segunda-feira, 29 de abril de 2013

REPORTAGEM PARA A REVISTA FORBES BRASIL COM RUI DENARDIN



Pai e Filho:  Armindo foram e seu filho Rui Denardin.

Sucesso sem o Sudeste

Rui Denardin dirige o Grupo Mônaco, um império de concessionárias que fatura mais de R$ 1,4 bilhão longe dos principais centros econômicos do país.

Não se deixe enganar pela cara fechada de Rui Denardin na fotografia que ilustra esta reportagem. O empresário é um sujeito simpático e agradável, com quem é divertido conversar. Mas a seriedade transparece no modo como ele conta que levou o Grupo Mônaco, uma rede de 25 concessionárias nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a saltar, em 12 anos, de um faturamento anual de R$ 132 milhões para uma receita de R$ 1,4 bilhão por ano.

Aos 40 anos, o paranaense de Cascavel é o maior responsável pelas vendas de 4 mil caminhões e 58 mil motocicletas de uma empresa com 2.200 funcionários. Os números são expressivos e o grupo ostenta, de acordo com o empresário, o título de maior revendedor de caminhões Volkswagen e de motos Honda do Brasil. Mas ele não se deslumbra: o foco é ter crescimento saudável. Para bater a previsão de R$ 2 bilhões de faturamento em 2013, ele aposta em planejamento estratégico e formação de profissionais. “Temos de crescer e atuar em áreas difíceis de logística e mão de obra. Por isso, é preciso formar profissionais. Estamos investindo muito pesado nisso”, afirma.

Atualmente, o grupo opera dez concessionárias de caminhões e ônibus e 15 de motocicletas em Mato Grosso, Pará, Maranhão, Amazonas, Amapá e Piauí. Ele atribui o sucesso a dois fatores diferentes. Na área de motocicletas, que respondem por 33% do faturamento do grupo, as concessionárias vendem bem por atuar em áreas mais pobres do país, em que as vendas desse tipo de veículo são altas. No setor de caminhões, que com as vendas de ônibus são responsáveis pelos outros 67% da receita, o sucesso está em vender para grandes empresas de infraestrutura, mineração e agronegócios que estão na região onde ele opera. A Vale do Rio Doce está entre os clientes, e a empresa tem atendido às demandas das obras da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Em fevereiro deste ano, o grupo fez uma mega entrega de cem caminhões extrapesados para o grupo Martelli, o maior transportador de grãos do Brasil. A venda foi de R$ 40 milhões.

O objetivo agora, depois de uma freada em aquisições, é atingir as regiões Sul e Sudeste, buscando, segundo Denardin, “excelência na prestação de serviço”. “Em 2012, fizemos um trabalho de formação com gestores médios, que são o elo entre a diretoria e a base.”

A ideia era estruturar a empresa para poder suprir a demanda de profissionais advinda de rápido crescimento dos últimos anos. “Recuamos, então, em termos de aquisição e preparamos uma retaguarda. Agora, vamos fazer o planejamento estratégico para os próximos cinco anos, mas mais tranquilos em relação à mão de obra.” O Plano de Desenvolvimento de Líderes, programa do grupo em parceria com a Fundação Dom Cabral, formou 72 pessoas no ano passado. “Temos essa ideia de que o grupo só vai crescer se tiver profissionais preparados para crescer naturalmente na hierarquia da empresa.”

Diretor-superintendente da empresa, Rui Denardin conta que o grupo começou em 1975, quando o pai, Armindo Denardin e dois sócios saíram do Paraná para trabalhar com agropecuária no Pará. “Em 1977 surgiu a oportunidade de abrir uma concessionária Volkswagen de automóveis. A partir daí, o grupo especializou-se em concessionárias de veículos e foram surgindo as de motocicletas, caminhões e tratores”, diz. Em 2000, Armindo rompeu a sociedade (em uma “reunião de quatro horas”, segundo Rui), e a gestão caiu nas mãos do filho. A empresa tinha concessionárias de várias marcas e vários produtos. “Foi nesse momento que ficamos em dois segmentos: caminhões e ônibus Volkswagen e motocicletas Honda.”

O grupo passou por mais uma divisão, dessa vez familiar, em 2007, quando Denardin se tornou acionista majoritário. “Criamos a holding, fizemos governança corporativa e profissionalizamos o grupo.” Segundo ele, foi feito um planejamento estratégico para os cinco anos seguintes, que está sendo renovado em 2013, dentro de uma linha de raciocínio de crescimento por segmento, e não por local de atuação. “Acho que isso foi uma das coisas que ajudaram. Nosso segmento acabou tendo várias oportunidades de crescimento, tanto orgânico quanto por aquisição. Demos sorte, talvez. Adquirimos alguns grupos e esse foco deu certo. Estamos em dois segmentos que crescem na casa de dois dígitos já mais de dez anos. Houve um alinhamento e uma estratégia corretos e sorte”, afirma.

Hoje, ele é único membro da diretoria do grupo que é da família Denardin – os outros oito são profissionais de mercado. O pai e as três irmãs fazem parte do conselho, mas não têm participação executiva. Armindo cuida da Agropecuária Pinguim, herança do início da operação, que hoje tem foco em biotecnologia. Com faturamento anual entre R$ 30 milhões e R$ 35 milhões, a empresa produz de mil a 1.200 embriões bovinos in vitro por ano, com previsão de aumentar o número em 150% até 2015. Denardin cuidou também desse negócio durante quatro ou cinco anos e plantou a semente da genética nas fazendas que antes criavam apenas gado extensivo.

O empresário entrou na companhia aos 19 anos, em 1991, quando ainda era estudante de administração na UFPA (Universidade Federal do Pará). Foi trabalhar no departamento de peças de uma concessionária de motos. Essa estreia lhe rendeu um trauma, já que a concessionária vendeu apenas um veículo em fevereiro de 1992. Mas é à compra de uma concessionária do mesmo tipo, no mesmo ano, que ele credita seu maior golpe de sorte dentro do grupo.

“Tive uma participação estratégica na compra de uma operação no Pará que o grupo não queria na época. Diziam: “O moleque tá doido”, conta. Segundo ele, a empresa bancou a “maluquice” por que o negócio era barato. O primeiro ano e meio da operação foi tão ruim que o grupo tentou vender a concessionária. Em 1994, com o Plano Real e a explosão de vendas de motocicletas, a loja se firmou. A concessionária recebeu o nome de Mônaco (o grupo se chamava Revemar na época).

Denardin quer passar essa lição ao filho Mateus, 16 anos, que acompanhou a entrevista do começo ao fim e espera seguir os passos do pai. A visita a São Paulo, inclusive, aconteceu por conta do primogênito: a dupla viajou à metrópole para conhecer faculdades, já que o empresário não quer que o garoto estude em Belém. “Não acho que se deva começar direto no grupo. É muito apadrinhamento. A minha história deu certo, mas eu não acredito muito que isso se repita facilmente.”

Hoje, os quatro filhos tomam bastante tempo de Denardin, que pesquisa vinhos (tem uma adega de 1.600 garrafas) e gosta de estudar (tem dois MBAs e participação na elaboração de cursos específicos). Além de Mateus, ele teve Pedro, 14 anos, com a primeira mulher, e adotou Maria Antônia, agora com 12 anos, por que queria muito uma menina. Com a segunda esposa, teve outra garota: Luiza, 2 anos. Separado pela segunda vez, ele brinca: “Tomara que eu não encontre ninguém que queira ter filhos, senão, terei de comprar um ônibus”.

FONTE - JULIANA VENTURA, SUCESSO SEM O SUDESTE. REVISTA FORBES BRASIL, P. 44 a 46, 01 DE MARÇO DE 2013.

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