terça-feira, 22 de setembro de 2015

A turma dos direitos humanos já viu as postagens do “estudante” morto pela polícia no Morro do Dendê?

Por: Felipe Moura Brasil  
Quando a polícia mata um adolescente durante uma operação na favela, a turma dos direitos humanos logo se aproveita do caso para demonizá-la, enquanto posa de defensora dos pobres.
É fácil fazer isso. Os jornais ajudam.
Gilson da Costa Silva, de 13 anos, foi morto na terça-feira durante operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) que apreendeu pelo menos 200 máquinas caça-níqueis e 500 papelotes de maconha no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.
Ele é tratado pelo Globo como um “estudante” que “cursava o 6º ano do ensino fundamental na Escola municipal Dunshee de Abranches, no bairro Bancários”.
A mãe de um colega dele diz:
“O Gilson era um menino bom e tranquilo. Ele não era nem de ficar na rua. A família dele é amiga da gente. Foi um absurdo o que aconteceu. Ele se assustou com a operação e correu. Morreu inocente.”
A foto do desespero da mãe de Gilson ao saber da morte do filho facilita ainda mais a exploração política da tragédia, que naturalmente resultou em confusão na Ilha.
Mas que tal conhecer o Gilson segundo ele mesmo?
A turma dos direitos humanos, incluindo aí os jornalistas, já viu as postagens dele no Facebook?
Eu mostro e traduzo:
“Tmj” é abreviação de “tamo junto”. Terceiro Comando Puro (TCP) é a facção criminosa que assumiu o Dendê ao destituir Noquinha (“Nokinha”, em internetês), ex-chefe do morro e membro da facção rival Amigos dos Amigos (ADA), também chamada de “Adelaide”.
Gilson assumia o lado do TCP, desafiando em público o traficante a reaparecer no morro e ser recebido por uma “xuva” de bala, quer dizer: “só rajadão”.
A foto de capa do Facebook de Gilson trazia ainda o “Tudo 3″, que significa justamente Terceiro Comando Puro.
Profissão de Gilson, segundo ele próprio: “vagabundagem”.



Pois é. Toda morte em confronto tem de ser investigada; e não quero, com essa mera exposição de postagens, justificar qualquer coisa antes das conclusões.
O que não dá para aceitar é que a polícia seja sempre presumivelmente culpada por supostas execuções sumárias, enquanto os mortos por ela são tidos de antemão como “estudantes” angelicais e insuspeitos, abatidos covardemente.
“Formou a paz”, parceiro? Então “tmj”.
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