"Por Afrânio Brandão"
Não parece que o
impasse criado pela troca de poder na Ucrânia vá se resolver nos próximos dias
ou meses, se depender dos interesses estratégicos dos principais atores da
política mundial. A diplomacia servirá apenas como mise em scènes até que os
verdadeiros falcões definam como não sair perdendo espaço ao final desse
imbróglio.
Até lá, continuam
sofrendo as economias e os mercados em geral em função das especulações e
movimentos que instabilizam os mercados.
Ótimo para quem
trabalha com papéis nas bolsas de valores, que por muito menos conseguem por
países abaixo pela movimentação de capitais de um lado para o outro, fluxo da
especulação independente de que caos pode gerar. Quanto maior a possibilidade
real de alguém apertar primeiro um gatilho, nem que por acidente, maior o ganho
da agiotagem que se faz com papéis.
Nada está tão ruim que
não possa piorar, mesmo estando ruim o quadro atual, ainda longe do quão pior
poderia ficar a situação para os países europeus na hipótese de agravamento da
situação que se instalou na região considerada o celeiro mais dinâmico da
região, a terra mais fértil e produtiva de todo leste europeu, grande
exportador de grãos. A dissolução da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS), ocorrida no período Gorbatchev, não prejudicou o direito da
Rússia na manutenção de força e base militar na Criméia. Ou seja, não é muito
estranho que aquela região tenha militares por força do uso da base naval de
Sebastopol.
Estranho que o
expansionismo tenha virado de lado, pois o Ocidente – capitaneado pelos EUA –
está dando mais que pitacos na cozinha do Putin. Devemos absorver das
propagandas políticas de ambas as partes aquilo essencial, pois muita matéria é
propaganda e, em termos de propaganda, as Américas e a Europa sofrem grande
influência da mídia norte americana.
Podemos até ser
influenciados, mas não conduzidos. Fica o registro do avanço da comunidade
econômica europeia para o leste, países que estão se transformando em
verdadeiros satélites, pois que submissos ás condições impostas pelos
organismos internacionais tipo o FMI. Quem acha que vai determinar o rumo da
economia ucraniana daqui para frente considerando a enorme dívida do país, que
já declarou precisar de mais de 35 bilhões de dólares?
Quem anda ou andou pela
Europa teve a oportunidade de perceber que os países do leste europeu são
grandes fornecedores de mão de obra barata. São turcos, romenos, polacos,
gregos etc, agora serão incluídos os ucranianos.
Se perceberá, após a
adoção das receitas econômicas impostas pelo FMI e outros organismos centrais
que controlam e regulamentam as economias, que a popularidade dos novos
governantes que assumiram em Kiev não sobreviverá, posto que o remédio é sempre
amargo.
Comenta-se que os
russos demoram a tomar uma atitude, mas quando tomam são muito eficientes e bem
rápidos nos passos seguintes. É o que parece, pois mesmo com sanções diplomáticas
e econômicas já demonstraram que não vão arredar o pé da sua iniciativa na
Criméia e contra os novos governantes em Kiev, jogando um xadrez complexo no
tabuleiro geopolítico do Mar Negro.
No entanto o mundo
mudou muito de quando tínhamos a guerra fria, em que blocos políticos e
econômicos não se relacionavam. Hoje a economia russa mantém laços estreitos
com a União Europeia, seja pelo lado do comércio seja pelo investimento,
portanto a interdependência internacional aumentou exponencialmente, a ponto da
possibilidade dos Estados Unidos não conseguirem ter o suporte necessário para
eventuais ações mais severas que queira tomar.
A Ucrânia deve muito para a
Rússia, esta por sua vez produz e é o maior fornecedor de energia para a UE,
além de existir interesses específicos tipo o dos britânicos na área de
petróleo.
Com relacionamento
comercial em franca expansão com a Rússia, é muito em jogo para movimentos
apressados e arrojados. Some-se a esses fatos a recente recuperação da crise
pelos europeus, inibidor de aventuras e envolvimentos bélicos e complicados
para não se perder os avanços conseguidos.
Como se portará a
Alemanha, tão dependente do gás russo? Deixará aberta a possibilidade de sua
população ter que fazer racionamento? É pouco provável. Apesar da escalada de
movimentos na área militar com o envio de navios para o Mar Negro e de caças
americanos para a Polônia, e agora recentemente o apoio da Bielorrússia á
Moscou,
bem como outras sinalizações bélicas, tudo parece não passar de um teatro de
péssimo gosto.
No entanto, como cada
ator toma uma atitude que vai se solidificando e impedindo voltar atrás, eventual
saída diplomática que não cause constrangimento para ninguém vai ficando mais e
mais difícil. Os EUA, salvo melhor juízo, podem se queimar mundialmente desta
vez pela vontade manifesta de se envolver numa questão tão complexa do outro
lado do mundo.
Os russos não vão ceder
e não poderão ser acuados pelo Ocidente, ao urso não se pode deixar sem
alternativas, para o bem de todos. Não possuem tanto porta aviões quanto os
ocidentais, mas não custa lembrar das forças não aparentes, que são mais de 60
submarinos, a maior parte nucleares, somando com as terrestres móveis
totalizando mais de 1.500 ogivas atômicas inclusive intercontinentais. Não
precisava tanto.
BIELORRÚSSIA OFERECE À RÚSSIA A OPÇÃO DE COLOCAR AVIÕES DE COMBATE EM SEU TERRITÓRIO
OTAN mobilizou jatos na
Romênia e na Polônia
12/03/2014 11h40
Bandeira da Bielorrússia no período soviético - 1951-1991
O Presidente da
Bielorrússia, Alexander Lukashenko, declarou nesta quarta-feira, 12, que, em
razão das atividades militares da OTAN perto das fronteiras do seu país,
oferecerá à Rússia a opção de colocar até 15 aviões de combate no território
bielorrusso.
Na segunda-feira, 10, a Aliança do Norte mobilizou jatos de
reconhecimento na Romênia e na Polônia para monitorar a crise ucraniana, a fim
de avaliar as implicações dessa crise para a segurança dos países-membros da
organização.
Osvaldo Aires Bade Comentários
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