O governo da Indonésia negou definitivamente clemência ao brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53, condenado à pena de morte no país asiático por tráfico de drogas, e disse que ele será executado "muito em breve".
Marginal brasileiro preso e aguardando sua pena de morte.
O pedido foi negado em 31 de dezembro pelo presidente Joko Widodo. Foi a segunda vez que Marco solicitou perdão presidencial, a primeira negativa foi em 2006.
Pelas leis indonésias, sentenciados à morte só podem fazer dois pedidos de clemência, depois de esgotadas as chances de recurso à Justiça.
Assim, do ponto de vista legal, não há mais o que fazer para evitar a execução
"Já cumprimos todos os requisitos legais para executá-lo", disse aos jornais nesta quinta (8) Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria-Geral, órgão responsável, entre outras tarefas, por levar adiante as execuções no país.
"Ele está na lista de próximos executados e posso assegurar que o plano é executá-lo muito em breve."
A data ainda não foi definida, afirma Spontana, mas pode ser até o final de janeiro. Além de Marco, o governo pretende executar cinco pessoas, de uma única vez.
Pelo menos até ontem, Marco, que se diz arrependido, não sabia da nova rejeição. Em dezembro, Widodo anunciou que pretendia executar condenados à morte por tráfico, o que o deixou aflito ele tem acesso a jornais na prisão.
O Itamaraty afirma não ter recebido comunicação "oficial" a respeito. Em dezembro, antes da rejeição da clemência, a presidente Dilma Rousseff mandou carta a Widodo pedindo a não execução do traficante.
Segundo apurou-se, o gabinete de Dilma avalia se há algo mais que possa ser feito para interceder pelo marginal brasileiro. O círculo mais próximo à presidente estaria trabalhando com urgência para encontrar uma nova opção.
Se a pena for cumprida, Marco será o primeiro ocidental executado na Indonésia. De 2000 a 2014, 27 pessoas foram fuziladas, a maioria cidadãos indonésios.
O brasileiro foi preso em 2003, depois de tentar entrar no aeroporto de Jacarta com 13,4 kg de cocaína escondidos em tubos de asa delta.
Marco é um dos dois únicos brasileiros no mundo condenados à morte.
O outro é o paranaense Rodrigo Gularte, que está na mesma prisão que Marco, no interior do país. O segundo pedido de clemência de Rodrigo ainda não foi respondido.
17/01/2015 às 20:10 \ Vasto Mundo
Condenado por tráfico de drogas, brasileiro é executado por fuzilamento na Indonésia. É o primeiro brasileiro a ter aplicada a pena de morte no exterior
De VEJA.com
Post publicado originalmente a 17 de janeiro de 2015, às 15h51
O cidadão brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi fuzilado neste sábado na Indonésia, depois de passar mais de uma década no corredor da morte. Condenado em 2004 por tráfico de drogas, o brasileiro [que disfarçava sua atividade de “mula” do tráfico como instrutor de asa delta] teve negados os dois pedidos de clemência a que tinha direito. É a primeira vez que um brasileiro condenado à pena capital é executado no exterior.
A execução foi levada a cabo às 15h30 (0h30 de domingo na Indonésia). Além do brasileiro, um cidadão holandês, um nigeriano, um malauiano, uma vietnamita e uma cidadã indonésia enfrentaram o pelotão de fuzilamento.
A presidente Dilma Rousseff telefonou na sexta-feira para o presidente Joko Widodo para fazer um apelo pessoal em favor de Moreira, mas ouviu um ‘não’ como resposta. O governo brasileiro também pediu que o papa Francisco intercedesse e, em uma derradeira tentativa de dissuadir o governo indonésio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao chefe do Ministério Público local uma solicitação de adiamento da execução.
Várias organizações internacionais de defesa dos direitos humanos também se manifestaram contra a decisão da Indonésia.
No início da semana, o brasileiro falou a respeito de sua situação com o cineasta Marco Prado, que está fazendo um documentário sobre a história do amigo, mas ainda não sabe se vai concluir o material. Prado publicou o depoimento na internet: “Estou ciente de que cometi um erro gravíssimo, mas mereço mais uma chance, porque todo mundo erra”, disse Moreira.
“Meu sonho é sair daqui, voltar para o Brasil e expor meu problema para os jovens que estão pensando em se envolver com drogas (…) Quero voltar para o meu país, pedir perdão a toda a minha nação e ensinar para os jovens que a droga só leva a dois caminhos: ou à prisão ou à morte”, acrescentou o brasileiro.
