderes da causa homofóbica no governista Partido dos Trabalhadores.
E o enterro do PLC-122 veio coroar uma política de Estado, implementada pelo governo Dilma, que incluiu o cancelamento do programa "Escola sem homofobia", a destruição de todos os programas e projetos contra a discriminação no âmbito da saúde pública, a oposição ao casamento igualitário (regulamentado pelo Conselho Nacional da Justiça após uma ação promovida pelo meu mandato junto ao PSOL e à ARPEN-RJ, mas ainda engavetado no Congresso), além daquela desastrada declaração da Presidenta sobre a "propaganda homossexual", em linha com a retórica internacionalmente repudiada do governo russo de Vladimir Putin.
Em meio a tudo isso, Kaique foi morto. Mais um. E mais outros virão.
Quantos? De quantos mortos o Brasil precisa para reagir?
Eu já disse uma vez e vou repetir. Cada uma dessas vítimas tem um algoz material — o assassino, aquele que enfia a faca, que puxa o gatilho, que "desce o pau", como o pastor Malafaia pediu numa de suas famosas declarações televisivas. Mas há outros algozes, que também têm sangue nas mãos. São aqueles que, no Congresso, no governo e nas igrejas fundamentalistas, promovem, festejam, incitam ou fecham os olhos, por conveniência, oportunismo, poder e dinheiro, cada vez que mais um Kaique é morto. Eles também são assassinos.
Como deputado federal, mas também como cidadão gay desse país, e antes disso tudo, como ser humano não consegue conviver com a violência e o ódio como se fossem naturais, ficarei à disposição da família e dos amigos de Kaique e farei tudo o que puder para que esse e outros crimes sejam esclarecidos e não fiquem impunes. Como dizia o poeta Pablo Neruda, chileno como Daniel Zamudio, "por esses mortos, nossos mortos, eu peço castigo".
MAIS UM GAY É MORTO. E
O CONGRESSO NACIONAL PODE TER SIDO CÚMPLICE
Leonardo Sakamoto - O Detetive de cu suicida homofóbico (Fonte: aqui).
16/01/2014 11:07
Kaique, negro e
homossexual, de 16 anos, foi encontrado morto na madrugada de sábado (11).
Segundo familiares que reconheceram o corpo, não havia dentes na boca do rapaz
e ele apresentava sinais de tortura, hematomas na cabeça e uma barra de ferro
cravada na perna. De acordo com matéria de Felipe Souza e Ricardo Senra, na Folha de S. Paulo,
desta quinta (16), ele havia sido visto pela última vez em uma balada gay no
Centro da capital paulista.
Antes de mais nada, uma
curiosidade: sabe como a Polícia Civil do 2º DP registrou o caso segundo a
matéria? Suicídio. E a Secretaria de Segurança Pública não vai comentar a
tortura porque o laudo da morte seria sigiloso e haveria uma investigação em
andamento.
Gente… Sério? Registrar
como suicídio?
O Estado não aprendeu
que não se “suicida'' alguém diante de elementos que apontam o contrário? Os
casos são diferentes, mas me lembrei da morte de Vladimir Herzog e de tantos
outros “suicidas'' da ditadura. Depois quando digo que a gente tem uma
ferida aberta e mal resolvida que influencia o dia a dia da força policial, o
pessoal que é saudoso dos Anos de Chumbo dá chilique.
Da última vez em que disse isso, muitos gastaram um bom tempo, em uma página de amigos da Rota, defendendo que eu fosse torturado. Deveriam ter aproveitado e lido um bom livro de história contemporânea brasileira…
Da última vez em que disse isso, muitos gastaram um bom tempo, em uma página de amigos da Rota, defendendo que eu fosse torturado. Deveriam ter aproveitado e lido um bom livro de história contemporânea brasileira…
Bem, Marco Feliciano
está deixando a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados. Viva! Mas me assusta a quantidade de pessoas, teoricamente com
acesso à informação, que “discordavam, mas entendiam'' as posições do profeta,
que dizer, pastor, veiculadas durante 2013. O que preocupa, uma vez que as
“abominações'' continuam morrendo.
Tenho a certeza de que
se Jesus, o personagem histórico, vivesse hoje, defendendo a mesma ideia
presente nas escrituras sagradas do cristianismo, mas atualizando-a para os
novos tempos, seria humulhado, xingado, surrado, queimado, alfinetado e
explodido. Tachado de defensor de bicha, mendigo e sem-terra vagabundo. Olhado
como subversivo, acusado de “heterofóbico'' e “cristofóbico''. Alcunhado como
agressor da família e dos bons costumes.
Você, sim, você que diz
que não é homofóbico.
Acha um absurdo
homossexuais serem surrados, mas “entende'' quando gays “extrapolam'' em suas
liberdades, tiram outras pessoas do sério e “exageros'' acabam acontecendo.
Defende a igualdade
perante a lei, mesmo que vivamos em uma sociedade com pessoas que,
historicamente, tiveram mais direitos que outras e, portanto, estão em uma
situação privilegiada.
Acredita, acima de
tudo, na proteção à família cristã, com pai e mãe, como solução para todos os
males do mundo.
Você pode ser dodói e,
talvez, nem perceba. Pois o diabo, ele sim, não está apenas na morte de Kaique,
mas também nos detalhes que causam dor no cotidiano.
Você fica no fundo da
sala de aula tirando barato da colega só porque descobriu que ela é lésbica?
Senta no sofá da sala e
concorda com seu pai que alguma coisa precisa ser feita pois o mundo está indo
para o buraco e a prova disso é um casal de “bichas” ter se beijado na saída do
cinema?
Na hora de contratar
alguém no escritório, prefere o hétero inexperiente do que a travesti mais do
que adequada para a função?
Fica possesso por um
hétero se juntar a um grupo de gays e reclamar das piadinhas estúpidas e sem
sentido que você faz?
Vê seu filho brincando
de boneca com a amiguinha e, imediatamente, manda ele voltar para casa e nunca
mais permite que a veja de novo, pois não quer má influências na formação dele?
Acha uma aberração às
leis de Deus duas mulheres ou dois homens se dedicarem à criação de uma
criança, mas gasta todo o seu tempo livre com amigos, terceirizando seus filhos
para uma babá?
Considera que falar
sobre preconceito, igualdade, tolerância e homofobia para as crianças na escola
fazem com que elas “aprendam” a ser gays e lésbicas?
Fica lisonjeado quando
recebe uma cantada de mulher, mas transtornado quando o gracejo vem de um
homem?
Acha que beijar uma
pessoa do mesmo sexo, demonstrando afeto, faz de você gay?
Você acha tudo isso uma
grande besteira?
A família de Kaique,
provavelmente, não.
Não sei onde estão os
que executaram a ação, mas sugiro que os cúmplices sejam procurados no mais
imponente dos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília, onde, por trás da
imunidade parlamentar, se escondem entrincheirados defensores da discriminação,
do preconceito e da intolerância.
Deputados e senadores que bradam indignados mediante a tentativa de aprovação da lei que criminaliza a homofobia. Supostos representantes dos interesses de Deus na Terra que afirmam lutar pelo direito de expressarem suas crenças. Mas que droga de crença é essa que diz que A é pior que B, gerando ódio sobre o primeiro, só porque A curte alguém do mesmo sexo?
Deputados e senadores que bradam indignados mediante a tentativa de aprovação da lei que criminaliza a homofobia. Supostos representantes dos interesses de Deus na Terra que afirmam lutar pelo direito de expressarem suas crenças. Mas que droga de crença é essa que diz que A é pior que B, gerando ódio sobre o primeiro, só porque A curte alguém do mesmo sexo?
Pode parecer exagero,
mas não é. O Ministério Público Federal deveria co-responsabilizar os membros
da bancada evangélica em Brasília por conta desses atos bárbaros de homofobia
que pipocam aqui e ali. Pois ao travar uma medida que contribuiria com a
solução, eles ajudam na manutenção das condições que geram o problema. São
parte dele.
Cada homossexual que
for espancado e morto deve ser acrescentado na conta desses representantes
políticos. Mas como não acredito em acerto de contas no juízo final ou na
celeridade da Justiça brasileira, muito menos em uma ação dos eleitores desse
pessoal, só me resta ter fé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário