Tiago Querioz/AE
"Maluf teria desviado dinheiros das obras da Avenida Águas Espraiadas, em SP
Os advogados de Paulo Maluf sofrem uma derrota na Justiça de Jersey e a Corte Real da ilha rejeita mais uma tentativa...
Atualizado: 03/09/2012 11:09 |
Os advogados de Paulo Maluf sofrem uma derrota na Justiça de Jersey e a Corte Real da ilha rejeita mais uma tentativa de adiar o julgamento em relação ao destino do dinheiro que estaria congelado em contas no paraíso fiscal. Para a corte, a iniciativa dos advogados de Maluf de apresentar um recurso era "tático" e concorda com a versão dos advogados da prefeitura de São Paulo de que os argumentos para pedir o adiamento seriam "cinicos".
Há cerca de um mês, a Corte concluiu as audiências em torno do caso aberto pela prefeitura de São Paulo para reaver o dinheiro que Maluf teria desviado das obras da Avenida Águas Espraiadas e que estariam no paraíso fiscal. O julgamento permitiu que, pela primeira vez em uma década, documentos fossem liberados mostrando que a família de Maluf administrou contas no exterior, algo que o ex-prefeito sempre negou.
O Estado revelou na época com exclusividade detalhes dessa gestão e o fato de que os advogados de defesa admitiram que Maluf era beneficiário dessas contas, enquanto seu filho Flávio era diretor de uma das empresas para onde o dinheiro era enviado. Uma decisão deve ser tomada nos próximos meses. Mas, enquanto isso, a corte tem sido obrigada a se pronunciar sobre tentativas dos advogados de Maluf de impedir que uma decisão seja anunciada.
Numa decisão tomada no dia 22 de agosto e que foi divulgada agora, a corte revela como os advogados do ex-prefeito tentaram, já no dia 4 de julho, incluir novos elementos ao processo e, assim, pedir que a audiência fosse adiada. Uma primeira decisão rejeitou o pedido. Mas os advogados de Mauf voltaram a insistir com a tese e apelar da decisão. Uma vez mais a corte a rejeitou, no dia 28 de agosto. Os advogados de Maluf insistiam em mudar algumas de suas respostas que haviam dado no processo, dois anos depois que elas foram entregues ao juiz, o que atrasaria o andamento do caso.
Entre os motivos da rejeição, a corte estima que as explicações que os advogados de Maluf gostariam de incluir poderiam ter sido apresentadas "durante as audiências". O que os advogados de Maluf queriam incluir, segundo os documentos da Corte, seriam "declarações legais de advogado"P.G. de M. Lopes". O jurista, ainda segundo a Corte, seria um sócio do escritório Leite Tosto e Barros Advogados, justamente quem fala em nome de Maluf no Brasil.
Há um mês, esse mesmo escritório rejeitou a informação de que os advogados que estavam presentes em Jersey representavam Maluf. No mais recente documento, a corte relembra que, já em 2009, o mesmo Lopes tentou "sem sucesso desafiar a jurisdição da corte". Isso provaria que ele já conhecia o dossiê desde então.
Outra tentativa da defesa de Maluf foi a de provar que a prefeitura de São Paulo não poderia ser parte do processo. Isso porque, se alguém teve algum prejuizo com o desvio de dinheiro, essa seria a Empresa Municipal de Urbanização (EMURB), e não a prefeitura. A corte relembrou em sua decisão desta semana que essa não foi a posição dos advogados de Maluf, nem em respostas dadas em novembro de 2010 e nem em março de 2011.
"O objetivo e efeito de emendar (a resposta) seria permitir que a defesa alegasse que a única pessoa que poderia dizer que sofreu alguma perda é a EMURB e que a prefeitura não tem lugar nessa ação", indicou os juizes, na decisão. "Diante da falta de explicação para essa tentativa de último minuto de mudar sua posição original em relação à EMURB, não é difícil de ver porque os advogados da acusação convitam à Corte a concluir que o pedido não é mais que uma tentativa cínica de impedir o julgamento", indicaram os juizes, que sustentaram a tese de que a iniciativa foi tomada or "motivos táticos. "Por todos esses motivos, os pedidos (de inclusão de novas informações) foram recusadas", concluiu o documento.
Nas próximas semanas, a Corte deve se pronunciar sobre o dinheiro de Maluf na ilha e se os recursos devem ou não voltar aos cofres públicos em São Paulo.
Osvaldo Aires Bade
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