O carioca foi preso em 2003, ao tentar entrar no país com 13,4 quilos de cocaína. A sentença de morte foi anunciada no ano seguinte. Sem filhos e com os pais mortos, somente uma tia do brasileiro acompanhou de perto o caso.
Joko Widodo assumiu a presidência em outubro de 2014, depois de obter mais de 70 milhões de votos nas eleições realizadas em julho, e implantou uma política de tolerância zero para traficantes. Ele tem apoio da população, amplamente favorável à pena de morte.
“As execuções dos condenados vai mandar uma mensagem a todos os envolvidos com drogas de que a Indonésia é séria em combater esse crime”, disse o procurador-geral Muhammad Prasetyo, segundo o jornal Jakarta Post. “Eu espero que as pessoas entendam que estamos tentando salvar a Indonésia dos perigos das drogas”, acrescentou.
Grupos de defesa dos direitos humanos criticaram a política de pena de morte adotada pelo país asiático. Para Poengky Indarti, coordenadora da organização Imparsial, com sede em Jacarta, as execuções “mostram que a Indonésia não tem respeito pela vida humana”. “As execuções vão contra os direitos humanos e a Constituição indonésia, que determina que todo mundo tem direito à vida”.
A organização KontraS, também sediada em Jacarta, contestou o argumento do governo para aplicação da pena capital. “Não acreditamos que as execuções possam efetivamente cortar a rede de crimes ligados às drogas. O governo indonésio deveria saber como quebrar a rede de organizações que traficam entorpecentes. O governo também deveria proteger o direito à vida estabelecido em princípios nacionais e internacionais de direitos humanos”.
A ONG considera as execuções programadas para este fim de semana um passo atrás no caminho que a Indonésia vinha trilhando. O país, que é membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, impôs uma moratória à aplicação da pena de morte e não fuzilou nenhum condenado entre os anos de 2008 e 2013, quando retomou as execuções.
[Curiosamente, o período de trégua nas execuções se deu durante o governo do general linha dura Sisulo Bambang Yudhoyono (2004-2014), eleito de forma democrática e constitucional para dois mandatos.]
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18/01/2015 às 9:00 \ Política & Cia
Além de um segundo condenado à morte na Indonésia, quase 1.000 brasileiros estão presos por tráfico de drogas em outros países
Esse número representa 30% do total de brasileiros em prisões fora do Brasil acusados por crimes vários, diz o Itamaraty
De VEJA.com
Além do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, submetido a um
pelotão de fuzilamento neste sábado na Indonésia pelo crime de tráfico de
drogas, pelo menos outros 962 brasileiros estão presos no exterior pelo mesmo
crime. O balanço foi divulgado pelo Itamaraty, com base em dados de dezembro de
2013. O número representa 30% dos 3.209 brasileiros em prisões fora do país.
Moreira foi condenado na Indonésia, e os dois pedidos de clemência
apresentados foram negados. Um novo apelo foi feito nesta sexta-feira pela
presidente Dilma Rousseff em conversa telefônica com o presidente indonésio,
Joko Widodo, que se recusou a suspender a execução.
Na Indonésia continua no corredor da morte por tráfico de drogas outro
cidadão brasileiro, o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte. Além da
Indonésia, há outros países nos quais todos os brasileiros presos foram
condenados por tráfico: Turquia (45 brasileiros), África do Sul (36), Austrália
(seis) e China (quatro), além de Cabo Verde, Catar, Jordânia, Líbano,
Moçambique, Nicarágua, Nova Zelândia, República Dominicana, Singapura e
Tailândia, cada um com entre um e três brasileiros encarcerados.
O maior número de brasileiros presos por causa desse tipo de crime está
na Europa, com 496, ou 44%, de um total de 1.108. Eles são 150 na Espanha, 118
na Itália, 76 em Portugal, 45 na França, 45 na Turquia, 36 na Alemanha, treze
na Bélgica e treze no Reino Unido.
Américas
Na América do Sul, são 128 os cidãdãos brasileiros presos por
envolvimento com drogas no Paraguai, 48 na Bolívia, 34 na Argentina, 23 no
Peru, dezessete na Venezuela, catorze na Colômbia e doze no Uruguai. Na América
Central, dos dezoito brasileiros presos, seis foram acusados de tráfico de
drogas. Na América do Norte, catorze estão na cadeia por tráfico nos Estados
Unidos e um no México.
