Colunista: Luiz Affonso Romano | Publicado em: 09/08/2012 |
Elementar, caro Watson!
Essa a a conhecida frase do mais famoso dos detetives – o célebre Sherlock Holmes. Com um detalhe: elementar para ele que, com sua argúcia, despertava a atenção dos outros para o fato. Pois Holmes- na imaginação do grande ficcionista Sir Conan Doyle- , era antes de tudo, um detalhista, garimpando o inusitado, o fora de série e do esperado, por vezes o exótico e diferente da norma- algo que não se encaixava na explicação usual ou, até pelo contrário, reforçava com originalidade o que vinha sendo observado, diagnosticando as causas, detectava o fiapo que ninguém via e desenrolava o novelo que ninguém entendia. Era raro, mesmo …
Ora, todo Consultor tem um pouco de Sherlock. Ao contatar seu Cliente, sua promessa inicial é a de que ele possa ajudá-lo a resolver determinado problema- já detectado-, ou até ao contrário, um que ninguém até hoje sabe que existe, por ignorância , complacência ou interesse pessoal… Com isso, o Consultor é até um agente provocador, quase um criador de caso, que aponta e destaca um ponto ou aspecto novo na realidade do Cliente, deslocando-o de sua privilegiada zona de segurança ou de errônea expectativa.
Mas como fazia o nosso Holmes?
Efetivamente ele fazia muito mais que isso. Embora aplicasse o instrumental de laboratório- o já disponível aos finais do Sec XIX- , no exame e elucidação dos crimes investigados, ele de fato, antes de tudo e qualquer conclusão, apontava suas lentes somente após uma visão geral das circunstâncias da situação. Ou seja, ele só apontava sua lupa após definir- sabe-se lá bem como!-, para onde fazê-lo, o porque, o como e quando utilizá-la, com oportunidade e eficiência no exame das peças observadas .
Ou seja, ele era, de fato um magnífico exemplo de um obsecado pela razão, a aplicar seu hemisfério esquerdo com disciplina e perícia, mas só o fazia após recorrer aos ditames do seu lado criativo- seu hemisfério direito- integrando-os inteligentemente, confirmando o que seu fiel amigo e secretário Dr. Watson denunciava afirmando que por detrás da máscara gelada do investigador- consultor descobria-se uma intuição espontânea e inexplicável, aliada a uma emoção misericordiosa e compadecida pela humanidade escrutinizada.
Mais ainda, e para estimular sua vertente lúdica, imaginosa e criativa, ele ainda praticava artes marciais- era bom no boxe, esgrima, luta com bengala e a savate-, não largava seu cachimbo- como dizia, seu instrumento para esclarecer a mente- , consumia cocaína regularmente (Oops! ) e se refugiava, altas horas da noite, lá no seu canto, a tocar seu violino- até muito bem afinado. Fascinante, não?
Claro, um bom Consultor não precisa fazer e ser tudo isso. Mas sempre deve tomar o cuidado de- como o Holmes-, e antes de mais nada, expor, examinar e definir qual é o problema ( situação atual a ser mudada), com mente desarmada atenta e curiosa , observando o detalhe-, como ele o fazia- destacando o que passava desapercebido de todos à procura das circunstâncias e limites do examinado. Detectar o fiapo que ninguém vê e daí desenrolar o novelo que só então se entende o quanto é importante experiência e a dedicação exclusiva ao pensar como investigador, consultor.
Pois é bem nessa fase preliminar- antes de mais nada-, que o Consultor deve desenvolver essa abordagem descompromissada e, enquanto fuma seu cachimbo, ir-se perguntando coisas como as que se seguem, desenhando o cenário onde se desempenha o roteiro- drama ou comédia?-, do Cliente. Por exemplo, nessa avant-première, irmos perguntando, entre outras coisas:
Finalmente, e talvez mais importante, incluir nisso tudo a dimensão Tempo. Ou seja, quais poderiam ser agora as respostas se deslocássemos as mesmas perguntas para um futuro próximo ou longínquo? Quais seriam então as suas possíveis projeções, quais as tendências, as oportunidades e as ameaças ao Cliente? Porque , afinal, mesmo o Presente já é Passado- quando se o examina -, e só o Futuro realmente interessa …
Com isso, investigada preliminarmente a realidade, só agora o nosso Consultor – igual ao nosso Holmes- pode descansar, preencher seu cachimbo e iniciar análise mais detida e mais lógica, identificando enigmas e propondo suas, agora sim, engenhosas soluções.
Acrescentando, como diria Holmes: Afinal, bem elementar, não é mesmo, meu caro Watson?
Abraço e Sucesso a Todos
Olimpia Pinheiro
Consultora Imobiliária E-Commerce
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