Só santo!!!
“Qualquer história sobre consciência é
relativa à conectividade que existe entre todas as coisas do universo. Por
isso, mesmo de forma inconsciente, alegramo-nos frente à natureza gentil dos
atos de amor”.
De Ana Beatriz Barbosa Silva. Com adaptação de Osvaldo Aires Jr.
Esse texto inicialmente era para ser somente cientifico, mas como no Brasil não temos lei especifica de combate a psicopatia e muito menos com relação ao terrorismo, ele acabou tendo inserções políticas sociais, já que os psicopatas dominaram (são donos) totalmente o Brasil.
Para começa mostramos que em programa de ratinho quem manda é ratazana. Na verdade Lulla foi até o programa do Rato, no SBT, fazer um teste de DNA do mensalão.
Os psicopatas são a encarnação do mal em todos os seus aspectos, os psicopatas são os mestres das farsas, os pais da mentira.
O primeiro e também muito famoso assassino bandido, Guilherme de Pádua, chegou no SBT de helicóptero e agora o Lulla sentou na mesma cadeira para DEFENDER outros bandidos e cometer, novamente (na época), crime eleitoral. Esse é um traço marcante de psicopata - sua sedução, vaidade desmedida e a reincidência.
É sabido que Lulla tem uma operação financeira antiga com o Ratinho de R$3.000.000,00 (Três Milhões de Reais), não explicada.
E que o SBT recebeu do Governo Lulla em uma única transação R$ 4,3 B-I-L-H-Õ-E-S (Quatro Bilhões e Trezentos Milhões de Reais) para "salvar" o Banco PanAmericano particular do Silvio Santos - falido fraudulentamente.
Vendo os dois vídeos você vai perceber facilmente a capacidade de sedução, manipulação e envolvimento dos psicopatas de alta periculosidade.
Ok! Os bandidos de plantão vão logo dizer que é tudo manobra de um tal de PIG que está a favor das "Zélites", dos EUA, da mãe de santo, do técnico da seleção, da herança maldita do FHC, de Portugal (clique aqui) e etc - todos os bandidos põem a culpa em algo ou alguém pelas suas bandidagens.
Aqui está mais informação de mais essa operação bandida da quadrilha PeTista que tomou conta totalmente do Brasil.
A conta negativa do Banco PanAmericano chega à Caixa Econômica em novembro de 2010, o passivo descoberto nesta data chegava a 2,5 bilhões de reais. A Caixa Econômica era sócia (por que?) minoritária do Banco falido e o governo Lulla, mesmo assim, mandou pagar todo o prejuízo.
Maria Fernanda Coelho, presidente da CEF na época, chegou a por o cargo à disposição por duas vezes.
Maria Fernanda Coelho - Presidente da CEF na época
O vice-presidente de finanças da Caixa, Marcio Percival Alves Pinto, seguiu o exemplo da chefe. O governo dos bandidos, como sempre, dizem que tudo não passa de decisões técnicas.
Pronto! então foi dada todas as explicações necessárias e está todo responsabilizado e devidamente punidos todos aqueles que usaram o teu dinheiro, que saiu do teu bolso, para o bolso da Ratazana Cheffe:
O-Chefe-Cumpenhêro-Kamarada-Macunaíma-Piorado-Imperador-Intiliquitual-Ahmadinejad-Chaveszuela-Luiz-Ignorácio-Presidente-Câncer-do-Mentiroso-GuguDadáHaddad-Evo-do-Crak-Sabe-De-Nada-BiLullalate-Da-Silva-51-A-Próxima-Vai-Saber-Roubando- Como-Nuncad’Antes-na-História-da-Via-Láctea-Destepaíz.
O psiquiatra Ednei Freitas analisa a cabeça de Lula: Esse tipo de psicopata é difícil de curar e o paciente não melhora na cadeia (aqui)
E assim o PSDB leva no bolso, o DEM leva na meia; o
PT leva na cueca e o povo leva no mesmo lugar de sempre.
Marcio Percival Alves
Pinto Vice-presidente de finanças da Caixa
Amigos, neste País é
assim, vejam aqui: Os
fora-da-lei, que são os réus e bandidos já condenados, são transvestidos de
xerifes e assim legislam e julgam as pessoas de bem, as instituições e até
nossos juízes, conforme seus critérios e interesses de gangster. Para
alguns, quando muito, bastam
chorar que já se sentem reabilitados para continuar suas vidas pra lá
de duvidosas – Vide a Neurônio Solitário – Nulla III e sua comissão da
(In)verdade. Já estamos vivendo um momento de ultraje a muito tempo:
- Libertar todos os culpados presos e engaiolar todos os inocentes soltos.
- Libertar todos os culpados presos e engaiolar todos os inocentes soltos.
[PARTE 1] RATINHO ENTREVISTANDO GUILHERME DE
PÁDUA NO SBT
[PARTE 2] RATINHO ENTREVISTANDO GUILHERME DE PÁDUA NO SBT
http://youtu.be/C1ICa6NbPFI
-
PAI ESTUPRA FILHA DE 16 ANOS E AINDA FILMA TUDO EM MARINGÁ
http://youtu.be/OvSQCDMrllA
GÊMEOS SEPARADOS AO NASCER - DOIS INJUSTIÇADOS
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) comparece à sessão no Conselho de Ética do Senado
05/05/2012
às 1:00 \ Sanatório GeralBandidos bondosos
“Devo também ter cometido erros. Quero dizer, de coração mesmo, que eu já perdoei todos os que me agrediram”.
José Roberto Arruda, em 11 de janeiro de 2010, ensinando que no Brasil reinventado por Lulla são os assaltantes que perdoam os assaltados.
Tags: José Roberto Arruda, vale replay
PORQUE “MÉDICOS” CUBANOS? (AQUI)
R: Aborto, o número de estupros no Brasil já ultrapassou o número de homicídios dolosos.
PORQUE “MÉDICOS” CUBANOS? (AQUI)
R: Aborto, o número de estupros no Brasil já ultrapassou o número de homicídios dolosos.
VÍTIMA DE ESTUPRO CONTA DETALHES DO CRIME E CRITICA DIREITOS HUMANOS
A mulher, de 38 anos, foi torturada e violentada na noite de domingo (21), no bairro Atuba. Logo após o crime, Maicon Cezar Azevedo, 27 anos, foi preso.
DIREITOS HUMANOS TRATA ESTUPRADOR COM BALA
Incrível!!! Como o Direitos Humanos trata um estuprador
Direito dos Manos.
Posted by Osvaldo Aires Bade on Domingo, 9 de agosto de 2015
ü
Estar consciente é fazer uso da razão ou da capacidade de
raciocinar e de processar os fatos que vivenciamos. Estar consciente é ser
capaz de pensar e ter ciência das nossas ações físicas e mentais. Na clínica
médica, podemos averiguar o estado de alerta ou lucidez que uma pessoa
apresenta num determinado momento. Assim, podemos perceber num exame clínico o
estado ou nível de consciência, no qual podemos encontrar as seguintes
palavras: Lúcido, vigil, hipovigil, hipervigel, confuso, coma profundo e
etc...Todas elas atestam o nível de percepção que temos em relação ao mundo.
ü
Alguém que utilize certas doses de álcool, por exemplo, pode
apresentar o seu nível de consciência reduzido (hipovigil) ou até mesmo atingir
o estado de coma. De forma inversa, as anfetaminas (estimulantes) – muito
utilizadas em dietas de emagrecimento – costumam fazer o cérebro trabalhar mais
depressa, deixando as pessoas mais ‘acesas’, mais ‘elétricas’, com a fala
rápida, e podem provocar insônia e muita irritabilidade. Esse estado é
conhecido como hipervigilância.
(1) Consciência: [Do lat. conscientia.] S. feminino. 1.Filos. Atributo
altamente desenvolvido na espécie humana e que se define por uma oposição
básica: é o atributo pelo qual o homem toma em relação ao mundo (e,
posteriormente, em relação aos chamados estados interiores, subjetivos) aquela
distância em que se cria a possibilidade de níveis mais altos de integração. 2.P. ext. Conhecimento
desse atributo. 3.Faculdade de estabelecer julgamentos morais dos atos
realizados: uma consciência reta;consciência
torturada. 4.Conhecimento imediato da sua própria atividade psíquica ou
física: "Tudo isso se desenrolava dentro dele sem que ele próprio
tivesse plena consciência dos pensamentos." (Macedo Miranda, Pequeno
Mundo Outrora, p. 35.) 5.Conhecimento, noção,
idéia: Só agora tem consciência do mal que sofrera. 6.Cuidado
com que se executa um trabalho, se cumpre um dever; senso de responsabilidade: Fez a
tradução com toda a consciência.
7.Honradez, retidão,
probidade: Homem de consciência.
Consciência coletiva. 1. Sociol. Conjunto
de representações, de sentimentos ou de tendências não explicáveis pela
psicologia do indivíduo, mas pelo fato do agrupamento dos indivíduos em
sociedade.
Consciência de si. 1. Filos. Autoconsciência.
Consciência moral. 1. Ét. A
faculdade de distinguir o bem do mal, de que resulta o sentimento do dever ou
da interdição de se praticarem determinados atos, e a aprovação ou o remorso
por havê-los praticado. Em sã consciência. 1. Com
sinceridade; sinceramente.
Pôr a consciência em almoeda. 1. Oferecê-la a quem mais
der.
CRITÉRIOS
DIAGNÓSTICOS PARA TRANSTORNO
DA
PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL
ANEXO A
DSM-IV-TR - (301.7)
A. Um padrão
global de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que ocorre desde os
15 anos, como indicado por pelo menos 3 (três) dos seguintes critérios:
- Incapacidade de adequar-se às normas
sociais com relação a comportamentos lícitos, indicada pela execução repetida
de atos que constituem motivo de detenção
- Propensão para enganar, indicada por
mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter
vantagens pessoais ou prazer.
- impulsividade ou fracasso em fazer
planos para o futuro.
- irritabilidade e agressividade,
indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas.
- desrespeito irresponsável pela segurança
própria ou alheia.
- irresponsabilidade consistente, indicada
por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou de
honrar obrigações financeiras.
- ausência de remorso, indicada por
indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado alguém
B. o individuo tem no mínimo 18 anos de
idade.
C. Existe evidencias de transtorno da
Conduta com inicio antes dos 15 anos de idade.
D. A ocorrência do comportamento
anti-social não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou
Episódio Maníaco.
CRITÉRIOS
DIAGNÓSTICOS PARA TRANSTORNO
DE CONDUTA
ANEXO C
DSM-IV-TR – (312.8)
A. Um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são
violados os direitos individuais dos outros ou normas ou regras sociais
importantes próprias da idade, manifestado pela presença de três (ou mais) dos
seguintes critérios nos Últimos 12 meses, com presença de pelo menos um deles
nos últimos 6 meses:
Agressão a pessoas e animais
1. Provocações, ameaças e intimidações freqüentes
2. Lutas corporais freqüentes
3. Utilizações de arma capaz de infligir graves lesões
corporais (por ex. bastão, tijolo, garrafa quebrada, faca, revólver)
4. Crueldade física para com pessoas
5. Crueldade física para com animais
6. Roubo em confronto com a vítima (por ex. bater
carteira, arrancar bolsa, extorsão, assalto à mão armada)
7. Coação para que alguém tivesse atividade sexual
consigo
Destruição de patrimônio
8. Envolveu-se deliberadamente na provocação de incêndio
com intenção de causar sérios danos
9. Destruiu deliberadamente a propriedade alheia
(diferente de provação de incêndio)
Defraudação ou furto
10.
Arrombou
residência, prédio ou automóveis alheios
11.
Mentiras
freqüentes para obter bens ou favores ou para esquivar-se de obrigações legais
(isto é, ludibriar pessoas)
12.
Roubo de objetos
de valor sem confronto com a vítima (por ex. furto de jóias, mas sem arrombar e
invadir, falsificação)
Sérias violações de
regras
13.
Freqüentes
permanências na rua à noite, contrariando proibições por parte dos pais,
iniciando antes dos 13 anos de idade
14.
Fugiu de casa à noite
pelo menos duas vezes, enquanto vivia na casa dos pais ou lar adotivo (ou uma vez, sem retornar por um extenso
período0)
15.
Gazetas
freqüentes, iniciando antes dos 13 anos de idade
B. A perturbação do
comportamento causa prejuízo clinicamente significativo do funcionamento
social, acadêmico ou ocupacional.
C. Se o indivíduo tem 18 anos
ou mais, não são satisfeitos os critérios para o transtorno da personalidade
Anti-social.
ESPECIFICAR TIPO COM BASE NA IDADE DE INÍCIO:
312.81 Tipo com início na infância: Início de pelo menos um critério característico do
transtorno da conduta antes dos 10 anos de idade.
312.82 Tipo com início na adolescência: Ausência de quaisquer critérios característicos do
transtorno da conduta antes dos 10 anos de idade.
312.89 Transtorno da Conduta,
início inespecificado: A idade do início não é conhecida.
ESPECIFICAR GRAVIDADE
Leve:
Poucos problemas de conduta, se existem, além dos exigidos para fazer o
diagnóstico sendo que os problemas de conduta causam apenas um dano pequeno a
outras pessoas.
Moderado: Um
número de problemas de conduta e o efeito sobre outros são intermediários,
entre “leve” e “grave”.
Grave:
Muitos problemas, de conduta além dos exigidos para fazer o diagnostico ou
problemas de conduta que causam dano considerável a outras pessoas.
CRITÉRIOS
DIAGNÓSTICOS PARA TRANSTORNO
DE
PERSONALIDADE DISSOCIAL.
ANEXO B
CID-10 – (F60.2)
Transtorno de personalidade caracterizado
por um desprezo das obrigações sociais, falta de empatia para com os outros. Há
um desvio considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas.
O comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas,
inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo
limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma
tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para
explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a
sociedade.
Personalidade (transtorno da)
·
Amoral
·
Anti-social
·
Associal
·
Psicopática
·
Sociopática
Exclui: transtorno
(de) (da):
·
Conduta (f 91.-)
·
Personalidade do tipo instabilidade emocional (f 60.30)
_____________________________________
1
Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais, 4ª edição – Texto revisado. Vide Anexo A.
2 Classificação
Internacional das Doenças. Vide Anexo B.
- RAZÃO E SENSIBILIDADE: UM SENTIDO
CHAMADO
CONSCIÊNCIA
Finalmente estamos falando de forma clara
como devemos iniciar um exame clínico. Existe varias situações que alteram
nossos níveis de consciência: Acidentes automobilísticos, traumatismo craniano,
substâncias tóxicas e tantas outras situações...
A segunda parte não se trata mais de
identificar o estado ou nível de consciência de alguém, mas sim de algo muito
mais complexo. Agora a questão é “ser ou não ser”. Ser consciente não é um
estado momentâneo em nossa existência, como falamos anteriormente. Ser
consciente refere-se à nossa maneira de existir no mundo. Está relacionado á
forma como conduzimos nossas vidas e, especialmente, às ligações emocionais que
estabelecemos com as pessoas e as coisas no nosso dia a dia. Ser dotado de consciência é ser capaz de
amar!
Quando você ama e esta lúcido (vigil)
experimenta uma emoção maravilhosa e transcendente de ser uma pessoa
consciente, é um canal por onde emoções muito boas transitam por toda a vida.
-
SER CONSCIENTE É SER CAPAZ DE AMAR
Como já visto o termo consciência é
ambíguo, sugerindo 2 (dois) significado totalmente distintos. E por isso mesmo,
é compreensível que a esta altura o leitor esteja confuso. Na realidade, a
consciência é um atributo que transita entre razão e sensibilidade.
Popularmente falando, entre a “cabeça” e o “coração”. Falar sobre consciência é
uma tarefa “fácil” e “difícil” ao mesmo tempo. O “fácil” são as explicações
cientificas sobre o desenvolvimento da consciência no cérebro, que envolvem
engrenagens como atenção, memória, circuitos neurais e estruturas cerebrais,
que só serviriam para confundir um pouco mais. Nada disso vem ao caso agora,
pelo menos não seria esse o propósito agora. Portanto, esqueça! Aqui, vamos
considerar o lado “difícil”, subjetivo e referente ao sentido ético da
existência humana: O ser consciente.
Mostrar apreço às condutas louváveis, ser
bondoso ou educado, ter um comportamento exemplar e cauteloso, preocupar-se com
o que os outros pensam a nosso respeito nem de longe pode ser definido como
consciência de fato. Afinal, a consciência não é um comportamento em si, nem
mesmo é algo que possamos fazer ou pensar. A consciência é algo que sentimos.
Ela existe, antes de tudo, no campo da afeição ou dos afetos. Mais do que uma
função comportamental ou intelectual a consciência pode ser definida como uma
emoção.
Peço licença e vou um pouco além. No meu
entender, a consciência é um senso de responsabilidade e generosidade baseado
em vínculos emocionais, de extrema nobreza, com outras criaturas (animais,
seres humanos) ou até mesmo com a humanidade e o universo como um todo. É uma
espécie de entidade invisível, que possui vida própria e que independe da nossa
razão. É a voz secreta da alma, que habita em nosso interior e que nos orienta
para o caminho do bem.
A consciência nos impulsiona a tomar
decisões totalmente irracionais e até mesmo com implicações de risco à vida.
Ela permeia todas as nossas atitudes cotidianas (como perder uma reunião de
negócios porque seu filho está ardendo em febre) e até as nossas ações de
extrema bravura e de auto-sacrifício (como suportar a dor de uma tortura física
e psicológica em função de um ideal). E, assim, a consciência nos abraça e
conduz pela vida afora, porque está em plena comunhão com o mais poderoso
combustível afetivo: O amor.
De forma bem prosaica, imagine a seguinte
situação: Você está no aconchego do seu apartamento, depois de um dia exaustivo
de trabalho e reuniões. Momentos depois, o interfone toca anunciando a visita
inesperada da esposa de um grande amigo. Ela combinou que iria esperar por ele
no seu apartamento e está grávida de sete meses, chegou abarrotada de sacolas
com as últimas compras do enxoval. Apesar do cansaço, você fica verdadeiramente
feliz com sua presença e acorda a sua esposa.
Por alguns momentos, vocês conversam
alegremente sobre o bebê, os planos para o futuro, colocam as “fofocas” em dia,
as últimas “doidices” do seu amigo e outras coisas mais. Lá pelas tantas da
noite, sua amiga diz que precisa ir embora e que não vai dar para o seu amigo
vir pega-la. Em frações de segundos, você pensa: “Preciso tomar um banho e
dormir, será que ela vai entender se eu não acompanhá-la até a portaria do
prédio?”, “Mas ela está grávida e tem tanta coisa para carregar”, “É melhor eu
ir junto, não foi isso que me ensinaram.”
Márcio Thomaz Bastos: é perturbador que o advogado mais bem sucedido do Brasil venha dizendo as coisas que tem dito sobre a imprensa e o mensalão
Márcio Thomaz Bastos: é perturbador que o advogado mais bem sucedido do Brasil venha dizendo as coisas que tem dito sobre a imprensa e o mensalão
Bom essa tagarelice mental, que azucrina
tal qual um crime cometido, sem dúvidas não é imoral. É absolutamente humano,
natural e foge ao controle. Mas também não é a sua consciência soprando no seu
ouvido.
Ao contrario do “vou ou não vou”, você é
imediatamente tomado por um impulso generoso e se flagra no elevador com sua
esposa e amiga, suas bolsas e sacolas. Chama um táxi, abre a porta do carro,
diz ao motorista para ir com cuidado e se despedem felizes.
Hum! A consciência é assim mesmo: Chega
sem avisar e não complica, apenas faz!
Uma história bem mais comovente:
São Paulo, domingo, novembro de 2007.
Cerca de três minutos após ter decolado do aeroporto Campo de Marte, um Learjet
35 caiu de bico sobre uma residência, onde moravam 14 pessoas de uma mesma
família. No acidente morreram o piloto, o co-piloto e seis pessoas que estavam
na casa. Os vizinhos Airton, de 47 anos, e seu pai, o Sr. Ângelo, de 75,
correram para o sobrado da família Fernandes assim que ouviram o barulho da
queda do avião. Pai e filho conseguiram salvar Cláudia Fernandes, de 16 anos.
Eles ouviram o choro da garota, que é autista e brincava com sua amiga Laís na
hora do acidente. Airton, emocionado, descalço e com a blusa suja de sangue e
cinzas, lamentava ter conseguido salvar apenas uma vida. O Sr. Ângelo queimou a
mão ao salvar Cláudia e, após ser atendido por médicos no local, permaneceu na
rua tentando furar o bloqueio policial para voltar aos escombros.
Sem qualquer sombra de dúvidas, podemos
afirmar que Airton e Ângelo possuem consciência. E naquela tarde de domingo,
eles não pensaram, simplesmente agiram: Isso é pura consciência em exercício.
Todas as pessoas portadoras de consciência
se emocionam ao testemunhar ou tomar conhecimento de um ato altruísta, seja ele
simples ou grandioso. Qualquer história sobre consciência é relativa à
conectividade que existe entre todas as coisas do universo. Por isso, mesmo de
forma inconsciente (sem nos darmos conta), alegramo-nos frente à natureza
gentil dos atos de amor.
- A CONSCIÊNCIA
GENUÍNA
No decorrer da nossa história, muitos
estudos e teoria se formaram em torno da consciência e das inevitáveis
polêmicas sobre o “bem” e o “mal”. Com o passar dos séculos, a consciência foi
e ainda é alvo de discussões entre teólogos, filósofos, sociólogos e, mais
recentemente, desafia e intriga cientistas e juristas.
De fato, conceituar ou definir consciência
é algo extremamente complexo que pode gerar controvérsia por anos a fio. Isso
porque ela está acima de teorias religiosas ou mesmo psicológicas e
cientificas.
Para Márcio Thomaz Bastos, o casal Nardoni, condenado por assassinarem a filha dele de 5 anos de idade atirando a menina pela janela do seu apartamento em São Paulo ─ crime de uma selvageria capaz de causar indignação até dentro das penitenciárias -- foi "injustiçado". (Foto: Dedoc / Editora Abril)
Para Márcio Thomaz Bastos, o casal Nardoni, condenado por assassinarem a filha dele de 5 anos de idade atirando a menina pela janela do seu apartamento em São Paulo ─ crime de uma selvageria capaz de causar indignação até dentro das penitenciárias -- foi "injustiçado". (Foto: Dedoc / Editora Abril)
A meu ver, ter consciência ou ser
consciente trata-se de possuir o mais sofisticado e evoluído de todos os
sentidos da vida humana: O “sexto sentido”. Atrevo-me a afirmar que tal sentido
foi o último a se desenvolver na historia evolutiva da espécie humana. Nossa
humanidade, benevolência e condescendência devem ser atribuídas a esse nobre
sentido. A consciência é criadora do significado de nossa existência e, de
forma subjetiva, também é criadora do significado da vida de cada um de nós.
Ela influencia e determina o papel que cada um terá na sociedade e no universo.
Como disse anteriormente, a consciência é
tão espetacular que só podemos senti-la, e talvez esteja aí toda a sua
grandeza. Se existe alguma coisa de divino em nós, entendo que a nossa
consciência seja essa expressão e, quem sabe, uma fração incalculável do tão
falado e, pouco praticado amor universal ou incondicional. Na verdade, esse
“sexto sentido” é essencialmente baseado na compaixão e na verdadeira prática
do amor.
Uma vez que a consciência está
profundamente alicerçada em nossa habilidade de amar, em criar vínculos
afetivos e nos abastecer dos mais nobres sentimentos, ela nos faz
subjetivamente únicos, porém integrados e sincrônicos com o todo maior e
transcendente (tenha ele o nome que tiver, nos diversos povos ao redor do
mundo).
A consciência genuína nos impulsiona a ir
ao encontro do outro, colocando-nos em seu lugar e entendendo a sua dor. Somos
tomados por gestos simples como desejar “bom dia” àqueles que não conhecemos ou
ligar para um amigo só para dizer: “ Olá, como vai? Estou aqui para o que der e
vier!”.
Inundados de consciência pedimos desculpas
sinceras àqueles que magoamos ou ferimos num momento de equivoco. Agradecemos
aos nossos pais pela oportunidade da vida e pelos ensinamentos de retidão.
Vibramos e nos emocionamos frente à superação de um atleta, que derrama
lágrimas ao subir no degrau mais alto do pódio.
O jornalista Antônio Pimenta Neves (centro) matou a ex-namorada em 2000, admitiu o crime desde o primeiro momento e só foi para a cadeia onze anos depois, num caso que a defesa conseguir ir adiando, sem apoio de um único fato ou motivo lógico, até chegar ao Supremo Tribunal Federal (Foto: Luiz Carlos Murauskas / Folhapress)
Esse “sexto sentido” é que nos comove com as situações trágicas e também com a felicidade do encontro de irmãos separados desde a infância. Ele nos traz indignação frente preconceito, ao desrespeito às regras sociais, à intolerância ao próximo, à falta de educação, à corrupção e à impunidade.
A consciência nos inspira a zelar pelo
nosso animal de estimação e a nos desesperar pelo seu desaparecimento.
Inspira-nos a chorar copiosamente com o nascimento de um filho e acompanhá-lo
zelosamente rumo à descoberta do mundo ao seu redor. Permite-nos sentir a
profundidade de uma bela melodia, apreciar a exuberância de uma flor ou pintura
e exclamar: “Nossa, que linda”.
A consciência gera movimentos de extrema
grandeza pela paz e leva milhares de pessoas às ruas para protestar contra a
violência; impulsiona o sacrifício voluntário e incondicional de pessoas que
lutam em prol da humanidade. Ela alegra nossos corações com os primeiros raios
de sol, anunciando que o dia será mais colorido, e também com a chuva que faz
brotar a plantação, garantindo o nosso “pão de cada dia”.
É a consciência que nos impele a doar
órgãos em momentos de extrema dor e a torcer por um final feliz. Impulsiona
indivíduos a salvar muitas vidas, mesmo sabendo que pode ser o seu próprio fim.
Leva-nos às preces, às orações e às corretes do bem na esperança de dias
melhores.
Movimenta-nos contra a seca, a fome, o
desmatamento das florestas e a destruição da camada de ozônio, que colocam em
risco o rumo do planeta e o futuro das novas gerações. Enfim, nos pequenos ou
nos grandes gestos, a consciência genuína – e somente ela – é capaz de mudar o
mundo para melhor.
- OS
PSICOPATAS: FRIOS E SEM CONSCIÊNCIA
“Como animais predadores, vampiros ou parasitas
humanos, esses indivíduos sempre sugam suas presas até o limite improvável de
uso e abuso. Na matemática desprezível dos psicopatas, só existe o acréscimo
unilateral e predatório, e somente eles são os beneficiados”.
Eles vivem entre nós, parecem fisicamente
conosco, mas são desprovidos deste sentido tão especial: A consciência. Estamos
pisando agora num terreno assustador, intrigante e desafiador: A mente perigosa
dos psicopatas.
Muitos seres humanos – 3% dos homens e 1%
das mulheres - são destituídos desse senso de responsabilidade ética, que
deveria ser a base essencial de nossas relações emocionais com os outros. Sei
que é difícil de acreditar, mas algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais
experimentarão a inquietude mental, ou o menor sentimento de culpa ou remorso
por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar brutalmente a vida de
alguém.
Admitir que existem criaturas com essa
natureza é quase uma rendição ao fato de que o “mal” habita entre nós, lado a
lado, cara a cara. Para as pessoas que acreditam no amor e na compaixão como
regra essencial entre as relações humanas, aceitar essa possibilidade é, sem
duvida, bastante perturbador. No entanto, esses indivíduos verdadeiramente
maléficos e ardilosos utilizam “disfarces” tão perfeitos que acreditamos
piamente que são seres humanos como nós. Eles são verdadeiros atores da vida
real, que mentem com a maior tranqüilidade, como se estivessem contando a
verdade mais cristalina. E, assim, conseguem deixar seus instintos
maquiavélicos absolutamente imperceptíveis aos nossos olhos e sentidos, a ponto
de não percebermos a diferença entre aqueles que têm consciência e aqueles que
são desprovidos desse nobre atributo.
Por esse motivo, é natural que você esteja
agora se perguntando, de forma íntima e angustiada, se as pessoas com as quais
convive ou que fazem parte do seu mundo são dotadas de consciência ou não. Por
isso, neste exato momento proponho um passeio (mental). Pare e pense nos seus
vizinhos; nos jovens nas escolas; os trabalhadores da sua rua; nos
profissionais de várias áreas; nos amigos; nas mães que zelam pelos seus
filhos; nos lideres religiosos e nos políticos de sua nação. Pare e pense agora
nos seus familiares, no seu chefe, no seu subordinado. Será que todos, sem
exceção, são dotados de consciência plena? - Torcemos que sim! Contudo,
lamentavelmente, não é bem assim que a realidade se mostra. Podemos responder a
essa mesma pergunta com um vigoroso NÃO!!! Qualquer uma das pessoas mencionadas
como exemplo poderia, de fato, ser desprovida de quaisquer vestígios de
consciência. Em outras palavras, elas estão absolutamente livres de
constrangimentos ou julgamentos morais internos e podem fazer o que quiser, de
acordo com seus impulsos destrutivos. Estamos pisando agora num terreno
assustador, intrigante e desafiador: A mente perigosa dos psicopatas.
Como já foi exposto na introdução deste
texto, eles recebem outros nomes, tais como: Sociopatas, personalidades
anti-sociais, personalidades psicopáticas, personalidades anti-sociais,
personalidades dissociais, entre outros. Muitos estudiosos preferem
diferenciá-los, com explicações ainda subjetivas que, no meu entender, poderia
apenas confundir o leitor. Devido à falta de um consenso definitivo, a
denominação dessa disfunção comportamental tem despertado acalorados debates
entre muitos autores, clínicos e pesquisadores ao longo do tempo.
Alguns utilizam a palavra sociopata por pensarem que fatores sociais desfavoráveis sejam capazes de causar o problema. Outras correntes que acreditam que os fatores genéticos, biológicos e psicológicos estejam envolvidos na origem do transtorno adotam o termo psicopata, Por outro lado, também não encontramos consenso entre instituições como a Associação de Psiquiatria Americana (DSM-IV-TR)¹ e a Organização Mundial de Saúde (CID-10)².
A primeira utiliza o termo Transtorno da Personalidade Anti-social, já a segunda prefere Transtorno de Personalidade Dissocial.
Alguns utilizam a palavra sociopata por pensarem que fatores sociais desfavoráveis sejam capazes de causar o problema. Outras correntes que acreditam que os fatores genéticos, biológicos e psicológicos estejam envolvidos na origem do transtorno adotam o termo psicopata, Por outro lado, também não encontramos consenso entre instituições como a Associação de Psiquiatria Americana (DSM-IV-TR)¹ e a Organização Mundial de Saúde (CID-10)².
A primeira utiliza o termo Transtorno da Personalidade Anti-social, já a segunda prefere Transtorno de Personalidade Dissocial.
Em face de tantas divergências e com o
intuito de facilitar o entendimento, resolvi unificar as diversas nomenclaturas
e empregar apenas a palavra psicopata. Seja lá como for uma coisa é certa:
Todas essas terminologias definem um perfil transgressor. O que pode suscitar
uma pequena diferenciação entre elas é a intensidade com a qual os sintomas se
manifestam.
O ministro Toffoli, um dos que poderá julgar o mensalão, foi praticamente um funcionário do PT entre 1995 e 2009 e chegou ao Supremo, nomeado por Lula, sem ter nenhum mérito conhecido para isso (Foto: Agência Brasil)
É importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. A palavra psicopata literalmente significa doença da mente (do grego, psyche = mente e; pathos = doença). No entanto, em termos médicos-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo).
Ao contrário disso, seus atos criminosos
não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista
combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres
humanos pensantes e com sentimentos.
Os psicopatas no geral são indivíduos
frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que
visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos
afetivos ou se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpas ou remorsos
e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos. Em maior ou menor nível de
gravidade e com formas diferentes de manifestarem os seus atos transgressores,
os psicopatas são verdadeiros “predadores sociais”, em cujas veias e artérias
corre um sangue gélido.
Os psicopatas são indivíduos que podem ser
encontrados em qualquer raça, cultura, sociedade, credo, sexualidade, ou nível
financeiro. Estão infiltrados em todos os meios sociais e profissionais,
camuflados de executivos bem-sucedidos, lideres religiosos, trabalhadores,
“pais e mães de família”, políticos etc. certamente, cada um de nós conhece ou
conhecerá algumas dessas pessoas durante a sua existência. Muitos já foram
manipulados por elas, algumas vivem forçosamente com elas e outros tentam
reparar os danos materiais e psicológicos por elas causados.
Por isso não se iluda! Esses indivíduos
charmosos e atraentes freqüentemente deixam um rastro de perdas e destruição
por onde passam sua marca principal é a impressionante falta de consciência nas
relações interpessoais estabelecidas nos diversos âmbitos do convívio humano
(afetivo, profissional, familiar e social). O jogo deles se baseia no poder e
na autopromoção as custa dos outros, eles são capazes de atropelar tudo e todos
com egocentrismo e indiferença.
Muitos passam algum tempo na prisão, no
entanto para a infelicidade coletiva, a grande maioria deles jamais esteve numa
delegacia ou qualquer presídio. Como animais predadores, vampiros, ou parasitas
humanos, esses indivíduos sempre sugam suas presas até o limite improvável de
uso e abuso. Na matemática desprezível dos psicopatas, só existe o acréscimo
unilateral e predatório, e somente eles são os beneficiados.
Cabe aqui uma breve ressalva. Todos nós
dotados de consciência podemos, em um momento qualquer da vida, magoar, ou
insultar o próximo; cometer injustiças ou equívocos e, em casos extremos, matar
alguém sob forte impacto emocional. Afinal, somos humanos e nem sempre estamos
com nossa consciência funcionando a 100%: Somos influenciados pelas
circunstâncias ou necessidades.
Além disso, vivemos numa sociedade com
valores distorcidos, com muita competitiva e, de poucas referências morais
solidas e saudáveis, que nos levam a querer tirar vantagem aqui e acolá.
Essas derrapagens e esses deslizes a que
estamos sujeitos em nossa jornada, definitivamente, não nos tornam psicopatas.
Um belo dia o senso ético nos faz refletir sobre nossas condutas, voltar atrás
e rever nossos conceitos do que é certo e errado.
Caso contrário, o remorso vai nos perseguir torturar e, dependendo da extensão, jamais nos deixará em paz. Por isso é sempre bom que o leitor tenha em mente que aqui me refiro às pessoas de má índole, que cometem suas maldades por puro prazer e diversão e sem vestígios de arrependimento. Esta última palavra simplesmente não existe no parco repertório emocional dos psicopatas.
Caso contrário, o remorso vai nos perseguir torturar e, dependendo da extensão, jamais nos deixará em paz. Por isso é sempre bom que o leitor tenha em mente que aqui me refiro às pessoas de má índole, que cometem suas maldades por puro prazer e diversão e sem vestígios de arrependimento. Esta última palavra simplesmente não existe no parco repertório emocional dos psicopatas.
Cito o caso da dona de casa Maria do Carmo
Ghislotti, de 31 anos como exemplo de uma pessoa capaz de assassinar alguém,
tomada por violenta emoção – e nem por isso pode ser considerada uma pessoa
psicopata. Em fevereiro de 2006, ela matou o adolescente Robson Xavier de
Andrade, de 15 anos, com uma facada no pescoço, por este ter violentado seu
filho de apenas três anos. Maria do Carmo e seu marido flagraram Robson cometendo
o delito quando ouviram o choro e os gritos no quintal da casa deles. Horas
depois, na Delegacia de Defesa da Mulher em São Carlos, interior de São Paulo,
Maria do Carmo se reencontrou com Robson e o atacou. Ao ser questionada sobre
seu ato, ela declarou: “Na delegacia achei uma faquinha velha num cantinho.
Coloquei na cintura. O rapazinho me falou: ‘Não vai dar nada, sou de menor.’Ele
me olhava e dava risada. Perdi o juízo. Quando vi, já tinha feito. Ele estragou
a vida do meu filho. Qual mãe ia aguentar?”
Maria do Carmo foi inocentada pelo júri
popular, que acatou os argumentos dos advogados de defesa Helder Clay e Arlindo
Basílio. Eles alegaram que no momento do crime Maria do Carmo ainda estava sob
forte a psicológico, em função da violência praticada contra seu filho.
“Fonte: Jornal
O Globo, 15 de novembro de 2006.”
É claro que não estou, em absoluto,
defendendo que façamos justiça com as próprias mãos. Mas, no meu entender, essa
trágica história é perfeitamente compreensível. Considero Maria do Carmo uma
vítima que, no calor da emoção, agiu por amar ao seu filho.
O fenômeno da psicopatia precisa ser
exposto e explicitado a toda sociedade da forma como o tema é de fato: Um
enigma sombrio com drásticas implicações para todas as pessoas “de bem”, que
lutam diariamente para a construção de uma sociedade mais justa e humana. Após
séculos de especulações e décadas de estudo – a maioria deles baseados na
experiência dos seus autores -, esse mistério começa a ser revelado.
Segundo o psiquiatra canadense Robert
Hare, uma das maiores autoridades sobre o assunto, os psicopatas têm total
ciência dos seus atos (a parte cognitiva ou racional é perfeita), ou seja,
sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo
dessa maneira. A deficiência deles (e é aí que mora o perigo) está no campo dos
afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar
alguém que atravessar o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse
alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são
resultados de uma escolha, diga-se de passagem, mesmo que esse alguém faça
parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são resultados
de uma escolha, diga-se de passagem, exercida de forma “livre” e sem qualquer
culpa.
A
mais evidente expressão da psicopatia envolve a flagrante violação criminosa
das regras sociais. Sem quaisquer surpresas adicionais, muitos psicopatas são
assassinos violentos e cruéis. No entanto, como já dito, a maioria deles está
do lado de fora das grades, utilizando, sem qualquer consciência, habilidades
maquiavélicas contra suas vítimas, que para eles funcionam apenas como troféus
de competência e inteligência.
Reafirmo que é comum deparamos com pessoas
de boa índole (até mesmo de alto nível intelectual e cultural) que duvidam que
os psicopatas possam existir de fato. Para sanar essa dúvida, basta observar a
grande quantidade de pessoas mostradas na mídia diariamente: Assassinos em
serie, pais que matam seus filhos, filhos que matam seus pais, estupradores,
ladrões, golpistas, estelionatários (os famosos “171”), gangues que ateiam fogo
em pessoas, homens que seviciam as esposas, chefes do trafico de drogas e
mulheres, criminosos de colarinho branco, executivos tiranos, empresários e
políticos corruptos, sequestradores...
Todos os crimes cometidos por esses
indivíduos, de pequena ou grande monta, deixam-nos tão perplexos que a nossa
tendência inicial é buscar explicações que sejam no mínimo razoáveis. E aí
especulamos: “Ele parecia tão bom, o que será que aconteceu?”, “Será que ele
foi maltratado na infância?”, “Onde foi que eu errei?”. E, mergulhados em
tantas perguntas, incorremos no erro de
justificar e até “entender(?)” as ações criminosas dos psicopatas.
É bom lembrar que: Em muitos casos,
qualquer violência que o psicopata tenha sofrido - ainda que na infância -
muito provavelmente ele tenha contribuído ativamente em vista do seu cabedal de
terror.
Passe a ler os jornais sob esse novo
prisma (a falta de consciência) e você perceberá rapidamente que a extensão
desse problema é amedrontadora. Convenhamos, não é chocante saber que tais
comportamentos moralmente incompreensíveis são exibidos por pessoas
aparentemente “normais” ou comuns?
É preciso estar atento para o fato de que,
ao contrário do que possa imaginar, existem muito mais psicopatas que não
matando que aqueles que chegam à desumanidade máxima de cometer um homicídio.
Cuidado, os psicopatas que não matam não são, em absoluto, inofensivos! Eles
são capazes de provocar grandes impactos destrutivos no cotidiano das pessoas e
são igualmente insensíveis, estamos muito mais propensos e vulneráveis a perder
nossas economias ao cair na lábia manipuladora de um golpista do que perder a
vida pelas mãos dos assassinos.
Dizem que a vida imita a arte e
vice-versa. Desse ponto de vista, costumo acreditar na segunda opção: A arte
imita a vida. Se observarmos bem, existem diversos filmes em que os personagens
principais ou secundários dão vida, voz e ação aos diversos tipos de
psicopatas, sejam eles golpistas ou estelionatários, grandes empresários ou
políticos inescrupulosos, ou ainda os assassinos cruéis e impiedosos que agem
de formas repetitivas e sistemáticas (os ditos serial killers). Bom, aqui cabe
uma observação de minha parte: Quanto mais opção consciente, na formas de
pensar e agir, mais saúde mental se tem.
Desde que o cinema existe, os psicopatas
sempre estiveram presentes entre seus grandes personagens. Sob esse aspeto, os
filmes sobre vampiros são, a meu ver, os que sempre tiveram os psicopatas como
os grandes astros em cenas. Assim como os vampiros das ficções, os psicopatas
estão sempre de tocaia.
Nesse exato instante em que você lê este livro, eles estão agindo por aí: Nas ruas, em plena luz do sol, procurando suas “presas”, às mesas se seus escritórios envolvidos em negociações escusas ou mesmo sob o teto acolhedor de um lar que em instantes será devastado. Eles estão por toda parte, perfeitamente disfarçados de gente comum e, assim que suas necessidades internas de prazeres mórbidos, luxúrias, poder e manipulação/controle, sem fim, se manifestarem, eles se revelarão como realmente são: Feras predadores colecionadoras de troféus aterrorizantes.
Nesse exato instante em que você lê este livro, eles estão agindo por aí: Nas ruas, em plena luz do sol, procurando suas “presas”, às mesas se seus escritórios envolvidos em negociações escusas ou mesmo sob o teto acolhedor de um lar que em instantes será devastado. Eles estão por toda parte, perfeitamente disfarçados de gente comum e, assim que suas necessidades internas de prazeres mórbidos, luxúrias, poder e manipulação/controle, sem fim, se manifestarem, eles se revelarão como realmente são: Feras predadores colecionadoras de troféus aterrorizantes.
Os psicopatas são os vampiros da vida
real. Não é exatamente o nosso sangue que eles sugam, mas sim nossa energia
emocional. Podemos considerá-los autênticas criaturas das trevas. Possuem um
extraordinário poder de nos importunar e de nos hipnotizar com o objetivo
maquiavélico de anestesiar nosso poder de julgamento e nossa racionalidade. Com
histórias imaginárias e falsas promessas nos fazem sucumbir ao seu jogo e,
totalmente entregues à sorte, perdemos bens materiais ou somos dominados mental
e psicologicamente.
O mais surpreendente é que, a princípio,
os psicopatas aparentam ser melhores que as pessoas comuns. Mostram-se tão
inteligentes, talentosos e até encantadores como o Conde Drácula. Inicialmente
nos despertam confiança, simpatia e acabamos por esperar mais deles do que das
outras pessoas. Ilusórias expectativas! Esperamos, mas não recebemos nada
positivo e, no fim das contas, amargamos sérios prejuízos em diversos setores
das nossas vidas.
Sem nos darmos conta, acabamos por
convidá-los a entrar em nossas vidas e quase sempre só percebemos o erro e o
tamanho do engodo quando eles desaparecem inesperadamente, deixando-nos
exaustos, adoecidos, com uma enorme dor de cabeça, a carteira vazia, o coração
destroçado, sequelas físicas e, nos piores casos, vidas perdidas. Para os
psicopatas, essa sucessão de fatos irresponsáveis é absolutamente “normal”.
Afinal de contas, seduzir e atacar uma “presa” é seu objetivo maior e, tal qual
o escorpião da fabula ilustrada na introdução do livro, essa é a sua natureza!
Apesar de todo o estrago, muitas pessoas
vitimadas por eles ainda se perguntam e exclamam: “Será que o erro foi meu ou
dele?”, “Onde foi que eu errei para que aquela pessoa que era tão boa e
fascinante se transformasse num monstro sem escrúpulo?”. “Meu Deus, a culpa
disso tudo é minha?!”
Tenha absoluta certeza: O problema são
eles. São vampiros humanos ou, se preferir, predadores sociais. Eu adoraria
dizer que encontrá-los por aí é algo raro e improvável, mas se assim eu
fizesse, estaria agindo como um deles: Mentindo, omitindo a verdade e
impossibilitando-o de se precaver contra suas maldades e perversidades. Essa
diferença entre o funcionamento emocional normal e a psicopatia é tão chocante
que, quase instintivamente, recusamo-nos a acreditar que de fato possam existir
pessoas com tal vazio de emoções. Infelizmente, essa nossa dificuldade em
acreditar na magnitude dessa diferença (ter ou não ter consciência) nos coloca
permanentemente em perigo. O psicopata, com suas habilidades de aproveitasse de
pessoas desavisadas e meio que fragilizadas, continuará vivendo de golpes
“baratos” e se divertindo com seus feitos. Com sua capacidade de ludibriar,
seduzir e até assustar, sente-se superior a todos e assim os vê como tolos. O
psicopata não se importa com ninguém e isso não é força de expressão. Somos
alvos fáceis.
-
PESSOAS NO MÍNIMO SUSPEITAS
“A piedade e a
generosidade das pessoas boas podem se transformar em uma folha de papel em
branco assina nas mãos de um psicopata. Quando sentimos pena, estamos
vulneráveis emocionalmente, e é essa a maior arma que os psicopatas podem usar
contra nós”
Bom vejamos, acredito que todo mundo
conheça uma pessoa meio “imprestável”, movida a manivela, encostada no outro e
vivendo folgadamente às custa
desses. Vamos lá, faça um esforço e vasculhe os “arquivos” salvos em suas
pastinhas mentais. Certamente você encontrará um amigo ou amiga, um cunhado, um
parente distante, um conhecido ou, em última instância, se lembrara de uma
história que lhe contaram. Esse tipo de pessoa está sempre com desculpas
esfarrapadas na ponta da língua, justificando que os tempos estão “bicudos” e
que arrumar emprego não está nada fácil. Também existe aquela velha história de
que a saúde não anda lá essas coisas (ou a de um parente próximo dele), dói
aqui, dói acolá, e enfrentar o batente não vai dar. Pois é, e então analise
comigo esse comportamento aparentemente inofensivo e que pode ser encontrado,
penso que fácil, ao nosso redor.
Se analisarmos bem, essas pessoas (os
psicopatas) jamais tiveram consideração e afeto por qualquer pessoa que lhes
tenha estendido as mãos. Verdadeiramente isso é por ninguém e, eu não estou
falando aqui dos super conhecidos mal
agradecidos.
Os psicopatas aqui definidos mentem,
enganam, roubam e vivem na “aba do chapéu” de todos. Recebem muito, mas nunca
dão nada em troca. Quanto aos seus pais essas pessoas, na melhor situação,
ficam fazendo as contas e esperando que morram para herdar o que tiver (quando
não os matam e ainda conseguem adoradores cúmplices para suas selvajarias). Bem
agora espero que tudo tenha ficado mais claro: Aquela pessoa que, por muito
tempo, parecia ser frágil, injustiçada e levemente desonesta, na realidade não
terá nunca consciência e consideração por ninguém.
-
COMO SABER EM QUEM CONFIAR?
No decorrer da vida a pergunta acima é uma
das que mais se ouve. É natural que isso ocorra, uma vez que muitas pessoas que
buscam ajuda seja ela Psiquiátrica ou mesmo psicológica já foram vítimas de
traumas provocados pelas ações inescrupulosas de psicopatas nos diversos
setores de suas vidas. E, surpreendentemente, essa questão não é a mais
importante para essas pessoas, que, de alguma forma, tiveram suas vidas
arrasadas por outros “humanos”. Em geral elas tentam entender desesperadamente
o que fizeram de errado, na tentativa de justificar os atos poucos éticos de
seus parceiros, sejam eles cônjuges, sócios, amigos, chefes, colegas de
trabalhos, funcionários e etc.
Meu sentimento é que a questão “em quem
confiar” deveria ser de suma importância para a maioria de nós, incluindo
aqueles que não tiveram perdas ou traumas muito sérios. Temos que ter em mente
que as pessoas que são merecedoras de nossa confiança não usam roupas especiais,
não possuem um sinal na testa que as identifiquem, tampouco apresentam algum
perfil físico específico. Elas são muito parecidas conosco e podem nos enganar
por uma longa existência com sua vida paralela.
Outro detalhe que dificulta muito essa
análise interna na busca do psicopata é que nos baseamos, muitas vezes, em
estratégias irracionais originadas da nossa própria cultura e que acabam por
criar crendices ou ditos populares com grau elevado de senso comum: “Perante
Deus os HOMENS são todos iguais”, “Nos homens não da para confiar”, “As
mulheres são sempre interesseiras”, “Todo mundo é bom. Até que provem ao
contrário”, “Todo mundo merece uma segunda chance” e etc e, etc...
No intimo, todos nós buscamos acreditar em
fórmulas mágicas ou regras claras que não deixem dívidas sobre pessoas em quem
podemos confiar. No entanto, a confiabilidade é algo subjetivo, não existindo
um padrão de atitudes que nos impeça de cometer enganos ou até mesmo um teste
que dê legitimidade às pessoas dignas de confiança. Saber e aceitar esses fatos
são extremamente importante para que sejamos mais observadores, cautelosos e, principalmente,
mais respeitosos conosco. A incerteza dessa condição (ser ou não ser confiável)
faz parte da natureza humana. Para ser sincero, jamais conheci alguém que tenha
realizado o feito extraordinário de nunca ter sido ludibriado por alguém
mal-intencionado. Quando se trata de confiarmos em outra pessoa, todos nós
tropeçamos e cometemos falhas. Algumas, infelizmente, podem ser fatais ou
causar graves conseqüências; outras nem tanto, com já vimos em todas as eras da
humanidade.
Voltando a pergunta inicial sobre em quem
podemos confiar, tenho uma má e uma boa notícia. A má é que verdadeiramente
existem pessoas que não possuem consciência ou sentimentos nobres e, por isso
mesmo, não podemos confiar nelas de maneira nenhuma. Por favor, acreditem
nisso!
Segunda a classificação americana de
transtornos mentais (DSM-IV-TR), a prevalência geral do transtorno da
personalidade anti-social ou psicopatia é de cerca de 3% em homens e 1% em
mulheres, em amostras comunitárias (dito aqueles que estão entre nós). Taxas de
prevalência ainda maiores estão associadas aos contextos forenses ou
penitenciários. Desse percentual, uma minoria corresponderia aos mais graves, ou
seja, aqueles criminosos cruéis e violentos cujos índices de reincidência
criminal são elevados. A princípio esse percentual pode não parecer tão
significativo, mas imagine uma grande cidade como Rio de janeiro ou São Paulo,
por exemplo, onde milhares de pessoas se esbarram o tempo todo. Cada 100 (cem)
pessoas que transitam para lá e cá, três ou quatro delas estão praticando atos
condenáveis, em graus variáveis de gravidade, ou estão indo em direção à
próxima vítima, imagine também o estádio do maracanã lotado numa decisão de um
campeonato de futebol, onde 80.000 mil pessoas podem ser acomodadas: Ali podem
estar concentrados cerca de 3.000 psicopatas. Quando pensamos sob essa ótica,
as estimativas tomam proporções gigantescas!
A boa notícia é que quase 96% das pessoas
são consideradas possuidoras de uma base razoável de decência e
responsabilidade ou deveriam ter. Isso significa que surpreendentemente, para
um padrão comportamental considerado pró-social (a favor das boas relações),
nosso mundo deveria estar aproximadamente 96% a salvo ou, pelo menos, mais
humano e consciente.
Essa boa notícia sem dúvida nos alegra o
coração. No entanto, deixa-nos uma sensação no mínimo estranha. Afinal, se a
grande maioria da população mundial é razoavelmente “boa”, porque o mundo nos
parece tão assustador? Como explicar os trágicos noticiários que nos colocam
diariamente em contato com a violência no trânsito, a contaminação ambiental,
os genocídios, os homicídios cruéis, a corrupção, os atentados terroristas...?
A menos que pensemos que tais fatos sejam
fruto da evolução natural da humanidade, teremos que considerar que a mão do
homem encontra-se por trás desses acontecimentos. Defendo a ideia de que tais
problemas se agravam de modo extraordinário devido a ação dos psicopatas e de
diversas outras pessoas que, sem desenvolver plenamente essa condição, adotam
uma “forma psicopática” de se relacionar com os demais.
Os psicopatas representam a minoria da
população mundial, porém são responsáveis por grande rastro de destruição.
Enquanto as pessoas “do mal” se unem na busca de interesses comuns, as pessoas
do bem tendem a se dissipar. Ficam acuadas, trancafiadas, perdem a sua função
social e de organização e acabam por adoecer.
A “cultura da esperteza” também contribui para
esse cenário. Deixa-nos confusos e muitas vezes nos faz fraquejar na luta pelo
bem. A nossa sociedade vem banalizando o mal e contribuindo para a inversão dos
valores morais. Isso cria um terreno fértil para que os psicopatas se sintam à
vontade no exercício de suas habilidades destrutivas. Todas essas questões são
intrigantes e acabam por impor uma profunda revisão dos nossos conceitos sobre
a vidam em sociedade. E, nessa revisão, destaco a importância de se cultivar um
valoroso senso de consciência, pois somente ele é capaz de assegurar a nossa
qualidade de vida e a do nosso planeta.
Excetuando-se raras circunstancias como
surtos psicóticos (presença de delírios e alucinações), privações severas,
efeito tóxico de drogas, instinto de sobrevivência ou a influência poderosa de
autoridades tiranas, todas as pessoas que possuem consciência genuína são
incapazes de matar, estuprar ou torturar outra pessoa de forma fria e
calculada. Do mesmo modo, não conseguem roubar as economias de alguém ou
enganar de forma arbitrária seu parceiro afetivo por simples “esporte’ e prazer
ou, ainda, por vontade própria abandonar um filho recém-nascido em plena rua –
com exceção de um surto psicótico puerperal onde a dita “vontade” fica
comprometida. Pense bem, quem de nós conseguiria cometer tamanha barbaridade?
Ao contrario, sempre que ouvimos nos noticiários situações parecidas,
imediatamente os questionamos sobre o porquê dessas maldades.
Os comentários do tipo “Como pode uma mãe abandonar seu filho na lixeira, como se fosse um objeto qualquer?”, “Você viu que crime bárbaro aquele homem cometeu e, mesmo assim, não mostra arrependimento algum?”, “ Meu sócio acabou com minha empresa, destruiu meu casamento e, com a maior ‘cara-de-pau’, diz que não teve culpa!”, são notícias muito comuns no nosso cotidiano.
Os comentários do tipo “Como pode uma mãe abandonar seu filho na lixeira, como se fosse um objeto qualquer?”, “Você viu que crime bárbaro aquele homem cometeu e, mesmo assim, não mostra arrependimento algum?”, “ Meu sócio acabou com minha empresa, destruiu meu casamento e, com a maior ‘cara-de-pau’, diz que não teve culpa!”, são notícias muito comuns no nosso cotidiano.
Embora tais fatos nos choquem como seres
humanos normais, sem qualquer sombra de dúvidas, as mais perversas ações que
lemos e vemos nos (tele)jornais e, implicitamente, atribuímos à “natureza
humana” não são provenientes de uma natureza humana normal. Estaríamos nos
insultando ou mesmo nos desmoralizando se presumíssemos que sim. Embora se
mostre muito distante da perfeição quimérica, a natureza humana apresenta-se
muito mais governada por um senso de responsabilidade e de interconectividade
do que da sede assassina.
Dessa forma, os horrores a que assistimos nos noticiários ou, às vezes, em nossas próprias vidas, em hipótese nenhuma tem haver com a humanidade típica. Tais ações temos a dizer, sádicas, só são possíveis de serem realizadas por uma característica que foge totalmente à nossa humanidade genuína e, essa particularidade bizarra, é a frieza e a ausência completa de consciência.
Dessa forma, os horrores a que assistimos nos noticiários ou, às vezes, em nossas próprias vidas, em hipótese nenhuma tem haver com a humanidade típica. Tais ações temos a dizer, sádicas, só são possíveis de serem realizadas por uma característica que foge totalmente à nossa humanidade genuína e, essa particularidade bizarra, é a frieza e a ausência completa de consciência.
Paradoxalmente, as pessoas do bem (quem
possuem uma consciência genuína) tendem a acreditar que todos os seres humanos
são capazes de cometer “terríveis falhas sombrias”. Elas tendem a acreditar que
todos nós, em situações “bizarras”, poderíamos nos transformar em cruéis
assassinos de uma hora para outra. Essas pessoas de bom coração julgam que a
teoria do lado “sombrio humano” parece algo mais democrático, menos condenável
e, de certa forma, também menos alarmante. Acreditar que todos somos “um pouco
sombrios” é mais fácil de admitir que a ideia real e perturbadora de que alguns
seres humos vivem e viveram, permanente, em um estado de insensibilidade moral
absoluta e apavorante.
-
IDENTIFICANDO OS SUSPEITOS
Ao falar sobre as mazelas de nosso mundo,
certa vez Einstein proferiu a seguinte frase: “O mundo é um lugar perigos para
se viver, não exatamente por causa das pessoas que são más, mas por causa das
pessoas que não fazem nada quanto a isso.”
Se realmente quisermos fazer algo para
reduzir o poder de destruição das pessoas insensíveis, antes de tudo temos que
aprender a identificá-las. Decidir se alguém é digno de confiança requer
conhecê-lo muito bem por um determinado período de tempo, além de tentar obter
o maior número possível de informação sobre sua vida pregressa, isso também é
primordial.
É claro que essas informações não devem e não podem se restringir às historias contadas pela pessoa que você deseja conhecer ou se relacionar. Se ela for um psicopata, provavelmente todas as suas histórias estarão “maquiadas” com o intuito de manipulá-lo no preparo cuidadoso para um posterior ataque predatório certeiro.
É claro que essas informações não devem e não podem se restringir às historias contadas pela pessoa que você deseja conhecer ou se relacionar. Se ela for um psicopata, provavelmente todas as suas histórias estarão “maquiadas” com o intuito de manipulá-lo no preparo cuidadoso para um posterior ataque predatório certeiro.
A história da vida de alguém é
importantíssima, pois ninguém perde a capacidade de ser consciente de uma hora
para outra. Por outro lada, nem sempre é fácil obtermos informações precisas ou
confiáveis sobre pessoas que entram em nossas vidas. Além disso, estamos
permanentemente correndo risco de conviver com alguém por muito tempo até
chegarmos à conclusão de que se trata de uma pessoa sem nenhum tipo de
sentimentos nobres.
Na maioria das vezes, se dependermos somente da convivência ou de informação pouca confiáveis, só nos daremos conta de que estamos diante de um psicopata quando nos depararmos com as inevitáveis perdas e os incríveis danos que essas criaturas podem provocar em nossas vidas.
Na maioria das vezes, se dependermos somente da convivência ou de informação pouca confiáveis, só nos daremos conta de que estamos diante de um psicopata quando nos depararmos com as inevitáveis perdas e os incríveis danos que essas criaturas podem provocar em nossas vidas.
Nos próximos tópicos tentarei esmiuçar o máximo
possível todas as facetas dos psicopatas. Mas antes de chegarmos a essa etapa
mais clínica sobre o comportamento dessas criaturas maléficas, gostaria de
compartilhar com vocês, leitores, uma dica que julgo ser bastante preciosa:
Fiquem muito atentos ao “jogo da pena” (do coitadinho).
Durante todos esses anos de exercício
profissional, ouvi muitas histórias sobre psicopatia. Minhas “andanças e
leituras” assim como diversas pessoas revelaram e ainda relataram como essas
criaturas invadiram, feriram e arruinaram as suas vidas. Em cada caso foi
possível identificar comportamentos suspeitos; uns mais característicos, outros
menos. Tudo varia muito de caso para caso, no entanto, em todos, precisamente
em todos, pude identificar “o jogo da pena”. A meu ver, esse é um dos recursos
mais comuns e constantes das pessoas inescrupulosas.
Muito mais que apelar para o nosso sentimento de medo, os psicopatas, de forma extremamente perversa, apelam para a nossa capacidade de sermos solidários. Eles se utilizam de nossos sentimentos mais nobres para nos dominar e controlar. Os psicopatas se alimentam e se tornam poderosos quando conseguem nos despertar piedade. Esse tipo de alimento para essas criaturas tem efeito extraordinário de poder tal qual o espinafre para o personagem Popeye dos desenhos infantis.
Muito mais que apelar para o nosso sentimento de medo, os psicopatas, de forma extremamente perversa, apelam para a nossa capacidade de sermos solidários. Eles se utilizam de nossos sentimentos mais nobres para nos dominar e controlar. Os psicopatas se alimentam e se tornam poderosos quando conseguem nos despertar piedade. Esse tipo de alimento para essas criaturas tem efeito extraordinário de poder tal qual o espinafre para o personagem Popeye dos desenhos infantis.
A piedade e a generosidade das pessoas
boas podem se transformar em uma folha de papel em branco assinada nas mãos de
um psicopata. Quando sentimos pena, estamos vulneráveis emocionalmente, é essa
a maior arma que os psicopatas podem usar contra nós!
A piedade, a compaixão e a solidariedade
são forças para o bem quando direcionadas às pessoas que de fato merecem e
precisam de tais sentimentos. No entanto, quando esses mesmos sentimentos são direcionados
a pessoas que apresentam comportamentos inescrupulosos de forma consistente e
repetitiva, temos que considerar isso como um aviso de que algo está muito
errado É um sinal de alarme que não podemos ignorar.
O “jogo da pena” demonstra que nenhum
psicopata nutri sentimentos bons por ninguém ou demonstraram sinal de
arrependimento verdadeiro. Fazem um apelo cruel à solidariedade das pessoas do
seu convívio, deixando-as confusas e inseguras. E, é importante que se diga que
quando nos sentimos inseguros, as pessoas de mau caráter podem fazer conosco o
que bem quiserem. Eles sempre apelam assim: “Que o perdoe, pois seus
‘descontroles’ são reflexos do excesso de amor que ele sente. Além disso,
devemos entender a sua grande dificuldade em expressar carinho e afeto devido
às ‘surras’ que levava do seu pai alcoólatra e que também espancava a sua mãe!”
Não caia nessa cilada! Todas essas são
histórias com mero intuito manipulatório. Os psicopatas não levam em
consideração as regras sociais, mas sabem muito bem como utilizá-las a seu
favor, além de se divertirem e sentirem muito prazer com o nosso sofrimento.
ENTÃO NÃO SE ESQUEÇA:
Quando tiver que decidir em quem
confiar, tenha em mente que a combinação consistente de ações maldosas com
freqüentes jogos cênicos por sua piedade praticamente equivale a uma placa de
aviso luminosa plantada na testa de uma pessoa sem consciência. Pessoa cujos
comportamentos reúnam essas duas características não são necessariamente
assassinas em série ou nem mesmo violentas. No entanto, não são indivíduos
com quem você deva ter amizade, relacionamentos afetivos, dividir segredos,
confiar seus bens, seus negócios, seus filhos e nem sequer oferecer abrigo!
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PSICOPATAS
UMA
VISÃO MAIS DETALHADA – PARTE 1
“Para os psicopatas,
as outras pessoas são meros objetos ou coisas que devem ser usados sempre que
necessários para a satisfação do seu bel-prazer. Conheço um que chama suas
vitimas fatais com tortura sexual de
pacotes”
Um grande e limitante problema em realizar
pesquisas sobre os psicopatas é que elas, em geral, só podem ser feitas em
penitenciárias e isso é perfeitamente compreensível, afinal é muito difícil um
psicopata “subcriminal”, ou seja, aquele que nunca foi preso ou internado em
instituições psiquiátricas, falar espontaneamente sobre seus atos ilícitos,
você deve pensar: Mas é claro, é obvio, ele é doido, mas não é burro!!! Bem,
vejamos feito esse comentário não é tão obvio assim não.
Cito isso devido eles possuírem uma personalidade de ego inflado e histriônica traduzindo: Gostam de aparecer. Mesmo na prisão na grande maioria das vezes, eles não possuem nenhum interesse em revelar algo significativo para os pesquisadores ou mesmo para os funcionários do presídio e quando o fazem tentam manipular a verdade somente para obter vantagens, como a redução da pena por “bom comportamento” e “colaborações de cunho social”
Cito isso devido eles possuírem uma personalidade de ego inflado e histriônica traduzindo: Gostam de aparecer. Mesmo na prisão na grande maioria das vezes, eles não possuem nenhum interesse em revelar algo significativo para os pesquisadores ou mesmo para os funcionários do presídio e quando o fazem tentam manipular a verdade somente para obter vantagens, como a redução da pena por “bom comportamento” e “colaborações de cunho social”
O primeiro estudo sobre psicopatas só foi
publicado em 1941, com o livro The Mask
of Sanity (A Mascara da Sanidade), de autoria do psiquiatra americano Hervey Cleckley. Na introdução do livro,
Cleckley deixa claro que sua obra aborda um problema “muito conhecido, mas ao
mesmo tempo ignorado pela sociedade como um todo”. Ele cita diversos casos de
pacientes que apresentavam um charme acima da média, uma capacidade de
convencimento muito alta e ausência de remorso ou arrependimento em relação às
suas atitudes.
Com base nos estudos de Cleckley, o
psiquiatra canadense Robert Hare (professor da University of British Columbia)
dedicou anos de sua vida profissional reunindo características comuns de
pessoas com esse tipo de perfil, até conseguir montar, em 1991, um sofisticado
questionário denominado escala Hare e que hoje se constitui no método mais
confiável na identificação de psicopatas.
Com esse instrumento, o diagnóstico da
psicopatia ganhou uma ferramenta altamente confiável que pode ser aplicada por
qualquer profissional da área de saúde mental, desde que esteja bastante
familiarizado e treinado para sua aplicabilidade. A escala Hare também recebe o
nome de psychopathy checklist, ou
PCL, e sua aceitação e relevância têm levado diversos países de todo o mundo a
utilizá-la como um instrumento de grande valor no combate à violência e na
melhoria ética da sociedade.
O PCL examina de forma detalhada diversos
aspectos da personalidade psicopática, desde os ligados aos sentimentos e
relacionamentos interpessoais até o estilo de vida dos psicopatas e seus
comportamentos evidentemente anti-sociais (transgressores).
Atenção! O PCL é uma complexa ferramenta
cuja utilização clínica somente deve ser feita por profissionais ou serviços
qualificados. O que me proponho a apresentar neste e no próximo capitulo são
apenas as características-chave que sinalizam o perfil psicopático, com
exemplificações práticas e de fácil entendimento. A simples identificação de
alguns sintomas não são suficientes para a realização do diagnóstico da
psicopatia. Muitas pessoas podem ser sedutoras, impulsivas, pouco afetivas ou
até mesmo terem cometido atos ilegais, mas nem por isso são psicopatas.
ASPECTOS LIGADOS AOS SENTIMENTOS
E RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS
Os psicopatas costumam ser espirituosos e
muito bem articulados, tornando uma conversa divertida e agradável. Geralmente
contam histórias inusitadas, mas convincentes em diversos aspectos, nas quais
eles são sempre os mocinhos. Não economizam charme nem recursos que os tornem
mais atraentes no exercício de suas mentiras. Para algumas pessoas, eles se
mostram suaves e sutis, tal como os galãs da TV e do cinema.
- SUPERFICIALIDADE E ELOQUÊNCIA
Quando não temos conhecimento sobre a
personalidade dos psicopatas podemos ser enrolados por suas histórias
improváveis. Entre outras razões, isso ocorre pela habilidade dos psicopatas em
se informarem sobre os mais diversos assuntos. Se forem realmente testados por
verdadeiros especialistas no assunto, revelaram, porém, suas superficialidades
de conteúdo.
Eles tentam demonstrar conhecimento em diversas áreas como filosofia, arte, literatura, sociologia, poesia, medicina, psiquiatria, psicologia, administração, legislação e usam e abusam dos termos técnicos, passando credibilidade aos menos avisados. Outro sinal muito característico desse comportamento é a total falta de preocupação ou constrangimento que esses psicopatas apresentam ao serem desmascarados como farsantes.
Não demonstram a menor vergonha caso sejam flagrados em suas mentiras. Ao contrário, podem mudar de assunto com a maior tranqüilidade ou dar resposta totalmente fora do contexto. Esses tipos de psicopata são muito comuns no mercado de trabalho como um todo, que fingem serem profissionais qualificados, sem nunca terem colocado os pés numa faculdade.
Eles tentam demonstrar conhecimento em diversas áreas como filosofia, arte, literatura, sociologia, poesia, medicina, psiquiatria, psicologia, administração, legislação e usam e abusam dos termos técnicos, passando credibilidade aos menos avisados. Outro sinal muito característico desse comportamento é a total falta de preocupação ou constrangimento que esses psicopatas apresentam ao serem desmascarados como farsantes.
Não demonstram a menor vergonha caso sejam flagrados em suas mentiras. Ao contrário, podem mudar de assunto com a maior tranqüilidade ou dar resposta totalmente fora do contexto. Esses tipos de psicopata são muito comuns no mercado de trabalho como um todo, que fingem serem profissionais qualificados, sem nunca terem colocado os pés numa faculdade.
Como já vimos, eles facilmente conseguem
conquistar; com suas piadas interessantes e também quando descrevem com detalhes
suas viagens à Europa. Mas na verdade tudo que esse psicopata, do nosso caso,
sabe sobre o Velho Continente é informação adquiridas através da internet, dos
livros ou dos documentários da TV.
Até mesmo para “posar” de advogado, ele precisa lançar mão de vocabulários e expressões pertinente a essa profissão. Em suma: conversava de tudo um pouco e se sente um sabichão, porém não tinha profundidade em nada. Ele apenas “passeava” sobre vários assuntos, o suficiente para embromar suas vítimas e conseguir o que desejava. Psicopata é um profissional da lorota.
Até mesmo para “posar” de advogado, ele precisa lançar mão de vocabulários e expressões pertinente a essa profissão. Em suma: conversava de tudo um pouco e se sente um sabichão, porém não tinha profundidade em nada. Ele apenas “passeava” sobre vários assuntos, o suficiente para embromar suas vítimas e conseguir o que desejava. Psicopata é um profissional da lorota.
-
EGOCENTRISMO E MEGALOMANIA
Os psicopatas possuem uma visão narcisista
e supervalorizada de seus valores e importância. Eles se vêem como o centro do
universo e tudo deve girar em torno deles. Pensam e se descrevem como pessoas
superiores aos outros, e essa superioridade é tão grande que lhes dá o direito
de viverem de acordo com suas próprias regras. Para os psicopatas, matar,
roubar, estuprar, fraudar e etc não são nada grave. Embora eles saibam que
estão violando os direitos básicos dos outros, por escolhas, reconhecem somente
as suas próprias regras e leis. Alem disso, são extremamente hábeis em culpar
as outras pessoas por seus atos, eximindo-se de qualquer responsabilidade. Para
eles, a culpa sempre é dos outros.
Esse egocentrismo e essa megalomania,
muitas vezes, fazem com que eles sejam vistos como arrogantes, metidos e
autoconfiantes. Tem mania de grandeza, fascínio pelo poder e pelo controle
sobre os outros.
Os psicopatas não sentem qualquer embaraço
sobre dívidas contraídas, pendências financeiras ou mesmo problemas de ordem
legal ou pessoal (brigas, espancamento de namoradas). De forma diferente, eles
encaram todos os problemas que estejam vivenciando apenas como transitórios,
falta de sorte, infidelidade de amigos ou que são derivados de um sistema
econômico e social injusto coordenados por pessoas incompetentes.
Devido ao seu egocentrismo e a sua
megalomania, os psicopatas demonstram notável falta de interesse por uma
educação direcionada a uma carreira ou qualificação específica. Isso porque
julgam possuírem habilidades diversas e excepcionais que permitirão que eles se
tornem o que quiserem ser na vida. Os psicopatas empreendedores sempre pensam
grande e costumam arriscar alto, mas toda vez que isso ocorre, pode ter certeza
de que o dinheiro arriscado é de outra pessoa, ou melhor, de mais uma de suas
vítimas.
-
ESTUDO DE CASO REAL
Isabela nasceu em Santa Maria, no Rio
Grande do Sul. Desde pequena apresentava uma beleza incomum que chamava a
atenção de todos. Aos 16 anos, foi chamada para ser modelo e iniciou uma
carreira de sucesso que a levou aos 19 anos para Nova York. Lá, Isabela
conheceu Miguel, brasileiro e modelo como ela. Miguel era de fato muito bonito,
no entanto o que mais a atraiu foi o seu jeito cativante, simples e espontâneo.
Em pouco tempo, Isabel chamou Miguel para morar em seu apartamento. Ela gostava
da sua companhia, entendiam-se bem na cama e ele demonstrava ser um cara super
legal.
A convivência, contudo, começou a revelar
que Miguel tinha um ego um pouco avantajado. Falava muito, mas somente sobre si
mesmo. Sobre seus projetos, suas preferências, sua carreira, seus talentos,
seus dotes físicos, seu charme e suas fãs. Pelas coisas de Isabela, ele não
demonstrava qualquer interesse. Nas poucas vezes em que ela reclamava com
Miguel sobre o seu egocentrismo, ele se justificava dizendo que precisava se
valorizar, pois sua família sempre o subestimou.
Isabela, então, tentava compreender
Miguel, mas ele sempre voltava a agir da mesma forma. Só usava roupas de grife,
mesmo que isso custasse o seu salário inteiro. Limitava-se a dizer que quando
fechasse um grande contrato de publicidade iria restituir à Isabela todo o
dinheiro que ela estava utilizando para manter a casa e os prazeres deles
(restaurantes, teatros, shows e viagens).
Após um ano de convivência intima, Isabela
já estava cansada de ouvi-lo falar sobre sua própria beleza, sua superioridade
profissional, os “megacontratos” que estavam prestes a ser assinados e os milhões
de dólares que pretendia gastar com roupas e jóias. Quando Isabela perguntava
sobre suas dívidas, seus títulos protestados e seus créditos cancelados, ele
dizia que tudo passaria em breve e que todos aqueles problemas se deviam à
falta de sorte, muita inveja e à traição de seus colegas de trabalho.
A gota d´água para Isabela foi quando, após um desfile, ela sentiu uma forte dor no abdômen e desmaiou. Foi levada ao serviço de emergência de um hospital, onde diagnosticaram apendicite aguda. Em poucas horas foi submetida a uma intervenção cirúrgica e permaneceu hospitalizada por 3 (três) dias. Miguel telefonou e disse que não poderia vê-la, em função de um grande trabalho, mas prometeu pega-la em sua alta. Isabela recebeu alta às 11h de uma sexta-feira e aguardou Miguel até as 14h 15, quando resolveu pegar um taxi, com a ajuda de umas enfermeiras do hospital. Ao chegar em casa, amparada pelo porteiro do prédio, Isabela deu “de cara” com Miguel assistindo tranquilamente um filme no DVD. Ao notar a presença dela, ele se limitou a dizer: “Você precisa ver esse filme. O ator principal se parece muito comigo!”
A gota d´água para Isabela foi quando, após um desfile, ela sentiu uma forte dor no abdômen e desmaiou. Foi levada ao serviço de emergência de um hospital, onde diagnosticaram apendicite aguda. Em poucas horas foi submetida a uma intervenção cirúrgica e permaneceu hospitalizada por 3 (três) dias. Miguel telefonou e disse que não poderia vê-la, em função de um grande trabalho, mas prometeu pega-la em sua alta. Isabela recebeu alta às 11h de uma sexta-feira e aguardou Miguel até as 14h 15, quando resolveu pegar um taxi, com a ajuda de umas enfermeiras do hospital. Ao chegar em casa, amparada pelo porteiro do prédio, Isabela deu “de cara” com Miguel assistindo tranquilamente um filme no DVD. Ao notar a presença dela, ele se limitou a dizer: “Você precisa ver esse filme. O ator principal se parece muito comigo!”
Isabela não chegou a ver o filme até hoje
(nem precisava), mas assim que se recuperou totalmente da cirurgia terminou a
relação com Miguel e aceitou um convite, de fato irrecusável, para trabalhar em
Milão. A última notícia que ela teve de Miguel é que se tornou um ator de filme
pornô.
-
AUSÊNCIA DE SENTIMENTO DE CULPA
“Fontes: Revista
Época, ed. 259, Ed. Globo, 5/5/2003; Revista Ciência Criminal, Especial Mentes
Criminosas, Ed. Segmento, 2007.”
Os psicopatas
mostram uma total e impressionante ausência de culpa sobre os efeitos
devastadores que suas atitudes provocam nas outras pessoas. Os mais graves
chegam a ser sinceros sobre esse assunto: Dizem que não possuem sentimento de
culpa, que não lamentam pelo sofrimento que eles causaram em outras pessoas e
que não conseguem ver nenhuma razão para se preocuparem com isso. Na cabeça dos
psicopatas, o que está feito, está feito, e a culpa não passa de uma ilusão
utilizada pelo sistema para controlar as pessoas. Diga-se de passagem, eles (os
psicopatas) sabem utilizar a culpa contra as pessoas “do bem” e a favor deles
com uma maestria impressionante.
Os psicopatas são capazes de verbalizar
remorso (da boca pra fora), mas suas ações são capazes de contradizê-los
rapidamente. Uma das primeiras coisas que os psicopatas aprendem é a
importância da palavra remorso e como
devem elaborar um bom discurso para demonstrar esse sentimento. Com essa
habilidade de racionalizar (criar razões para) seus comportamentos, os
psicopatas se isentam de responsabilidade em relação às suas atitudes. Inventam
“desculpas elaboradas” capazes de mexer profundamente com os sentimentos nobres
de pessoas de bom coração, as quais eventualmente podem vir a sentir pena
dessas criaturas tão maquiavélicas.
Pedro Rodrigo Filho, o “Pedrinho Matador”,
é um serial killer que afirma com
orgulho ter matado mais de 100 pessoas, inclusive seu próprio pai. Na
penitenciaria do Estado, em São Paulo, ele é temido e respeitado pela
comunidade carcerária. A primeira vez que matou, Pedrinho tinha apenas 14 anos
e nunca mais parou. Com vários crimes nas costas, Pedrinho Rodrigo foi preso
aos 18 anos, em 1973, e continuou matando dentro da própria prisão. Ele é
considerado o maior homicida da história do sistema prisional e diz que só na
cadeia já matou 47 pessoas. Mata sem misericórdia quem atravessa o seu caminho
ou simplesmente porque não vai com a cara do sujeito. Pedrinho sabe que matar é
errado, mas justifica seus atos como algo que vem de família: Pais e avós
também foram matadores. Para “Pedrinho Matador”, tirar a vida de alguém é
somente mais um trabalho bem-sucedido. E para que ninguém se esqueça do que é
capaz, tatuou no braço a frase “Mato por prazer”.
-
AUSÊNCIA DE EMPATIA
Empatia é a capacidade de considerar e
respeitar os sentimentos alheios. É a habilidade de se colocar no lugar do
outro, ou seja, vivenciar o que a outra pessoa sentiria caso estivéssemos na
situação e circunstancia experimentadas por essa – É “chorar” com os olhos do
outro.
Somente pela definição do que é empatia,
já fica claro que não é um sentimento capaz de ser experimentado por um
psicopata. Para os psicopatas, as outras pessoas são meros objetos ou coisas,
que devem ser usados sempre que necessário para a satisfação do seu bel-prazer.
Os psicopatas zombam dos mais sensíveis e generosos. Para eles, essas pessoas
não passam de uma gente fraca e vulnerável e, por isso mesmo, são seus alvos
preferidos.
A falta de empatia apresentada pelos
psicopatas é geral, eles são indiferentes aos direitos e sofrimento de seus
familiares e de estranhos do mesmo modo. Caso demonstrem possuir laços mais
estreitos com alguns membros de sua família (esposa, filhos), certamente é pelo
sentimento de possessividade e não pelo amor genuíno.
Não esqueça: Psicopatas são
incapazes de amar, eles não possuem consciência genuína que caracteriza a
espécie humana. Os psicopatas gostam de possuir coisas e pessoas, logo, é com
esse sentimento de posse que eles se relacionam com o mundo e com as pessoas.
Em razão dessa incapacidade em considerar os sentimentos alheios, os psicopatas
mais graves são capazes de cometer atos que, aos olhos de qualquer ser
humano comum, não só seriam considerados horripilantes, mas também
inimagináveis. Esses psicopatas graves são capazes de torturar e mutilar,
repetidas vezes, suas vítimas com a mesma sensação de quem fatia um suculento
filé-mignon.
Felizmente os psicopatas do nível grave são a minoria entre todos os psicopatas. Nos chamados leves e moderados, a indiferença em relação aos outros também está presente, porém ela emerge no seu comportamento (fantasias perversas ou mortais) de forma menos intensa, mas ainda devastadora para a vida das vítimas e da sociedade como um todo.
Felizmente os psicopatas do nível grave são a minoria entre todos os psicopatas. Nos chamados leves e moderados, a indiferença em relação aos outros também está presente, porém ela emerge no seu comportamento (fantasias perversas ou mortais) de forma menos intensa, mas ainda devastadora para a vida das vítimas e da sociedade como um todo.
-
ESTUDO DE CASO REAL
Elvira, mãe de 3 (três) filhos, sempre
teve muito trabalho com Antônio, seu filho mais velho. Ele foi o seu primeiro
filho e também o primeiro neto de seus pais. A mãe de Elvira faleceu quando
Antônio ainda tinha meses de idade e, na ocasião, Artur, o pai de Elvira, foi morar
com ela. Artur sempre foi um avô muito dedicado e tratava Antônio como se fosse
o filho que ele não teve. Ele não conseguia admitir que Antônio fosse diferente
das demais crianças (esse é um mecanismo psicológico natural: A negação de um
problema). Desde cedo ele se mostrava agressivo, indiferente, maltratava os
animais que o avô lhe dava e sempre mentia para obter vantagens em relação aos
irmãos e colegas.
Aos 23 anos, Antônio não trabalhava e
vivia folgadamente da mesada do avô. Elvira e seu esposo não concordavam com
essa rebeldia de Antônio e também com os mimos do, seu pai, Artur. Mas o avô
sempre preferiu agradá-lo para que não ficasse mais revoltado ou tivesse
rompantes de fúria.
Quando Artur adoeceu, vitimado por um
derrame cerebral, precisou ficar internado no CTI por quatro “longos” meses,
até falecer. Durante todo esse período Antônio nunca visitou o avô no hospital
e sequer perguntava sobre o seu estado de saúde.
Elvira estava em casa preparando o almoço,
quando recebeu a notícia sobre a morte de seu pai. Ela sentou e começou a
chorar compulsivamente. Antônio viu a cena e se limitou a dizer: “Mãe, pára de
chorar e anda logo que eu tô com pressa. Não é porque o vovô morreu que a
senhora vai deixar de me servir o almoço.”
-
MENTIRAS, TRAPAÇAS E MANIPULAÇÃO
Antes de qualquer coisa, temos que
considerar que todo mundo mente, uns mais, outros menos. O filósofo e psicólogo
americano David Livingstone Smith afirma que a mentira “branca” é normal e até
necessária. Em seu livro Por Que Mentimos,
Smith descreve que todos nós mentimos de forma consciente ou inconsciente,
verbal ou não-verbal, declarada ou não-declarada. Segregamos o “engano” não
somente através de palavras como também pelos nossos corpos (um sorriso falso,
por exemplo).
A mentira é um ato espontâneo que permeia todos os setores da nossa vida, seja para não magoarmos uma pessoa querida, como forma de “boas maneiras”, ou até mesmo para desfrutarmos de alguns ganhos. A não ser em situações de extrema necessidade, as pessoas comuns e decentes mentem somente de forma ocasional, sem maiores conseqüências, ato perfeitamente justificável sob o ponto de vista moral.
A mentira é um ato espontâneo que permeia todos os setores da nossa vida, seja para não magoarmos uma pessoa querida, como forma de “boas maneiras”, ou até mesmo para desfrutarmos de alguns ganhos. A não ser em situações de extrema necessidade, as pessoas comuns e decentes mentem somente de forma ocasional, sem maiores conseqüências, ato perfeitamente justificável sob o ponto de vista moral.
Temos de distinguir, porém, a mentira
corriqueira da mentira psicopática. Os psicopatas são mentirosos contumazes,
mentem com competência (de forma fria e calculada), olhando nos olhos das
pessoas. São habilidosos na arte de mentir que, muitas vezes, podem enganar até
mesmo os profissionais mais experientes do comportamento humano. Para os
psicopatas, a mentira é como se fosse um instrumento de trabalho, que é
utilizado de forma sistemática e motivo de grande orgulho.
Flavio Josef, professor do Instituto de
Psiquiatria da UFRJ que participou de uma matéria no Jornal do Brasil no dia 3
de Setembro de 2006, declarou que ao perguntar a um a um psicopata se era fácil
enganar alguém, o sujeito respondeu com enorme felicidade: “É moleza.”
Mentir, trapacear e manipular são talentos
inatos dos psicopatas. Com uma imaginação fértil e focada sempre em si
próprios, os psicopatas também apresentam uma surpreendente indiferença à
possibilidade de serem descobertos em suas farsas. Se forem flagrados mentindo,
raramente ficam “envergonhados”, constrangidos ou perplexos; apenas mudam de
assunto ou tentam refazer a história inventada para que ela pareça mais
verossímil.
Eles se gabam pelas suas habilidades em
mentir e podem fazê-lo sem qualquer justificativa ou motivo. Essa habilidade,
muitas vezes, é potencializada pela facilidade de associarem a linguagem verbal
à corporal (gesto e expressões) na elaboração de suas mentiras, dando um apelo
teatral às mesmas. Nesse cenário de enganação, os psicopatas são ao mesmo
tempo, roteiristas, atores e diretores de suas histórias improváveis.
É muito importante também destacar outro
recurso utilizado por essas criaturas na “arte” da mentira. Alguns psicopatas
“mais experientes” são tão especialmente hábeis em mentir que se utilizam de
pequenas verdades para ganharem credibilidade em seus discursos.
A coisa funciona mais ou menos assim: Eles admitem alguns deslizes que cometeram de fato, apenas para que as pessoas “de bem” se confundam e pensem da seguinte maneira: “Sejamos razoáveis, se ‘fulano’ está admitindo seus erros, é bem provável que ele esteja falando a verdade sobre as demais histórias.” Por isso é preciso muita observação, conhecimento de sua vida passada e um pouco de distanciamento emocional para não se deixar enganar com facilidade por um psicopata.
A coisa funciona mais ou menos assim: Eles admitem alguns deslizes que cometeram de fato, apenas para que as pessoas “de bem” se confundam e pensem da seguinte maneira: “Sejamos razoáveis, se ‘fulano’ está admitindo seus erros, é bem provável que ele esteja falando a verdade sobre as demais histórias.” Por isso é preciso muita observação, conhecimento de sua vida passada e um pouco de distanciamento emocional para não se deixar enganar com facilidade por um psicopata.
Em 1995, no Museu Nacional de Belas Artes,
no centro do Rio de Janeiro, ouve uma exposição do escultor francês Auguste
Rodin, que atraiu grande público para a visitação. As filas de entrada,
principalmente nos últimos dias, eram enormes e lotavam as ruas mais próximas
ao museu, fazendo o público esperar por horas.
Cézar, querendo ver à exposição e sem a
menor vontade de permanecer na fila, não titubeou: Sem qualquer constrangimento
ou embaraço, paramentou-se se óculos escuros, uma bengala na mão e fingiu-se de
cego, conferindo-lhe o direito de entrar na frente de todos. No interior do
Museu, ele teve um guia exclusivo à sua disposição, que o conduziu por todas as
obras e salões da exposição. Enquanto o guia cuidadosamente descrevia com
detalhes a história de cada obra de arte, Cézar ainda pôde, por tempo
indeterminado, tocar as esculturas, além de vê-las (é claro) sem que os outros
percebessem.
Às gargalhadas e tomado por uma soberba
absoluta, Cézar contou essa história aos amigos, vangloriando-se de como foi
fácil enganar os organizadores do evento e obter um tratamento VIP. Relatou com
deboche, descaso e prazer que todos não passavam de uns otários: Desde os
responsáveis pela exposição e seu guia até a multidão que esperava por sua vez
do lado de fora.
-
POBREZA DE EMOÇÕES
Os psicopatas apresentam uma espécie de
“pobreza emocional” que pode ser evidenciada pela limitada variedade e
intensidade de seus sentimentos. São incapazes de sentir certos tipos como o
amor, a compaixão e o respeito pelo outro. Por vezes podem nos confundir ao
apresentarem episódios emocionais dramáticos, fúteis e de curta duração. No
entanto, se observarmos com mais cautela, constataremos que esses episódios não
passam de pura encenação.
Muitas vezes, os psicopatas querem
convencer as pessoas de que são capazes de vivenciar fortes emoções, porém eles
sequer sabem diferenciar as nuances existentes entre elas. Confundem amor com
pura excitação sexual, tristeza com frustração e raiva com irritabilidade.
Muitos psiquiatras afirmam que as emoções
dos psicopatas são superficiais que podem ser consideradas algo bem similar ao
que denominam de “proto-emoções” (respostas primitivas às necessidades
imediatas).
Para a grande maioria das pessoas, o medo
está associado a uma variedade de sensações físicas desagradáveis, tais com
suor nas mãos, coração acelerado, boca seca, tensão muscular, tremores e até
náuseas e vômitos. Porém, para os psicopatas essas sensações físicas não fazem
parte do que eles experimentam como medo. Para eles o medo, como a maioria das
emoções, é algo como incompleto, superficial, cognitivo por natureza (apenas um
conceito de linguagem) e não está associado a alterações corporais.
Alguns presidiários identificados como
psicopatas foram submetidos à visualização de cenas de: Contudo chocantes e
medonhos. Esse conjunto de imagens editadas mostrava, entre outras coisas,
corpos decapitados, torturas com eletrochoques, crianças esquálidas com mosca
nos olhos e gritos de desespero. Enquanto as pessoas comuns só de imaginar tais
situações ficariam arrepiadas e com reações físicas de medo, esses psicopatas
não apresentam sequer variação de seus batimentos cardíacos.
O neuropsiquiatra Ricardo de
Oliveira-Souza e o neurorradiologista Jorge Moll desenvolveram um teste
denominado Bateria de Emoções Morais (BEM), que utiliza tecnologia de
Ressonância Magnética Funcional (RMF). Esse teste tem por objetivo verificar
como o cérebro dos indivíduos se comportam ao fazerem julgamento morais, que
envolvem emoções sociais positivas, como arrependimento, culpa e compaixão. De
forma diversa das emoções primárias – como o medo ou a raiva que compartilhamos
com os animais -, as emoções sociais positivas são mais sofisticadas e
exclusivas de espécie humana: São elas que orquestram relações interpessoais
harmônicas.
Os resultados desse estudo demonstraram
que, diferentemente das pessoas comuns, os psicopatas apresentam atividade
cerebral reduzida nas estruturas relacionadas às emoções em geral. Em
contrapartida, revelaram aumento de atividade nas regiões responsáveis pela
cognição (capacidade de racionalizar). Assim, pôde-se concluir que os
psicopatas são muito mais racionais do que emocionais.
Voltando ao medo: É uma emoção primária
(inata) e necessária para a nossa sobrevivência. Além disso, ele também nos
impede de tomar certas atitudes das quais poderíamos nos arrepender ou ainda
pode nos favorecer a agir de forma correta pelo temor das conseqüências futuras.
Seja de uma forma ou outra (impedindo ou estimulando comportamentos), o medo é capaz de despertar na grande maioria das pessoas o que chamamos de “consciência emocional” das conseqüências de nossos atos. Se considerarmos que os psicopatas não possuem essa emoção, eles simplesmente seguem os seus caminhos, fazem suas escolhas e agem como bem entendem. É importante frisar que eles sempre sabem qual a conseqüência das suas atitudes transgressoras, no entanto, não dão a mínima importância para isso.
Seja de uma forma ou outra (impedindo ou estimulando comportamentos), o medo é capaz de despertar na grande maioria das pessoas o que chamamos de “consciência emocional” das conseqüências de nossos atos. Se considerarmos que os psicopatas não possuem essa emoção, eles simplesmente seguem os seus caminhos, fazem suas escolhas e agem como bem entendem. É importante frisar que eles sempre sabem qual a conseqüência das suas atitudes transgressoras, no entanto, não dão a mínima importância para isso.
PISCOPATAS
UMA
VISÃO MAIS DETALHADA – PARTE 2
“Um psicopata quando ‘perde o controle’, sabe exatamente até
onde ele quer ir, no sentido de magoar, amedrontar ou machucar uma pessoa.”
No texto anterior destaquei as características
referentes aos sentimentos e
relacionamentos interpessoais dos psicopatas. Aqui. O objetivo é focar e
descrever os aspectos condizentes ao estilo
de vida e o comportamento anti-social (transgressor) dessas criaturas.
Aspectos
referentes ao estilo de vida
e
comportamento anti-social (transgressor)
A impulsividade apresentada pelos psicopatas visa
sempre alcançar prazer, satisfação, satisfação ou alivio imediato em
determinada situação, sem qualquer vestígio de culpa ou arrependimento. Para se
ter ideia dessa impulsividade de natureza tão primitiva e destruidora, cito a
história descrita no livro Without Conscience, do psiquiatra canadense Robert
Hare.
Um presidiário psicopata, considerado grave pela
avaliação do Dr. Hare, um dia estava a caminho de uma festa e resolveu comprar
um engradado de cerveja. Ao perceber que havia esquecido sua carteira de
dinheiro em casa, simplesmente pegou um pedaço de madeira robusto e assaltou o
posto de gasolina mais próximo, deixando o funcionário gravemente ferido.
Imagine por um minuto que você está na cabeça de um
psicopata. Lembre-se de que suas ações sempre têm como objetivo a obtenção de
prazer e auto-satisfação imediatos. Por meio desse raciocínio, qual seria a sua
reação caso algo ou alguém representasse um obstáculo para você? Se você pensou
em tirar todas as “pedras” do seu caminho, sem pensar nas conseqüências,
acertou!
Agora analise comigo o caso específico do presidiário
citado. Ao esquecer a carteira em casa, o seu prazer (comprar cerveja) ficou
momentaneamente ameaçado, concorda? Assim, impulsivamente e de forma agressiva,
atacou o frentista do posto de gasolina apenas para atingir o seu objetivo.
Desta forma, esses seres impulsivos tendem a viver o
momento presente (aqui e o agora), buscando sempre a satisfação imediata dos
seus próprios desejos, sem qualquer preocupação com o futuro.
Autocontrole deficiente
A maioria se
nós possuímos o que denominamos controle arbitrário sobre nossos
comportamentos. Assim, mesmo que por vezes tenhamos vontade de responder
agressivamente a provocações, acabamos não agindo dessa forma, em função de
sermos capazes de exercer nosso autocontrole.
Os psicopatas apresentam níveis de autocontrole
extremamente reduzidos. São “cabeça quente” ou “pavio curto” por sua tendência
a responder às frustrações e às criticas com violência súbita, ameaças e
desaforos. Eles facilmente se ofendem e se tornam violentos por trivialidades
ou por motivos banais. Apesar de a explosão de agressividade e violência serem
intensas, elas ocorrem em um curto espaço de tempo, após o qual os psicopatas
voltam a se comportar como se nada tivesse ocorrido.
Quando um psicopata apresenta um ataque de “fúria”,
chegamos a pensar que ele teve um “ataque súbito de loucura”. Mas não se iluda,
ele sabe exatamente o que está fazendo. Suas demonstrações de agressividade, ao
mesmo tempo em que são intensas na expressão, são pobres na emoção. Rapidamente
eles se recompõem, até porque lhes falta as verdadeiras emoções vivenciadas
pelas pessoas comuns quando estas perdem a cabeça.
Um psicopata, quando “perde o controle”, sabe
exatamente até onde quer ir, no sentido de magoar, amedrontar ou machucar uma
pessoa. Apesar de tudo isso, eles se recusam a admitir que tenham problemas em
controlar o eu temperamento. Eles descrevem seus episódios agressivos como uma
resposta natural à provocação a que foi submetido. Daí a se colocar como vítima de toda a situação é um passo muito
pequeno!
Lembro-me de Ângela, uma amiga cujo namorado
(Fernando) tinha todos os indícios de ser um psicopata. Entre os diversos
relatos que ele me fez, destaco o ataque de fúria que ele teve com o porteiro
de seu prédio. Estacionou seu carro na garagem, ocupando o espaço destinado a
duas vagas. Quando o porteiro gentilmente solicitou que ele manobrasse a fim de
ocupar apenas uma vaga, Fernando, aos berros, xingou-o e com um golpe quebrou o
braço da pobre criatura. Fernando subiu para o apartamento de Ângela e, como se
nada tivesse acontecido, degustou tranquilamente o vinho que ele acabara de
servir. Simples assim! Dispensável falar das conseqüências disso tudo.
Necessidade de Excitação
Os psicopatas são intolerantes ao tédio ou a situações
rotineiras. Eles buscam situações que possam mantê-los em um estado permanente
de alta excitação. Por isso, apreciam viver no limite, no conhecido “fio da
navalha”. Nessa busca desenfreada, muitas vezes, envolvem-se em situações
ilegais, agressões físicas, brigas, desacatos a autoridades, direção perigosa,
uso de drogas, promiscuidade sexual e etc...Freqüentemente mudam de residência
e emprego na busca de novas situações que os “excitem”. Em função disso, dificilmente
iremos encontrar um psicopata exercendo atividades que demandam estabilidade e
alta concentração por longos períodos.
Muitos psicopatas procuram nos atos perigosos,
proibidos ou ilegais que praticam o suspense e a excitação que esses atos
provocam. Para eles, tudo isso não passa de mero prazer e diversão imediatos,
sem qualquer outra conotação.
Roberto, um jovem de classe média alta, e mais dois
colegas pegos em flagrante ateando fogo em um mendigo que dormia numa praça da
cidade. Na delegacia Roberto declarou que eles estavam voltando de uma festa e
resolveram “zoar” com as pessoas que encontrassem na rua. No entanto, ao se
depararem com o mendigo roncando no banco da praça, alegaram ter feito apenas
uma brincadeira: “Agente só queria se divertir”, complementou Roberto. Dois
dias depois, ao ser informado de que o mendigo havia falecido, Roberto se
limitou a dizer: “Foi mal”.
Falta De Responsabilidade
Para os psicopatas, obrigações e compromissos não
significam absolutamente nada. A sua incapacidade de serem responsáveis e
confiáveis se estendem para todas as áreas de suas vidas. No trabalho
apresentam desempenho errático, com faltas freqüentes, uso indevido dos
recursos da empresa e violação de política da companhia. Nas relações interpessoais não honram
compromissos formais ou implícitos ou verbais com eles, pois nunca irão
cumpri-los totalmente. Talvez o façam parcialmente no inicio do acordo somente
para impressionar e ganhar a confiança de suas vítimas. Mas uma coisa é certa:
Mais cedo ou mais tarde eles irão “aprontar”!
Quando a questão é família, o comportamento deles
também segue o mesmo padrão de indiferença e irresponsabilidade. Quando
constituem famílias (cônjuges e filhos) os psicopatas não o fazem por
sentimentos amorosos, mas sim como um instrumento necessário para construir uma
boa imagem perante a sociedade.
Em geral os psicopatas afirmam, com palavras bem
colocadas, que se importam muito com sua família (pai, mãe, irmãos, filhos), mas suas atitudes contradizem totalmente o
seu discurso. Eles não hesitam em usar familiares e amigos para se livrarem
de situações difíceis ou tirarem vantagens. Quando dizem que amam ou demonstram
ciúmes, na realidade têm apenas um senso de posse como com qualquer objeto.
Eles tratam as pessoas como “coisas” que, quando não servem mais, são
descartadas da mesma forma que se faz com uma ferramenta usada.
Conheci uma psicopata
que utilizava o seu próprio filho (recém-nascido) para vender drogas em um
ponto muito bem frequentado da Praça da República, em frente ao Hilton Hotel, o
seu abastecimento vinha bem de perto, da marquise das LOJAS AMERICANA.
Em um dia frio e chuvoso do nosso inverno de carnaval, saindo do restaurante do Hotel, ouvi o choro forte de um bebê que estava no colo de uma mulher e me aproximei na tentativa de oferecer algum auxílio: Ele estava faminto e febril. De repente, a mulher disse de forma ríspida para eu me afastar porque estava atrapalhando o seu “trabalho”.
Há poucos metros dali pude observar um grupo de jovens comprando drogas que ela retirava de dentro da roupinha do bebê. Antes de ir embora, passei novamente por ela, que me disse com frieza e indiferença: “Ele tem que me ajudar a trabalhar, os policiais não revistam bebês!”. Vejo cenas como essa quase todo dia na Praça da República em Belém do Pará - a melhor Praça do Norte do País.
Em um dia frio e chuvoso do nosso inverno de carnaval, saindo do restaurante do Hotel, ouvi o choro forte de um bebê que estava no colo de uma mulher e me aproximei na tentativa de oferecer algum auxílio: Ele estava faminto e febril. De repente, a mulher disse de forma ríspida para eu me afastar porque estava atrapalhando o seu “trabalho”.
Há poucos metros dali pude observar um grupo de jovens comprando drogas que ela retirava de dentro da roupinha do bebê. Antes de ir embora, passei novamente por ela, que me disse com frieza e indiferença: “Ele tem que me ajudar a trabalhar, os policiais não revistam bebês!”. Vejo cenas como essa quase todo dia na Praça da República em Belém do Pará - a melhor Praça do Norte do País.
Certa vez numa das inúmeras batidas policias que eu
costumo provocar com o intuito de acabar com o descaso do poder público com
relação a Praça da República flagrei em um Domingo a noite uma criança de 6
anos com os bolsos cheios de droga (numa ação da Diretora de DATA sob o comando
da Delegada Socorro Maciel) não posso
garantir que os outros garotos e garotas que estavam com ela eram psicopatas,
mas por outro lado, posso afirmar com toda certeza não só que faço bem mais que
minha parte nessa luta quase que inglória.
Mas que na prática consegui coisas impossíveis de se acreditar (sei que muito provavelmente eu seja o único a lutar). Se quiserem saber mais me dou o trabalho de relatar aqui com algumas omissões, por esquecimento e propositalmente para não EXTENUAR VOCÊS SÓ DE LEREM a fidelidade dos fatos, bom, como só agora, me dei esse trabalho de transcrevê-los precisaria ainda de revisão e de aprimoramento ou vamos a eles ou, se acharem melhor passem para o parágrafo seguinte onde citarei Problemas Comportamentais Precoces “dessas peças”:
Mas que na prática consegui coisas impossíveis de se acreditar (sei que muito provavelmente eu seja o único a lutar). Se quiserem saber mais me dou o trabalho de relatar aqui com algumas omissões, por esquecimento e propositalmente para não EXTENUAR VOCÊS SÓ DE LEREM a fidelidade dos fatos, bom, como só agora, me dei esse trabalho de transcrevê-los precisaria ainda de revisão e de aprimoramento ou vamos a eles ou, se acharem melhor passem para o parágrafo seguinte onde citarei Problemas Comportamentais Precoces “dessas peças”:
Problemas Comportamentais Precoces
Otávio sempre foi um menino difícil e diferente das
outras crianças. Desde os 6 anos de idade, seus pais achavam que ele não era
uma criança normal. Não foram poucas as travessuras na infância do menino. Ele
era uma verdadeira “peste” e parecia não se importar com os sentimentos de
ninguém: Parecia se divertir quando machucava o seu irmãozinho mais novo ou quando
torturava o gatinho da sua avó. Quando repreendido pelos pais por seu
comportamento cruel contra o seu irmão, ele simplesmente dizia: “Eu só estava
treinando boxe”. Quanto ao gato, Otávio por inúmeras vezes o colocou no
congelador para testar se realmente tinha sete vidas.
Na escola as dificuldades não eram menores: Ele era
briguento, irrequieto, indisciplinado e displicente. Embora fosse um menino
inteligente, detestava fazer as tarefas escolares e só estudava como manobra
para receber recompensas de seus pais.
Na adolescência Otavio abandonou os estudos, e seus
pais não tiveram mais nenhum controle sobre ele. Envolvia-se em brigas, usava
drogas, roubava o carro do pai para participar de “pegas” e deu vários golpes
em parentes e amigos, utilizando cheques com assinaturas falsas e cartões de
credito deles.
Desde a infância, seus pais procuraram diversos
profissionais como psicólogos, neurologistas, e psiquiatras, até receberem a
triste noticia de que Otávio é um psicopata. Hoje, com 25 anos, ele cumpre pena
por trafico de droga e nunca demonstrou qualquer arrependimento pelos seus
atos.
Os psicopatas começam a exibir problemas
comportamentais sérios desde muito cedo, tais como mentiras recorrentes,
trapaças, roubo, vandalismo e violência. Eles apresentam também comportamentos
cruéis contra os animais e outras crianças, que podem incluir seus próprios
irmãos, bem com os coleguinhas da escola.
Vale à pena destacar que crianças e adolescentes com
perfil psicopático costumam realizar intimidações (assédio psicológico) contra
pessoas pertencentes aos seus grupos sociais. E quando isso ocorre no ambiente
escolar, pode caracterizar a ocorrência de um fenômeno denominado bullying.
Bullyng pode ser definido como um conjunto de atitudes
agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente
adotada por um ou mais alunos contra outros. Os mais fortes utilizam os mais
frágeis como meros objetos de diversão e prazer, cujas “brincadeiras” têm como
propósito maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar, causando dor, angústia e
sofrimento às suas vítimas. O líder do grupo agressor (o “valentão” ou o
“tirano”) costuma ser o indivíduo que apresenta características compatíveis com
a personalidade psicopática.
Como ilustração desse problema que se instala nas
escolas de todo o mundo, cito um caso extraído do livro Fenômeno Bullying, de
autoria de Cleo Fante:
“Johnny, um menino tranqüilo de 13 anos, durante dois
anos foi brinquedo de seus companheiros de classe. Os adolescentes importunavam-no
para que ele lhes desse dinheiro, obrigando-o a tragar ervas e a beber leite
misturado com detergente, golpeavam-no no pátio e atavam-lhe uma corda no
pescoço, para passear como um cachorrinho... Quando perguntaram aos
torturadores de Johnny sobre suas intimidações, disseram que perseguiam a sua
vítima porque era divertido.”
Importante destacar que ninguém vira psicopata da
noite para o dia: Eles nascem assim e permanessem assim durante a sus
existência. Os psicopatas apresentam em sua história de vida alterações
comportamentais sérias, desde a mais tenra infância até os seus últimos dias,
revelando que antes de tudo a psicopatia se traduz numa maneira de ser, existir
e perceber o mundo.
Comportamento Transgressor No Adulto
Todas as sociedades se estabelecem utilizando normas e
regras que ditam o comportamento de seus membros. Isso assegura que a maioria
deles tenderá a obedecer às normas gerais com o objetivo de evitar as punições
advindas das transgressões dessas regras. Dessa forma, isso assegura a cada
individuo quais são os seus direitos e deveres para que se tenha um mínimo de
harmonia na convivência em grupo. Caso contrário, a convivência entre aos
humanos tenderia a uma total anarquia, prevalecendo simplesmente “a lei do mais
forte.”
Os psicopatas não só transgridem as normas sociais
como também as ignoram e as consideram meros obstáculos, que devem ser
superados na conquista de suas ambições e seus prazeres. Essas leis e regras
sociais não despertam nos psicopatas a mesma inibição que produzem na maioria
das pessoas. Por isso, observamos que, na trajetória de vida desses indivíduos,
o comportamento transgressor e anti-social é uma constante.
Pesquisas têm constatado que a aparição precoce do
comportamento anti-social (infância e adolescência) é um forte indicador de
problemas transgressores e criminalidade no adulto. Vale ressaltar que o
psicopata sempre vai revelar ausência de consciência
genuína frente às demais pessoas: São incapazes de amar e nutrir o
sentimento de empatia. Eles jamais deixarão de apresentar comportamentos
anti-sociais; o que pode mudar é a forma de exercer suas atividades ilegais durante
a vida (roubos, golpes, desvio de verba, estupro, sequestro, assassinato
etc...).
Em outras palavras, a maioria dos psicopatas não são
expert numa atividade criminal específica, mas sim “passeia” pelas mais
diversas categorias de crimes, o que Robert Hare denomina versatilidade
criminal.
Finalizando este capitulo, gostaria de deixar claro
que os psicopatas não são os únicos indivíduos a levarem a vida de forma
transgressora. Muitos criminosos possuem algumas das características descritas
nos dois últimos capítulos. No entanto, eles se mostram capazes de sentir
culpa, remorso, empatia, bons sentimentos por outra pessoas e por isso mesmo não
são considerados psicopatas. O diagnóstico de psicopatia somente pode ser feito
quando o individuo se encaixa de forma significativa nesse perfil, ou seja,
quando possuir a maioria dos sintomas aqui apresentados.
OS
PSICOPATAS NO MUNDO PROFISSIONAL
“Os psicopatas não vão ao trabalho, vão à caça.”
Identificar psicopatas fora das prisões e dos
manicômios judiciário é uma tarefa bastante difícil. Os psicopatas estão por
toda a parte e no dia-a-dia é possível encontrá-los em diversas categorias
profissionais. Em particular, em organizações e empresas públicas ou privadas.
Estas costumam se constituir em um cenário favorável para a peculiar maneira de
agir desses indivíduos. Sem qualquer sombra de dúvida, o papel de liderança em
cargos como diretor, gerente, supervisor ou executivo é sempre algo muito
atraente para um psicopata. Esses cargos, além de oferecerem bons salários,
proporcionam status social, poder e um amplo território de atuação e
influência.
A Ação Dos Psicopatas Nas Organizações Empresariais
Vamos aos casos: Sergio tinha 42 anos quando foi
promovido a supervisor geral na empresa em que trabalhava havia 18 anos. Sempre
foi um funcionário “tipo caxias”, nunca poupou esforços para cumprir seus
prazos e sempre esteve à frente de seus colegas de trabalho, lutando por
melhores oportunidades para todos e para a empresa.
Iniciou sua carreira na empresa, ainda recém-formado,
e cresceu com ela superando seus próprios limites e enfrentando com seriedade
todas as crises do mercado (e que não são poucas). Agora estava ali, no posto
que tanto batalhou para conseguir. A empresa lhe disponibilizou carro, uma
secretaria exclusiva e um assistente que exerceria sua função anterior: Gerencia
Geral.
Ele mesmo fez questão de selecionar o novo
parceiro-funcionário, aquele cujo trabalho daria seguimento ao seu.
Marcos chegou à entrevista na hora exata e em poucos
minutos Sérgio “percebeu” que ele era a pessoa certa para o cargo. Marcos era
jovem, 28 anos, tinha ótima aparência, boa fluência verbal e sua inteligência
impressionou Sérgio. Apesar de sua pouca idade, narrou de forma segura e
minuciosa seus inúmeros méritos e suas experiências profissionais. Num rompante
de entusiasmo e fascinado pelas qualidades profissionais de Marcos, Sérgio o
contratou imediatamente.
Pobre Sérgio, cometeu um lastimável engano! Pouco
tempo depois começou a amargar o mais profundo arrependimento. A partir de
então passou a checar se as informações fornecidas por Marcos em seu currículo
eram verídicas. Comprovou que a maioria das qualificações de seu novo
funcionário era fraudulenta. Marcos, a essa altura, já se mostrara uma pessoa
arrogante, insolente e deveras ambiciosa.
Aquela pessoa que, ao primeiro contato, prometia ser
um excelente profissional, realmente surpreendeu, mas de forma absolutamente
oposta. Logo após algumas semanas de trabalho começou a se queixar da
secretaria de Sérgio sem qualquer motivo concreto. D. Rosana era
reconhecidamente uma pessoa muito confiável e responsável. No entanto, Marcos
provocou uma cena de puro exibicionismo e expôs a fiel secretaria a uma
humilhação pública, chamando-a de incompetente, burra e lente na frente dos
demais funcionários.
Logo após esse episódio, Marcos começou a faltar às
reuniões com seus subordinados e, conseqüentemente, às de Sérgio também. Para
tais faltas sempre apresentava desculpas pouco convincentes e sem qualquer
constrangimento por isso.
Sérgio não tardou a desconfiar que Marcos estava
desviando dinheiro da Empresa na forma de percentuais de venda destinados aos
gerentes subordinados. Quando foi questionado sobre o assunto, Marcos se
limitou a responder, de forma evasiva, que não tinha a menor noção do que se
tratava.
A situação já estava insustentável quando Sérgio
procurou o presidente da Empresa para relatar os fatos. No entanto, foi
recebido com indiferença e ainda foi obrigado a ouvir do presidente uma série
de elogios ao jovem e inteligente Marcos.
Por fim, foi comunicado que retornaria ao seu cargo
anterior e Marcos assumiria imediatamente a função de supervisor geral da
Empresa.
Os psicopatas costumam agir com tato e habilidade no
cenário empresarial, assim como observamos no caso apresentado. Segundo Robert
Hare, o número de psicopatas burocratas ou de “colarinho branco” é
significativo em cargos de lideranças e chefias. Por serem de difícil
reconhecimento inicial, eles costumam tiranizar seus colegas de trabalho e
alguns chegam até a causar grandes prejuízos financeiros para as empresas em
que trabalham.
Paul Babiak, psicólogo americano, especializado em
recursos humanos, realizou um importante estudo, através do qual demonstrou as
táticas utilizadas por psicopatas no meio corporativo. Ele os denominou “cobras
de terno” por suas ações cínicas, inescrupulosas e antiética na disputa por
altos cargos, salários e poder. Segundo Babiak, os psicopatas em ambientes
empresariais costumam adotar um plano tático que pode ser resumido em cinco
fases:
- OS 5 (CINCO)
PASSOS DO MONSTRO
Fase I – Ingresso Na Empresa
Esta fase corresponde basicamente à entrevista de
emprego. Nessa ocasião o candidato psicopata mostra-se cativante, seguro e
charmosa. Utiliza-se de todo seu arsenal sedutor com o objetivo claro de
impressionar o entrevistador da forma mais positiva possível.
Fase 2 – Estudo De Território (Avaliação)
Nesta etapa o psicopata já se encontra empregado.
Procura então descobrir, da forma mais rápida possível, quem são as pessoas que
possuem voz ativa na empresa. Logo em seguida trata de construir relações
pessoais, de preferência íntimas, com esses funcionários influentes.
Fase 3 – Manipulação De Pessoas E Fatos
De forma maquiavélica (intencional), espalha falsas
informações para que seja visto de forma positiva e os outros de maneira
negativa perante as chefias. Semeia desconfiança entre os funcionários,
jogando-os uns contra os outros. Disfarça-se de “amigo”, contando aos colegas
sobre outros que o difamaram. Estabelece contato individual com as pessoas, mas
evita reuniões ou situações nas quais precise se posicionar perante todo o
grupo. Mantém-se “camuflado” para levar adiante a estratégia de ascensão ao
poder.
Fase – 4 Confrontação
Nessa fase os psicopatas “de terno e gravata”
abandonam as pessoas que havia cortejado anteriormente e que não são mais úteis
à sua ascensão profissional. Num requinte de maldade, eles utilizam a
humilhação como arma para manterem suas vítimas em silêncio. Dessa forma, as
pessoas que mais foram exploradas são aquelas que menos se dispõem a falar
sobre suas experiências.
Fase – 5 Ascensão
Tal qual um jogo de xadrez, essas é a hora do xeque-mate,
é a hora do golpe fatal. Após colocar lideres e chefias uns contra os outros, o
psicopata “de terno e gravata” toma o lugar do seu superior, que geralmente é
demitido ou rebaixado de cargo e função.
É importante lembrarmos que a ausência de consciência
e de medo torna essas pessoas potencialmente ardilosas e perigosas. Para elas,
infringir as normas e externar seus desejos agressivos e predatórios sem
qualquer escrúpulo ou culpa são atitudes “naturais” e, por isso mesmo, isentas
de qualquer autocrítica.
Empresas E Instituições Psicopáticas
Não podemos esquecer que a forma como as empresas são
estruturadas também pode colaborar para que indivíduos com comportamento
egocêntrico e inescrupuloso alcancem cargos de chefia e poder. Nos tempos
atuais algumas empresas crescem tão rapidamente que são obrigadas a mudanças
constantes de funcionários e cargos.
Neste cenário as intrigas, as falcatruas dos
psicopatas podem ser dissimuladas por muito tempo. São as políticas de
crescimento baseadas na “política” de que os fins justificam os meios. Na ânsia
de crescer muito no menor espaço de tempo, muitas empresas acabam adoecendo
também e perdem seus alicerces. As empresas doentes tendem a incorporar em seus
quadros de funcionários pessoas que combinam com suas adoecidas estruturas.
Reforça-se assim o estilo inescrupuloso no ambiente corporativo.
Entretanto, empresas que adotam uma estrutura
administrativa baseada na confiança e na responsabilidade mútuas também podem
se deparar com problemas semelhantes, uma vez que não adotam uma vigilância
rígida sobre seus funcionários. Essa postura produz um ambiente profissional
com maior liberdade. Por um lado isso pode ser muito positivo para a maioria
das pessoas. No entanto, essa mesma liberdade pode se construir em um terreno
fértil em que os psicopatas “de colarinho branco” costumam florescer.
Em tempos de globalização econômica, a competitividade
entre as empresas pode adquirir dimensões extremas, ocasionando crises nos mais
diversos setores empresariais. Nesses cenários, mudanças precisam ser realizadas
em tempo hábil. As empresas mais bem estruturadas e com visão estratégica de
médio e longo prazo tendem a reunir forças em seus próprios funcionários com o
objetivo de encontrarem novas e criativas alternativas que façam a empresa
transcender suas limitações e retornar à rota do crescimento sólida e duradouro
sem perder seus valores primordiais. Já as empresas com fraca estruturação
administrativa e filosófica tendem, em situações emergenciais, a supervalorizar
soluções mágicas e imediatas baseadas em profissionais que “encarnam” o papel
de “salvador da pátria.”
Observem como na política também existe certa
semelhança em especial com a estreita e insensível mentalidade excrescente “Maxtóide-esquerdeopata”
Nessas empresas o profissional que possui ou
representa bem valores como força, capacidade de persuasão e controle das
emoções rapidamente entrará em alta, pois à primeira vista suas características
são interpretadas como vantagens preciosas no mundo empresarial.
Um psicopata pode facilmente fingir incorporar tais
características e, ao utilizá-las de forma carismática e manipuladora, fazer
uma carreira longa e de sucesso em empresas com estruturas deficientes no
aspecto material, ideológico e/ou ético.
Por tudo o que foi exposto, é fundamental no campo
profissional analisarmos de forma crítica e cética o que pode estar por trás de
um belo e suntuoso currículo.
A presença de psicólogos qualificados e bem trenados
nas empresas pode ser um diferencial muito bem-vindo quando se trata de separar
o joio do trigo no campo profissional. Isso porque as pessoas que têm que tomar
decisões sobre contratação de funcionários nem sempre estão adequadamente
capacitadas e treinadas para enfrentar as habilidades de manipulação e
convencimento dos psicopatas. Assim, atente-se às seguinte dicas:
1. Desconfie de um currículo ostensivo em demasia.
2. Repare se ele apresenta inúmeras mudanças de cargos em
pequenos espaços de tempo.
3. Solicite ao setor de Recursos Humanos que faça contato
com seu último empregador.
4. Na entrevista com o candidato elabore perguntas
habilidosas que possam aferir a veracidade das informações contidas no
currículo.
A
Psicopatia Nas Diversas Profissões
Os
psicopatas não vão ao trabalho, vão à caça.
Como
observamos na primeira parte do capítulo, no mundo corporativo a ação dos
psicopatas pode ser comparada a de animais ferozes na busca implacável do poder
e do domínio sobre o maior número de pessoas possível, assim como os grandes
predadores fazem na demarcação dos seus territórios.
A grande
maioria dos psicopatas utiliza suas atividades profissionais para conquistar
poder e controle sobre as pessoas. Essas ocupações podem auxiliá-los ainda na
camuflagem social daqueles que não levam uma vida francamente marginal
(delinquentes mais perigosos). Muitos se camuflam em pessoas responsáveis
através de suas profissões. Nesse contexto, podemos encontrar policiais que
dirigem redes de prostituição, juízes que cometem os mesmos delitos que os réus
– mas nos julgamentos os condenam com argumentações jurídicas impecáveis,
banqueiros que disseminam falsos boatos econômicos na economia.
Também estão
alguns líderes de seitas religiosas, que abusam sexualmente de seus discípulos,
ou ainda políticos e homens de Estados que só utilizam o poder em proveito
próprio. Estes últimos costumam representar grandes perigos pelo tamanho do
poder que podem deter.
A
política propicia o exercício do poder de forma quase ilimitada. Poucos cargos
permitem um exercício do poder de forma quase ilimitada. Poucos cargos permitem
um exercício tão propício para atuação dos psicopatas. A “renda” material que
eles podem obter também é praticamente incalculável, quando exercem a profissão
de forma ilegal. O próprio salário deles também é muito bom, se comparado aos
salários dos executivos das corporações privadas.
E o fato de terem um foro
privilegiado quase lhes assegura de forma impune o exercício do poder com
outros fins que não sejam os de servir aos interesses da nação. Todos esses
ingredientes fazem uma pizza gostosa de comer, com possibilidade de indigestão
quase que nula. No Brasil. Esse fenômeno torna-se mais gritante porque a
impunidade funciona como uma doença crônica e deriva de um somatório que inclui
um sistema policial deficitário, um aparelho judiciário emperrado e um código
processual retrógrado.
Esse fato
pode ser facilmente verificado pelas inúmeras manchetes que diariamente
noticiam os diversos crimes cometidos por maus políticos: Lavagem de dinheiro
público, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta,
evasão de divisas, crimes de peculato, desvio de recursos de obras públicas,
envio ilegal de dinheiro ao exterior, crimes contra a administração pública e
por aí vai.
“A coisa
chegou a tal ponto, que a palavra ‘política’ passou a designar esse jogo amoral
no qual a igualdade é sempre ultrapassada por pessoas que, desdenhando das
leis, passam a controlá-las em vez de zelar por elas. Ou um ritual os quais os
criminosos são acusados, mas quando são importantes, livram-se da pena porque
têm comprovadas relações pessoais e partidárias com os ‘donos do poder.’
Roberto DaMata (sociólogo). Revista
veja. Ed. 2.021, ano 40, artigo: “sem culpa e sem vergonha.”
Uma pesquisa
realizada pelo IBOPE (encomendada pela revista VEJA) para saber o que os brasileiros acham de seus parlamentares
mostra que, embora a maioria dos entrevistados considere que o Congresso é
essencial para a democracia, a imagem que eles passam para a população
resume-se nos seguintes adjetivos: ‘desonestos, insensíveis, mentirosos.’
“Revista Veja, Ed. 1.993, ano 40, Ed, abril, 31/01/2007.”
Também achei
importante destacar neste tópico a presença dos psicopatas em casos de pedofilia
– abuso sexual contra crianças ou pré-púberes (13 anos ou menos). Para
realizarem essa perversidade, os psicopatas se camuflam em profissões que
permitam aproximar-se de crianças. São professores, chefes de escoteiros,
treinadores esportivos, pediatras, religiosos que atuam em colégios, entre
dezenas de profissões que exigem contato com crianças. Todas essas atividades profissionais
apresentam uma aura socialmente reconhecida como nobres e educativas. O
psicopata pedófilo usa, de forma maquiavélica, essa artimanha para acercar-se
de suas vítimas, sem despertar suspeitas.
O caso do
médico Eugênio Chipkevitch, um dos pediatras mais conceituados do Brasil e
detentor de um currículo invejável, ilustra essa constatação de forma bastante
didática. Em 2002, o médico russo, naturalizado brasileiro e especializado em psicoterapia
infanto-juvenil, foi detido sob a acusação de abusar sexualmente de seus jovens
pacientes.
A sordidez de suas táticas abusivas foi detalhada em quase quarenta
fitas de vídeo, que teriam sido gravadas pelo próprio médico em seu
consultório. Após conquistar a confiança de seus pacientes, o médico
aplicava-lhes injeções com sedativos e depois abusava sexualmente deles.
Ao ser
detido, Chipkevitch agiu de forma indiferente e, sem qualquer constrangimento,
admitiu ser ele o médico que aparecia nas fitas. Conseguiu até, de forma afável
e tranqüila, oferecer cafezinho aos policiais que vasculharam seu apartamento
em busca de provas.
O perfil
psicopático do médico pode ser observado em alguns aspectos: a perversidade do
ato em si, o requinte ritualístico de dopar as vítimas e filmá-las e a sua
indiferença afetiva em relação a toda situação.
A maneira
como o médico escondeu o lado obscuro de sua vida revela um talento
inquestionável para mentir e manipular. Tal fato gerou perplexidade, inclusive,
em seus próprios colegas de trabalho: “Eu o conheço desde 1985. É um médico
muito conceituado e não consigo acreditar nisso”, declarou a psicopedagoga
Maria aparecida Casagrandi à revista Veja (nº 1.744 de 27/03/2002)
Quem poderia
desconfiar que por trás do respeitado médico escondia-se um monstro.
Chipkevitch era um lobo em pele de cordeiro.
- FOI MANCHETE NOS JORNAIS
“Matou os pais e foi
para o motel”.
Revista Época, Ed.234, Ed. Globo. 11/11/2002.
Ao iniciar este
capítulo, é importante ressaltar que em momento algum afirmo que as pessoas
aqui descritas são psicopatas de fato. Esclareço também que não tenho nenhum
nível de convivência com elas e tampouco fiz alguma investigação diagnóstica
específica que pudesse atestar a psicopatia em suas personalidades. O que me
interessa aqui são os acontecimentos e os atos que lhes são atribuídos uma vez
que sugerem um proceder característico da psicopatia.
Sílvia
Calabrese Lima – “Como alguém é capaz de fazer isso”
Goiânia,
17 de março de 2008.
Uma
denúncia anônima levou dois investigadores de polícia até o apartamento da
empresária se construção civil Sílvia Calabrese Lima, de 42 anos. Sílvia foi
presa em flagrante por maltratar e torturar uma menina de 12 anos que morava
com ela havia mais ou menos dois anos. Vocês lembram o caso da procuradora? Pois
então, esse é mais um.
A
agente policial Jussara Assis encontrou a menina com os braços acorrentados a
uma escada de ferro no apartamento da empresária, localizado num bairro nobre
na cidade de Goiânia. Uma mordaça de gaze e esparadrapo embebida em pimenta,
vários dedos das m quebrados, a maioria das unhas arrancadas, marcas de ferro
quente pelo corpo e dentes quebrados a marteladas completavam o quadro de
atrocidades. Objetos como correntes, cadeados e alicates serviam de
instrumentos de tortura, que ocorria de forma sistemática.
A
menina, visivelmente traumatizada, relatou à polícia: “Hoje porque eu não
sequei o banheiro dela, ela me acorrentou.” Ela disse que nunca contou nada
porque era ameaçada de morte pela empresária. Também foi presa a empregada
Vanice Novais, de 23 anos, acusada de participar dos horrores. Ela alegou que
torturava a menina “a mando da patroa.” Num caderno, Vanice registrava o dia e
a hora das agressões.
Aqui
surge uma oportunidade de observamos que existe a formação dessas duplas
macabras de psicopatas, a maioria como casais, um quase sempre dominante e o
outro mais como discípulo. Ainda tem aqueles que atiram em todo mundo (como um
acesso de fúria) e os que só atiram de um em um como se tivessem caçando
realmente. Mas esses tipos de atiradores não são psicopatas.
Após
a repercussão do caso, outras meninas (pelo menos quatro) revelaram que também
foram torturadas de forma muito parecida, pela mesma empresária.
Sílvia,
que é filha adotiva, ganhava a confiança dos pais de meninas pobres para depois
adotá-las informalmente. Suas promessas eram de oferecer estudo para que as
crianças tivessem as mesmas oportunidades que ela teve quando fora adotada.
Além disso, alegava querer muito uma menina para cuidar, pois só tinha filhos
homens. Instaladas na casa de Sílvia, as meninas eram submetidas a atos de violência,
trabalhos forçados, privações de comida e outros suplícios como ingerir fezes
de animais.
A
delegada Adriana Accorsi, responsável pelo caso, declarou à revista Veja: “Ela
é sádica, sente prazer em machucar meninas e em momento nenhum demonstrou arrependimento
pelo que fez.”
Na
prisão, em entrevista ao programa Fantástico (Rede Globo), Sílvia confessou ao
repórter Vinícius Dônola a autoria do crime: “Devo, e vou confessar em juízo o
que fiz...”, “Sabe qual que é a historia? Eu era a mandante; ela, a executante
(referindo-se à empregada doméstica). Essa é a história. Não tem outra
história.”
Quando perguntada por que agiu daquela maneira com a menina, a
agressora respondeu: “Na minha cabeça, eu não achava que tava torturando, na minha cabeça, eu achava que tava educando”, “Minha vida acabou. Eu
sei que vou ficar aqui. Eu tenho noção disso. Eu não sou louca”.
Um
parente da agressora disse que desde a infância ela apresentava “distúrbio de
comportamento” e um histórico de problemas. Sílvia foi criada de orfanato em
orfanato até ser adotada aos 12 anos de idade. Ainda precoce, já demonstrava
ser uma criança com sérias alterações de comportamento. Aos 9 (nove) anos foi
expulsa de uma instituição porque estava atrapalhando a educação das outras
meninas.
Para
o psiquiatra forense Guido Palompa, pessoas como Sílvia costumam alegar que
receberam maus-tratos na infância, mas não é verdade. “São pessoas que são de
natureza deformada”, “Elas também não têm nenhum arrependimento.”
“Fontes: Revista
Veja, Ed. 2.053, Ed. Abril, 26/3/2008; Programa Fantástico, Rede Globo”
Kelly
Samara Carvalho dos Santos – “Ela parecia tão nobre”.
Em 22 de
agosto de 2007, uma jovem de 19 anos foi presa em são Paulo, acusada de crimes
se falsidade ideológica, estelionato e furto. Bonita, magra, alta e bem
vestida, cativava as pessoas por sua simpatia e desenvoltura. Kelly Samara
Carvalho dos Santos, que se apresentava como Kelly Tranchesi, também tinha lá
seus destemperos: Quando não convencia por bem, usava de arrogância, fazia
escândalos destratava pessoas.
Nascida em
Amambaí (MS), onde foi criada pelos avôs maternos, Kelly é conhecida em várias
cidades da região pelos golpes que aplicou. Segundo as informações de uma tia e
da ex-diretora do colégio onde ela estudou, desde pequena não respeitava
regras, desobedecia aos professores, furtava objetos e ludibriava as pessoas.
O
Conselho Tutelar de Amambaí acompanhou a jovem desde 2001, quando começou a
aplicar golpes. Segundo o G1 (Portal de Notícia da Globo), um escrivão de
Ponta-Porã disse que “ela é um computador. Grava quem é, qual é o nome”. Ele
ainda revelou que a moça circulava entre pessoas influentes para escolher suas
vítimas. “essa menina é uma artista. Ela é muito, muito inteligente. Mas usa a
inteligência para o crime.”
Em São Paulo
– sem endereço fixo e se hospedando em hotéis caros -, Kelly costumava
frequentar lugares badalados (restaurantes e casas noturnas) num bairro nobre
na Zona Oeste da cidade, os Jardins. Trajando roupas e jóias de grife, a jovem
alugava carros blindados de luxo, com direito a motorista. Com aparência de
milionária, Kelly, sem levantar suspeitas, conquistava a confiança de “amigas”
ricas, homens e pessoas idosas. Furtava-lhes jóias, dinheiro, cartões de
credito e talões de cheques, repassando para os comerciantes da região.
Com apenas
19 anos, mas experiente em aplicar golpes Kelly já se passou por estudante de
direito, médica veterinária, empresária, dermatologista, fazendeira e até filha
do presidente do Paraguai. Segundo a polícia, a jovem usava mais quatro nomes
falsos, escolhia suas vítimas também através do site de relacionamentos Orkurt
e aplicava o golpe “Boa Noite Cinderela” (colocar sonífero nas bebidas das
vítimas para depois depená-las).
Depois de um
rápido namoro com o dono de uma galeria de arte, ela conseguiu roubar uma
gravura do pintor espanhol Juan Miró, avaliada em US$ 18 mil. A polícia não
sabe precisar quantas pessoas foram enganadas por Kelly e a quantia exata que
ela roubou. Porém, mais de vinte vítimas as pronunciaram somente em São Paulo,
onde permaneceu por apenas seis meses.
A delegada
que cuidou do caso, Aline Gonçalves, da 15ª DP, disse ao
programa Fantástico que por ser jovem
e bonita Kelly conseguia facilmente chegar aos homens. Aline também se mostrou
impressionada com os golpes da falsa socialite: “ A gente vai puxando a parece
que a linha não acaba mais”, completou.
Para o
psiquiatra Daniel Martins de Barros, do Núcleo de Psiquiatria e Psicologia
Forense da Universidade de São Paulo (USP), os estelionatários costumam ser
pessoas hábeis, com jogo de cintura, raciocínio rápido e capacidade de
simulação. Nas palavras de Sérgio Paulo Rigonatti, médico do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clinicas, os estelionatários “têm uma inteligência
que é suficiente para enganar os outros, grande poder de sedução, frieza e
falta de sentimentos de culpa”.
Mesmo com
várias provas, relatos de testemunhas, histórico de uma vida pregressa e prisão
em flagrante, a jovem, que ficou conhecida como “golpista dos Jardins”. Foi
solta em 02 de abril de 2008. De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo,
Kelly foi liberada após ser absolvida por falta de provas.
Fontes: G1 – o Portal de Notícia da Globo, WWW.g1.com.br postado em 22/08/2007 a
30/04/2008 e programa Fantástico, Rede
Globo, exibido em 26/08/2007.
Chapinha
– “Perversidade Requintada.”
Em novembro
de 2003, Roberto Aparecido Alves Cardoso, conhecido como Chapinha, de 16 anos,
foi condenado pelo seqüestro e pelo assassinato do casal de namorados Felipe
Caffé (19) anos e Liana Friedenbach, de 16 anos. Os crimes ocorreram numa mata
de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. Felipe recebeu um tiro na nuca e foi
encontrado num córrego. A estudante Liana, durante quatro dias, foi abusada
sexualmente por repetidas vezes e morta a facadas na cabeça, nas costas e no
tórax. Outros participantes dos assassinatos também foram condenados por vários
anos de reclusão, em presídios comuns, uma vez que na época já eram adultos.
No entanto,
Chapinha, considerado líder do grupo e o mentor dos crimes, foi internado por 3
(três) anos na FEBEM Vila Mariana (hoje denominada Fundação Casa). Apesar de
ser menor sede idade, Chapinha foi considerado um criminoso extremamente
perigoso e com altíssima possibilidade de
reincidir no crime. Portanto, sem condições de convívio social.
Depois
de muita polêmica, no final de 2007 a justiça de terminou que Chapinha deverá
ser mantido em instituições com supervisão psiquiatra – sob vigilância constante
e por tempo indeterminado -, e está proibido de realizar atos civis como casar
ou abrir contas em bancos, por exemplo. Por falta de um lugar apropriado que
atenda á determinação da justiça, Chapinha permanece onde está desde maio de
2007: Na unidade Experimental de Saúde
da Vila Mariana, Zona Norte de São Paulo. Apesar de todas essas medidas, o
destino de Chapinha ainda é uma incógnita.
Fontes: O Globo Online, WWW.oglobo.com.br, postado entre 30/09/2006 e30/11/2007 – O Portal
de Notícias da Globo, WWW.g1.com.br, postados
entre 09/10/2004 e 30/11/2007.
Suzane
Von Richthofen – “Matou Os Pais E Foi Para O Motel.”
Uma jovem
rica, bonita, universitária, de classe média alta, arquitetou e facilitou a
morte de seus próprios pais.
No dia 31 de
outubro de 2002, pouco depois da meia-noite, Suzane, de 19 anos, entrou em
casa, acendeu a luz, conferiu se os pais estavam dormindo e deu carta branca ao
“namorado”, Daniel Cravinhos, de 21 anos, e o irmão dele, Christian, de 26.
Os irmãos
Cravinhos mataram Marísia e Albert Von Richthofen (país de Suzane) com pancadas
de barras de ferro na cabeça, enquanto o casal dormia. Simularam um latrocínio,
espalharam objetos e papéis pela casa e levaram todo o dinheiro e jóias que
conseguiram encontrar. Após a barbárie, o casal de namorados partiu para a
melhor suíte de um motel da zona Sul de São Paulo.
Motivo do
crime (se é que existe algum)? Os pais não concordavam com o namoro. Bom, agora
se sabe do por que. Será que eles intuíram? Nunca saberemos. O incrível é que a
mãe era psiquiatra o pai engenheiro e ainda tinha seu irmão como pode ninguém
ter notado ou seria a capacidade de manipulação de Suzane? Pois não podemos
esquecer que ela escolheu mais dois para o crime e eles sendo irmãos.
Segundo a
polícia, o crime foi planejado durante dois meses e a frieza dos três,
principalmente a de Suzane, chegou a impressionar os investigadores. Logo após
o enterro dos pais, a polícia foi até a casa de Suzane para uma vistoria e
deparou com a jovem, o namorado e amigos ouvindo músicas e cantando alegremente
junto à piscina. No dia seguinte, Suzane e o namorado Daniel foram ao sítio da
família comemorar seu aniversário de 19 anos. “Não a vi derramar uma lágrima
desde o primeiro dia”, disse Daniel Cohen, primeiro delegado a ir ao local do
crime. Na delegacia a jovem estava mais preocupada com a herança e com a venda
da casa do que com a morte de seus pais.
Dentre
outras evidências, esses últimos acontecimentos corroboraram para que as
suspeitas recaíssem sobre Suzane e os irmãos Cravinhos. Uma semana depois do assassinato
eles confessaram o crime.
Enquanto
aguardava o julgamento em liberdade, Suzane concedeu uma entrevista ao programa
Fantástico (Rede Globo), exibido no
dia 09 de abril de 2006. Na ocasião, de cabelos curtos, trajava uma camiseta
com a estampa da Minnie e pantufas decoradas com coelhinhos. Na primeira parte
da entrevista, ela brincou com periquitos, ensaiou choros teatrais por 11
vezes, segurou nas mãos de seu tutor (Denival Barni) e discursou como uma
menina inocente e “quase débil”. Cenário perfeito para suavizar a imagem de
mentora de um crime cruel.
A farsa foi
descoberta na segunda sessão, em Itirapina, a 200 quilômetros de São Paulo. Com
o microfone aberto, foi possível ouvir os advogados Mario Sérgio de Oliveira e
Denival Barni a orientarem a fingir que chorava. “Chora”, pede Barni à Suzane.
“ Começa a chorar e fala: ‘ não vou conseguir.” Suzane foi desmascarada e sua
prisão foi decretada no dia seguinte.
O psiquiatra
forense Antônio José Eça, professor de medicina legal e psicopatologia forense
das faculdades metropolitanas Unidas (FMU), declarou à revista IstoÉ Gente que Suzane matou os pais
porque “é de má índole”. “Ela tem alguma coisa de ruim dentro dela, uma
perversidade, uma anormalidade de personalidade. A maldade está arraigada na alma
dela.”
Virgilio do
Amaral, promotor de justiça que acompanhou os depoimentos de Suzane, também
declarou à mesma revista que “ uma pessoa que escolhe a suíte presidencial do
motel depois de matar não tem sentimentos”.
Decorridos
quatro anos do assassinato, em 22 de julho de 2006 Suzane e o namorado Daniel
foram condenados pelo júri popular a 39 anos de reclusão e seis meses de
detenção. Christian pegou 38 anos de reclusão e seis meses de detenção pelo
crime.
Fontes: Revista Época, Ed. 234, Ed. Globo, 11/11/2002; Revista Isto É Gente, Ed. 172,
Ed. Três, 18/11/2002; Revista Fantástico, Nº 01, Ed. Globo, dezembro de 2006; Programa Fantástico, Rede Globo, exibido em 09/04/2006.
Jóia
– “O Vovó Ideal De Qualquer Pessoa.”
Araras, 16
de fevereiro de 2007.
Lijoel Bento
Barbosa, apontado como um dos criminosos mais procurados do estado de São Paulo
foi preso pela Polícia Militar de Araras. Lijoel, mais conhecido como Jóia
tinha mais de quarenta anos no crime e 59 de idade. Parecia um senhor pacato
“boa praça”, que costumava usar um chapéu para cumprimentar suas vítimas e
assim ganhar a confiança das mesmas.
Por trás de
uma aparência inofensiva, Jóia escondia uma ficha de mais de 14 metros de
comprimento, da qual constavam diversos tipos de crimes: Furtos, roubos de
residências, roubos de cargas de computadores, além de tentativa de homicídio,
tráfico de entorpecente e dois estupros.
Segundo
Érico Hammerschmidt Júnior, o capitão da polícia Militar de Araras, ele começou
no mundo do crime aos 17 anos e nunca mais parou. Sua especialidade era
arrombar e furtar casas com muita rapidez, “de dois a cinco minutos”, disse o
delegado Tabajara Zuliani dos santos. “É lobo em pele de cordeiro, ninguém
imagina que um senhor deste, que seria o vovô ideal de qualquer pessoa, seja um
ladrão contumaz como ele é”, afirmou o delegado.
Jóia
esperava os donos saírem e arrombava a fechadura de suas casas. Caso fosse
surpreendido, contava uma história mentirosa qualquer:
“Ele estava
praticando furto numa casa quando chegaram policiais militares e o
surpreenderam naquela ação. Ele falou: ‘Os vizinhos chamaram vocês de novo? O
que vocês estão fazendo? É a casa do meu irmão. Estou recolhendo objetos para
levar para eles. Vocês querem entrar, tomar um café, uma água?’ Fiquem à
vontade.”, disse Sydney Urbach, delegado de Araras.
Certa vez,
quando estava roubando uma das casas, uma vizinha desconfiou. Sem o menor
constrangimento, Jóia simplesmente pegou uma vassoura e começou a varrer. Saio
da casa e disse a mulher: “Calor hein?” Depois disso pegou o carro e foi
embora, contou Marco Antonio Marcos, comandante da Guarda Metropolitana de
Jaguariúna.
Com essa
técnica, Lijoel invadiu e roubou várias casas em 43 cidades do Estado de São
Paulo e ‘limpou’ especialmente os eletros-domésticos, os aparelhos eletrônicos
e as jóias (origem do apelido).
Sydney
Urbach também contou que durante uma blitz jóia foi reconhecido por um
policial. Mas, ao tentar tirar a chave da ignição do veículo de Jóia. O dedo do
policial acabou se enroscando no chaveiro. Lijoel não teve piedade: “Arrancou
com o carro, arrastando o policial e seccionando o dedo dele.”
Foragido
desde 1999, Jóia foi encontrado em uma chácara de alto padrão, que pertencia a
um amigo. Numa última tentativa de não ser preso, ele apresentou uma identidade
falsa com o nome de Antonio Barbosa. “Meu nome é Antonio e não Lijoel”, afirmou
no momento em que estava sendo algemado. Ele já esteve preso por duas outras
vezes, mas conseguiu fugir. Da última vez deixou um irônico recado na parede de
sua cela: “Cadeia é para bijuteria, não é para Jóia.”
Fontes: Programa Fantástico,
exibido em 24/02/2007 e G1 – Portal
de Notícia da Globo, WWW.g1.com.br,
postado em 25/o2/2007.
Divina
De Fátima Pereira – “Inimiga Íntima.”
Goiânia, 30
de novembro de 2007.
Divina de
Fátima pereira, mais conhecida como “Nega”, foi presa em São Paulo (SP) acusada
de matar a irmã Rosa Maria Pereira, 24 anos, grávida de nove meses.
O crime
ocorreu no dia 27 de fevereiro de 1994 na cidade de Goiânia (GO), porque Rosa
descobriu que a irmã teria roubado deus documentos para dar golpes nos
comerciantes da região.
Divina, que
costumava praticar pequenos golpes e furtos desde criança, aproveitou a visita
da irmã em sua casa e roubou a carteira de identidade e o talão de cheques.
Quando as cobranças começaram a chegar, Rosa descobriu que fora vítima de um
golpe.
Rosa Maria
ameaçou denunciar a irmã á polícia caso ela não quitasse as dividas. Diante
disso, Divina a estrangulou com um sutiã e falou aos vizinhos que havia dado um
chá para ela dormir. Depois de algumas horas, Divina voltou à casa de Rosa ao
lado da mãe e de um amigo e fingiu demonstrar surpresa ao encontrar o corpo.
Os parentes
desconfiavam que Divina fosse autora do crime, mas, para preservar a matriarca
da família, ela não foi acusada. Divina continuou aplicando golpes com os
documentos da irmã falecida e convenceu sua mãe a assinar uma procuração para
receber uma pensão pela morte de rosa Maria.
Em 2001,
depois do falecimento de sua mãe, os familiares decidiram denunciá-la pela
morte de rosa Maria. Ela confessou o crime, mas conseguiu fugir enquanto
aguardava o processo em liberdade. Nessa época ela já tinha duas condenações
por furto.
Alvino dos
Santos, noivo de Rosa, inconformado com o ocorrido, disse que nem um monstro
mataria uma irmã e o sobrinho. “Tenho uma cicatriz que vou levar para o resto
da vida”, concluiu.
Gildelene
Vieira Leite, cunhada da vítima, contou que certa vez Divina virou-se para o
cobrador e disse o seguinte: “A Rosa morreu, defunta não paga conta. “Gildelene
ainda falou em tom de indignação: “Como que uma pessoa criminosa, uma pessoa
perigosa dessas fica solta? Se matou a irmã grávida, vai ter sentimentos com
uma pessoa de fora?”
Sebastiana
Gonçalves, tia de Rosa, foi além: “Divina é uma psicopata. Se você fizer sua assinatura,
ela faz igual, idêntica.”
Quando foi localizada
em São Paulo, Divina ainda tentou escapar da policia apresentando uma
identidade falsa.
Fontes: Programa Linha
Direta, Rede Globo, “Inimiga Íntima”, exibido em 29/11/2007 e 06/12/2007; e
<http;//redeglobo.globo.com/linhadireta>, postado em 29/11/2007 e
em 06/12/2007.
Um
caso mais detalhado: O assassinato de Daniella Perez
Guilherme
de Pádua Thomaz – “Ambição,
egocentrismo,
megalomania, sede de poder e sucesso.”
O país
inteiro, chocado e revoltado, acompanhou passo a passo a tragédia do
assassinato de uma jovem e talentosa atriz, adorada por uma legião de fãs. Um
crime que teve repercussões mundiais e que dificilmente será apagado da memória
do público brasileiro.
Na noite
do dia 28 de dezembro de 1992, Daniella Perez, de 22 anos, foi brutalmente
assassinada a poucos quilômetros do estúdio Globo Tyccon, num matagal na Barra
da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo a perícia, ela foi morta com
16 golpes de um instrumento “pérfuro-cortante” (punhal), desferidos no pescoço
e no tórax, perfurando a traquéia, o pulmão e o coração.
O crime
ocorreu pouco depois da gravação da novela De Corpo e Alma, de autoria de
Gloria Perez (mãe de Daniella), exibida pela Rede Globo. Na trama, Daniella interpreta
a doce e romântica bailarina Yasmin, namorada do motorista ciumento e machão
Bira, interpretado por Guilherme de Pádua Thomaz, de 23 anos.
Algumas
horas após gravar sua última cena, o corpo da atriz foi encontrado, depois que
os moradores de um condomínio próximo, ao avistarem dois carros parados em
local tão suspeito, acionaram a polícia.
Um dos
moradores teve o cuidado de anotar as placas dos carros, o que levou a polícia,
na manhã do dia seguinte, a bater na porta do principal suspeito. Tratava-se do
próprio Guilherme de Pádua, um assassino frio e calculista, capaz de ir
“prestar solidariedade” na delegacia à Gloria Perez (mãe) e ao ator Raul
Gazolla, marido de Daniella, antes de ser descoberto.
O
delegado que conduziu as investigações, Cidade de Oliveira, disse que Guilherme
ao dar seu depoimento negou a autoria do crime, mas devido às provas
evidenciais acabou confessando que matou Daniella. O delegado também afirmou
que durante o interrogatório Guilherme estava calmo, tranqüilo e relatou o
assassinato sem esboçar reação alguma. A confissão foi registrada na presença
de alguns advogados e logo depois, ainda na delegacia, Guilherme insinuou que
sua esposa Paula de Almeida Thomaz, de 19 anos, era cúmplice do crime. Ambos
foram presos e aguardaram o julgamento.
De acordo
com os policiais, Paula reconheceu que participou da barbárie apenas informalmente:
Seus advogados não permitiram que ela assinasse a confissão. Depois disso,
Paula jamais admitiu ter matado Daniella, nem sequer ter estado no local do
crime. Contou simplesmente uma história improvável: Naquele dia teria ficado
por mais de sete horas passeando pelos corredores de um Shopping Center na Barra
da Tijuca. No entanto, durante essas longas horas, Paula não comprou nada e
também não foi vista por ninguém.
Durante o
processo, circularam várias versões que tentavam explicar o motivo da morte de
Daniella. Muitas delas fantasiosas e totalmente absurdas, que além de denegrirem
a imagem da atriz acabaram por confundir o grande público e suscitar a
imaginação de muitos. Isso ocorreu principalmente porque depois da sua
confissão, Guilherme conseguiu na justiça o direito de só voltar a ser interrogado
em juízo. Assim, durante cinco anos, ele disse o que quis e da forma que lhe
foi mais conveniente, com o claro intuito de desviar o foco das verdadeiras
motivações do crime.
As
versões sem cabimento de Guilherme
Na
confissão, Guilherme conta que matou Daniella porque ela o assediava de todas
as formas possíveis e, estava ameaçando destruí-lo profissionalmente. Usando de
artifícios, ela o teria levado para um sinistro matagal, onde tentou beijá-lo à
força. Diante da recusa, bateu nele de modo tão violento que, assustado, ele se
defendeu usando a tesoura que casualmente encontrou no carro.
Num
momento posterior, deu outra explicação para os golpes que vitimaram a atriz: Depois
de se defender do ataque de Daniella, aplicando-lhe uma “gravata”, vendo-a
desfalecida e acreditando que poderia morrer, ele teria tentado salvá-la
fazendo uma traqueostomia com tesoura.
Na sua última
versão, Paula aparece como única responsável pelo crime: Para provar a ela que
não tinha nenhum envolvimento com Daniella, Guilherme articulou o encontro,
permitindo que Paula ficasse escondida no banco de trás do seu automóvel para
ouvir a conversa dos dois, sem que Daniella tivesse conhecimento disso. Durante
a conversa, Paula, enfurecida de ciúmes, saiu do carro e atacou Danielle,
tentando atingi-la primeiro com uma chave de fenda e, não conseguindo
perfurá-la com esse instrumento, teria voltado ao carro e apanhado uma tesoura.
De acordo com seu depoimento, na tentativa de apartar a briga das duas,
Guilherme colocou o braço ao redor do pescoço de Daniella, aplicando-lhe
acidentalmente a “gravata” que a fez desfalecer. Julgando-a morta, Paula
aplicou os golpes de tesoura, para que o crime pudesse ser atribuído a fãs
enlouquecidos.
Crime
passional ou premeditado?
Precisamos
ter em mente que, em todas as versões e suas variantes, Guilherme teve como
propósito convencer a todos que o crime ocorreu “sob violenta emoção”,
configurando-se num crime passional. Para a defesa, essa estratégia baseada em
história inverossímil faria com que a pena fosse atenuada e, logo depois do
julgamento, Guilherme estaria em liberdade.
A
pretensão, porém, não resistiu à comprovação dos fatos. Ficou provado que o
crime foi premeditado, ou seja, Paula
e Guilherme saíram de casa com o firme propósito de matar a jovem atriz. Ao
contracenar com Daniella naquela noite, Guilherme já sabia que iria matá-la,
quando, onde e como iria fazê-lo.
É
importante esclarecer que Daniella nunca
assediou Guilherme de Pádua. Pelo contrário, atores e funcionários do Globo
disseram que era Guilherme quem assediava Daniella. Ele a procurava
constantemente e insistentemente para se queixar dos seus problemas, fazendo-se
de vítima, a ponto de se tornar uma pessoa totalmente inconveniente. Na noite
do crime, Guilherme também foi visto por várias vezes “cercando” a atriz,
batendo na porta do camarim feminino, entregando-lhe bilhetes.
Para
entender isso, é preciso expor ao leitor a verdade dos fatos, relatados aqui de
forma breve, todos comprovados em juízos: Daniella foi vítima de uma emboscada,
conduzida à força, depois de espancada e desacordada, ao matagal ermo e escuro
onde encontraram seu corpo.
No dia do
assassinato, Guilherme usou o carro de seu sogro (um Santana) e adulterou com
perfeição a placa do veículo: Transformou a letra “L” em “O”. Ele saiu dos
estúdios de gravação da Globo dirigindo o Santana e com Paula escondida sob um
lençol no banco traseiro. Guilherme parou logo em seguida no acostamento do
posto de gasolina Alvorada, que ficava cerca de 300 metros dali. Ele esperou o
momento certo de agir.
Pouco
depois, entre 21h e 21h30, Daniella, que também havia deixado os estúdios da
Globo, entrou no mesmo posto para abastecer seu carro (um Escort), sem ter a
mínima noção de que seus assassinos estavam tão próximo. Na saída do posto,
Daniella recebeu uma “fechada” de Guilherme e os dois saíram de seus carros.
Guilherme, então, desferiu um soco violento no rosto da atriz, aplicou-lhe uma “gravata”
e a jogou para dentro do Santana. Neste momento, Paula saiu de trás do Santana
e assumiu a direção do carro. Guilherme, dirigindo o Escort, seguiu Paula até o
local onde Daniella foi assassinada da forma mais cruel possível.
Segundo a
perícia, das 16 perfurações encontradas no corpo de Daniella, quatro foram na
região da garganta e 12 no tórax; oito delas estavam concentradas na área do
coração:
“Havia uma intenção visível de se atingir um órgão
nobre. Não há nem como argüir de que seria uma coisa impensada: Foi
intencional. E também ninguém adultera uma placa de um automóvel num crime
passional. A placa de um automóvel só é adulterada para uma prática ilícita,
seja ela qual for (...) é um crime indubitavelmente premeditado, praticado de
uma forma brutal.”
Talvane de Moraes, médico legista, diretor da polícia
técnica do Rio de Janeiro. Programa sem Censura, TVE Brasil, em 04/01/1993.
O casal
ainda passou num posto para lavar as manchas de sangue que ficaram no interior
do Santana e depois foi para casa dormir. Tudo foi programado, planejado e
arquitetado, nos mínimos detalhes mais sórdidos.
Por
que Daniella foi morta? Qual a verdadeira
motivação do crime?
Os
motivos alegados por Guilherme, de que matou Daniella porque ela o assediava,
além de serem totalmente inverídicos, podem causar revolta. No entanto, a
verdadeira motivação do crime está clara ao analisarmos a personalidade e o
comportamento do assassino.
Uma
pessoa arrogante, descontrolada, agressiva, de convívio difícil, ambiciosa,
vaidosa, exibicionista, que não se conformava em fazer papéis secundários.
Assim foi definido Guilherme de Pádua, por seus próprios colegas de profissão.
Ele, que até então não passava de um ator medíocre, e que mal saía do anonimato
ao atuar numa novela de grande audiência, já se sentia um “ser superior”.
Estava, ali, a grande chance de saltar para o universo da fama, do sucesso e do
poder, tão almejado. Antes, porém, seu personagem Bira dependia de um roteiro
que não estava previsto: Passar de simples coadjuvante a protagonista.
O
ambicioso projeto de ascensão profissional de Guilherme, ser o astro principal
da novela das oito da Rede Globo, fracassou. Ele mesmo chegou a declarar à
imprensa e em depoimento à justiça que, na semana do crime, pela primeira vez,
desde o início da novela De Corpo e Alma,
ao receber o bloco de cenas, verificou que seu personagem estaria ausente
em dois capítulos.
Isso lhe provocou muita tensão, e de forma insistente e
assediadora, procurou Danielle para saber por que seu papel estava se
esvaziando. Afinal, como ele mesmo declarou em juízo e à repórter Luciléia
Cordovil, numa demonstração explicita de manipulação, havia procurado se tornar
amigo de Daniella por interesse: “Até porque ela era filha da autora da novela,
até no enredo ela ajudava.”
No decorrer
da novela, Guilherme usou de todos os recursos manipulatórios possíveis para
persuadir Daniella a influenciar Gloria Perez a reescrever o seu enredo. Não
conseguiu e, numa reação de ira frente à frustração, premeditou, planejou e
executou de forma maquiavélica o assassinato da atriz.
Na
realidade, a tendência natural de todos é sempre buscar explicações lógicas que
justifiquem um ato tão cruel. No entanto, para pessoas com mentes perversas,
qualquer motivo é um grande motivo.
“Essa pessoa (Guilherme) não tem a consciência que nós
temos, que é necessária para que a gente viva em sociedade: A consciência do
direito básico a existir. Uma pessoa com esse tipo de mente, com esse tipo de
formação mental é um “monstro”, não é um ser humano normal e tem que estar
isolado da sociedade mesmo! É um “monstro” moral (...) não funciona como as
outras pessoas funcionam. Parece que é gente, mas não é gente. A mente funciona
de uma maneira completamente torta. As razões, os porquês (do assassinato),
esse tipo de porquê é completamente aleatório (...) Não é um tipo de crime que
tenha uma explicação dentro da lógica natural do ser humano.”
Luiz Alberto Py, psicanalista, programa Sem Censura,
TVE Brasil, em 4/1/1993.
Talvane
de Morais, psiquiatra e diretor da Polícia Técnica, esclareceu no mesmo
programa que, pelos anos de experiência, não teve dúvidas de que o assassino
sabia exatamente o que estava fazendo. Portanto, não haveria nenhuma
possibilidade de Guilherme ser um doente mental. Além disso, o fato de Guilherme
de Pádua não ser uma pessoa desconhecida, mas sim um companheiro de trabalho,
implica que ele estava se utilizando da confiança da vítima, o que agrava a
característica monstruosa de personalidade de Guilherme.
Guilherme
no tribunal
Ao longo
do julgamento no 1º Tribunal do Júri, Guilherme foi irônico, cínico e chegou a interromper,
corrigir e até chamar a atenção do juiz José Geraldo Antônio.
Familiares
e amigos da atriz se chocaram com a postura do réu durante seu depoimento.
Utilizando-se de “representações” teatrais, Guilherme chegou a
mudar o tom de voz para “interpretar” as vozes de Daniella e Paula. Todos os
presentes ficaram em silêncio, estarrecidos quando ele “imitou” como Daniella
teria caído ao ser vitimada.
“Ele
foi frio, não demonstrou arrependimento algum. Foi absolutamente debochado e
petulante com o juiz. Fiquei chocada. Como ator, no entanto, ele foi excelente.”
Vera Lúcia Alves, presidente do Movimento pela Vida.
Como um
traço marcante de personalidade de Guilherme, destaco a declaração explicita de
indiferença, frieza e cinismo:
“O seio
esquerdo de Daniella ficou desnudo. Aquilo me chocou. Cobri o seio, ajeitei os
braços que estavam para cima, para que não ficasse tão feia. Eu sabia que ela seria
fotografada depois.”
Guilherme de Pádua
Fontes: Jornal O Globo, 23/01/1997; jornal O Dia,
24/01/1997.
A
sentença de Guilherme de Pádua
Dia 27 de
janeiro de 1997, Guilherme foi julgado e condenado pelo júri a 19 anos de
prisão por homicídio duplamente qualificado: Inciso 1. Motivo torpe, e Inciso
IV, sem chances de defesa da vítima. Ao ler a sentença, o juiz José Geraldo
Antonio afirmou que:
“A conduta do
réu exteriorizou uma personalidade violente, perversa e covarde quando destruiu
a vida de uma pessoa indefesa, sem nenhuma chance de escapar ao ataque de seu
algoz, pois além de desvantagem na força física o fato se desenrolou em local onde
jamais se ouviria o grito desesperador e agonizante da vitima. Demonstrou o réu
ser uma pessoa inadaptada ao convívio social por não vicejarem no seu espírito
os sentimentos de amizade, generosidade e solidariedade, colocando acima de
qualquer outro valor a sua ambição pessoal.”
O juiz
observou ainda que Guilherme só não foi condenado a mais tempo porque
tratava-se de um réu primário. O veredicto, acompanhado por centenas de
pessoas, foi aplaudido de pé.
Quatro
meses depois, Paula foi condenada a 18 anos e seis meses.
Por nenhum momento, Guilherme demonstrou qualquer sentimento de
arrependimento, de culpa ou de consideração para com a vítima ou por alguém de
sua família. Ao contrário, ele aproveitou de todos os espaços obtidos na
imprensa para se enaltecer, num gesto explícito de exibicionismo e vaidade.
Depois da
morte de sua filha, a escritora gloria Perez iniciou um movimento para mudar o
Código Penal Brasileiro. Ela colheu mais de um milhão de assinaturas que fez
incluir o homicídio qualificado na lista dos crimes hediondos, eles receberam
tratamento legal um pouco mais severo e impossibilitam o pagamento de fiança e
o cumprimento da pena em regime aberto ou semi-aberto. Como o assassinato de
Daniella foi anterior à instauração da nova lei, Paula e Guilherme foram
beneficiados e cumpriram menos de 1/3 da pena em regime fechado.
Em 1999,
sete anos depois do crime, Guilherme e Paula foram soltos e atualmente já são
considerados réus primários. Sem comentários.
“Dói demais a
sapatilha quieta, presa na parede. O lugar na mesa que sempre esta vazio. Os
silêncios, onde antes eram música e risos de alegria.”
Gloria Perez
(Carta lida na missa de 15 anos da morte de Daniella
Perez, em 28/12/2007)
Fontes: revista
Veja, Ed. Abril, 28/8/1996; Jornal Nacional, Rede Globo, exibido em
29/12/1992, vídeo capturado do YouTube,
www.youtube.com.br/ricardozanon,
postado em 3/11/2007; programa Fantástico,
Rede Globo, exibido em 25/08/1996, vídeo
capturado do YouTube, postado em
15/11/2007; programa Fantástico, Rede Globo, exibido em 30/12/2007; vídeo capturado
do YouTube, www.youtube.com.br/madlovisc, postado em
30/12/2007; vídeos capturados do YouTube
e postados por Gloria Perez <www.yuotube.com.br/gfperez., entre 12/1/2007 e
12/4/2008; autos do processo; entrevista de Guilherme de Pádua à repórter Luciléia
Cordovil, no presídio de Água Santa; entrevista de Guilherme de Pádua à Jorge
Tavares: jornal O Dia, 7/1/19993 e
jornal O Globo, 8/1/1993.
- PSICOPATAS PERIGOSOS DEMAIS
“Existe
uma fração minoritária de psicopatas que mostra uma insensibilidade tamanha que
suas condutas criminosas podem atingir perversidades inimagináveis.”
Como já vimos,
os psicopatas não são necessariamente assassinos. Eles geralmente estão
envolvidos em transgressões sociais como trafico de drogas, corrupção, roubos,
assaltos à mão armada, estelionatos, fraudes no sistema financeiro, agressões
físicas, violência no trânsito etc... Porém, na maioria das vezes não são
descobertos e nem penalizados pelos seus comportamentos ilícitos.
Um exemplo
típico desses últimos é o abuso físico e psicológico de mulheres e de crianças,
que infelizmente se constitui numa transgressão de difícil controle social. Se
existe uma “personalidade criminosa”, esta se realiza por completo no
psicopata. Ninguém está tão habilitado a desobedecer às leis, enganar ou ser
violento como ele.
É importante ter em mente que todos os psicopatas são
perigosos, uma vez que eles apresentam graus diversos de insensibilidade e
desprezo pela vida humana. Parem, existe uma fração minoritária de psicopatas
que mostra uma insensibilidade tamanha que suas condutas criminosas podem
atingir perversidades inimagináveis. Por esse motivo eu costumo denominá-los de
psicopatas severos ou perigosos demais. Eles são os criminosos que mais
desafiam a nossa capacidade de entendimento, aceitação e adoção de ações
preventivas contra as suas transgressões. Seus crimes não apresentam motivações
aparentes e nem guardam relação direta com situações pessoais ou sociais
adversas.
O
psiquiatra canadense Robert Hare dedicou anos de sua vida profissional reunindo
características comuns de pessoas com esse tipo de perfil, até conseguir montar
um sofisticado questionário denominado psychopathy checklist, ou PCL. Essa
escala se constitui no método mais fidedigno na identificação de psicopatas em
populações prisionais e hoje é amplamente utilizada em diversos países no
contesto forense.
Segundo
Hare, a prevalência desses indivíduos na população carcerária gira em torno de
20%. No entanto, essa minoria é responsável por mais de 50% dos crimes graves
cometidos quando comparados aos outros presidiários. Além disso, tudo indica
que esses números também são válidos para os psicopatas que se encontram fora
do sistema penitenciário.
É
impressionante, apesar de não ser surpreendente, a reação apresentada pelo
psicopata severo frente a situações que envolvem violência física, intimidação
ou provocações. Eles
sempre demonstram um misto de satisfação, prazer, sensação de poder e
indiferença. No entanto, são incapazes de sentir qualquer tipo de
arrependimento perante o mal que causaram às suas vítimas.
No caso
específico da violência sexual praticada por psicopatas, a situação chega a ser
assustadora. Tudo indica que os estupradores em série, em grande maioria, são
psicopatas severos. Seus atos são o resultado de uma combinação muito perigosa:
A expressão totalmente desinibida de seus desejos e fantasias sexuais mórbidos,
seus anseios por controle e poder e, a percepção de que suas vitimas são meros
objetos (pacotes) destinados a lhe proporcionar prazer e satisfação imediata.
Puro exercício de luxúria grotesca!
Em 1997 e
1998 o motoboy Francisco de Assis pereira, também conhecido como o “maníaco do
parque”, estuprou, torturou e matou pelo menos 11 mulheres no parque do estado,
situado na região sul da cidade de São Paulo.
Após ser
capturado pela policia, o que mais impressionou as autoridades foi como um homem
feio, pobre, de pouca instrução e que não portava armas conseguiu convencer
várias mulheres – algumas instruídas e ricas – a subir na garupa de uma moto
simples e ir para o meio do mato com um sujeito que elas tinham acabado de “conhecer.”
No
interrogatório, com a fala mansa e pausada, Francisco relatou que era muito
simples: Bastava falar aquilo que elas queriam ouvir. Ele as cobria de elogios,
identificava-se como um fotógrafo de moda, oferecia um bom cachê e convidava as
moças para uma sessão se fotos em um ambiente ecológico. Dizia que era uma
oportunidade única, algo predestinado, que não poderia ser desperdiçado.
Com igual
tranqüilidade, o réu confesso também narrou como matou suas vítimas: Com o
cadarço dos sapatos ou com uma cordinha que às vezes levava na pochete. “Eu
dava meu jeito”, complementou. Nos vários depoimentos, frases do tipo “Matei.
Fui eu”, “Sou ruim, gente. Ordinário” ou “Não venha comigo...Não aceite meu
convite... Se você vier vai se dar mal” fizeram com que o país mergulhasse na mente
de um assassino brutal.
Em 2002,
o serial killer foi condenado a mais
de 260 anos de reclusão, no entanto, como reza a lei, ele cumprirá no máximo
trinta anos. Atualmente Francisco está no presídio de segurança máxima de Itaí,
na região de Avaré, interior de São Paulo.
Francisco,
que foi professor de patinação, tinha tudo para passar despercebido: Era afável
e simpático, adorado pelas crianças e fazia o estilo “boa praça” ou “gente
fina”. Disfarce puro! Ali se escondia um matador cruel e irrefreável.
Fontes: revista Veja, Ed. 1.5559, Ed. Abril, 12/8/1998; Veja
em Dia, disponível em www.vejaonline.abril.com.br, capturado em 24/6/2008.
Em
relação à violência doméstica, os estudos realizados por Robert Hare com homens
que agrediram suas esposas revelaram que 25% deles eram psicopatas. Podemos
observar que esses índices são bastante semelhantes ao número de psicopatas
presentes no sistema carcerário. Isso demonstra mais um vez que, dentro ou fora
da prisão, a agressividade e a violência são marcas registradas desses
indivíduos.
Como
exemplo de violência doméstica é importante deixar registrado o caso de Maria
da Penha Maia, que deu origem à lei da Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher – também conhecida como Lei Maria da Penha - , sancionada em agosto de
2006.
Em 1983 a
farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes sofreu duas tentativas de homicídio
por parte de seu marido, o professor universitário Marco Antônio Viveiros. Na
primeira tentativa, Maria da Penha foi atingida por um tiro nas costa, que a
deixou paraplégica. Como se não bastasse, duas semanas depois, Marco Antônio
tentou eletrocutá-la durante o banho.
Na
ocasião ela tinha 38 anos e três filhas pequenas. A investigação do crime
começou em julho de 1983, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério
Público Estadual em setembro de 1984. Somente em outubro de 2002, quase vinte
anos depois, Viveiro foi parar atrás das grades.
Ao longo
desses anos todos Maria da Penha travou uma luta incessante para punir seu
agressor, recorrendo inclusive à Justiça internacional – Comissão
Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) da organização dos Estados
Americanos (OEA) – que acatou, pela primeira vez, um crime de violência
doméstica.
Em razão
da demora no processo contra Marco Antônio, o Estado brasileiro foi obrigado
pela OEA a tomar medidas efetivas para que se fizesse justiça, além de pagar
uma indenização à vitima. Viveiro passou apenas dois anos na prisão e
atualmente cumpre o restante da pena em liberdade.
Após as
tentativas de homicídio, Maria da Penha começou a atuar em movimentos sociais
contra a violência e a impunidade, e hoje é coordenadora de estudos, pesquisas
e publicações da associação de parentes e Amigos se Vítimas de Violência
(APAVV), do Ceará.
É
importante assinalar que não estou afirmando que Marco Antônio Viveiro seja um
autêntico psicopata. Porém, o seu comportamento no caso relatado sugere que o
seu proceder guarda estreita semelhança com indivíduos portadores de psicopatia.
Fontes: G1 –
Portal de Notícias da globo www.g1.com.br,
postados entre 18/06/2006 e 13/3/2008; jornal nacional, rede globo, exibido em
7/7/2008.
Psicopatia
e reincidência criminal
Não é
preciso ser vidente nem paranormal para perceber que pessoas com históricos de
crimes violentos representam uma ameaça muito maior para a sociedade do que os
criminosos que não apresentam a violência como uma marca registrada em seus
crimes. Uma boa maneira de “prever” o que uma pessoa poderá fazer no futuro é
saber o que ela fez no passado. Apesar de parecer algo empírico demais, essa
informação pode ser tomada como base para que o sistema de Justiça Criminal
tome decisões pertinentes a penas e concessão de benefícios para criminosos.
Estudos
revelam que a taxa de reincidência criminal (capacidade de cometer novos
crimes) dos psicopatas é cerca de duas vezes maior que a dos demais criminosos.
