quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA Na linha de frente: a história da primeira tropa a lutar na Itália

Na linha de frente: a história da primeira tropa a lutar na ItáliaReprodução
"Homens mexem em morteiro de 81 mm"



Atualizado: 25/08/2012 17:02 | Por Marcelo Godoy, estadao.com.br

Chovia no dia em que o tenente José Maria Pinto Duarte morreu. A temperatura oscilava de 10°C a 12°C nas montanhas toscanas cortadas pelo Rio Serchio. Fazia 15 dias que o avanço brasileiro não se detinha em obstáculo, fosse alemão, italiano ou geográfico. O capitão Atratino Cortês Coutinho e seus homens haviam se instalado em uma casa de grossas paredes de pedra. Dormiam quando começaram a ouvir vozes na madrugada. Eram do inimigo.

De repente, um tiro de carabina. A bala tombou um alemão que descia a colina em direção à ravina atrás da casa dos brasileiros. Atratino, comandante da 1.ª Companhia de Petrechos Pesados (CPPI), foi o autor do disparo que instalou o inferno na paisagem. A resposta veio das metralhadoras alemãs. Tiros encurralaram o capitão e sua tropa. Havia uma única saída: fugir pela janela dos fundos. Todos passaram. Chegou a vez de Duarte. Ao pular, balas lhe alcançaram o corpo. Uma rajada apanhou o tenente no ar.
Começava um dos mais duros dias da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Em 31 de outubro de 1944, os homens de Atratino dispararam 13,7 mil cartuchos de metralhadora, além de 200 tiros com fuzis e carabinas. Seus morteiros despejaram 158 granadas de 81 mm para conter os alemães.


70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Um Stuka alemão despeja bombas em mergulho na Polônia


Diário. Cada detalhe da ação da 1.ª Companhia - que pertencia ao 6.º Regimento de Infantaria e tinha 166 homens, a maioria paulistas - está no diário de campanha de Atratino. Dois volumes mostram o dia a dia da unidade. Lá está a morte de Duarte, que marcou os homens da 1.ª Companhia. Os tiros do inimigo não permitiram que o corpo do oficial fosse resgatado e enterrado.

"O Atratino tentava arrastar, mas ele (Duarte) era muito alto, pesado, era difícil... Lembro quando (Duarte) falou: 'Cuidem bem da minha filha', como uma súplica", diz João Gonzales, de 92 anos, à época 3.º sargento. Atratino não se conformava. Montou duas patrulhas para encontrar o corpo. Sem sucesso. Cansado, escreveu: "O moral da tropa foi abalado pelos insucessos causados pelo contra-ataque inimigo". A ideia de que era preciso enterrar Duarte atormentaria o capitão até o fim da guerra.



CANÇÃO DO EXÉRCITO




CANÇÃO DO EXPEDICIONÁRIO




Na linha de frente: a história da primeira tropa a lutar na Itália
"Oficiais da companhia: Atratino aparece no centro, sentado ao lado de Duarte (de bigode, à dir.)"

Dias depois do contra-ataque alemão, a companhia foi transferida com a FEB do Vale do Serchio para o do Reno, no centro dos Montes Apeninos. E ficou na retaguarda em Porreta Terme. No dia 15, voltou à linha de frente em um vilarejo cortado pela estrada 64. Era Riola Vecchia.

Missão. Cinco dias depois, às 4h30, Gonzales recebeu uma missão: restabelecer a linha telefônica entre a 1.ª Companhia e outra unidade do batalhão interrompida pela artilharia alemã. Todo dia ela despejava bombas na tropa brasileira. Gonzales levou três subordinados para ajudá-lo. Em meio a explosões de granadas, ele telefonou para o comandante. "Disse que era praticamente impossível prosseguir e ele disse: 'Ô, rapaz, você nunca mostrou medo, agora está com medo?' Falei: 'Medo não tenho, mas tô colocando em risco minha vida'." O capitão respondeu: "Vê o que você pode fazer".


FAB 1ºGAvCa - Senta a Pua! Documentário completo



No dia 06 de outubro de 1944, os integrantes do 1º Grupo de Aviação de Caça do Brasil desembarcaram no porto de Livorno, na Itália, para participar da Segunda Guerra Mundial integrando o 350º Fighter Group. Faziam parte do grupo 466 pessoas: 49 pilotos e 417 homens de apoio.

A saga do 1º Grupo de Aviação de Caça é contada por seus próprios pilotos, veteranos do mais importante conflito bélico do século XX, cujas ações contribuíram para a garantia da vitória aliada na Europa.

23 depoentes, entre pilotos, pessoal de apoio e pessoas ligadas ao Primeiro Grupo de Aviação de Caça Brasileiro na Segunda Guerra Mundial. E mais: imagens de arquivo, fotos de época (p/b e coloridas) e ilustrações digitais.


Vídeo canção do expedicionário uma homenagem aos pracinhas da feb na campanha da Itália em 1944 onde a tropa brasileira teve sua glória e sua honra novamente estabelecida e devolveram ao seu povo o orgulho de pertencer a essa grandiosa pátria!!! BRASIL acima de tudo!!!



70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial

Gonzales andou mais 200 metros na escuridão. De repente, um clarão. "Quando cai a bomba, aquela luminosidade. A gente fica cego, não enxerga nada." A granada explodiu poucos metros à frente do sargento. Gonzales foi ao chão. Começou a se debater. Olhou para os lados, não viu ninguém. Percebeu três furos no capote, sentiu sangue escorrer. Pensou que seria seu fim. "Fiquei ali com uma hemorragia tremenda, sem poder levantar. Fazia esforço, mas não conseguia, não conseguia."

70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Um Panzer MKII durante a invasão da França pelas Ardenas

Devagar, Gonzales recuperou a força e "se safou dessa". Foi para o hospital. De internação em internação, três anos se passariam. No acampamento de Riola Vecchia, deixou amigos, como o sargento Newton Lascalea, de 91 anos. "Também fui ferido. O estilhaço rasgou meu casaco e cortou meu braço." Lascalea permaneceu até o fim da guerra com a companhia, que participou da tomada de Castelnuovo, combateu à leste de Montese, esteve nos combates de Zocca e participou do cerco aos alemães em Fornovo di Taro. Com a rendição alemã e o fim da luta na Itália, Atratino voltou à ravina onde deixara o amigo. A neve e o frio haviam conservado Duarte. Em 9 de maio, ele enterrou o tenente em Pistóia, com os demais mortos da FEB.

70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Lançamento de cargas de profundidade no oceano Atlântico. Essas bombas eram uma das principais armas contra submarinos


Atualizado: 25/08/2012 16:00
 | Por Marcelo Godoy, estadao.com.br

Avião fez o primeiro ataque do Brasil na guerra

O céu estava limpo a cerca de 300 quilômetros de Fernando de Noronha quando, às 13h57, o capitão-aviador Oswaldo...

Marinheiro vigia comboio no Atlântico Sul. Durante a guerra, a Marinha brasileira escoltou milhares de navios em comboios para garantir o comércio marítimo do País

O céu estava limpo a cerca de 300 quilômetros de Fernando de Noronha quando, às 13h57, o capitão-aviador Oswaldo Pamplona avistou o alvo. Lá embaixo, com seus dois canhões de 100 mm e quatro metralhadoras, estava o submarino italiano Barbarigo, que atacara recentemente embarcações brasileiras na região. Era 22 de maio. Pamplona estava prestes a lançar o primeiro ataque brasileiro na guerra.
O capitão desceu até 900 pés (300 metros )de altitude e lançou 10 bombas de 45 quilos sobre a embarcação, danificando o submarino. O fogo antiaéreo italiano impediu ao capitão de verificar estragos feitos pelo ataque. Outros aviões tentaram localizar o Barbarigo em seguida, mas não conseguiram.

70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Cargas de profundidade disparadas por embarcação da Marinha durante a Segunda Guerra Mundial


A ação no meio do Atlântico teria uma grande repercussão. Ela foi usada como pretexto pelo Alto Comando alemão para a ordem de se atacar indiscriminadamente os navios brasileiros - até então eles diziam que os ataques ocorriam por engano. Em três meses, a escalada levaria o Brasil a declarar guerra à Alemanha e à Itália.
A patrulha de nosso litoral envolveu diversos tipos de aviões. Duas bases em solo brasileiros foram entregues para os Estados Unidos - Belém e Natal - e pilotos daquele país também patrulharam nossa costa. Até o fim do conflito, o Brasil receberia mais de 400 aviões dos Estados Unidos. Além dos B-25, vieram Catalinas, Hudsons, Venturas e P-40.


70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Marinheiro mantém vigilância durante comboio no Atlântico


Em 1943, com a decisão de se mandar tropas brasileiras para a guerra, foi criado o 1º Grupo de Aviação de Caça. O grupo treinou no Panamá e nos Estados Unidos. Em 6 de outubro de 1944, o grupo chegou à Itália, onde foi incorporado ao 350º Fighter Group da Força Aérea dos americanos.
Durante a guerra, o grupo executou 2.546 saídas ofensivas. Lançou 4.442 bombas nos inimigos e disparou mais de 1 milhão de tiros de metralhadora calibre .50. Oito pilotos brasileiros morreram na Itália e um durante treinamento no Panamá.


70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Marinheiro brasileiro durante exercício de vigilância no Atlântico contra a atuação de submarinos do Eixo durante a Segunda Guerra


As fotos nesta página foram feitas pela Força Aérea Brasileira ou por seus pilotos. Parte delas pertence a acervos de pilotos como os brigadeiros José Meira Vasconcelos ou Rui Moreira Lima. Outras são da FAB e, por fim, algumas foram editadas no livro Heróis dos Céus, sobre a história de nossos pilotos na 2.ª Guerra Mundial.

Atualizado: 25/08/2012 16:00 | Por Marcelo Godoy, estadao.com.br

A história da FEB contada pelas fotos de Jorge Nalvo

Jorge Nalvo nasceu em 17/04/1918, em Cajobi, no norte do Estado de São Paulo. Homem simples, ele foi convocado...

