•Daniel Favero
Foto: Eduardo Seidl/Palácio Piratini / Divulgação
Durante sua passagem pelo Brasil, o presidente uruguaio, José Mujica, ex-guerrilheiro que lutou contra a ditadura em seu país, deixou de lado o radicalismo esquerdista e proferiu um discurso moderado, se comparado com o de outros líderes mais vermelhos como Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela). "Já não existem mais essas coisas de esquerda, direita ou de centro. O que existe hoje é ser ou não ser. O que queremos ser neste mundo, e isso não equivale ao romantismo de crer que somos perfeitos ou que não temos contradições", disse em visita ao Rio Grande do Sul nesta semana.
Mujica veio ao Brasil em um momento de crise financeira mundial no qual países desenvolvidos exigem a regulação financeira do mercado uruguaio considerado um paraíso fiscal. Em sua visita, Mujica veio acompanhado de uma comitiva de empresários em busca de oportunidades de negócios entre ambos os países.
Apesar dos objetivos mercantilistas no Brasil, as palavras do aclamado líder uruguaio ainda seguem recheadas de referências esquerdistas, mas agora, surgem acompanhadas de reflexões sobre o passado. "Antes queríamos mudar o mundo, agora, mais velhos, queremos deixar que um grupo nos supere com vantagem. Porque fomos tão tolos. Que (nossos netos) cometam seus erros em seu tempo, mas não os nossos, porque no final das contas, se aprende mais com a dor do que com a bonança".
Sua veia centro-esquerdista vem à tona mesmo quando fala sobre o mercado, apesar de ponderar que não espera que os empresários se tornem socialistas. "Não podemos esperar que o mercado arrume tudo. Temos que conduzir, em parte, o mercado. No Uruguai temos zonas reprimidas e temos que dar privilégios muito superiores ao que estamos dando a Montevidéu. Creio que a coisa caminha por ai".
Em suas exposições, ele não atacou o imperialismo norte-americano como culpado pelas mazelas da América Latina, mas coloca sobre o Brasil e Argentina a responsabilidade "histórica" de liderar a integração dos países sul-americanos para que o bloco tenha força para responder a agressões contra a democracia, como as ditaduras vividas em décadas passadas.
"O Brasil e a República Argentina, por maiores e mais fortes que sejam, tem que monitorar esse processo (de integração). Carregam a responsabilidade que a história lhes deu, mas sozinhos não são nada frente ao mundo, precisam de todos, e todos precisam de vocês", disse.
Indagado sobre a aquisição de terras uruguaias por estrangeiros, Mujica rejeita um posicionamento que classifica "ultranacionalista", mas dá claras indicações de como encara a questão da divisão de riqueza e concentração de terras, temas muito comuns ao pensamento esquerdista.
"Se querem comprar, terão que pagar muito e pagar impostos. Nosso problema não é com os estrangeiros, mas sim com a concentração excessiva de terras. Alguns senhores compraram muitas terras no Uruguai e hoje estão bem porque houve valorização, mas vamos cobrar uns 'pesitos' (pesos), sim, não escaparão. Se eu sou governo, não se escaparão. Não é um problema de nacionalidade, queremos o nacionalismo que dá comida ao povo. Essa é a questão".
Em setembro deste ano uma revista uruguaia publicou uma matéria na qual Mujica diz que não era mais hora do Brasil "colonizar" países como o Uruguai e Paraguai, mas sim associar-se a eles. No Brasil, ele explicou o que quis dizer. "Não costumo esconder o que penso. O que eu disse foi que não é a hora da colonização, é hora da associação. E mais ou menos, vocês (o Brasil) são os mais fortes da América latina. Obviamente, tem que conduzir esse processo, mas não estamos mais na época da Inglaterra, não é inteligente construir inimigo ou adversário, é inteligente juntar aliados, porque a verdadeira disputa é outra", disse.
Briga conjugal de Sarkozy
Ao falar sobre a crise financeira mundial, o presidente uruguaio atribuiu à Europa e os demais países ricos a responsabilidade pela crise e disse que "os mais pobres não podem pagar por isso". Perguntado sobre a declaração do presidente francês Nicolas Sarkozy, que incluiu o Uruguai entre os paraísos fiscais que necessitam de regulação financeira internacional, posição que gerou uma manifestação indignada de seu governo, Mujica fez uma brincadeira sobre o mandatário francês e sua mulher, Carla Bruni.
"Acredito que o presidente francês teve uma briga com sua bonita mulher e o pegamos de mau humor. Coisas que acontecem. O Uruguai não vai declarar guerra à França, está tudo tranquilo. Nossa resposta não foi guiada tanto pelo conteúdo, foi mais guiada pela ameaça, nos levantaram o muro", afirmou.
A passagem de Mujica pelo Brasil se resumiu ao Rio Grande do Sul, segundo ele, por questões geográficas e culturais que colocam o Estado como símbolo da união entre os dois países. "Poderíamos ter ido a São Paulo, que é a meca dos empresários, mas viemos ao Rio Grande por várias coisas. Aqui se refugiaram uruguaios por vários anos (...) O Rio Grande é como um país para nossas dimensões, um país irmão, não só dentro da América Latina, como dentro da constelação dos Estados brasileiros, com o qual temos uma identificação muito forte", disse.
Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões Me Adicione no Facebook
1º - NÃO EXISTE MAIS ESQUERDA, DIREITA OU CENTRO, DIZ MUJICA NO BRASIL (aqui)
2º - ACREDITE: QUEM É DONO E DIRIGE ESSE FUSQUINHA É O PRESIDENTE DE UM PAÍS — O URUGUAI (aqui)
3º - MACONHEIRO DE CARTEIRINHA (aqui)
4º - PARAGUAI: SERÁ QUE ESSA PRESSÃO CONTRA O NOVO GOVERNO NÃO TEM A VER COM O “NÃO” DO SENADO PARAGUAIO À DITADURA DE CHÁVEZ NO MERCOSUL? (aqui)
5º - IMPRENSA DO PARAGUAI DÁ UM BANHO NA GRANDE MÍDIA BRASILEIRA. MOSTRA COMO SE FAZ JORNALISMO E IRONIZA ATÉ MESMO A DILMA! (aqui)
6º - ESCÂNDALO SOBRE A MORTE DE CHÁVEZ?! (aqui)
Nenhum comentário:
Postar um comentário