A Bumerangue Reboques trabalha com adaptação de veículos desde 1987.Comer na rua já se resumiu a carrocinhas de cachorro-quente e carrinhos de pipoca, mas esse cenário parece cada vez mais distante. Um dos primeiros passos para essa transformação se deu em 2013, quando o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, aprovou a lei número 15.947, regulamentando o mercado de food trucks e inspirando outras cidades brasileiras a fazerem o mesmo. Os efeitos da lei se mostram em números: de 2012 para cá, a empresa paulistana Bumerangue Reboques, especializada na adaptação de veículos, observou um aumento de aproximadamente 300% no setor de food trucks.
O sócio-proprietário da Bumerangue Reboques, Evandro de Oliveira, afirma que depois da aprovação da lei 15.947, a procura pelos serviços da empresa triplicou, especialmente aqueles voltados para food trucks. “Nós notamos um forte aumento na demanda já faz uns três anos. A maior parte das pessoas procura montar algo na área alimentícia”, diz. Antes de 2012, a quantidade de veículos produzidos mensalmente girava em torno de oito unidades. Hoje, o número não se alterou, mas o serviço envolvido na transformação dos produtos cresceu. “Se os veículos fossem simples como antigamente, nossa produção teria dobrado. Atualmente, entretanto, o trabalho ficou mais complexo e exige mais serviço. Montar um food truck é mais demorado do que um carrinho de cachorro-quente”, explica.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor dos microempresários no ramo de food trucks cresceu entre maio e junho deste ano. O crescimento foi de quase 6% a mais que no mesmo período de 2014. No total, 237 mil empregados transformaram seus sonhos de ter um negócio próprio em realidade.
Os primeiros food trucks chegaram ao Brasil em 2012 e encontraram grande aceitação do público, principalmente nos parques de São Paulo. Segundo o empresário Oliveira, parte da popularidade desse modelo de negócio deve-se ao fato de que trucks dão menos despesas do que se o proprietário tiver uma loja física. “A lucratividade é maior e a responsabilidade é menor. Tenho clientes que acharam que estavam indo bem, trocaram para um ponto comercial físico e depois voltaram para o food truck”. Embora seja uma alternativa para a crise financeira e a recessão econômica que o país enfrenta, é importante lembrar que o negócio exige os mesmos cuidados que um estabelecimento normal: pagamento de impostos, alvará da prefeitura e vistoria da Vigilância Sanitária.
De família
A Bumerangue Reboques é uma empresa familiar que percebeu nesse novo mercado uma oportunidade de crescimento. O negócio nasceu com o pai de Evandro, Heitor de Oliveira Filho, que começou a vender comida na rua, nos anos 60. Em meados de 1987, a empresa foi fundada com o objetivo de construir projetos e soluções em unidades móveis que viabilizassem levar produtos e marcas para todos os lugares.
No início, a Bumerangue também trabalhava com a comercialização de alimentos. Com o tempo, voltou-se à fabricação de trailers, motorcasas, unidades móveis, reboques, adaptações em veículos e quiosques. “As pessoas queriam os veículos para vender comida, mas também começaram a surgir clientes interessados na compra dos produtos para negócios em geral”, rememora Oliveira.
Os carros-chefes da empresa são trailers, motorcasas e serviço de transformação dos veículos. “Nossos produtos são desenvolvidos em conformidade com a ABNT. Temos autorização do Inmetro e Denatran para adaptar os carros”, garante o empresário. De acordo com Oliveira, os motorcasas são os mais procurados por causa da logística de transporte e da facilidade financeira e de montagem.
O serviço de adaptação é dividido em três etapas. A primeira é sentar com o cliente e discutir qual veículo será utilizado como plataforma. Se o objetivo for montar um food truck, o próximo passo é analisar o cardápio ‒ cada comida exige um tipo de adaptação. Por último, pensa-se sobre a estrutura e os equipamentos que serão instalados.
O investimento para o serviço de transformação de unidades móveis gira em torno de R$ 25 mil, mas pode chegar a R$ 300 mil. “Ressaltamos que esse valor é só a adaptação. O cliente traz o carro e nós o transformamos”, diz Oliveira. O tempo de adaptação de um veículo varia de 30 a 60 dias e depende do projeto, da demanda e da fila de espera da empresa.
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