quinta-feira, 13 de março de 2014

ENSAIO TEATRAL NO MAR NEGRO


"Por Afrânio Brandão"

Não parece que o impasse criado pela troca de poder na Ucrânia vá se resolver nos próximos dias ou meses, se depender dos interesses estratégicos dos principais atores da política mundial. A diplomacia servirá apenas como mise em scènes até que os verdadeiros falcões definam como não sair perdendo espaço ao final desse imbróglio.

Até lá, continuam sofrendo as economias e os mercados em geral em função das especulações e movimentos que instabilizam os mercados.

Ótimo para quem trabalha com papéis nas bolsas de valores, que por muito menos conseguem por países abaixo pela movimentação de capitais de um lado para o outro, fluxo da especulação independente de que caos pode gerar. Quanto maior a possibilidade real de alguém apertar primeiro um gatilho, nem que por acidente, maior o ganho da agiotagem que se faz com papéis.

Nada está tão ruim que não possa piorar, mesmo estando ruim o quadro atual, ainda longe do quão pior poderia ficar a situação para os países europeus na hipótese de agravamento da situação que se instalou na região considerada o celeiro mais dinâmico da região, a terra mais fértil e produtiva de todo leste europeu, grande exportador de grãos. A dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ocorrida no período Gorbatchev, não prejudicou o direito da Rússia na manutenção de força e base militar na Criméia. Ou seja, não é muito estranho que aquela região tenha militares por força do uso da base naval de Sebastopol.

Estranho que o expansionismo tenha virado de lado, pois o Ocidente – capitaneado pelos EUA – está dando mais que pitacos na cozinha do Putin. Devemos absorver das propagandas políticas de ambas as partes aquilo essencial, pois muita matéria é propaganda e, em termos de propaganda, as Américas e a Europa sofrem grande influência da mídia norte americana.

Podemos até ser influenciados, mas não conduzidos. Fica o registro do avanço da comunidade econômica europeia para o leste, países que estão se transformando em verdadeiros satélites, pois que submissos ás condições impostas pelos organismos internacionais tipo o FMI. Quem acha que vai determinar o rumo da economia ucraniana daqui para frente considerando a enorme dívida do país, que já declarou precisar de mais de 35 bilhões de dólares?

Quem anda ou andou pela Europa teve a oportunidade de perceber que os países do leste europeu são grandes fornecedores de mão de obra barata. São turcos, romenos, polacos, gregos etc, agora serão incluídos os ucranianos.

Se perceberá, após a adoção das receitas econômicas impostas pelo FMI e outros organismos centrais que controlam e regulamentam as economias, que a popularidade dos novos governantes que assumiram em Kiev não sobreviverá, posto que o remédio é sempre amargo.

Comenta-se que os russos demoram a tomar uma atitude, mas quando tomam são muito eficientes e bem rápidos nos passos seguintes. É o que parece, pois mesmo com sanções diplomáticas e econômicas já demonstraram que não vão arredar o pé da sua iniciativa na Criméia e contra os novos governantes em Kiev, jogando um xadrez complexo no tabuleiro geopolítico do Mar Negro.

No entanto o mundo mudou muito de quando tínhamos a guerra fria, em que blocos políticos e econômicos não se relacionavam. Hoje a economia russa mantém laços estreitos com a União Europeia, seja pelo lado do comércio seja pelo investimento, portanto a interdependência internacional aumentou exponencialmente, a ponto da possibilidade dos Estados Unidos não conseguirem ter o suporte necessário para eventuais ações mais severas que queira tomar. 

A Ucrânia deve muito para a Rússia, esta por sua vez produz e é o maior fornecedor de energia para a UE, além de existir interesses específicos tipo o dos britânicos na área de petróleo.

Com relacionamento comercial em franca expansão com a Rússia, é muito em jogo para movimentos apressados e arrojados. Some-se a esses fatos a recente recuperação da crise pelos europeus, inibidor de aventuras e envolvimentos bélicos e complicados para não se perder os avanços conseguidos.

Como se portará a Alemanha, tão dependente do gás russo? Deixará aberta a possibilidade de sua população ter que fazer racionamento? É pouco provável. Apesar da escalada de movimentos na área militar com o envio de navios para o Mar Negro e de caças americanos para a Polônia, e agora recentemente o apoio da Bielorrússia á Moscou, bem como outras sinalizações bélicas, tudo parece não passar de um teatro de péssimo gosto.

No entanto, como cada ator toma uma atitude que vai se solidificando e impedindo voltar atrás, eventual saída diplomática que não cause constrangimento para ninguém vai ficando mais e mais difícil. Os EUA, salvo melhor juízo, podem se queimar mundialmente desta vez pela vontade manifesta de se envolver numa questão tão complexa do outro lado do mundo.


Os russos não vão ceder e não poderão ser acuados pelo Ocidente, ao urso não se pode deixar sem alternativas, para o bem de todos. Não possuem tanto porta aviões quanto os ocidentais, mas não custa lembrar das forças não aparentes, que são mais de 60 submarinos, a maior parte nucleares, somando com as terrestres móveis totalizando mais de 1.500 ogivas atômicas inclusive intercontinentais. Não precisava tanto.

BIELORRÚSSIA OFERECE À RÚSSIA A OPÇÃO DE COLOCAR AVIÕES DE COMBATE EM SEU TERRITÓRIO
OTAN mobilizou jatos na Romênia e na Polônia
12/03/2014 11h40


Bandeira da Bielorrússia no período soviético - 1951-1991

O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, declarou nesta quarta-feira, 12, que, em razão das atividades militares da OTAN perto das fronteiras do seu país, oferecerá à Rússia a opção de colocar até 15 aviões de combate no território bielorrusso. 

Na segunda-feira, 10, a Aliança do Norte mobilizou jatos de reconhecimento na Romênia e na Polônia para monitorar a crise ucraniana, a fim de avaliar as implicações dessa crise para a segurança dos países-membros da organização.

Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões  Me Adicione no Facebook 

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