Na África, todos os quarenta brasileiros presos no fim de 2013
respondiam por envolvimento com drogas. Na Ásia, a proporção é de 26%, com 110
dos 417 brasileiros presos, sendo que 101 respondiam por tráfico ou porte de
drogas somente no Japão. No Oriente Médio, de vinte brasileiros presos, dez o
foram por envolvimento com drogas. Na Oceania, nove dos treze detidos (69%) o
foram pelo menos motivo.
Assistência
psicológica
Os demais brasileiros presos no exterior respondem a crimes de
diferentes tipos, leves ou pesados, como situação migratória irregular,
falsificação de documentos, desacato, roubo, fraude, dano material, violência
doméstica, porte ilegal de armas, formação de quadrilha, tráfico de pessoas,
latrocínio, garimpo ilegal e até suspeita de atividade terrorista.
Entre os 3.209 brasileiros em prisões estrangeiras no fim de 2013, os
registros mostram que 2.459 são homens, 496 mulheres e 36 transexuais. Os 218
restantes não foram especificados. Apesar de presos, pelo menos 1.421 ainda
aguardavam julgamento.
O Itamaraty afirma prestar assistência psicológica e jurídica aos
presos, o que não inclui pagamento de honorários dos advogados. No caso de
Marco Archer, o acompanhamento psicológico ocorreu desde 2012, quando sua
situação piorou, após a recusa dos dois pedidos de clemência a que tinha
direito.
(Com
Agência Brasil)
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09/02/2012 às 14:49 \ O País quer Saber
O desterro atrás das grades
Branca Nunes
João Paulo Escudeiro de Mauro, 20 anos, é piloto de corridas. Ricardo Costa, 39, é modelo. Rodrigo Moreto Cubek, 30, é advogado. Rodrigo Gulart, 37, é surfista. Marco Archer Cardoso Moreira, 48, é instrutor de voo livre. Luiz Antonio Scavone Neto, 20, é estudante. Esses seis brasileiros têm algo em comum. Todos estão ou estiveram presos em países estrangeiros. Segundo o Itamaraty, no fim de 2010, existiam 2.659 brasileiros encarcerados em alguma parte do globo. Entre os sentenciados, dois foram condenados à morte.
Enquanto Ricardo Costa prepara a volta ao Brasil depois de mais de 1.100 dias preso sem julgamento nos Estados Unidos, dois novos casos ganharam as manchetes dos jornais em janeiro deste ano. Durante um cruzeiro do Allure of the Seas, o maior transatlântico do mundo, Luiz Antonio Scavone Neto foi detido em território americano sob suspeita de ter estuprado uma garota de 15 anos. A adolescente, nascida nos Estados Unidos, relatou à polícia ter sido forçada a manter relações sexuais com Scavone e com outro brasileiro menor de idade numa das cabines do navio. No último dia 19, João Paulo Escudero Mauro acabou preso em Miami acusado de dirigir sob a influência de entorpecentes, homicídio culposo e posse de cocaína. Todos juram inocência.
De acordo com o Itamaraty, o número de brasileiros presos, cumprindo pena ou aguardando julgamento no exterior tem flutuado nos últimos anos entre 2.500 e 3.000 pessoas. Entre os países com maior quantidade de brasileiros detidos estão a Espanha (465), Portugal (256) e Estados Unidos (243). Nos EUA e na Europa, um dos crimes mais comuns é “situação imigratória irregular”. Nos países vizinhos da fronteira norte do Brasil, principalmente na Guiana Francesa “atividade ilegal de garimpagem”. Só em Caiena, capital da Guiana Francesa, existem 114 brasileiros detidos.
Garimpo ilegal - Na Guiana e no Suriname, embora não sejam presos por garimpo ilegal, a maior parte dos detentos cometeu crimes vinculados a essa prática, como contrabando de combusível, tráfico de mercúrio e homicídios. “O garimpo é uma atividade extremamente violenta e normalmente envolve dezenas de outros crimes”, explica Luiza Lopes da Silva, diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior do Itamaraty. Na primeira vez em que são flagrados pela Justiça, essas pessoas são deportados para o Brasil. Da segunda em diante, ficam alguns meses detidas, o que faz com que muitas usem identidades falsas, dificultando o trabalho dos diplomatas brasileiros.
