“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo.” (Salmo 23.4)
Hébely Rebouças hebely@opovo.com.br
PROPOSTA 10/11/2013 NOTÍCIA
No Congresso, há pelo
menos três PECs a favor da unificação das polícias em torno de um sistema civil.
Os números do
recentíssimo Anuário Brasileiro de Segurança Pública são alarmantes: 70% dos
brasileiros dizem não confiar na Polícia e pelo menos cinco pessoas morrem
todos os dias vítimas da instituição que deveria protegê-las. A quantidade de
mortos em intervenções policiais é quase cinco vezes maior que a registrada nos
Estados Unidos. Tal diagnóstico esquentou ainda mais um debate que ganhou força
após os protestos de junho: afinal, é mesmo este o modelo de Polícia que
queremos?
Embora construída para recuperar
e garantir direitos civis, a Constituição de 1988 manteve a Polícia
Militar como braço das Forças Armadas, que atuam em situações de guerra e
encaram seus alvos como inimigos a serem derrotados. Para os críticos ao atual
sistema de segurança pública, a ligação com o Exército seria a origem do
suposto caráter violento da PM.
“Não cabe na democracia
uma polícia que não está aí para proteger as pessoas, mas para combater o
inimigo. Para se ter ideia, o juramento da PM jura obediência à hierarquia, e
não o respeito à lei, que deveria estar acima de tudo”, defendeu Givanildo da
Silva, líder do movimento nacional pela desmilitarização da PM, com nove
comitês no País e perspectiva de ampliação para 18 até o fim do ano.
Com base nessa tese,
pelo menos três propostas de emenda à Constituição (PEC) tramitam no Congresso
Nacional para mudar a parte da lei que vincula a PM às Forças Armadas – uma
delas de autoria do deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), que autorizas os
governos dos estados a desmilitarizarem a PM e a unificarem suas polícias.
Mas, o assunto está
longe do consenso. “A hierarquia militar ainda é importante. Pôr fim a ela é
aumentar o descontrole e até piorar a violação de direitos humanos. Corre-se o
risco de perder controle total da instituição, de dar uma sensação de ‘liberou
geral”, avalia o ex-secretário da Guarda Municipal de Fortaleza, Arimá Rocha,
considerado responsável pelo suposto processo de “militarização” do perfil da
Guarda.
O espelho civil
Vale ponderar que, se o
parâmetro para a desmilitarização for a atuação das polícias civis, corre-se o
risco de dar com os burros n’água. Práticas de tortura, violação de direitos e
abuso de poder são chagas que atingem também as delegacias e seus agentes desfardados.
No Ceará, a situação é grave. Hoje, do total de investigações que em andamento
na Controladoria Geral de Disciplina dos órgãos de Segurança, cerca de 30% são
contra policiais civis.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
A reação policial às
manifestações deste ano virou prato cheio para a defesa de mudanças no sistema.
Antes, em 2012, a Dinamarca chegou a recomendar, em reunião da ONU, que o
Brasil extinguisse a Polícia Militar.
Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na
"Socialização" - Estou entre os 80 milhões Me Adicione no Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário