AS CRUZADAS

 

Vamos nos lembrar primeiramente que a região que hoje é chamada de Oriente Médio, antes da ascensão do Islã era predominantemente cristã; os lugares sagrados do cristianismo estão todos nesta região – Iraque, Síria, Jordânia e Egito, onde Jesus nasceu, viveu e morreu – a maioria das pessoas nessa região (e época) eram cristãs.

Inspirados pelo chamado do Islã ao Jihad, os exércitos de Maomé conquistaram Jerusalém e todo o Oriente Médio. Depois foram para o sul da África, o leste da Ásia e o norte da Europa. Conquistaram partes da Itália e grande parte da Espanha, invadiram os Bálcãs e estavam se preparando para uma incursão final que submeteria toda a Europa, então conhecida como Cristandade, ao domínio do Islã.

Tão séria era a ameaça mulçumana que, segundo as especulações de Edward Gibbon, se o Ocidente não tivesse contra-atacado, “talvez o Corão agora fosse ensinado nas escolas de Oxford, com púlpitos demonstrando a um povo circuncidado a santidade e a verdade da revelação de Maomé”.

Mais de duzentos anos depois que os exércitos islâmicos conquistaram o Oriente Médio e abriram caminho na Europa, os cristãos finalmente revidaram. Reunidos pelo Papa e pelas dinastias que imperavam na Europa, no século XI os cristãos tentaram reconquistar o centro do Cristianismo e defendê-lo do Islamismo militante.

Esses esforços hoje são chamados de as Cruzadas. (termo que foi uma invenção posterior, esse termo não era usado pelos cristãos ou muçulmanos que lutaram nessa batalha).

Quem foram os expedicionários das Cruzadas?

O historiador Jonathan Riley-Smith contesta a ideia de que foram conquistadores e assassinos vorazes. Pelo contrario, afirma ele, foram os peregrinos. Muitos deles arriscaram a própria sorte e a própria vida. Seus governantes não ofereceram nada – esperavam que os expedicionários levassem seus próprios cavalos, animais de carga e equipamentos.

A prova de que não participaram disso para obter ganho é que quase todos eles retornaram mais pobres do que quando partiram. Sim, houve pilhagens e saques em busca de alimento pelo caminho, mas Riley-Smith explica que foram medidas extremas de sobrevivência.

A primeira Cruzada foi um sucesso. Os cristãos tomaram Jerusalém em 1099 e ocuparam-na por varias décadas. Por fim, os muçulmanos reagruparam-se e afugentaram os expedicionários. Saladino reconquistou Jerusalém em 1187. As cruzadas subsequentes foram desastrosas, e Jerusalém permaneceu sob o domínio muçulmano. Assim, embora as Cruzadas possam ser consideradas um esforço tardio, desagradável e malsucedido para derrotar o imperialismo islâmico, foram importantes porque representaram uma luta pela sobrevivência da Europa.

Sem as Cruzadas, a civilização ocidental poderia ter sido completamente assolada pelas forças do Islã. É claro que o mérito desses objetivos é discutível, e não se pode justificar os estupros e assassinatos cometidos em expedições durante as Cruzadas. Mesmo assim, essas violências não definem as Cruzadas como um todo. No contexto da historia de guerra, não há justificativa para considerarmos as Cruzadas um crime histórico de qualquer natureza contra o mundo. Os cristãos lutaram para se defender da conquista estrangeira, enquanto os muçulmanos lutaram para continuar a conquistar terras cristãs.

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