“A detenção máxima na Guiana Francesa é de três anos”, revela Luiza. “A intenção deles não é manter essas pessoas na prisão e aumentar o contingente carcerário, mas mandá-las o mais rápido possível de volta para o país de origem”. De acordo com Luiza, esse crime tem se mantido estável nos últimos anos. Na Venezuela, entretanto, onde era bastante comum, praticamente desapareceu. “A polícia venezuelana militarizou as regiões de garimpo, coibindo a prática”, diz Luiza. Moradores dos estados do Amapá, Pará ou Amazonas, os garimpeiros são homens, de uma classe social baixa.
Acima dessas particularidades regionais, a acusação que lidera o ranking é a de tráfico de substâncias ilícitas, normalmente cometido por homens, com idade entre 18 e 35 anos, sem antecedentes criminais. São os chamados mulas. Os países onde os brasileiros mais cometem esse delito estão na Europa e na América do Sul. As cidades capeães em número de detentos são Ciudade del Este (75) e Pedro Juan Caballero (79), no Paraguai, Buenos Aires (128), na Argentina, Lisboa (250), em Portugal, Roma (65) e Milão (94), na Itália, e Madri (300) e Barcelona (141), na Espanha – muitos brasileiros também estão presos na Espanha por falsificação de documentos e violência doméstica (a legislação local sobre o tema é bastante rígida).
“As mulheres também cometem esses crimes, mas os homens ainda são maioria”, afirma Luiza. “Esses chamados mulas são atraídos por promessas de dinheiro fácil e enxergam nisso uma possibilidade de conseguir recursos para começar uma nova vida num país estrangeiro. De 10 mulas, só um é pego. Já que normamente não têm antecedentes criminais, eles costumam alegar que não sabiam que estavam portando drogas”. Esses presos raramente ganham notoriedade. Os casos que conseguem visibilidade envolvem algumas particularidades (veja alguns exemplos abaixo).
Pena capital - Na categoria “narcotráfico” se enquadram Marco Archer Cardoso Moreira, hoje com 48 anos, e Rodrigo Gularte, 37, condenados à morte na Indonésia por tráfico de drogas. Moreira foi preso em 2003 e, Gularte, em 2005. O primeiro transportava 13,4 quilos de cocaína numa asa delta. O segundo, 6 quilos da droga em pranchas de surfe. Pedidos de clemência do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados não comoveram o presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono.
Também condenado por tráfico de drogas, Rogério Paez, 54, ficou encarcerado na Indonésia por oito anos, antes de ser solto em 2011. Parado numa blitz em Bali, onde morava fazia 10 anos, foi preso por causa de um cigarro de 3,8 gramas de haxixe. Engenheiro civil, fluente em oito idiomas, Rogerinho Rock’n’roll – como era conhecido nas areias de Niterói, sua terra natal – afirmou em entrevistas que conseguiu suportar a prisão graças ao budismo, religião a qual se converteu quando já estava atrás das grades.
Ricardo Costa, preso em Sedona, no estado do Arizona, em 19 de dezembro de 2008, foi acusado pela ex-mulher de abusar sexualmente dos próprios filhos. Ele ficou mais de 1.100 dias atrás das grades, sem julgamento. A fiança, que só poderia ser paga em dinheiro, foi estipulada em 75 milhões de dólares – uma das maiores da história dos EUA. Michael Jackson, por exemplo, acusado do mesmo crime, pagou 3 milhões de dólares para recuperar a liberdade.
O reencontro - Embora ignore o dia, a hora e o local, Cristina Costa, mãe de Ricardo, espera abraçar o filho antes do Carnaval. “Eles dizem que não podem revelar os detalhes por uma questão de segurança”, diz ela. “Sei apenas que ele será deixado em solo brasileiro. Pode ser em Porto Alegre, ou em Manaus, de manhã, ou à noite”. O Itamaraty só admite que Ricardo estará no Brasil “nos próximos meses” (o Ministério das Relações Exteriores evita aprofundar-se em casos específicos “para preservar a privacidade dos cidadãos envolvidos”).
O pesadelo de Ricardo começou durante uma audiência do processo de divórcio com a ex-mulher Angela Denise Martin. Cristina e o pai de Ricardo, Sérgio de Souza Costa, testemunharam a chegada dos policiais incumbidos de capturá-lo. A denúncia se baseou na palavra da psicóloga Linda Bennardo, que na época atendia os três filhos do casal. Segundo Linda, as crianças descreveram os crimes durante as sessões de psicoterapia. Meses depois, a terapeuta foi acusada pela entidade que regulamenta a profissão no estado de induzir pacientes menores de idade a mentir, declarando-se vítimas de abuso sexual. Ela renunciou à profissão antes que fosse formalmente proibida de exercê-la. Mesmo alegando inocência, Ricardo continuou preso.
O imbróglio jurídico se estende desde então. A família de Ricardo acredita que a demora excessiva do julgamento do caso pela Justiça americana resulta da ausência de provas e dos equívocos processuais. “Conceder a liberdade era o mesmo que confessar que mantiveram um inocente preso por anos”, afirma Cristina. “As irregularidades começaram no momento em que detiveram meu filho e se estenderam durante todo o processo, que passou pelas mãos de cinco juízes e cinco promotores. Ninguém queria assumir essa culpa”. Ricardo recusou dezenas de acordos que, em troca da confissão e do completo afastamento dos filhos, garantiriam a liberdade e a deportação para o Brasil.
A campanha pela soltura de Ricardo mobilizou o Itamaraty, a Secretaria de Direitos Humanos, embaixadores, senadores e deputados. “Recebemos toda a ajuda possível”, agradece Cristina. “Não somos de família influente, não temos pistolão e mesmo assim a solidariedade e o apoio foram totais”.
Relações exteriores - Conforme explica o Ministério das Relações Exteriores, as autoridades consulares começam a agir assim que são comunicadas oficialmente das detenções. O primeiro passo é entrar em contato com a Divisão de Assistência Consular do Itamaraty e visitar o preso para verificar sua condição física e psicológica. Caso seja autorizado pelo detento, o Itamaraty entra em contato com os familiares. “Alguns presos pedem que a detenção não seja informada, ou que alguns dados relativos à acusação não sejam divulgados, o que é respeitado”, afirmou o ministério, em nota. “A partir daí, a atuação da autoridade consular depende dos dados concretos de cada ocorrência. No entanto, a assistência consular tem como diretriz acompanhar os casos de que o consulado toma conhecimento, sempre buscando se certificar de que os direitos dos brasileiros estão sendo respeitados”. Os parentes podem apelar para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Segundo Luiza Lopes, o Itamaraty sempre procura transferir o preso de volta para o Brasil. Dependendo do país onde estão detidos, entretanto, alguns preferem não retornar. “Na Escandinávia, na Austrália e na Nova Zelândia, por exemplo, eles têm estudo e trabalho de qualidade na prisão”, conta. “No Paraguai a situação é diferente. Muitos querem continuar por lá porque já respondem a crimes, as vezes mais graves, no Brasil”.
Apesar da atuação ser condicionada às leis de cada país, bons advogados podem ter papel determinante para que o caso chegue com mais rapidez a um final feliz. O empenho das autoridades brasileiras também pode ajudar bastante, como atesta o exemplo de Ricardo Costa. Nem sempre dá certo, como comprovam os casos de Cardoso Moreira e Gularte. As muitas tentativas fracassadas não diminuíram as esperanças. Eles ainda acreditam que podem converter em prisão perpétua a condenação à morte.
Conheça a história de alguns brasileiros que vivem ou viveram o desterro atrás das grades:
João Paulo Escudero Mauro, 20 anos, piloto de corridas
Preso em janeiro de 2012, JP Mauro (como é conhecido no circuito automobilístico), é acusado de dirigir sob a influência de entorpecentes, homicídio culposo e posse de cocaína. Ele foi detido em Miami, nos Estados Unidos, depois de perder o controle de seu carro, um Mercedez Benz SUV, e atropelar o americano Russell Knudson, de 45 anos, que guardava a bicicleta na traseira de um Toyota Camry e morreu no local. JP Mauro pagou fiança de 250.000 dólares e aguarda a audiência preliminar em prisão domiciliar, sendo monitorado por um GPS em uma tornozeleira. A audiência está marcada para o dia 17 de fevereiro. O piloto pode ser condenado a até 15 anos de prisão, pena máxima para casos de direção sob influência de bebidas ou drogas (DUI, na sigla em inglês). Ele é filho da socialite Lucinha Mauro, uma das donas do salão 1838, localizado no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Luiz Antonio Scavone Neto, 20 anos, estudante
Durante um cruzeiro do Allure of the Seas, o maior transatlântico do mundo, Luiz Antonio Scavone Neto foi detido em território americano sob suspeita de ter estuprado uma garota de 15 anos. A adolescente, nascida nos Estados Unidos, relatou à polícia ter sido forçada a manter relações sexuais com Scavone e com outro brasileiro menor de idade numa das cabines do navio. A garota relatou o caso a funcionários do transatlântico na mesma madrugada em que teria ocorrido o crime, dia 3 de janeiro deste ano. A polícia local e o FBI foram acionados e os dois acusados foram presos. A defesa afirma que a relação sexual foi consensual. Scavone é filho do advogado Luiz Antonio Scavone Filho, que preferiu não dar declarações.
