quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Sonhos: o que são e para que servem

grunge image of green field and blue sky


Depois de um longo dia, você deita a cabeça no travesseiro e (se não tiver a infelicidade de sofrer de insônia), alguns minutos depois, sua mente “viaja” para o bizarro “mundo dos sonhos”. Há décadas cientistas procuram entender o que há por trás desse fenômeno, e ainda não chegaram a um consenso – embora tenha havido grandes avanços.
Um dos aspectos mais curiosos em relação aos sonhos é que, na maioria das vezes, não nos lembramos deles e, quando conseguimos, é comum esquecermos pouco depois. “Algumas das melhores tentativas de catalogar elementos de sonhos envolviam pedir aos participantes para descrevê-los logo que acordassem pela manhã ou, melhor ainda, convidar voluntários para dormir em um laboratório, onde eles seriam acordados e imediatamente questionados em intervalos à noite”, explica David Robson, colaborador da revista New Scientist. Estudos desse tipo mostraram que há poucos estímulos sensoriais nos sonhos (sons, toques e cheiros).
Outra questão que intriga os cientistas: será que os sonhos têm significados específicos? “Você pode esperar que seus sonhos revelem algo sobre sua personalidade”, diz, “mas traços como extroversão ou criatividade não parecem prever o que aparecerá nas jornadas de alguém para a terra dos sonhos”. Há muitas divergências quanto a supostos sentidos para sonhos.

Neurociência dos sonhos

Um dos possíveis propósitos dos sonhos é a consolidação de memórias. “Depois de gravar inicialmente um evento no hipocampo – que pode ser considerado a impressora da memória humana – o cérebro transfere seus conteúdos para o córtex, onde os organiza para armazenamento de longo prazo”. Esse processo levou pesquisadores a suspeitar que os sonhos seriam uma espécie de “colcha de retalhos” de memórias.
É raro, contudo, que um evento apareça “por inteiro” em um sonhos. “O que normalmente acontece é que pequenos fragmentos são recombinados na história do sonho”, explica o pesquisador Patric McNamara, da Northcentral University em Prescott Valley (EUA). Em um de seus estudos, ele comparou os sonhos de pessoas com seus relatos do dia-a-dia durante dois meses, e descobriu que locais conhecidos eram o primeiro fragmento de memória a aparecer em um sonho, seguido por pessoas, ações e, por fim, objetos conhecidos.
Ao misturar elementos de momentos diferentes, o cérebro pode ajudar a encontrar conexões entre eles, o que pode explicar por que às vezes um elemento em um sonho de repente se transforma em outro. “É um resíduo da maneira como o cérebro junta diferentes elementos”, diz McNamara.

Um filme em sua mente

Mais do que apenas nos fazer relembrar coisas que vimos, ouvimos ou fizemos, os sonhos normalmente contam uma história (às vezes bizarra) e, geralmente, emoções são parte fundamental do processo. O psiquiatra Ernest Hartmann, da Tufts University em Medford (EUA), estudou os diários de sonhos de pessoas que haviam passado por experiências dolorosas. Nessa pesquisa, ele descobriu que elas estão mais propensas a sonhar com situações específicas do que com eventos dispersos, e que esses sonhos são lembrados mais facilmente do que outros.
Hartmann acredita que isso pode estar relacionado com a consolidação da memória (afinal, as emoções fazem parte da história de cada um), além de ser uma possível tentativa de incluir o trauma em um contexto maior. “Acho que isso o torna menos traumático”, opina, embora ele próprio admita que é uma hipótese difícil de provar.

Interferência do mundo real

Além de fornecer “material”, o dia-a-dia pode influenciar os sonhos de outras maneiras, como mostra o fato de que muitas pessoas relataram sonhar em preto e branco durante a década de 1950 e, na década seguinte, em cores. De acordo com a pesquisadora Eva Murzyn, da University of Derby (Reino Unido), isso pode ser explicado pela chegada da televisão a cores – que ocorreu na mesma época em que as pessoas passaram a ter mais sonhos “coloridos”.
Outra situação interessante foi estudada pela pesquisadora Jayne Gackenbach, da Grant MacEwan University (Canadá), que encontrou vários jogadores de videogame que se sentiam “participantes ativos” em seus sonhos, como se estivessem dentro de um jogo. Jogadores, aponta MacEwan, são mais propensos a tentar lutar ou se defender quando sonham que estão sendo atacados ou perseguidos – o que, curiosamente, parece fazer com que seus sonhos se tornem menos assustadores. “Eles dizem coisas como ‘foi um pesadelo, mas foi demais’”, explica.
Por fim, outra interferência do mundo real sobre os sonhos pode se dar por meio de odores, como percebeu o pesquisador Hervey de Saint-Denys, ainda no século 19. Ele pediu a seu criado que colocasse gotas de perfume em seu travesseiro em noites aleatórias, e assim descobriu que os sonhos em geral acabavam tendo alguma relação com o perfume.[New Scientist]

Vídeo: veja um pensamento se formando



“Comida!”, (provavelmente) pensou o peixe-zebra, ao ver um saboroso paramécio. Embora não seja possível saber com exatidão o que se passou pela mente do peixe, o fato é que uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Genética do Japão conseguiu capturar o pensamento em vídeo – algo até então inédito.
Graças a uma tecnologia desenvolvida especialmente para esse tipo de monitoramento (um material fluorescente que brilha quando detecta atividades neuronais), o grupo pôde dar um passo adiante no estudo do mecanismo de formação de pensamentos, uma área ainda cercada de dúvidas – a despeito de todos os avanços feitos na neurociência nas últimas décadas.
Naturalmente, o animal não foi escolhido por seu intelecto, mas por outra razão: “O peixe-zebra é um modelo animal apropriado para estudos de imagens (…) porque seu corpo é transparente durante os estágios embrionário e larval”, escrevem os pesquisadores no artigo publicado no periódico Current Biology. Espera-se que, no futuro, animais com estruturas cerebrais mais complexas possam servir de objeto de estudo.[Gizmodo] [Geek-O-System] [Current Biology]

  • Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões Aqui meu facebook 

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