Jorge Nalvo nasceu em 17/04/1918, em Cajobi, no norte do Estado de São Paulo. Homem simples, ele foi convocado para servir no 5º Regimento de Infantaria, em Lorena. Em um País católico e praticante, Nalvo aproveitou uma de suas folgas para visitar o antigo santuário de Aparecida do Norte - a atual basílica só seria construída depois da guerra.
Com a declaração de guerra, em 1942, o cabo foi convocado - era alfabetizado e tinha o serviço militar completo. Mas, em vez de ser engajado na tropa paulista, o 6º Regimento de Infantaria, acabou indo parar na tropa mineira, o 11º Regimento, de São João del-Rei.


70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Carga de profundidade é disparada por um navio brasileiro durante exercício de guerra antisubmarina na 2ª Guerra Mundial

Treinou pouco e foi para a Itália no 3º escalão da FEB, em setembro de 1944. Deixou no Brasil a noiva, Alzira Pontes Nalvo, grávida, em Coroados, oeste paulista, onde moravam. Ele só conheceria o filho, Nilton, depois do fim da guerra.
Nalvo e seus amigos registraram esse momento. Também fizeram fotos do treinamento com canhões e metralhadoras. Ali estão raras imagens da destruição "causada por nossas armas" e os prisioneiros de guerra alemães e fascistas italianos feitos pelo 11º Regimento de Infantaria, a vida nas barracas de campanha e a comemoração no fim da guerra.


70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Militares da FEB pouco antes do embarque no porto do Rio para a Itália

Para o historiador francês Marc Ferro ('Les individus face aux crises du XXe Siècle'), a vida de um homem pode, como um microcosmo, mostrar o funcionamento de uma sociedade e suas crises, transformando-se em uma miniatura da história.Por meio dela, podemos ver os comportamentos individuais e coletivos que produziram as diferentes situações e crises de nosso tempo.
Por meio dessas fotos, podemos entender um pouco do País e dos soldados que tomaram parte naquela guerra. Nalvo foi um dos raros soldados que tiveram a preocupação de legendar suas imagens de guerra. Guardou tudo em um baú. E lá esse material ficou até o momento que familiares as encontraram. Foram eles quem as entregaram ao Estado para ajudar a reportagem a entender a história desses soldados. O pracinha Nalvo morreu em 2001.

70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)

Soldados da FEB no porto do Rio de Janeiro embarcando para a Itália


Atualizado: 25/08/2012 16:00 | Por Marcelo Godoy, estadao.com.br

Os brasileiros que foram à guerra

A história pessoal de cada um desses homens - comandantes ou comandados - está indissoluvelmente ligada à guerra...

A história pessoal de cada um desses homens - comandantes ou comandados - está indissoluvelmente ligada à guerra. Não a uma guerra qualquer, mas à maior de todas até agora enfrentada pela humanidade. Suas experiências pessoais não são simples anedotas, mas representam as angústias, as decisões e os comportamentos de uma geração.
Os brigadeiros Rui Moreira Lima e José Rabelo Meira Vasconcelos já foram entrevistados dezenas de vezes. Não se negam a falar sobre a guerra e a contar o que viveram. Foram os pioneiros da aviação de caça no Brasil. Lima acabou cassado em 1964 - achavam-no próximo demais do governo de João Goulart. "Sempre fui um democrata. Tenho horror a ditaduras - comunista ou fascista, não importa."

70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Soldados da FEB viajaram em compartimentos com até quatro andares de camas nos navios americanos de transporte de tropa que os levaram para a Itália

Meira, com sua voz calma, é outro que viveu as perturbações que a política trouxe à caserna. "Foi um grande erro: militar não deve se envolver com política."
Em São Paulo, a memória dos veteranos têm um endereço: Rua Santa Madalena. Todos os dias alguns senhores procuram a sede da Associação de ex-Combatentes do Brasil. Quase todos com mais de 90 anos. Cada um deles carrega uma história de sacrifícios em silêncio: primeiro na Itália, depois, no Brasil. A difícil readaptação desses homens à vida longe da batalha é uma experiência que marcou essa geração. O coronel Jairo Junqueira, comanda o associação, com seu amigo, o major Samuel Silva, ambos entrevistados para essa série.

70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
O contratorpedeiro Marcílio Dias entrou em operação no Brasil em 1943. Foi um dos navios que participou da escolta até o estreito de Gibraltar do primeiro escalão da FEB

O mesmo trabalho de resgate da memória dos expedicionários mobiliza o coronel Amerino Raposo (comandou o último tiro de artilharia dado pela FEB na Itália) e o capitão Enéas de Sá Araújo, do 6º Regimento de Infantaria - foi ferido por estilhaços de uma granada. A mesma disposição de contar suas histórias teve o almirante Hélio Leôncio Martins , o general Octavio Costa e os colegas de 1ª Companhia de Petrechos Pesados, João Gonzales e Newton Lascalea. Foi isso que levou intelectuais, como Boris Schnaiderman, de 95 anos, e Jacob Gorender, de 91, a enfrentar o cansaço de longas entrevistas para contar suas experiências na guerra. Suas vidas se entrelaçam com as de seus comandantes - generais como Mascarenhas de Moraes e Zenóbio da Costa - ou do inimigo - o general Otto Fretter Pico, que se rendera aos brasileiros, todos aqui retratados.

70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
O Vital de Oliveira era um navio auxiliar usado durante a guerra até que, em 19 de julho de 1944, às 23:55, ele foi posto a pique por um torpedo disparado pelo submarino alemão U-861

Atualizado: 25/08/2012 16:00 | Por Marcelo Godoy, estadao.com.br

No mar, as maiores perdas do Brasil

A Marinha do Brasil perdeu na guerra 467 homens, entre comandantes, oficiais, suboficiais e praças. Três de seus...

A Marinha do Brasil perdeu na guerra 467 homens, entre comandantes, oficiais, suboficiais e praças. Três de seus navios foram afundados - o Marcílio Dias, em 1944, por um submarino alemão; a corveta Camaquã, pelo mau tempo, em 1944, e o cruzador Bahia, destruído em 4 de julho de 1945, pouco antes do fim da guerra no Pacífico, por um explosão acidental em seu paiol de munição.
Foi no mar que o Brasil sofreu as mais pesadas perdas durante toda a guerra. Ao todo, cerca de 1.400 brasileiros morreram em consequência da ação de submarinos alemães e italianos e em outras operações de guerra.


70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
A corveta Camaquã trabalhou na escolta de 600 navios comboios durante a guerra até afundar em 21 de julho de 1944 devido às péssimas condições de tempo. De 120 pessoas a bordo, 33 morreram


A história da Marinha brasileira durante a guerra é a menos conhecida entre as de nossas Forças Armadas - são poucos os livros que contam trabalho nos caça-ferro e caça-pau, os navios da guerra antissubmarina do Brasil no Atlântico. E, no entanto, ela foi a mais necessária de todas as forças naquela guerra - sem ela, não haveria gasolina - quase toda importada - ou comércio entre as regiões do País - as comunicações por terra entre as regiões inexistiam.
A Marinha, com seus recursos escassos - seus primeiros equipamentos contra submarinos só chegaram em setembro de 1942, um mês depois da declaração de guerra -, garantiu a continuidade do comércio no litoral brasileiro.
Em 9 de setembro daquele ano, ela organizou o primeiro dos comboios. Partiu das margens do Potengi, em Natal, e foi até o Recife, protegido por três navios de escolta. Ao todo, brasileiros e americanos - os navios da Marinha brasileira foram incorporados à 4ª Frota dos EUA - escoltaram 503 comboios durante a guerra, em que estiveram protegidos 2.914 navios. "Cada passagem de um comboio era uma vitória", conta o almirante Hélio Leôncio Martins, de 97 anos, que comandou um caça-pau durante a guerra.


70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
No dia 4 de julho de 1945, balas disparadas por uma arma antiaérea atingiram o depósito de cargas de profundidade, causando uma explosão que matou 336 de seus 372 tripulantes


Isso foi possível, em parte, porque nossa forças navais foram reequipadas com navios americanos durante a guerra, recebendo, por exemplo, contratorpedeiros de escolta.
Na galeria que publicamos aqui, estão fotos do Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha. Elas mostram a ação dos marinheiros nos comboios e na vigilância do Atlântico, exercícios de luta antissubmarina com o lançamento de cargas de profundidade e fotos de alguns dos navios brasileiros engajados na guerra.

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por Wilson Tosta / RIO, estadao.com.br

Hitler ordenou pessoalmente ataques a navios e cerco a portos

Uma estratégia naval supervisionada pelo próprio Adolf Hitler resultou no ataque generalizado de submarinos alemães...


Uma estratégia naval supervisionada pelo próprio Adolf Hitler resultou no ataque generalizado de submarinos alemães a navios mercantes brasileiros junto à costa do País nos primeiros oito meses de 1942, quando o governo Getúlio Vargas ainda era formalmente neutro na 2.ª Guerra Mundial. Documentos do Tribunal de Nuremberg guardados no Arquivo Histórico do Itamaraty mostram que o führer autorizou pessoalmente o uso da força contra embarcações do Brasil em maio daquele ano, por considerar os brasileiros em guerra contra o reich.
A papelada tem partes do diário de guerra do ex-chefe de Operações do Oberkommando der Wehrmacht (OKW), general Alfred Jodl, e depoimento do ex-ministro da marinha alemã Erich Raeder na corte que julgou chefes nazistas - Jodl foi condenado à morte e Reader, à prisão perpétua. Os afundamentos levaram o País ao conflito.


70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial - 1 (© AE)
Julgamento dos líderes nazistas em Nuremberg. Na fila do alto vê-se o almirante Erich Raeder (segundo da esquerda para a direita) e o general Alfred Jodl (o quinto da esq. Para dir.)


"Em 29 de maio, o Comando de Operações Navais (SKL) propôs liberar o uso de armas contra forças aéreas e navais brasileiras", anotou Jodl em 16 de junho. "(O SKL) Considera apropriado um rápido golpe contra navios mercantes e de guerra brasileiros no momento presente, no qual medidas defensivas ainda estão incompletas e a possibilidade de surpresa existe, já que o Brasil praticamente está guerreando no mar a Alemanha. (...) Sobre a proposta do chefe do Comando Operacional das Forças Armadas, o führer ordenou em 30 de maio que o Comando de Operações Navais (SKL) deveria verificar, perguntando a Roma se relatórios brasileiros sobre a guerra, como ações contra submarinos do Eixo, estão corretos. A investigação (...) mostrou que submarinos italianos foram atacados em 22 e 26 de maio no canto nordeste do Brasil por aviões que fora de dúvida decolaram de base área brasileira."
Chefe da marinha de guerra alemã (Kriegsmarine) até 1943, Raeder se defendia em Nuremberg da acusação de crime de guerra por ordenar ações bélicas contra um país neutro e atacar embarcações brasileiras. Na época, os U-boats (submarinos) alemães tentavam bloquear o envio de matérias-primas e armas aos Aliados no Reino Unido e norte da África, atacando embarcações mercantes inimigas, o que não era oficialmente o caso do Brasil. Sua defesa argumentou que os brasileiros não sinalizavam corretamente seus barcos, tornando-se impossível diferenciá-los de navios inimigos. A documentação faz parte do arquivo da Missão Militar Brasileira na Alemanha e foi encaminhada ao País pelos Aliados em 1946.
Medo. A tensão entre Brasil e Alemanha vinha de 1941. O primeiro incidente entre os dois países ocorreu em 22 de março, quando o navio mercante Taubaté foi metralhado pela Luftwaffe no Mediterrâneo, junto à costa do Egito, deixando um morto e 13 feridos. Em 13 de junho, um submarino alemão obrigou o navio Siqueira Campos a parar junto a Cabo Verde. A embarcação brasileira só foi liberada após ser revistada e ter tripulantes fotografados. O Brasil aprofundava as relações com os Estados Unidos, que, a partir de junho, passaram a usar portos de Recife e Salvador. De Natal, americanos começaram a fazer patrulhamento aéreo. O Brasil rompera com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) em 28 de janeiro de 1942, no fim da 3.ª Conferência de Chanceleres das Américas, no Rio.

"A relação entre Brasil e Alemanha na época era assustadora", declarou Raeder, respondendo a seu advogado, Siemers, diante dos juízes em Nuremberg . "Alemães eram perseguidos lá, tratados muito mal. Os interesses econômicos da Alemanha eram prejudicados pesadamente. Brasileiros já vinham dando ouvidos aos Estados Unidos. Tinham permitido estações de rádio americanas. Transmissores sem fio tinham sido estabelecidos ao longo da costa brasileira e também estações de inteligência. (...) Eles mesmos confirmaram que tinham destruído um submarino alemão."

Depois do rompimento diplomático, recrudesceram os ataques alemães contra o País, ainda longe de águas brasileiras. A guerra chegaria mais perto em 22 de maio, quando o submersível italiano "Barbarigo" atacou (sem conseguir afundar) o vapor mercante Comandante Lira, entre Fernando de Noronha e o Atol das Rocas. O submarino foi localizado por um B-25 Mitchell da FAB, que, atacado a tiros de metralhadora, segundo a versão brasileira, reagiu com bombas. A embarcação italiana escapou, mas o incidente teve repercussão no comando alemão. É a esse caso que Jodl cita em seu diário.
A embaixada alemã temia o agravamento das relações com o Brasil, por causa da atitude da Argentina e do Chile. Após a ação contra o Barbarigo, o Comando de Operações Navais propôs que dez submarinos, que deveriam sair entre 22 de junho a 4 de julho de portos na França, bloqueassem os principais portos brasileiros de 3 a 8 de agosto. A ordem deveria ser dada aos submarinos até 15 de junho.

'De acordo'. Segundo Jodl, depois de o comandante da marinha relatar a situação a Hitler em 15 de junho em Berghof, o führer "se declarou de acordo". "Ordenou, contudo, que antes da decisão definitiva a situação política fosse de novo examinada pelo Ministério das Relações Exteriores." A operação, porém, acabou suspensa. Veio então nova série de ataques de navios brasileiros, ainda longe das águas nacionais.

Em agosto, o Eixo iniciaria outra ofensiva, agora contra a costa brasileira. Só no dia 16 morreram 551 pessoas nos ataques aos navios Baependi (270 mortos), Araraquara (131) e Annibal Benevolo (150). Os três foram torpedeados pelo submarino alemão U-507 perto de Sergipe. Um dia depois, o mesmo submersível matou mais 56 pessoas, ao afundar os navios Itagiba e Arará na costa da Bahia. Em 19 de agosto, o U-507 afundou a barcaça Jacira, perto de Ilhéus. Três dias depois, o Brasil declarou guerra à Alemanha e à Itália.

Telegrama "altamente secreto" da marinha alemã para o OKW admitia "risco" de a força ser responsabilizada pela entrada do Brasil na guerra. Ela sugeriu ao ministério das relações exteriores que pedisse às nações neutras para sinalizar seus navios para não serem confundidos com inimigos. Por fim, o documento da marinha diz: "O Ministério das Relações Exteriores alemão, contudo, mandou tal notificação só para Argentina e Chile. Um telegrama enviado em 10 de fevereiro de 1942. O Ministério das Relações Exteriores permaneceu no ponto de vista de que Estados sul-americanos que tinham rompido relações conosco não fossem informados."

Mortes. Ao todo, 35 navios brasileiros foram atacados de 1941 a 1944 - 33 afundaram, com 1.081 mortos documentados (mas o número pode chegar até a 1.400, pois nem toda embarcação tinha controle do número de passageiros) e 1.686 sobreviventes. Estudioso da 2.ª Guerra Mundial, o historiador Frank McCann, da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, avalia que os documentos de Nuremberg trazem detalhes importantes sobre as decisões alemãs de atacar navios brasileiros. "Publicados, poderiam finalmente aquietar um pouco do nonsense sobre quem afundou os navios brasileiros e por quê."

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por Marcelo Godoy, estadao.com.br

Intelectuais vão ao front contra Hitler

O soldado dissimula o horror da guerra para suportá-lo. A enfermeira Clarice Lispector descobriu isso por acaso...

O soldado dissimula o horror da guerra para suportá-lo. A enfermeira Clarice Lispector descobriu isso por acaso. Habituar-se à morte e seguir adiante foi o que fez o soldado Jacob Gorender. Antes da ação, a consciência incomodava o sargento Boris Schnaiderman. Seria capaz de matar? O barulho, o cheiro e a fumaça da primeira granada bastaram para lhe dissipar o pensamento. Era "nós ou eles", não havia jeito. Era preciso atirar. E matar.
Clarice foi à Itália por causa do marido diplomata, enviado à Roma. Schnaiderman foi para a batalha aos 27 anos, após traduzir pela primeira vez uma obra de Dostoievski - Os Irmãos Karamazov. Gorender tinha 21 e uma carreira no jornalismo interrompida como o curso de Direito, deixado no 4.º ano. Em um País que em 1940 tinha 56% de analfabetos, eles eram intelectuais. Tinham convicção da necessidade de combater o nazismo. Foram voluntários.

Judeus e atraídos pelo prestígio da União Soviética, Gorender e Schnaiderman foram alguns dos homens de letras que combateram, assim como o artista plástico Carlos Scliar, o poeta Geraldo Vidigal, o economista Celso Furtado e o historiador Eurípedes Simões de Paula, mais tarde professor da Universidade de São Paulo.

Outros não lutaram, como a escritora Clarice Lispector, que se fez enfermeira voluntária, e os correspondentes de guerra Rubem Braga (Diário Carioca) e Joel Silveira (Diários Associados).

Democratas como Vidigal estiveram entre os estudantes contrários à ditadura de Getúlio Vargas e favoráveis à guerra contra Hitler. Acabou convocado. Todos conviveram com a morte. A casualidade estava na rajada de balas pela janela, cortando o cômodo a centímetros da cabeça de Schnaiderman. O acaso passava na imprevisível trajetória de estilhaços de granadas ao redor de Gorender. Ele matava tanto quanto tiros do inimigo. Poucos centímetros e eles estão vivos.

Rendição. Os intelectuais se misturaram à tropa, aos seus hábitos, linguagem e crueza. Prevaleceu o espírito da caserna, não o dos livros. Braga, Silveira, Gorender, Vidigal e Scliar colaboraram com textos e desenhos para O Cruzeiro do Sul, jornal da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Gorender testemunhou a rendição alemã, em 1945. "Lembro do que disseram dois oficiais nazistas: 'Nicht mehr krieg', não queremos mais guerra."

É dele o texto em O Cruzeiro do Sul saudando o fim do conflito, com esperança de paz duradoura. O marxismo de Gorender não impediu que fosse homenageado pelo Exército em 2010. Schnaiderman deixou a militância comunista em 1956, após denúncia dos crimes de Stalin. "Eu não tinha nada a ver com o stalinismo." Tradutor de Maiakovski, sua memória da FEB é também literária. "Olhava aqueles soldados marchando e me lembrava de Nada de Novo no Front, de (Erich Maria) Remarque." Depois da guerra, levou 19 anos para escrever Guerra em Surdina, em que a influência do alemão Remarque e do russo Isaac Babel é clara. Nascia o maior romance até hoje escrito sobre a FEB.

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por Leonencio Nossa / BRASÍLIA, estadao.com.br

Após estupro, soldados brasileiros foram condenados à pena de morte

Era para ser uma história de heroísmo. Os soldados gaúchos Adão Damasceno Paz, de 26 anos, e Luiz Bernardo de Morais,...

Era para ser uma história de heroísmo. Os soldados gaúchos Adão Damasceno Paz, de 26 anos, e Luiz Bernardo de Morais, de 21, no entanto, voltaram presos da Itália. Eles começaram a virar vilões às 20h30 de 9 de janeiro de 1945, quando entraram na casa 231 de Madognana, vilarejo medieval da comuna de Granaglione, província de Bolonha, à procura de Giovanna Margelli, de 15 anos.

Na noite de inverno rigoroso, moradores se aqueciam perto da lareira - Giovana, a prima Tonina, de 23, o filho de Tonina, Ferdinando, de 3, os primos Stefano, de 20, e Giuseppe, de 14, e a avó doente, Maria Rita.

Os soldados vestiam farda e "passa montanha", gorro com abertura apenas nos olhos. No inquérito militar que investigou o que ocorreu naquela noite, disseram que tomaram vinho e foram "convidados" a entrar. Luiz Bernardo sentou perto da lamparina a querosene, Adão ficou de pé, próximo a Giovanna. "Vamos apagar a luz de uma vez para pegar a mulher no escuro", disse Adão. Luiz Alberto mandou Stefano apagar a lamparina; o rapaz não entendeu. O soldado, então, disparou a metralhadora na luz.

No depoimento, os soldados disseram que, à exceção de Giovanna, todos "fugiram". Giuseppe deu outra versão. Relatou que foi trancado no banheiro por Luiz Bernardo e depois empurrado a um quarto, onde foi obrigado a pular da janela. O soldado ainda teria disparado, sem acertá-lo. Todos relataram que Adão agarrou Giovanna. Ela pediu socorro a Stefano, que alegou nada ter feito por estar desarmado.
Enquanto Adão violentava a jovem, Luiz Bernardo fazia guarda do lado de fora. Leonardo Vivarelli, de 57 anos, tio da adolescente, se aproximou. O soldado atirou nele. O projétil atingiu ouvido e pescoço. Luiz Bernardo gritou para Adão "andar ligeiro", pois tinha matado um "homem".

Em depoimento, Luiz Bernardo disse que atirou no escuro e depois viu que havia matado Leonardo. Stefano sustentou outra versão. Afirmou que ouviu o soldado gritar: "Andare via (vá embora)!". "Após uns segundos, ouvi a descarga de metralhadora. Depois, o silêncio."

Os soldados inverteram os papéis. Adão foi fazer sentinela. Luiz Bernardo seguiu para o quarto, onde passou meia hora com Giovanna. Depois, disse a Adão que a havia violentado. Mas admitiu em depoimento, versão confirmada pela jovem, que estava embriagado e não conseguiu praticar o ato. Mentiu por "amor-próprio", ressaltou o auditor do inquérito - uma junta médica da FEB confirmou, sete dias depois, a violência praticada por Adão. Aos médicos, Giovanna disse que foi "tomada pelo terror".

Embora ressalte a embriaguez, forma de evidenciar o desrespeito às normas militares, o processo destaca que o crime ocorreu logo após o jantar, não deixando claro quando e quanto tomaram de vinho.
Provas. Na saída de Madognana, Luiz Bernardo deixou cair um cachecol e uma lanterna. Stefano os achou e entregou no Quartel-General da 1.ª Divisão de Infantaria Expedicionária, em Porreta Terme, cidade cercada por montanhas controladas pelo exército nazista.

Ouvido no inquérito, o cabo Renan Alves Pinheiro disse que, na tarde do dia do crime, os dois soldados perseguiram Giovanna pelo vilarejo. Perguntados se podiam justificar sua inocência, Adão e Luiz Alberto ficaram em silêncio. O advogado deles, 2.º tenente Bento Costa Lima Leite de Albuquerque, chegou a afirmar que não houve crime doloso pois Giovanna não teria reagido. O auditor do inquérito, tenente-coronel Eugênio Carvalho do Nascimento, condenou os dois à morte por matar um homem para garantir violência carnal. Uma dezena de estupros praticados por pracinhas ocorreu na Itália. O caso de Adão e Luiz Bernardo só foi julgado pelo assassinato de Leonardo.

Históricos dos dois registravam prisões por embriaguez e saídas sem autorização do quartel. Eles chegaram à Itália em outubro de 1944, três meses antes do crime. A guerra acabou em maio. A euforia que tomou o País na volta dos pracinhas criou clima favorável ao perdão. Luiz Bernardo, gaúcho de São Borja, e Adão, de Santiago, cidade vizinha, foram indultados em 3 de dezembro de 1945 por decreto de Getúlio Vargas. Os dois morreram nos anos 1990. Solitário, Adão vivia em dificuldades. Anos depois da guerra, foi acusado de furto. Na audiência, o juiz perguntou se já havia sido processado. "Fui condenado à morte." O juiz se assustou: "Que história é essa? Brasil não tem pena de morte".

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por estadao.com.br

Do outro lado: os brasileiros que lutaram pela Alemanha

Até hoje, aos 83 anos, Ruth Hoppe-Hulme se emociona ao lembrar do irmão, Hans Ulrich Hoppe. Na 2.ª Guerra Mundial,...
"O irmão de Ruth morreu em um bombardeio em Berlim"

























Até hoje, aos 83 anos, Ruth Hoppe-Hulme se emociona ao lembrar do irmão, Hans Ulrich Hoppe. Na 2.ª Guerra Mundial, o quase menino de 17 anos - brasileiro e filho do alemão Bruno Hopper e da catarinense Wally - foi convocado para servir na defesa antiaérea de Berlim. Designado para manusear holofotes, escreveu no fim de 1943 à "liebe mama" (querida mamãe) em alemão: "Hoje recebi uma convocação para um Marine WE Lager em Oberbayern", afirmou, referindo-se a um campo de treinamento da Juventude Hitlerista. "O curso vai de 31 de outubro a 21 de novembro. (...) Fora disso, não há nada de novo. Fico feliz que vão voltar em breve. Espero que para vocês não aconteçam ataques aéreos perigosos. Desejo tudo de bom e que nos vejamos em breve." O reencontro, porém, não aconteceu: em 9 de abril de 1944, domingo de Páscoa, Hans morreu em um bombardeio.

"Eu só soube depois", diz Ruth, lembrando do telegrama que recebeu na então Tchecoslováquia. Antes, estava na Saxônia, perto de Dresden, cidade arrasada por bombardeios aliados. Wally estava na Polônia, refugiada com o caçula, Winfried Michael, nascido na Alemanha em 1941, quando Bruno foi convocado para lutar no Exército. Ele acabou encerrando sua participação na guerra como prisioneiro dos canadenses na Bélgica - onde também havia ficado preso na 1.ª Guerra Mundial. Depois da notícia da morte de Hans, Ruth recebeu autorização para se juntar à mãe em território polonês. De lá, elas voltaram a Berlim, onde estavam os soviéticos.

Os Hoppe acabaram no centro do maior conflito bélico da história por alguns acasos. Funcionário do Banco Alemão Transatlântico no Rio, Bruno resolveu, em 1939, aproveitar os três meses de férias aos quais tinha direito, a cada três anos, para visitar parentes em Berlim. No ano anterior, havia morrido o avô de Ruth e Bruno se preocupava com a mãe. O navio Monte Olivia deveria sair em 12 de julho, mas só pôde zarpar em 8 de agosto de 1939, por causa de problemas no Porto de Santos. Ia para Hamburgo. Em 1.º de setembro, quando tropas alemãs invadiram a Polônia, iniciando o conflito, o navio ainda não havia chegado. Diante da notícia, parou em Roterdã, na Holanda. Todos desceram e, após liberada pela polícia, a família seguiu por rio e depois de carro e a pé. Nem cogitaram voltar: Bruno queria seguir e Wally não quis deixar o marido.

"Ia ser blitzkrieg, ia ser rápido", conta Ruth, que tinha 9 anos na época. Em Berlim, a família se estabeleceu no bairro Grünewald, onde comprou uma casa. Bruno foi convocado pelo Exército e dispensado, por supostos problemas de saúde - médicos achavam que, por viver em país tropical, seu coração poderia estar comprometido. Designaram-no para trabalhar na distribuição oficial de trigo, um serviço civil, mas em 1943, quando a guerra "apertou", foi chamado a lutar. Foi para a então União Soviética trabalhar no treinamento de adolescentes de 16 anos. "Ele escreveu para minha mãe: 'Essas crianças de colégio já têm de botar uniforme e começar a combater'." Encerrada a guerra, Wally e Ruth, que tinham voltado com o pequeno Winfried para a casa de Grünewald - então bastante danificada pelos bombardeios -, ficaram meses sem notícia de Bruno. Uma noite, entre o Natal e o Ano-Novo de 1946, um desconhecido de capote pesado bateu à porta. "Aqui mora Frau Hopper?", perguntou, em alemão, no escuro. Embora a casa ficasse no então setor britânico de Berlim, havia o temor de incursões de soldados russos, cuja fama era péssima, pelas acusações de saques e estupros. "Bruno, é você?", perguntou Wally. Era.

Em 1948, a família retornou ao Rio no navio Santarém. Atrás de Ruth, veio um soldado inglês, Alfred Hulme, que a conheceu durante a ocupação e lhe escreveu 193 cartas de amor. Os dois acabaram casados. Na época, o País repatriou 5.885 brasileiros que, como os Hopper, passaram a 2.ª Guerra Mundial na Europa. Essa foi uma das principais iniciativas da Missão Militar Brasileira em Berlim, que funcionou de 1946 a 1950. Cálculos extraoficiais apontam que algumas centenas de brasileiros, sobretudo descendentes de alemães e italianos, lutaram pelas potências do Eixo na 2.ª Guerra. Listas com dezenas de nomes foram compiladas pela missão militar. Estão arquivadas no Itamaraty. / W.T.


Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por Luiz Zanin, estadao.com.br

Diversos olhares sobre o conflito

Três filmes relativamente recentes têm por tema a participação do País na 2.ª Guerra Mundial: Rádio Auriverde (1991),...

Três filmes relativamente recentes têm por tema a participação do País na 2.ª Guerra Mundial: Rádio Auriverde (1991), de Sylvio Back, Senta a Pua! (1999), de Erik de Castro, e A Cobra Fumou (2002), de Vinicius Reis. São abordagens distintas, visões que se poderiam chamar de complementares sobre o processo do envolvimento nacional na guerra.

Rádio Auriverde é a mais sardônica, colocando foco na inadequação de muitos pracinhas para as operações de guerra. O filme, considerado desrespeitoso, foi alvo de críticas azedas e manifestações de ex-combatentes, quando lançado.

Back trabalha com material de arquivo, mas montado de uma maneira inusitada, com narrativa em off que às vezes confere novo significado ao que se vê. Por exemplo, Getúlio Vargas é visto na tela, "confessando" (com outra voz) que fora obrigado a enviar os pracinhas em troca de financiamento americano para a Usina de Volta Redonda. Convém lembrar que o Estado Novo mantinha atitude pendular em relação ao Eixo e aos Estados Unidos, até se decidir pelos Aliados e mandar tropas para a Europa. Há a tese de que os pracinhas seriam moeda de negociação para a construção da siderúrgica, mas a hipótese simplista é desmentida por um historiador como Boris Fausto (em A História Concisa do Brasil).
Há, em Rádio Auriverde, imagens cômicas, como a do soldado que cai de uma ponte enquanto a narração sustenta que "as tropas brasileiras estão muito bem preparadas para o combate". Outras imagens mostram soldados patrícios tocando violão, dando cambalhotas e sambando.
Tomadas em sentido literal, o arranjo de imagens e sons parece ofensivo, justificando os protestos dos que lutaram. Back, no entanto, sustenta que sua intenção foi "desideologizar" a leitura habitual da guerra, condenando quem enviou os soldados brasileiros, mal preparados, como buchas de canhão no teatro de guerra italiano.
Já Senta a Pua! faz percurso inverso. Aposta na construção de retratos de heróis, sem qualquer distanciamento crítico. Além disso, situa-se na elite das Forças Armadas e em seus comandantes. É o mais oficial dos três, o que lhe valeu o apodo de filme chapa-branca. Segue sua vocação na apresentação unilateral e heroicizada dos personagens e uma pobre contextualização que nos permitiria compreender melhor os fatos.

A Cobra Fumou encontra o caminho médio, focando-se, como Rádio Auriverde, na Força Expedicionária Brasileira. Se a aviação, retratada em Senta a Pua! era formada em boa parte pela elite, a FEB costumava recrutar soldados entre os extratos socialmente mais pobres da população.

Sem deixar de ser crítico, A Cobra Fumou contempla o lado humano dos personagens, suas dores e inquietações diante de uma luta travada em ambiente hostil e inverno feroz. O cineasta se desloca para a Itália, para observar o cenário da guerra, o Monte Castelo e a cidade de Montese, no norte da península, e conversa com testemunhas. Ouve italianos. E ouve brasileiros ilustres que participaram da campanha, como o artista plástico Carlos Scliar e o jornalista Joel Silveira.

Mas os depoimentos mais impactantes vêm da gente do povo. Do veterano que confessa que "mais vale um covarde vivo que um herói morto". Ou do soldado negro Manoel Ramos de Oliveira, que, tantos anos depois, não consegue conter as lágrimas ao lembrar de uma mulher italiana, com o marido doente e acamado, se oferecendo sexualmente a ele em troca de alguma comida.
Um novo capítulo dessa reinterpretação da saga brasileira na guerra será aberto com A Montanha, ficção ainda inédita de Vicente Ferraz. O diretor já dirigiu o documentário O Mamute Siberiano, sobre um filme soviético, Soy Cuba, rodado em Havana durante a Guerra Fria. O que o credencia para a aventura de reconstituição histórica do período da guerra quente, agora pela chave da ficção que, não raro, anda mais perto da verdade dos fatos do que os documentários.


Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por estadao.com.br

Caça a espiões alemães no Brasil começou antes do conflito

Muito antes que o Brasil rompesse relações com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), em 28 de janeiro de 1942, a Abwehr,...
Caça a espiões alemães no Brasil começou antes do conflito

"Aparelho achado no Rio servia para mandar informações a nazistas"


























Muito antes que o Brasil rompesse relações com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), em 28 de janeiro de 1942, a Abwehr, o serviço de inteligência militar alemão, já operava redes de espionagem a partir da comunidade germânica no Brasil. E, muito antes da declaração de guerra, em 22 de agosto, a maior parte dos integrantes já tinha sido presa pela polícia política de Getúlio Vargas. Segundo a historiadora Priscila Ferreira Perazzo, pesquisadora da espionagem alemã no Brasil na 2.ª Guerra, isso ocorreu porque a ação dos espiões já era monitorada havia anos.

"De 1939 a 1941, polícia e Itamaraty sabiam o que estava acontecendo, ficaram só monitorando esses grupos", conta. "No início de 1942, a polícia sai numa caça. No primeiro semestre, essas redes são desmontadas." Duas grandes operaram no Brasil. Uma foi chefiada por Niels Christian Christensen e tinha ligações com Rio e São Paulo; a outra era articulada por Gustav Engels, executivo da empresa alemã AEG, com ligações no Rio, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Espiões alemães também agiam em outros Estados. Informações eram passadas à Alemanha por radiotransmissores clandestinos.

Um deles foi descoberto em 1942 com Frank Walter Jordan, no Rio. Em depoimento no Tribunal de Segurança Nacional (TSN) - com todas as reservas que merecem provas obtidas no Estado Novo, quando a tortura era corriqueira -, ele confessou ser espião. Ao delegado Aládio Andrade do Amaral, da Delegacia Especial de Segurança Política e Social (Desps), contou em agosto ser filiado ao partido nazista e ter integrado a marinha alemã, da qual teria sido excluído por se envolver em briga. Disse que, após viagem aos Estados Unidos, foi recrutado para o serviço secreto. Foram dois meses isolado, vivendo em hotéis, estudando criptografia e aprendendo a se disfarçar. No fim de 1940, foi mandado ao Brasil, onde deveria procurar algumas pessoas. Embarcou em Paris, levando uma estação transmissora. Acabou condenado pelo TSN.

Depois da guerra, espiões tiveram penas reduzidas e foram soltos. Segundo Priscila, a ação deles se deu em um quadro em que Vargas passara a reprimir comunidades estrangeiras que mantinham no País vida e cultura próximas das de suas nações de origem. / WILSON TOSTA

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por Marcelo de Moraes / BRASÍLIA, estadao.com.br

No improviso, País se une aos Aliados

Documentos inéditos e classificados do Conselho de Segurança Nacional mostram como o Brasil estava despreparado...

Documentos inéditos e classificados do Conselho de Segurança Nacional mostram como o Brasil estava despreparado para enfrentar a 2.ª Guerra Mundial e precisou recorrer aos Estados Unidos para conseguir enviar suas tropas para o combate na Europa. A decisão de participar da guerra fez com que o governo brasileiro se deparasse com a incrível falta de infraestrutura de suas tropas, deficientes em efetivos, armas, equipamentos e treinamentos. Os documentos, aos quais o Estado teve acesso, estão guardados no Arquivo Nacional, em Brasília, e foram liberados na íntegra graças à Lei de Acesso à Informação.

O Brasil declarou guerra à Alemanha em 1942, mas decidiu mandar tropas para o conflito apenas no ano seguinte. Documento de 2 de junho de 1943, classificado como secreto e enviado pelo Conselho de Segurança Nacional para o então presidente Getúlio Vargas, trata do acordo político-militar firmado com os Estados Unidos para o envio de tropas. No documento, o Brasil chega ao inusitado ponto de tentar escolher o local onde as tropas brasileiras iriam combater para evitar que os soldados nacionais sofressem com o frio europeu.

Segundo o documento, o Ministério da Guerra salientava "ser absolutamente imprescindível assentar, por uma questão de clima e condições mesológicas, que, em princípio, o emprego de nossa força expedicionária se restrinja à região sul mediterrânea da Europa".

Nesse documento, o Ministério da Guerra também deixa clara a precariedade dos armamentos nacionais e pede que o governo avise os americanos sobre a questão. O texto diz que o Brasil deve "estipular, de modo explícito, o problema do armamento do Corpo Expedicionário, como dos demais elementos guarnecedores do território nacional".

Outro documento reservado, enviado em 8 de novembro de 1943 pelo Conselho de Segurança Nacional para Getúlio Vargas, trata justamente da criação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e narra a preocupação que o Ministério da Guerra tinha com as medidas que deveriam ser adotadas para evitar "os inconvenientes de uma improvisação".
As deficiências brasileiras eram totais. Arquivo secreto de 5 de janeiro de 1944 mostra a solicitação do Ministério da Guerra para enviar à América do Norte um oficial para "estudar a organização da Infantaria do Ar - tropa especialmente adestrada para o transporte aéreo". A exposição de motivos não poderia ser mais direta: os militares brasileiros simplesmente não tinham nenhum conhecimento sobre o uso militar de tropas de paraquedistas.

"Alega o senhor ministro que nada possuímos a respeito, não passando os exercícios de paraquedismo entre nós de meras demonstrações de eficiência dos aparelhos na salvação das equipagens de aviões no caso de acidente", cita o texto do documento secreto.

A improvisação do governo brasileiro alcançava todas as suas áreas. Excertos tirados da Ata da Comissão de Estudos de Segurança Nacional mostravam a preocupação com abastecimento de alimentos para regiões do Brasil mais diretamente envolvidas com o conflito, como o Nordeste. A região era considerada um ponto estratégico nas operações militares e a comissão chegou a ter dúvida entre a fomentação de frigoríficos para estocar carne no Nordeste ou o incentivo a uma prosaica "indústria do charque", carne menos perecível.

Rapadura. Se equipamentos e armas faltavam para as tropas, integrantes da comissão avaliaram que não poderia faltar também rapadura. Nessa reunião, os estudiosos consultados pelo governo defenderam a estocagem de gêneros e lembraram "ser a rapadura produto primordial na alimentação do nordestino".


Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por Acervo Pessoal, estadao.com.br

Brasil ajudou a pôr fim à segregação no exército dos EUA

Negros e brancos lutaram lado a lado na Força Expedicionária Brasileira. O mesmo não ocorria no exército dos Estados...


Negros e brancos lutaram lado a lado na Força Expedicionária Brasileira. O mesmo não ocorria no exército dos Estados Unidos, que mantinha separados brancos e negros. Uma das unidades negras americanas, a 92ª Divisão, lutou ao lado dos brasileiros na Itália. Seus oficiais superiores eram todos brancos. E do sul. "Os americanos diziam que nossos negros eram diferentes, que os deles não eram bons", conta o general Octavio Costa.
Em Barbudos Sujos e Fatigados, o historiador César Campiani Maximiano mostra que o bom exemplo brasileiro repercutiu em jornais dos EUA que lutavam por direitos civis dos negros. Logo depois, o presidente Henry Truman aboliu o segregacionismo no exército americano, mandando tropas mistas à Guerra da Coreia (1950-1953). / M.G.

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por Marcelo Godoy, estadao.com.br

Maioria dos brasileiros morreu em ataque no mar

Mais brasileiros morreram no mar (1.081) do que nos campos da Itália (466). Para manter o comércio, o Brasil não...

Mais brasileiros morreram no mar (1.081) do que nos campos da Itália (466). Para manter o comércio, o Brasil não podia deixar suas águas. Durante a guerra, o almirante Hélio Leôncio Martins comandou um navio antissubmarino. É ele quem conta a atuação da Marinha do País no conflito.

A Marinha estava preparada para a guerra?
Quando começou a guerra... zero. Pode pôr zero. Zero mesmo. Não sabíamos nada de defesa antissubmarina, não tínhamos arma nem equipamento. Começamos a guerra em agosto. Os dois primeiros navios antissubmarinos caça-ferro, comprados na véspera da guerra, só chegaram em setembro.

Como foi o começo da guerra?
Minha primeira experiência foi em um destróier de 1908, sem nada. Tinha bombas de profundidade de 40 libras. Para se ter uma ideia do que era isso, depois nós usamos bombas de 300, de 600 libras. Usávamos de 40 amaradas com cabo. Não tínhamos lançador nem nada. Não tínhamos nada. Felizmente, nenhum submarino se lembrou de pôr a pique um daqueles navios. Não puseram a pique porque não quiseram. Mas tínhamos uma Marinha com mais de cem anos de existência, com tradição e história. Foi isso que permitiu que a gente fosse para o mar.

O senhor chegou a enfrentar os submarinos alemães?
Nós estávamos na altura da Venezuela, em um comboio americano. O único navio-patrulha éramos nós quando um petroleiro de avião foi bombardeado. Foi um fogaréu enorme. Aí nós tivemos um contato. Depois, eu tive mais uns dois contatos. Um deles foi com uma baleia. A baleia estava andando devagar, parecia um submarino. Foi destruída.

Qual foi a principal tarefa da Marinha brasileira na guerra?
Na guerra inteira a nossa função era passiva, defender comboio. Os americanos faziam caça e destruição. A nossa função era fazer passar o comboio. Cada passagem do comboio era uma vitória. Não era uma coisa que se contasse por destruição do inimigo, ou tomada de uma ilha. A nossa vitória era a passagem de um comboio. / M.G.

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por Edison Veiga, estadao.com.br

Lutaram um contra o outro. No interior de SP, viraram amigos

As vidas de João Luizon e de Michele Sangiacomo têm muito em comum. Ambos são de origem italiana e se mudaram nos...


As vidas de João Luizon e de Michele Sangiacomo têm muito em comum. Ambos são de origem italiana e se mudaram nos anos 1950 para Taquarituba, pequena cidade paulista, a 320 km da capital. Na época, os dois trabalhavam na compra e venda de cereais e tinham lutado na 2.ª Guerra. Mas em lados opostos.

Nascido em Sartriano di Lucania, no sul da Itália, Michele tinha 16 anos em 1942, quando se alistou na marinha italiana. "Guerra é guerra. Mesmo sendo menor de idade, eles aceitavam", lembra ele, hoje com 86 anos. Não foi por ideologia nem por patriotismo. "Precisava era de emprego. Virei radiotelegrafista, embarcado no Mediterrâneo."

Na mesma época, João, nascido em Bernardino de Campos (SP), era convocado. Filho de um italiano que havia migrado para o Brasil justamente para fugir do horror da 1.ª Guerra, ele tinha 19 anos e seria um dos 25.334 homens que o Brasil enviaria para lutar na 2.ª Guerra. "Ele sempre foi muito patriota. Orgulhava-se de ter combatido em Monte Castelo", conta uma de suas três filhas, a dentista Regina Luizon Gomes, de 55 anos – João morreu em 2006, aos 82.
Quando chegaram a Taquarituba, menos de uma década depois do fim da guerra, a cidade tinha pouco mais de 7 mil habitantes. João e Michele se tornaram vizinhos. Uma casa a menos de 80 metros da outra, na mesma Rua Marechal Floriano Peixoto. "Não chegamos a lutar diretamente, porque não estivemos nas mesmas batalhas. Mas poderia ter acontecido", comenta Michele, fazendo uma pausa longa, como que pensando no velho amigo. Emenda com um saudoso "Êêê, João véio...".

Amizade. "Eu via o João praticamente todo dia. A gente sempre estava conversando ali na esquina (diz, apontando para a Praça São Roque, quase na frente de sua casa). Quando ele começava a contar da guerra, a gente dava risada. Porque todo mundo sempre exagera um pouco, né? E eu fingia que não acreditava só para provocá-lo."

Apesar de nenhum dos dois ter seguido carreira militar, o passado sempre os orgulhou. "Meu pai era um pacifista, achava que os povos não podiam entrar em guerra", diz Regina. "Por toda a vida, foi muito correto, honesto, defensor da honra. Acho que esses valores foram fortalecidos por sua participação na Força Expedicionária Brasileira."

Em Taquarituba, João e Michele reconstruíram a vida. João casou e teve três filhas. Comandou uma beneficiadora de arroz, depois um mercadinho e, por fim, virou inspetor de alunos de escola pública. Apesar de nenhum dos filhos viver mais na cidade, sua casa continua lá, mobiliada. "Não perdemos a ligação com nossa origem", explica Regina.

Michele não casou nem teve filhos. Continuou vendendo cereais, comprou terras, virou agricultor. Hoje é aposentado. De vez em quando, espia pela janela de casa e vê a mesma esquina onde passava horas batendo papo com João. Tem saudades.

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por estadao.com.br

'O alto-falante anunciou: Attention. The war is over'

Eu estava em Natal fazendo a revisão de um P-40 (avião) quando abriu o voluntariado para o 1.º Grupo de Aviação...

"Rui Moreira Lima"



Eu estava em Natal fazendo a revisão de um P-40 (avião) quando abriu o voluntariado para o 1.º Grupo de Aviação de Caça. Dei meu nome. No dia seguinte, quando voltei para minha base em Salvador, meu comandante me disse: "Você fez besteira, rapaz. Vai para um lugar onde os caras já estão treinados. Vai ser como tiro ao pombo". E eu respondi: "Mas eu não estou pensando nisso, eu estou pensando nos navios que foram afundados". Em poucos dias, os alemães mataram centenas no litoral do Nordeste. Fomos treinados no Panamá e, depois, nos Estados Unidos. Só então embarcamos para a Itália.

No primeiro mês de combate, perdemos quatro pilotos. Fiz meu primeiro voo em 6 de novembro de 1944. Quando voltei da missão, fui entrevistado pela BBC. Foi quando chegou a confirmação da morte do Cordeiro (John Richardson Cordeiro e Silva), o primeiro piloto que morreu. Ele foi atacar Bolonha, a estação de estrada de ferro, que era muito protegida. Pegou um tiro. Eu vinha voando e ouvindo a conversa dele com o americano: 'Meu avião foi atingido e tá pegando fogo. Tô perdendo altura e potência. Estou com rumo sul". Ele estava a 17 km de Bolonha quando o avião bateu em um morro e explodiu. Ele morreu.

Minha mulher não gosta que eu fale, mas eu fiquei muito mal quando atirei pela primeira vez. As primeiras pessoas que eu destruí, a vida delas me custou muito caro. Os colegas me diziam: "Pô, tá medrando, fica chorando, vomitando aí". Porque me causou um mal-estar muito grande quando eu puxei o gatilho e atirei nos caras. Eles estavam correndo, saindo de um jipe para entrar numa casa na campanha e eu atirei neles. Daí em diante, comecei a pensar: 'Se eu não atirasse, esses estariam atirando e matando os meus'. Essa é crueza da guerra.

No dia 2 de maio de 1945, me apresentei para outra missão e, na sala de operações, de repente o alto-falante anunciou: 'Attention, attention, please. The war is over, the war is over'. Aí foi aquele silêncio maravilhoso e, em seguida, uma gritaria enorme. Abracei até quem não conhecia. O pessoal chorando, emocionado. Confesso que achei muito bonito. Dois momentos bonitos: o dia em que terminou a guerra e o dia em que pousei no Campo dos Afonsos (Rio) e encontrei minha mulher e minha filha. Ela tinha sete meses e eu não a conhecia. Deixei minha mulher grávida e só fui conhecer a menina depois da guerra. / M.G. e MARCOS DE PAULA (FOTO)


Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por estadao.com.br

Militares temiam invasão da Argentina

O fantasma de uma possível invasão argentina assombrava as mentes dos militares brasileiros no período que antecedeu...

O fantasma de uma possível invasão argentina assombrava as mentes dos militares brasileiros no período que antecedeu o início da 2.ª Guerra Mundial. Documentos secretos do Conselho de Segurança Nacional mostram que o governo brasileiro sabia que seria impossível impedir um ataque argentino pelo sul do País, tamanha era a fragilidade das tropas nacionais no local. Além disso, a precariedade do sistema ferroviário fazia com que o governo brasileiro tivesse a consciência de que tampouco seria possível organizar a tempo um contra-ataque contra os argentinos.

