CIDADANIA - Prática da Urbanidade
Praças e parques públicos são espaços democráticos de lazer, que deveriam oferecer a todos a possibilidade de desfrutar momentos de distração e entretenimento. A sociedade precisa de lugares que permitam a convivência, o lazer coletivo e a criação de laços entre pessoas e de respeito ao bem comum. A aproximação entre os integrantes das comunidades – e, portanto, o empoderamento dos mesmos frente a um governo representativo paradoxalmente marcado por exclusão e falta de identificação – é um dos maiores benefícios que as praças podem oferecer. É responsabilidade do governo construir e gerenciar esses espaços, mas a ninguém mais cabe – senão à população que utiliza – conservá-los e respeitá-los.
Incontáveis praças paulistanas são locais que os cidadãos tem medo de frequentar, seja porque são dominadas por usuários e traficantes de drogas ou porque são sujas e depreciadas. Os riscos que proporcionam à saúde e à segurança de famílias que não tem condições de pagar pelo lazer faz com que muitas delas desistam do direito que possuem ao usufruto desses ambientes. O que deveria ser um espaço de inclusão e oferecer aos indivíduos a sensação de pertencimento acaba esquecido e associado a violência e descaso.
No último domingo, o Transition Brasilândia e a Fundação Stickel realizaram o “Dia de Fazer a Diferença”, um mutirão para revitalização da praça Benedicta Cavalheiro, localizada no bairro da Brasilândia, em São Paulo. Além da remoção de resíduos sólidos do local – inclusive um sofá que ali havia sido inadequadamente descartado –, foram realizadas as seguintes atividades: grafite, plantio de mudas e colocação de lixeiras, entre outras. 150 voluntários participaram da ação, que durou um dia inteiro e também incluiu atividades de lazer para todas as idades.
Iniciativas como essa oferecem aos cidadãos a oportunidade de se mobilizar em prol de suas próprias comunidades. É necessário criar envolvimento da população local, pois é ela quem deverá manter limpo e conservado o espaço revitalizado. Quando a maioria dos voluntários envolvidos em uma ação desse tipo não pertence à própria comunidade, é difícil que haja uma real conscientização e valorização do trabalho realizado. A aproximação entre iniciativa e beneficiados aumenta a chance de sucesso e durabilidade dos resultados.
É esse o pensamento que orienta o movimento Limpa Brasil, que, no ano que vem, realizará ações de limpeza nas 14 maiores cidades brasileiras. Para tal, pretende atingir toda a sociedade habitante desses locais através de ações de conscientização e convite à participação ativa. Dessa maneira, será possível não só remover o lixo dos ambientes urbanos, mas levar a população a repensar atitudes e preocupar-se mais com as questões da gestão do lixo e da preservação de espaços, que – embora sejam frequentemente negligenciadas – influenciam diretamente na qualidade de vida das pessoas.
Infelizmente, no Brasil, é frequente o pensamento que leva as pessoas a tratarem as ruas como se fossem territórios alheios. Não são. As ruas são propriedade de cada cidadão assim como suas casas. Como se justifica, então, o lixo que é descartado nas calçadas, rios, córregos, praias, rodovias, praças, etc.? Como falta de instrução e comunicação. A cultura de se livrar dos resíduos sem se preocupar com seu destino precisa ser combatida por todos. Essa preocupação é mundial. Entretanto, países como o Brasil ainda estão despertando para esse tema. Pouco se fala em consumo consciente, controle de produção de resíduos sólidos ou gestão adequada dos mesmos.
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