Irônico é o pai do Luis Antonio Scavone Netto ter escrito um livro com o Título “Assédio Sexual – Responsabilidade Civil – (aqui)
Acho que o filho não leu o livro do pai!
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Acho que o filho não leu o livro do pai!
Ricardo Costa, 39 anos, modelo
Acusado de abusar sexualmente dos próprios filhos, Ricardo Costa está há mais de 1.100 dias preso sem julgamento nos Estados Unidos. A denúncia surgiu durante o processo de divórcio de Ricardo com a ex-mulher, Angela Denise Martin. A autora das acusações foi a psicóloga Linda Bennardo, que na época atendia os três filhos do casal. Segundo Linda, as crianças teriam descrito os crimes durante as sessões de psicoterapia. Embora a terapeuta tenha perdido a credencial médica por suspeita de induzir pacientes menores de idade a mentir, levando-os a afirmar que foram vítimas de abuso sexual, Ricardo continuou preso. O governo americano não divulga o dia, a hora nem o local da libertação, mas o Itamaraty confirma que o brasileiro será solto nas próximas semanas.
Rodrigo Gularte, 37 anos, surfista
Rodrigo Gularte é um dos dois brasileiros condenados à pena de morte. Ele foi detido em julho de 2004 no aeroporto de Jacarta, capital da Indonésia, com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Todos os pedidos de clemência feitos para o presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, foram negados.
Marco Archer Cardoso Moreira, 48 anos, instrutor de voo livre
Preso em 2004 por tentar entrar na Indonésia com 13,4 quilos de cocaína escondidos em sua asa delta, Marco Archer Cardoso Moreira foi condenado à morte um ano depois. Pedidos de clemência do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados não comoveram o presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono. Nascido no Rio de Janeiro, Moreira ainda tem esperança de converter a pena em prisão perpétua.
Rogério Paez, 54 anos, surfista
Solto em 2011, Rogério Paez ficou encarcerado na Indonésia por oito anos. Parado numa blitz em Bali, onde morava fazia 10 anos, foi preso por causa de um cigarro de 3,8 gramas de haxixe. “Os policiais foram à minha casa e não acharam nada”, contou Paez numa entrevista em novembro de 2010. “Aí, foram num hotel onde fui antes da blitz, revistaram o lugar e encontraram haxixe, cocaína e ecstasy. Só que nada era meu! Mas os policiais queriam que eu assinasse a culpa. Tomei chute, tapa. Nunca briguei na vida, mas, de tanto apanhar, reagi. Puxei para cima o braço do policial que batia mais e quebrei-o. Ele gritou e disse que me arrependeria daquilo”. Engenheiro civil, fluente em oito idiomas, Rogerinho Rock’n’roll – como era conhecido nas areias de Niterói, sua terra natal – afirmou que conseguiu suportar a prisão graças ao budismo, religião a qual se converteu quando já estava atrás das grades.
Rodrigo Moreto Cubek, 30 anos, advogado
No dia 13 de maio de 2011, Rodrigo Moreto Cubek foi preso no Paquistão acusado de tumultuar uma cerimônia religiosa na principal mesquita do País, a Faisal. Ele tentou entrar na área reservada a muçulmanos gritando palavras sobre a Virgem Maria. Cubek foi solto poucos dias depois e deportado para o Brasil. “Apesar de minha disposição por suportar os dissabores que me sobrevieram como conseqüência de minha atitude missionária, agradeço também às pessoas que Deus comoveu para atuar na minoração do meu sofrimento na prisão”, escreveu Cubek na carta em que afirmou que sua atitude foi motivada pela vontade de ter uma discussão religiosa.
1º - "Hip-Hip-Hurra! Foi executado o marginal brasileiro preso por tráfico de drogas na Indonésia (aqui)
Tags: Itamaraty, João Paulo Escudero Mauro, Luiz Antonio Scavone Neto, Luiza Lopes da Silva, Marco Archer Cardoso Moreira, Ricardo Costa, Rodrigo Gularte,Rodrigo Moreto Cubek, Rogério Paez
Esses camaradas são os maiores propagadores do comunismo no mundo (aqui)
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