Documento de 11 de janeiro de 1938, classificado como secreto, trata dessa situação. Nele é proposta a construção de uma segunda via férrea até a região para garantir a mobilidade de transportes e, principalmente, das tropas brasileiras. "O Estado-Maior do Exército insiste pela realização desses empreendimentos, que solicita há vários anos, como imperiosamente necessários à defesa nacional", diz o documento.

O Conselho de Segurança Nacional simula nesse trabalho a eventual evolução das tropas argentinas, caso houvesse a decisão de ataque pelo Sul. "Em cerca de 40 dias, a contar da declaração de guerra, a totalidade do exército ativo argentino estará concentrado em Corrientes e poderá invadir o Rio Grande do Sul", diz o texto. "Em face de tais possibilidades, quais são as do Brasil?", questiona o conselho. "Como valor, o Exército de campanha brasileiro é muito inferior ao argentino", define categoricamente o documento.

A partir daí, descreve em tom de angústia a incapacidade do Brasil em deslocar seus efetivos em tempo hábil para reagir à invasão dos vizinhos. "Em 270 dias, depois de declarada a guerra, a Argentina poderá ter no Rio Grande do Sul 12 divisões do exército, 4 de cavalaria e outros elementos. E o Brasil só poderá ter 7 a 8 divisões de infantaria e 3 de cavalaria. Quer isso dizer que dificilmente se poderá impedir a invasão do território brasileiro", diz o estudo. "A situação é extremamente angustiante! Metade do Estado do Rio Grande do Sul terá sido perdido."

Outro documento secreto de 7 de julho de 1937 já tratava do problema, recusando a proposta argentina de fazer parceria com Brasil e Uruguai para a construção de uma usina hidrelétrica no Rio Uruguai. Para o Conselho de Segurança, a obra só beneficiaria os argentinos e ainda ampliaria a superioridade estratégica do vizinho. O texto também analisa a proposta sob o ponto de vista militar. "Sob esse aspecto, o empreendimento é de todo desfavorável ao Brasil. Primeiramente, a Argentina possui organização militar e meios bélicos superiores aos do Brasil", descreve. "No caso de guerra Brasil-Argentina, o Brasil não poderá utilizar a via marítima para levar tropas ao Rio Grande do Sul. A esquadra argentina, por ser mais forte que a nossa, barrará essa via." / M.M.

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por estadao.com.br

'Minha primeira noite de combate na FEB foi de pânico'

Fui aluno de Manoel Bandeira no Colégio Pedro 2.º, no Rio, de quem me fiz amigo. Resolvi fazer exame na Escola...

'Minha primeira noite de combate na FEB foi de pânico'

"O general Octavio Pereira da Costa"



Fui aluno de Manoel Bandeira no Colégio Pedro 2.º, no Rio, de quem me fiz amigo. Resolvi fazer exame na Escola Militar para livrar minha mãe de problemas financeiros e era aluno quando houve a declaração de guerra. Tinha 22 anos. Saí aspirante e fui para Salvador, onde me designaram para o 11.º Regimento de Infantaria, uma unidade expedicionária. E assim fui parar na FEB.

Meu primeiro contato com a guerra foi no cais de Nápoles, terrivelmente bombardeada. Havia inúmeros navios afundados à vista. A gente via a situação lamentável dos italianos, ansiosos por algum tipo de ajuda, um aceno, uma caixa de alimentos, uma lata ou mesmo um cigarro.

Entramos em linha nos últimos dias de novembro. É a estação das chuvas na Itália. Os caminhos e encostas ficam enlameados. É extremamente difícil andar nessas condições. Estávamos na frente do pequeno Rio Reno, na face oriental dos Apeninos. A região é dominada pela linha de cristas, de que é parte Monte Castelo. Geradores produziam fumaça o dia inteiro para que o adversário não visse onde se passava nesse vale.

O medo é uma realidade. Na área de Bombiana, havia posições difíceis guarnecidas pela tropa. Eu vi um oficial entrar em uma dessas posições e uma semana depois sair da posição inteiramente de cabelos brancos. Quando chegamos, o alemão percebeu e fez o óbvio: uma ação que desmoralizasse nossos homens. Enviou patrulhas para nossa frente, em Casa de Guanella, e desbaratou nossa tropa. O capitão perdeu o controle dos homens e eles entraram em pânico, arrastando uma das companhias à esquerda. Minha primeira noite de combate na Força Expedicionária Brasileira foi uma noite de pânico. Ninguém segura quem debanda. Você acolhe na retaguarda, o que foi feito. O comando da divisão reuniu o batalhão e decidiu que ele participaria da primeira ação ofensiva em Monte Castelo. Assim foi. E ele se saiu bem. Mas o capitão da tropa que debandou foi destituído do comando, submetido a Conselho de Guerra e condenado. Perdeu a carreira.

A FEB começa a guerra para mim com o episódio que narrei, a noite terrível do pânico, de 2 para 3 de dezembro de 1944. É inesquecível, pois é o dia do Colégio Pedro 2.º - comemorei o aniversário do Pedro 2.º no pânico. Essa divisão, que chega e combate sob o signo da heterogeneidade, inclusive entre os comandantes, no Estado-maior, com brigas internas, egos imensos se devorando uns aos outros, acaba a guerra no avanço avassalador para o noroeste, chega até a fronteira da França. Um lance de extrema felicidade e sorte. Fomos muito bem-sucedidos, em grande parte por muita fortuna. Fortuna, pois tudo indicava que não daria certo. / M. G. e E. F.


Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por estadao.com.br

'Recebi ordem de cessar-fogo, mas decidi mandar atirar'

A guerra acabou na Itália em 2 de maio, mas para nós da FEB ela terminou em 30 de abril, em Collecchio-Fornovo...
"Amerino Raposo, coronel do Exército e tenente na Itália"

























A guerra acabou na Itália em 2 de maio, mas para nós da FEB ela terminou em 30 de abril, em Collecchio-Fornovo. Foi lá que o Ernani Ayrosa (então capitão) se arrebentou. Eu estive com ele um minutos antes. Foi uma coisa impressionante. O coronel Nelson de Melo havia dado prazo de 13 horas aos alemães - ou eles se rendiam ou seriam atacados. Eles se recusaram. O coronel deu ordem de marcha para contato, duas companhias.

O Ayrosa chegou em um jipe. Eu estava parado com as quatro peças (canhões) num bosque. Perto dali, havia um tenente alemão morto. O inimigo havia saído de véspera. Eu disse ao Ayrosa: "Capitão, qual é a sua direção de marcha para eu apontar as minhas peças? Eu tô perdido aqui". Ele me disse: "Também estou perdido. Não sei se os alemães estão pra lá ou pra lá".

Como era tudo confuso, ele tirou o motorista, o pôs atrás no jipe e pegou a direção. O sargento ficou no lugar dele, ao lado do motorista. O Ayrosa ainda apanhou um reboque com 300 rojões e foi alimentar as bazucas na linha de frente. Muito bem, o que é que ocorreu? Quando ele fez a curva, o sargento disse: "Capitão, olha o PA (posto avançado) alemão". Viu dois soldadinhos lá. O Ayrosa parou o jipe e foi manobrar para voltar. Aí passou na mina. Do banco da frente para trás do jipe, desapareceu tudo. O soldado que estava atrás virou pó. O Ayrosa foi capturado pelos alemães e o sargento foi jogado a uns 30 metros, mas sobreviveu. Era 28 de abril.

Eu não tinha noção da linha de contato com o inimigo. Calculei que eles estariam a 1.500 metros por causa da trajetória dos tiros de uma metralhadora antiaérea. Chamei os quatro sargentos chefes de peça: "A situação é essa: estamos cegos, mas vamos ter de atirar por causa do desespero da companhia nossa que está sob ataque". Mandei buscar munição, pois tinha pouca, e ela chegou. Aí dei a ordem: "Pôr tudo".

Mais ou menos à 0h40, o coronel Souza Carvalho, meu comandante, me chamou: "Raposo, os alemães aceitaram a rendição. Cesse o fogo e permaneça na posição até o amanhecer". Respondi: "Sim, senhor". Quando ele desligou, chamei os sargentos chefes de peça: "Vocês vão consumir as 200 e tantas granadas que ainda estão aqui". Coisa que é pena de morte. Mas são coisas feitas dentro de uma intenção, pois eles ainda podiam fazer misérias lá. E, às 8 horas do dia 29, ali em Collechio, começou a chegar um grupo de oficiais alemães de uniforme cinza, com barba feita e condecorações, como se fosse uma parada. Começava a rendição. / M.G. e E.F.

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por estadao.com.br

'Se eles fossem descobertos, seriam fuzilados por alemães'

Por que alguém bota sua família em risco por um sujeito que nunca viu na vida? Meu colega foi abatido, saltou em...


"O piloto de caça José Rebelo Meira de Vasconcelos"



Por que alguém bota sua família em risco por um sujeito que nunca viu na vida? Meu colega foi abatido, saltou em território inimigo e ficou escondido na casa de uma família italiana. Se eles fossem descobertos, seriam fuzilados por alemães. Não consigo entender. Essa pergunta fica até hoje na minha cabeça: por que eles ajudavam? Porque o fascista não perdoava: ia a família inteira. Anos depois, a Franca, que era a jovem que cuidou do meu amigo, veio nos ver no Brasil. Nós éramos todos jovens e voluntários. Todos.

Eu era instrutor de pilotagem da Escola da Aeronáutica quando abriu o voluntariado para o 1.º Grupo de Aviação de Caça. Cumpri 93 missões durante a 2.ª Guerra Mundial. Minha primeira missão foi um passeio. Eu era o número quatro da esquadrilha. Normalmente, o mais novo era o último que mergulhava. Ia sempre atrás do seu líder. É claro que todo mundo sabia que ia levar tiro. Não podia passar pela cabeça de ninguém que você ia para um negócio daqueles (guerra) sem acontecer nada. Mas o tiro a gente não via. Você ouvia o barulho: páááááá. Não dava nenhuma sensação. Naquele momento, sua cabeça estava preocupada com a missão a realizar.

