Estados Unidos: ricos, milionários, bilionários
19/08/2012
às 16:00 \ Vasto Mundo
Reportagem de André Petry, de Nova York, publicada na edição impressa de VEJA
RICOS, MILIONÁRIOS, BILIONÁRIOS
Com uma renda cada vez mais concentrada, os Estados Unidos apresentam um enigma: como e por que os americanos, apesar dodinheiro mal distribuído, ainda são os gênios da inventividade econômica?
Quando saiu o primeiro cálculo sobre a distribuição da renda nos Estados Unidos, em 1915, a reação foi de espanto. Descobriu-se que os americanos que faziam parte do clube do 1% mais rico do país ficavam com 18% da renda nacional. As famílias cujos sobrenomes viraram sinônimo de riqueza – Rockefeller, Carnegie, Vanderbilt, Morgan – moravam em mansões espetaculares e faziam festas monárquicas, mas ninguém imaginava que era tão alta a fatia da renda que elas detinham – 18%!
Depois disso, houve uma guerra mundial, a depressão que devastou patrimônios e vidas, outra guerra mundial, e os Estados Unidos cruzaram as décadas de 50, 60 e 70 com uma distribuição de renda muito mais igualitária. O país virou o paraíso terrestre da classe média e mesmerizou o mundo com o apelo do american way of life. De lá para cá, houve a Guerra Fria, o desmonte da desigualdade racial nos estados do Sul, o colapso soviético, e os Estados Unidos voltaram ao início: hoje, o 1% mais rico detém uma fatia muito semelhante aos 18% da renda nacional – 18%!
Em outras palavras, os americanos vivem um processo de concentração de renda semelhante ao de quase um século atrás. De 1979 a 2007, a renda do 1% mais rico aumentou 275%. A parcela que esses milionários detêm da renda nacional oscila dramaticamente ao sabor das crises, registrando quedas espetaculares, mas a compensação vem logo que as nuvens mais carregadas somem do horizonte.
Na crise financeira de 2008, o clube do 1% detinha mais de 23% da renda nacional. Estima-se que a fatia tenha caído para menos de 18%. Mas, como sempre acontece no pós-crise, os ricos são os primeiros a se recuperar e logo se restabelece o nível de desigualdade anterior. Em 2010, a renda americana voltou a crescer e os ricos, como de praxe, abocanharam a parte do leão. Nada menos de 93% dos ganhos foram para o bolso do 1% mais rico. Os 99% ficaram com apenas 7% dos ganhos.
Para entrar no clube do 1% mais rico nos Estados Unidos é preciso ter renda anual de, pelo menos, 350 000 dólares. Dá quase 60 000 reais por mês. Na economia americana, não é uma cifra inatingível, nem é preciso ser desembargador no Amazonas para chegar lá. Mas dentro do clube do 1% há nichos mais seletos.
Os mais ricos entre os mais ricos. Há 400 famílias que, juntas, financeiramente valem o mesmo que 150 milhões de americanos de classes mais baixas. Os milionários e bilionários de hoje não são parasitas, nem vivem de juros. “É uma elite que trabalha”, define o economista Emmanuel Saez, um dos mais respeitados estudiosos da distribuição da renda americana.
Entre eles, sete de cada dez possuem diploma universitário e metade tem mestrado. Tendem a se casar entre si, geralmente têm filhos e não gostam de falar publicamente de sua riqueza porque temem a hostilidade dos militantes do movimento Occupy Wall Street e a sanha dos fiscais da Receita Federal. Boa parte deles vive em Manhattan, o distrito com a terceira maior taxa de desigualdade de renda do país.
O 1% é muito envolvido com política, é levemente mais republicano do que democrata e está mais preocupado com o déficit fiscal do que com o desemprego, exatamente o inverso das preocupações dos 99%. No início do século XX, os milionários eram barões da indústria. Hoje, são estrelas do esporte e do entretenimento ou fazem parte da camada que mais se beneficiou dos bônus e outros ganhos gigantescos nas últimas três décadas – os CEOs, executivos que atingiram o posto corporativo mais alto.
De meados da década de 80 para cá, a remuneração desses executivos teve uma valorização estupenda. A Johnson & Johnson, por exemplo, pagava 2,2 milhões de dólares por ano a um alto executivo. Chegou a pagar 18 milhões. Os gestores da Occidental Petroleum, gigante da área de energia com sede na Califórnia, embolsavam cerca de 2,4 milhões de dólares por ano. Hoje, recebem 20 milhões. É mais de 700% de aumento. De cada dez americanos muito ricos, três são executivos. As estrelas do mundo financeiro são menos numerosas, mas vêm ganhando tanto ou mais, mesmo depois da crise financeira de 2008. Já respondem por 14% dos membros do clube dos podres de ricos.
Os economistas dizem que um conjunto de fatores resultou na crescente concentração de renda: a desregulamentação do setor financeiro, o advento de tecnologias que empregam pouca gente muito bem paga, a globalização que oferece mão de obra barata pelo mundo e a redução de impostos sobre a renda dos ricos.
Em 1970, o imposto sobre ganhos de capital, uma das principais fontes de renda dos muito ricos, era de 40%. Hoje é de 15%. Estudos mais minuciosos, no entanto, mostram que, até os anos 70, três vetores ajudavam a equalizar a renda dos americanos nas décadas anteriores: sindicatos fortes, comércio exterior fraco e virtual desaparecimento da imigração.
Da década de 70 para cá, os sindicatos foram ficando cada vez mais fracos e menos representativos, o comércio exterior explodiu e a imigração para os Estados Unidos voltou a aumentar. Deflagrou-se, assim, a espiral da desigualdade de renda.
Todos os economistas concordam que a excessiva desigualdade de renda é ruim. Além de ser socialmente corrosiva, a concentração de renda, na forma de monopólios ou tratamento tributário privilegiado, acaba provocando distorções em cadeia no mercado, tornando-o menos eficiente. Um exemplo está no enorme contingente de jovens talentosos que saiu da universidade para se concentrar no mercado financeiro.
O enigma do parágrafo anterior está na expressão “excessiva desigualdade de renda”. Os economistas concordam que a concentração excessiva é prejudicial, mas ninguém sabe o que é “excessivo” e o que não é. Os ricos podem ganhar até trinta, cinquenta ou 100 vezes mais? Será que evitar que ganhem mais, a golpes de impostos punitivos, não mata a galinha dos ovos de ouro? Não reprime os investimentos, o risco, a criatividade?
Os cientistas políticos Jacob Hacker e Paul Pierson escreveram um livro em que constatam que os Estados Unidos estão deixando de ser uma democracia afluente que compartilha a expansão econômica para ficar mais parecidos com “oligarquias capitalistas, como Brasil, México e Rússia”.
O dilema é que os Estados Unidos, mesmo sendo a economia mais desigual entre os países ricos, ainda ocupam o pelotão de frente da inventividade econômica. São americanas as empresas mais inovadoras do nosso tempo – Google, Facebook, Apple. Por que essas empresas não nasceram em economias mais igualitárias? Os americanos estão ao mesmo tempo revolucionando a economia e mantendo uma nova classe de super-ricos. Isso, de certa forma, é um grande enigma. As virtudes de uma economia dinâmica deveria ser o bastante para corrigir a desigualdade extrema.
Esse enigma levou alguns estudiosos a desenvolver a tese segundo a qual a desigualdade de renda pode até ser positiva. Para cada dólar que alguém investe, a sociedade receberia um estímulo de 5 dólares, sustentam aqueles estudiosos. Portanto, ao aplicarem o grosso do próprio dinheiro em investimentos, os super-ricos azeitam uma engrenagem em que todos saem ganhando.
A tecnologia agrícola foi desenvolvida ao cabo de bilhões de investimentos de milionários. O resultado é que os preços dos alimentos vêm caindo há meio século, para benefício da humanidade. Quem investiu na tecnologia da informação ganhou bilhões. O resto do mundo se beneficiou com a multiplicação dos computadores e a democratização do acesso à informação.
Os investidores arriscam fortunas em ideias que podem (ou não) funcionar porque esperam ganhos fenomenais. Ao fazerem isso, incentivam a inovação. Para que a distribuição desigual da renda não seja um câncer, há alguns requisitos: os ricos precisam investir boa parte de sua fortuna na produção de ideias – e, claro, o dinheiro não pode comprar privilégios nos tribunais e no mundo político.
Tags: american way of life, Apple, Carnegie, colapso soviético, concentração de renda, déficit fiscal, Depressão, desemprego, desigualdade racial,desregulamentação do setor financeiro, distribuição da renda, Facebook,globalização, Google, Guerra Fria, Morgan, Occupy Wall Street, pós-crise,Rockefeller, Vanderbilt
Osvaldo Aires Bade - Comentários Bem Roubados na "Socialização"
Ai
meu Deus… Esse discurso esquerdista dá uma preguiiiça…
Tá, 400 famílias ganham mais que 150 milhões delas. Mas as tais 150 milhões afinal de contas estão vivendo como? Tão na miséria? Qual o grau de pobreza delas? Elas tão mal na fita? Esse é o grande problema do discurso inócuo desses esquerdistas.
Tá, 400 famílias ganham mais que 150 milhões delas. Mas as tais 150 milhões afinal de contas estão vivendo como? Tão na miséria? Qual o grau de pobreza delas? Elas tão mal na fita? Esse é o grande problema do discurso inócuo desses esquerdistas.
Qual a solução que implicitamente (ou explicitamente) pedem? Que o governo entre com a mão pesada de ladrão “redistribuindo” renda.
Surpresa!!!
Isso não é novidade! Foi feito em vários países. Resultado? Meia dúzia de
INDIVÍDUOS concentrou toda a riqueza da nação nas mãos. Só sobrou pra TODOS os
demais a mais pura MISÉRIA e opressão.
O tema é sempre levado pra polêmica, pois logo irão aparecer os extremistas condenando os americanos por sua riqueza, façamos então uma análise simplificada:
- O capitalismo incentiva e premia a inteligência conjugada com a criatividade, diferente de outras ideologias, que buscam proteger a inércia, a corrupção, a falta de iniciativa, com suas ações de corporativismo, nepotismo, cinismo, aparelhando até mesmo os neurônios dos menos favorecidos.
Os americanos já chegaram em Marte, na busca de novas plantas energéticas, que irão revolucionar o planeta, enquanto por aqui, ainda nem decidimos colocar os mensaleiros na cadeia, imaginem então fazermos projeto de evolução educacional e sócio econômico, estamos perdendo energia e tempo no julgamento de mensaleiros, quando isso já era para ter sido resolvido à tempos atrás.
Para
mensaleiros aplicação da LEI.
Nosso País investe menos de 6% do pib em educação, eis ai as “algemas” que nos impedem de um dia chegarmos próximo aos americanos em produtividade, riquezas, etc.. continuamos em pleno século XXI exportando commodities, importando nossa mesma matéria prima em forma de produtos acabados, mandamos nosso alumínio em lingotes, não somos capazes de produzir nem os aros das nossas bicicletas, num completo atestado de atraso tecnológico, além de educacional, depois ficamos com esse discurso velho……anti americano, tenham santa paciência.
É hora de darmos o salto, primeiro parar com a baboseira anti americana, temos é que incentivar investimentos em educação, evoluir em tecnologia, infra estrutura, etc., para isso,vamos aproveitar as eleições municipais e escolher bons candidatos para o pleito municipal – no mínimo fichas limpa – fora disso…não tem jeito.
O
Brasil jamais será uma grande potência, pois aqui se premia a preguiça, lá eles
batalham para ter uma vida melhor, aqui a maioria se contenta com uma situação
meia-boca.
O
brasileiro têm por hábito invejar os ricos, acham que os ricos não trabalham.
Odeiam os americanos por pura inveja.
Abraço e Sucesso a Todos
Olimpia Pinheiro
Consultora Imobiliária E-Commerce
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