Eu me lembro do dia em que fui atingido. Deve ter sido por uma granada de 20 mm. Num determinado momento, o comandante da esquadrilha disse: "See, atenção, vamos fazer um break para a direita de 90°". O break era uma curva fechada porque estávamos com um campo de vida franca pela frente. Campo de vida franca era um campo de aviação. Era um terror, pois eles eram tremendamente defendidos. Esse break era justamente para sair de lá. Mas me esqueci de que havia uma pista nova nessa base e, quando acabei minha curva, vi na minha frente aquela faixa preta das explosões. Aí eu já levei uma cacetada direto - baaaannnn -, que quase joga o avião no chão. Joguei fora o tanque extra e colei no chão para voar o mais baixo possível e fugir da artilharia antiaérea. O avião (P-47) era um monstro, era uma coisa inacreditável de forte.

Eu voei no último dia da guerra. Tudo já estava praticamente decidido. Sabia-se que ia haver uma parada do alemão. Nesta missão, foram dois pilotos: eu e meu ala. A ordem era fazer reconhecimento armado, como a gente chamava, sem atirar. Só o faríamos se fôssemos alvejados pelo inimigo. Mas, na realidade, quando chegamos estava todo mundo na rua. Todos com lenço, aquela euforia maluca de que a guerra tinha acabado. Milhões de pessoas tinham ido embora, mas o resto estava salvo. Voamos baixo. A gente passava, todos faziam sinal com a mão. Foi como se fosse um 7 de setembro. / M.G. e E.F.

Atualizado: 25/08/2012 15:45 | Por estadao.com.br

SP teve blecautes e falta de farinha

Os habitantes da cidade viveram dias de tensão durante a guerra. Quedas de energia abruptas durante a noite, falta...

Os habitantes da cidade viveram dias de tensão durante a guerra. Quedas de energia abruptas durante a noite, falta de mantimentos básicos como farinha e pão e exercícios diários de defesa contra possíveis bombardeios de aviões. Não, não se trata da Londres sitiada pela força aérea alemã ou muito menos das cidades japonesas na época da invasão americana. Esse era o dia a dia em São Paulo, a segunda maior cidade brasileira (então com 1,5 milhão de habitantes, pouco menos que o Rio) nos anos em que o País esteve em guerra contra as potências do Eixo.

"A guerra teve impactos fortes no cotidiano dos moradores da cidade", afirma o historiador Roney Cytrynowicz, autor do livro Guerra sem guerra: a mobilização e o cotidiano em São Paulo durante a 2.ª Guerra Mundial. O principal deles foi o psicológico. "Existiam muitas histórias em relação a planos de ataque na América do Sul. E havia os casos dos submarinos alemães que afundavam navios brasileiros. O conflito chegou até a costa e mobilizou a opinião pública, embora não tenha havido ameaça concreta de invasão", explica.

Segundo o historiador, os exercícios de blecaute eram diários e faziam parte de um sistema de defesa antiaérea civil, no qual os habitantes tinham funções definidas a executar no caso de um possível ataque. A dinâmica da guerra também bloqueou rotas comerciais e o tradicional pãozinho deixou de ser fabricado por causa da falta do trigo, que vinha da Argentina. "Ficou famoso na época o chamado 'pão de guerra', que era feito de farinha de milho e era duro e escuro. A população não gostava."
O engajamento da população era incentivado pelo presidente Getúlio Vargas, que via o esforço de guerra como forma de aumentar a popularidade do governo. Desfiles militares eram comuns e o contato com os soldados da FEB, incentivados - havia campanhas para o envio de cartas de apoio, cigarros e até roupas de lã para os pracinhas que estavam na Europa. / EDISON VEIGA e RODRIGO BURGARELLI

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31 DE MARÇO DE 1964 O DIA QUE O BRASIL NÃO VIROU CUBA!





Vídeo canção do expedicionário uma homenagem aos pracinhas da feb na campanha da Itália em 1944 onde a tropa brasileira teve sua glória e sua honra novamente estabelecida e devolveram ao seu povo o orgulho de pertencer a essa grandiosa pátria!!! BRASIL acima de tudo!!!


Lulla e seu sócio no tráfico, e outros crimes, como o roubo da refinaria da Petrobras com colares de Coca na dia da inauguração de uma estrada para transporte de cocaína para o Brasil (mundo) e ainda financiada pelo BNDS.                                                                                        



O tipico comunista




   

ESQUERDA ACABOU COM AS POLICIAS!!!
Como que o governo do Estado do Pará acaba com a segurança pública?
E isso deve se repetir pelo Brasil todo.

1- Pagando aos delegados uns dos piores salários do Brasil;
2- Em 28 municípios do Pará não existe delegados;
3- Muitas regiões do estado tem um único delegado que é responsável por 5 municípios;
4- Em 19 municípios paraenses não existe sequer delegacias;
5- Varias delegacias tanto da capital como do interior, não oferecem as mínimas condições de trabalho, Estão caindo na cabeça das pessoas;
6- O governo ao invés de criar novas delegacias esta fechando as poucas que existem na periferia;
(ex. Telegrafo, Atalaia, Cabanagem, Aura); 
7- Jornada de trabalho excessiva;
8- Desvio de função quando os policias são obrigados a vigiar presos;
9- Falta de treinamento adequado na formação do policial;
10- Falta de politicas públicas para a diminuição da criminalidade;
As dez pragas que fazem a polícia pedir SOCORRO!!!!!!!!!!





1 - A VERDADE SUFOCADA PELO MAU! (aqui)

2 - EU TE AMO MEU BRASIL!!!!
VIVA 31 DE MARÇO DE 1964! ! (aqui)

3 - QUEM SÃO OS AGRESSORES DOS GENERAIS IDOSOS (aqui)

4 - ESSA É UMA PEQUENA PARTE DA ELITE ESQUERDISTA QUE VOCÊ SUSTENTA! 
CONFIRA A EDIÇÃO REVISTA, APERFEIÇOADA E AMPLIADA DA LISTA DOS QUE ACHAM QUE MEXER COM O CHEFE SUPREMO É MEXER COM ELES (aqui)

5 - ESQUERDISMO É UMA DOENÇA MENTAL GRAVE? (AQUI) 

6 - O QUE É O MARXISMO CULTURAL? (aqui)

7 - QUEM FOI O PRIMEIRO ESQUERDISTA? (aqui)


8 - BRASIL AMA APAIXONADAMENTE BANDIDOS
Não concordo com certas igrejas, mas o brasileiro admira com amor e fé cega o:
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Esquerdismo/Socialismo/Direitismo/Ateísmo/Obanistas/Islamismo/Humanismo/Progressismo e "militontos" de todas as matizes, assim como, todas as tralhas do mau, e esses assassinos tão amados, roubam e matam com crueldade absurda - sem nenhum consentimento das vítimas
O PT ESTÁ ISLAMIZANDO O BRASIL  (aqui)  


9 - BOLSONARO: “A MINORIA TEM QUE SE CURVAR!” (aqui)

10 - ASSASSINA FIGARISTA!!! (aqui)

11 - O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA
Na linha de frente: a história da primeira tropa a lutar na Itália (AQUI)

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1 - FACES DO ISLÃ!!! "Por Osvaldo Aires" (clique aqui)

2 - O QUE É ISLAMOFOBIA (clique aqui)
"como o texto foi traduzido tem algumas pequenas falhas"
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3 - ISLÃ A RELIGIÃO DA PAZ? (clique aqui)
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4 - A FARSA DO VITIMISMO AFRO-DESCENDENTE (clique aqui)
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5 - PARA QUE SERVEM OS MILITARES? (AQUI)

6 - QUEM ROUBOU A CULTURA DOS EUA?! (clique aqui)
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7 - INICIA-SE PLANEJAMENTO PARA O CALIFADO ISLÂMICO!
Metas ganharam aceleração quando governo de Obama legitimou lei muçulmana para proibir críticas  (clique aqui)
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8 - AS LIGAÇÕES DO ISLÃO AO NAZISMO (clique aqui)
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9 - VOCÊ SABE QUEM É BARACK HUSSEIN OBAMA? (clique aqui)
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10 - ISRAEL E O SEU VIZINHO MAIS CIVILIZADO: O LÍBANO. E POR QUE? (clique aqui)
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11 - VOCÊ SABE O QUE É A SHARIA? (clique aqui)
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12 - SERÁ O NAZISMO DE EXTREMA-DIREITA? (clique aqui)
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13 - A SEMPRE PERSEGUIÇÃO HISTÓRICA CONTRA ISRAEL!!!!
Charges postadas no PSTU esquerdistas que lógico que se acham ainda mais HUMANOS que todos os HUMANOS esquerdistas juntos – e pregam a cartilha da destruição de Israel: (aqui)
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14 - DIRIGENTE DO PC DO B ESCREVE ARTIGO ANTISSEMITA, DILMA E DE HADDAD, SE CALAM (aqui)
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15 DESTRUIÇÃO DE ISRAEL – PSTU PEDE FIM DO PAÍS (aqui)
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16 - POLÍCIA INGLESA PRENDE GANGUE MUÇULMANA DE ESTUPRADORES DE MENORES INGLESAS (aqui)
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17 - INICIA-SE PLANEJAMENTO PARA O CALIFADO ISLÂMICO!
Metas ganharam aceleração quando governo de Obama legitimou lei muçulmana para proibir críticas (aqui)
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18 - NÃO É ROUBANDO A PALESTINA, É COMPRANDO ISRAEL (aqui)
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19 - QUEM SÃO OS PROGRESSISTAS OU HUMANISTAS?  (aqui)
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20 - FUJAM DO MUNDO MELHOR (aqui)
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21 - A RIQUEZA SEM CULPA (aqui)

22 - PARÁBOLA DO TALENTO (aqui)
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23 - PEQUENO DICIONÁRIO ILUSTRADO DA NOVILÍNGUA LULLISTA!
(EDIÇÃO REVISTA E AMPLIADA ─ 140 VERBETES) (aqui)

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2 comentários:

  1. vao tudo tomar no cu direitistas de merda! viva a independencia do rio grande do sul! viva ao comunismo!

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