E quando se trata de crimes associados à violência, a reincidência cresce para
três vezes mais.
Por tudo
o que foi visto neste capítulo, distinguir os criminosos mais violentos e
perigosos dos demais detentos pode trazer benefícios tanto para o sistema
penitenciário interno quanto para a sociedade como um todo. Não podemos
esquecer que os psicopatas são manipuladores inatos e que, em função disso,
costumam utilizar os outros presidiários para a obtenção de vantagens pessoais.
Muitas vezes, assistindo aos noticiários da TV, pude observar como as rebeliões
nos presídios têm a orquestração dos psicopatas. Eles fazem com que alguns
prisioneiros se tornem reféns indefesos no processo de negociação com as
autoridades.
No
sistema carcerário brasileiro não existe um procedimento de diagnóstico para a psicopatia
quando há solicitação de benefícios de penas ou para julgar se o preso está
apto a cumprir sua pena em um regime semi-aberto. Se tais procedimentos forem
utilizados dentro dos presídios brasileiros, certamente os psicopatas ficariam
presos por muito mais tempo e as taxas de reincidência de crimes violentos
diminuiriam significativamente.
Nos
países onde a escala Hare (PCL) foi aplicada com essa finalidade, constatou-se
uma redução de dois terços das taxas de reincidência nos crimes mais graves e
violentos. Atitudes como essas acabaram por reduzir a violência na sociedade
como um todo.
A
psiquiatra forense Hilda Morana, responsável pela tradução, adaptação e
validação do PCL para o Brasil, além de tentar aplicar o teste para a
identificação de psicopatas nos nossos presídios, lutou para convencer
deputados a criar prisões especiais para eles. A ideia virou um projeto de lei
que, lamentavelmente, não foi aprovado.
Um caso
que exemplifica a importância de medidas como as descritas acima é o de
Francisco Costa Rocha, mais conhecido como “Chico Picadinho”, autor de dois dos
crimes de maior repercussão da história policial brasileira. Em 1966,
Francisco, que até então parecia ser uma pessoa normal, matou e esquartejou a
bailarina Margareth Suida em seu apartamento no centro de São Paulo, Chico foi
condenado a 18 anos de reclusão por homicídio qualificado e mais dois anos e
seis meses de prisão por destruição de cadáver.
Em julho de 1974, oito anos
depois de ter cometido o primeiro crime, Francisco foi libertado por bom
comportamento. No parecer para concessão de liberdade condicional feito pelo
então Instituto de Biotipologia Criminal constava que Francisco tinha
“personalidade com distúrbio profundamente neurótico”, excluindo o diagnostico
de personalidade psicopática. No dia 15 de outubro de 1976, Francisco matou Ângela
de Souza da Silva com os mesmos requintes de crueldade e sadismo do seu crime
anterior. Chico foi condenado a trinta anos de reclusão e permanece preso até
hoje.
- MENORES PERIGOSOS DEMAIS
“É estarrecedor observar que crianças que deveriam estar
brincando ou folheando livros nas escolas trafiquem drogas, empunhem armas e
apertem gatilhos sem qualquer vestígio de piedade.”
Sempre
que nos deparamos com crimes bárbaros cometidos por crianças (ou em crianças)
somos tomados por um sentimento de grande perplexidade. Isso acontece porque,
como seres humanos, temos grande dificuldade em acreditar que existam crianças genuinamente
más. Crianças costumam ser associadas de forma universal à bondade, à pureza e
à ingenuidade. Reconhecer que a maldade existe de fato é uma realidade com a
qual não gostamos de lidar. Quando estamos diante de crianças, essa descrença
toma proporções muito maiores. Ficamos estarrecidos com aquilo que desafia a
racionalidade humana e foge à compreensão do que consideramos ser uma criança
ou uma pessoa normal.
Como exemplo e motivo de reflexão, podemos observar
alguns casos de um passado recente:
Em
fevereiro de 1993, os garotos Jon Venables e Robert Thompson, ambos com 10 anos
de idade, assassinaram brutalmente James Bulger (de apenas 2 anos), perto de
Liverpool, Inglaterra. Esse foi um dos crimes que mais chocou a Grã-Bretanha e
o mundo no século passado. James foi sequestrado, abusado, torturado e morto
com golpes de pedras e ferros na cabeça. Os assassinos tentaram esconder o
corpo no fundo de um poço, mas acabaram forjando um desastre de trem e largaram
o corpo sobre os trilhos da linha férrea, o bebê foi cortado ao meio. Jon e
Robert foram julgados como adultos e condenados à prisão por prazo
indeterminado, pela natureza bárbara do crime. Sob protestos e indignação
popular, em 2001, os assassinos foram soltos de forma sigilosa e com novas
identidades.
Se a
Inglaterra foi dura demais em condenar os dois assassinos com idades tão
precoces ou se afrouxou excessivamente ao libertá-los (mesmo sob vigilância
policial), ainda é motivo de muitos debates e controvérsias. No entanto, em
nosso íntimo, não podemos deixar de fazer algumas indagações: Como dois
indivíduos de apenas 10 anos, deliberadamente, puderam planejar um crime com
tamanha crueldade?
É possível que eles não tivessem a menor ideia do que
estavam fazendo? Será que toda a trama sórdida, requintada e de frieza
“simplesmente” foi fruto de mentes imaturas e inconsequentes?
Ouso dizer que,
independente da idade dos assassinos, as respostas se resumem ao fato de serem
garotos perversos. Vem à tona novamente a velha historia do sapo e do
escorpião: É a natureza!
Nos
Estados Unidos volta e meia a população se defronta com casos que envolvem
crianças que matam de forma impiedosa.
Em 1998
um pesadelo se abateu sobe Jonesboro, uma pequena cidade no Arkansas. Mitchell
Johnson, de 13 anos, e Andrew Golden de apenas 11, foram responsáveis por um
tiroteio em sua escola que matou cinco e feriu gravemente 11 pessoas. Eles
chegaram camuflados, fortemente armados e fizeram soar o alarme de incêndio
para obrigar estudantes e professores a saírem do edifício.
Esconderam-se no
bosque em frente e dispararam indiscriminadamente 27 tiros com armas que tinham
roubado da casa do avô de Golden. Além da frieza explicita, Johnson e Golden
premeditaram o massacre.
O Brasil,
infelizmente, também faz parte desse cruel panorama. É estarrecedor observar
que crianças que deveriam estar brincando ou folheando livros nas escolas
trafiquem drogas, empunhem armas e apertem gatilhos sem qualquer vestígio de
piedade. Lógico que não podemos negar que muitas delas são influenciadas pelo
meio sociais ao redor, no entanto outras crianças possuem uma inclinação voraz
e inata ao crime. Assim como adultos psicopatas, crianças com essa natureza são
desprovidas de sentimento de culpa ou remorso, características inerentes às
pessoas “de bem”. São más em suas essências.
Idade penal e idade biológica
Em
fevereiro de 2007 um crime monstruoso chocou todo o país. O menino João Hélio
Fernandes, de apenas 6 anos, foi arrastado até a morte por mais de sete
quilômetros pelas ruas da Zana Norte do Rio de Janeiro. O crime ocorreu depois
que o carro em que João estava foi assaltado.
A mãe e a irmã mais velha de João
conseguiram escapar, mas o garoto ficou preso ao cinto de segurança, enquanto
os criminosos arrancavam com o carro em alta velocidade. Os bandidos ignoraram
todos os apelos feitos por pedestres e motoristas que berravam indicando que
havia uma criança presa do lado de fora do carro. Segundo uma testemunha, eles
andavam em ziguezague com o veiculo tentando se livrar do menino. Após a prisão
dos cinco envolvidos, constatou-se que um deles era menor (16 anos).
Esse
crime provocou consternação, revolta e mobilizou toda a sociedade pela sua
brutalidade. O Brasil enfurecido protestou contra a violência e o descaso das
autoridades. Em ocasiões como essas, o clamor social acaba demandando atitudes
por parte dos nossos legisladores, com o intuito claro de dar uma satisfação
imediata à sociedade. Não é de hoje que vários projetos são apresentados com o
objetivo de mudar as leis que cuidam de menores infratores, mas que ao final
caem no esquecimento. Em resposta a essa comoção, aquilo que estava guardado na
gaveta pulou para a ordem do dia.
Entre
essas medidas podemos destacar as seguintes:
1. Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 171/1993,de
autoria de Benedito Domingues, que visa a redução da maioridade penal de 18
para 16 anos. Essa proposta está pronta para pauta de votação.
2. Projeto de Lei nº 2847/00, do deputado Darcísio
Perondi (PMDB-RS), que altera o estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Seu
objetivo é aumentar o tempo máximo de internação de adolescentes que entram em
conflito com a lei penal. O prazo, que atualmente é de três anos, passaria para
oito anos quando se tratasse dos seguintes crimes: Tráfico de drogas e quando
houver “grave ameaça ou violência à pessoa” (homicídios e crimes hediondos como
seqüestro, latrocínio e estupro). O projeto, que já foi aprovado pela Comissão
de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, ainda está em tramitação e divide
opiniões. Seu relator foi o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
3. Projeto de Lei do Executivo que visa reformar a
aplicação de medidas socioeducativas. A principal mudança é a possibilidade de
ser estabelecer medidas legais específicas para cada menor.
Seja qual
for o ângulo que utilizamos para avaliar e discutir o estabelecimento da idade
penal em nossa sociedade, sempre nos deparamos com conflitos ideológicos,
legais ou mesmo científicos que, na maioria das vezes, emperram a tomada de
decisões que poderiam beneficiar toda a sociedade. De fato, o assunto é de
extrema complexidade e essas discussões vêm de muito tempo.
Apesar de
todo o desenvolvimento racional dos seres humanos, existe até hoje uma grande
dificuldade em se estabelecer o momento exato a partir do qual o indivíduo pode
ser considerado responsável por suas ações. E, a partir daí, ser legalmente
responsabilizado pelo que faz ou deixa de fazer. O desafio para se fixar uma
idade mínima para a imputação penal é tão complexa que em todos os países do
mundo é motivo de muita polêmica e acalorada discussões.
Para que
tenhamos uma ideia da dimensão do problema podemos observar as diversas idades mínimas
para responsabilidade criminal em diferentes países:
·
Inglaterra –
desde 1967 não tem idade mínima preestabelecida. Uma criança de 10 anos (ou
menos) pode ser julgada como adulto, dependendo da gravidade do crime e de
acordo com os costumes do próprio país;
·
EUA – em alguns
estados, a partir dos 6 anos de idade. Cabe ao juiz decidir se o jovem infrator
deverá ser julgado como adulto ou não;
·
Austrália e Suíça
– 7 anos;
·
Equador – 12 anos;
·
Dinamarca,
Finlândia e Noruega – 15 anos;
·
Argentina, Chile
e Cuba – 16 anos;
·
Polônia – 17
anos;
·
Colômbia,
Luxemburgo e Brasil – 18 anos.
A própria
ONU (Organização das Nações Unidas), através de seu órgão destinado à infância
e à adolescência (a UNICEF), recomenda em seu manual que a maioridade penal se
inicie entre 7 e 18 anos. Convenhamos que uma margem de 11 anos (entre a menor
e a maior idade penal) demonstra, de forma clara, toda a incerteza ao redor do
tema.
Não
podemos esquecer que a necessidade de adotarmos uma idade penal mínima tem como
base a ideia – universalmente aceita – de que as crianças não possuem
discernimento sobre o certo e o errado. Além do mais, elas ainda não
desenvolveram controle adequado sobre seus impulsos. Dessa forma, crianças não
podem ser culpabilizadas por suas atitudes ilícitas. Por outro lado, existe
também unanimidade em responsabilizar adultos sadios por seus crimes.
O dilema
surge exatamente “no meio do caminho”, entre a criança sem discernimento e o
adulto responsável: A adolescência.
O porque
da dificuldade em se estabelecer a tal idade penal mínima me parece clara: A
transição da criança inconsequente (sem discernimento) e o adulto responsável
(ciente de seus atos) é um processo contínuo, que faz parte do desenvolvimento
psíquico. Assim, é impossível se estabelecer uma idade padronizada para todos,
uma vez que as pessoas amadurecem e se desenvolvem de forma e em tempos
distintos.
O Brasil,
como outras inúmeras nações, adota os 18 anos como maioridade penal. Ou seja,
idade em que, diante da lei, um jovem passa a responder inteiramente por seus
atos, como um cidadão adulto. Entre 12 e 17 anos. O jovem infrator não poderá
ser encaminhado a um sistema penitenciário comum, mas sim deverá receber
tratamento diferenciado daquele do adulto. As penalidades a eles imputadas são
chamadas de medidas socioeducativas já as crianças (até 12 anos) são
inimputáveis, ou seja, não podem ser julgadas ou punidas pelo Estado.
A
maioridade penal hoje estabelecida se deve ao fato de que alguns pesquisadores
e muitos legistas abraçam a tese de que durante a adolescência o cérebro está
sujeito a intensas transformações biofísicas. Desta forma, os comportamentos
impulsivos, imediatistas e explosivos dos adolescentes são explicados, em
parte, pela imaturidade biológica de seus cérebros, o que impede que tenham um
comportamento plenamente adequado. Embasada nesse pressuposto, a própria
psiquiatria ainda hoje não pode firmar o diagnóstico de psicopatia antes dos 18
anos de idade.
Por outro
lado, pesquisadores que estudam especificamente personalidades infanto-juvenis
postulam que algumas pessoas demonstram de maneira indubitável possuírem uma
estrutura de personalidade problemática ainda precocemente. Hoje em dia um
jovem (criança ou adolescente) que apresenta características como insensibilidade,
mentiras recorrentes, transgressões às regras sociais, agressões, crueldade e
etc...
Recebe o diagnóstico de Transtorno da Conduta¹ (antes conhecido como Delinquência). Por ser um transtorno infinitamente mais grave do que meras rebeldias ou traquinagens juvenis e que, na sua forma mais severa, se assemelha em muito às características psicopáticas, vários estudiosos defendem a possibilidade de se estabelecer o diagnóstico de psicopatia antes dos 18 anos.
Recebe o diagnóstico de Transtorno da Conduta¹ (antes conhecido como Delinquência). Por ser um transtorno infinitamente mais grave do que meras rebeldias ou traquinagens juvenis e que, na sua forma mais severa, se assemelha em muito às características psicopáticas, vários estudiosos defendem a possibilidade de se estabelecer o diagnóstico de psicopatia antes dos 18 anos.
Corroborando
tal hipótese, cientistas de diversos países (EUA, Inglaterra, Canadá, Austrália
etc.) vêm testando uma versão adaptada do PCL-R (checklist de psicopatia) para jovens. A aplicação do checklist em
crianças e adolescentes com comportamentos frios e transgressores revelou que
eles apresentam critérios de psicopatia semelhantes aos dos adultos, inclusive
com os mesmos riscos elevados de reincidência criminal.
De acordo
com esse ponto de vista podemos afirmar que alguns indivíduos menores de 18
anos, independentemente da maturidade biológica de seus cérebros, já possuem
uma personalidade disfuncional. O
comportamento e o temperamento desses jovens funcionam como os de pessoas
plenamente desenvolvidas, que sabem perfeitamente distinguir o certo do errado
e que compreendem o caráter ilícito dos seus atos.
Dessa forma, já deveriam ser responsabilizados e penalizados pelos seus comportamentos transgressores com o mesmo rigor das leis aplicadas aos adultos. Sem incorrer em qualquer erro, podemos afirmar que esses jovens (crianças ou adolescentes) são os responsáveis por grande parte dos crimes brutais, que despertam nossos sentimentos de perplexidade e de repulsa frente às suas ações. No meu entender, o que importa destacar é que os jovens que cometem tais tipos de delitos o fazem em função de sua natureza fria e cruel.
Como se não bastasse, eles são favorecidos por uma legislação específica que atenua as suas punições, propiciando de forma “quase irresponsável” a liberdade precoce e a reincidência criminal. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o tempo máximo permitido em internações na Fundação Casa (ex-FEBEM) é de três anos, mesmo que o crime cometido tenha sido de natureza cruel. Acrescenta-se a isso o fato de que, após ter cumprido as medidas socioeducativas, seus antecedentes criminais não ficam registrados. Se eles reincidirem após os 18 anos, são considerados réus primários. Isso implica dizer que suas fichas criminais voltam a ficar limpas, como se nunca tivessem cometido nenhum delito, não é incrível? E se forem fichados “novamente” após os 18 podem, nas suas vidas, até vir a ser um candidato político e ainda ganhar e o mais incrível de tudo ser o Presidente da Comissão de Ética do Senado ou presidente do País. Nós merecemos...
Dessa forma, já deveriam ser responsabilizados e penalizados pelos seus comportamentos transgressores com o mesmo rigor das leis aplicadas aos adultos. Sem incorrer em qualquer erro, podemos afirmar que esses jovens (crianças ou adolescentes) são os responsáveis por grande parte dos crimes brutais, que despertam nossos sentimentos de perplexidade e de repulsa frente às suas ações. No meu entender, o que importa destacar é que os jovens que cometem tais tipos de delitos o fazem em função de sua natureza fria e cruel.
Como se não bastasse, eles são favorecidos por uma legislação específica que atenua as suas punições, propiciando de forma “quase irresponsável” a liberdade precoce e a reincidência criminal. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o tempo máximo permitido em internações na Fundação Casa (ex-FEBEM) é de três anos, mesmo que o crime cometido tenha sido de natureza cruel. Acrescenta-se a isso o fato de que, após ter cumprido as medidas socioeducativas, seus antecedentes criminais não ficam registrados. Se eles reincidirem após os 18 anos, são considerados réus primários. Isso implica dizer que suas fichas criminais voltam a ficar limpas, como se nunca tivessem cometido nenhum delito, não é incrível? E se forem fichados “novamente” após os 18 podem, nas suas vidas, até vir a ser um candidato político e ainda ganhar e o mais incrível de tudo ser o Presidente da Comissão de Ética do Senado ou presidente do País. Nós merecemos...
Não se
pode contestar que o ECA trouxe avanços no combate à prostituição, ao trabalho
infantil e à violência contra crianças. Mas sua parte punitiva se mostra
excessivamente complacente com menores que cometem crimes graves. Geralmente
são jovens que apresentam um perfil francamente psicopático. A lei que se aplica aos jovens que podem e
devem ser recuperados é a mesma que beneficia aqueles que praticam delitos
graves.
Esse é o
nosso país do FOME ZERO e não da IGNORÂNCIA ZERO ou mesmo da IMPUNIDADE ZERO ou
da BOLSA ISSO ou VALE AQUILO e não do VALE CULTURA.
O caso
abaixo exemplifica de forma bem clara a deficiência dessas leis:
Em 1999 Rogério
da Silva Ribeiro matou o estudante de jornalismo Rodrigo Damus, de 20 anos,
três dias antes de completar 18 anos. Rogério planejou o assalto e o executou
com a cumplicidade de mais três indivíduos (todos maiores de idade). Motivo:
obter dinheiro para realizar sua festa de aniversário. Os três estão presos
após terem sido condenados a penas de 22 anos. Já Rogério, como ainda era menor
de idade no dia do crime, foi punido com medidas socioeducativas. Após um ano e
oito meses de internação na FEBEM (hoje fundação Casa). Rogério foi solto.
O
documentário Pro Dia Nascer Feliz, do
cineasta João Jardim, lançado em 2006, mostra claramente a frieza e o
sentimento de impunidade entre os jovens infratores no Brasil. Numa das cenas,
uma jovem de 16 anos conta que assassinou uma colega porque esta a expulsou de
uma festa.
A menor matou a vítima com uma facada no corredor da escola apenas por vingança, sem qualquer vestígio de medo e de arrependimento. Ela sabia, assim como a maioria dos infratores graves menores, que sua pena seria no máximo de três anos de internação. Quando questionada sobre seu ato, limitou-se a dizer: “Porque não dá nada sendo de menor. Três anos passam rápido!”
A menor matou a vítima com uma facada no corredor da escola apenas por vingança, sem qualquer vestígio de medo e de arrependimento. Ela sabia, assim como a maioria dos infratores graves menores, que sua pena seria no máximo de três anos de internação. Quando questionada sobre seu ato, limitou-se a dizer: “Porque não dá nada sendo de menor. Três anos passam rápido!”
Qual
a melhor solução!
Por tudo
que foi exposto, não há duvidas de que estamos diante de um grande dilema. O
que fazer quando criminosos perversos nesse país são menores de idade? Que
medidas podem ser tomadas para que a sociedade não fique à mercê de jovens de
natureza tão ruim? Reduzir a maioridade penal? Criar novas leis?
A
resposta a essas questões deve surgir de uma séria discussão que envolva não só
as ciências naturais e o direito, mas também as demais ciências humanas, a
sociedade civil como um todo e os verdadeiros representantes do Estado. Essa
união social pode levar muitos anos para gerar frutos no dia-a-dia de cada um
de nós e pode-se ainda chegar à conclusão de que não há possibilidade de se
criar um critério rígido e padronizado para se determinar a idade penal mínima.
Na
entanto, é fundamental destacar que a redução da maioridade penal pouco vem
contribuir para a diminuição da violência ocasionada por jovens perigosos, que
são maus na sua essência. A meu ver, devemos avaliar a personalidade do
infrator, a sua capacidade de entendimento dos seus atos, os seus sentimentos e
a gravidade do crime cometido.
Isso levaria a se considerar cada caso com sua justa individualização, tornando possível distinguir, de forma eficaz, os jovens que precisam e podem ser reeducados daqueles que são refratários a qualquer tipo de medida socioeducativas. Estes últimos, irrefreáveis e incompatíveis com o convívio social, devem ser rigorosamente punidos como adultos. Caso contrário, só iremos amargar cada vez mais a infeliz certeza de que eles não vão parar nunca.
Isso levaria a se considerar cada caso com sua justa individualização, tornando possível distinguir, de forma eficaz, os jovens que precisam e podem ser reeducados daqueles que são refratários a qualquer tipo de medida socioeducativas. Estes últimos, irrefreáveis e incompatíveis com o convívio social, devem ser rigorosamente punidos como adultos. Caso contrário, só iremos amargar cada vez mais a infeliz certeza de que eles não vão parar nunca.
- DE ONDE VEM ISSO TUDO?
“Os psicopatas são seres sem ‘coração mental’ Seus
cérebros são gelados.”
A capacidade humana de distinguir o certo do errado, a
meu ver, é uma das mais nobres de todas as nossas qualidades. É muito reconfortante saber que, de alguma forma,
cada ser humano, lá no íntimo, sempre sabe qual é “a coisa certa a fazer.”
É esse
senso moral que nos faz ajudar uma pessoa que leva um tombo na rua ou ainda uma
criança que cai de bicicleta ou se perde de seus pais em meio à multidão. Em
relação a essas situações, lembro-me de uma que nunca saiu da minha mente.
Era um
domingo ensolarado, em pleno inverno carioca. Resolvi caminhar e escolhi a
lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, como cenário para minha atividade
física matinal. Com pouco mais de uma hora de caminhada já ensaiava meus passos
finais, quando avistei em minha “contramão” três pessoas trajadas com uniformes
do flamengo, em estado de total alegria: O pai no centro e um filho em cada
mão.
Os três cantavam, a plenos pulmões, um samba que já virou um “hino” clássico dos torcedores rubro-negros: “Domingo eu vou ao Maracanã, vou torcer pelo time que sou fã...” De repente, pelas minhas costas surgiu um menino com uma bicicleta. Sua velocidade era tamanha que, ao me ultrapassar, não conseguiu fazer a curva e, em segundos, “voou” para dentro da lagoa. Simultaneamente a essa cena, pude ver a face de angústia do pai - flamenguista e assistir a tudo: Ele rapidamente soltou as mãos dos filhos, tirou a camisa e mergulhou como se tivesse sido treinado para aquilo por toda a sua vida. Menino salvo, bicicleta destruída nas pedras, surge, atrasado, o pai da vitima. Abraça seu filho, promete-lhe uma bike nova e nem percebe que a poucos metros dali o pai-flamenguista já está com seus filhos lado a lado seguindo seu caminho.
Os três cantavam, a plenos pulmões, um samba que já virou um “hino” clássico dos torcedores rubro-negros: “Domingo eu vou ao Maracanã, vou torcer pelo time que sou fã...” De repente, pelas minhas costas surgiu um menino com uma bicicleta. Sua velocidade era tamanha que, ao me ultrapassar, não conseguiu fazer a curva e, em segundos, “voou” para dentro da lagoa. Simultaneamente a essa cena, pude ver a face de angústia do pai - flamenguista e assistir a tudo: Ele rapidamente soltou as mãos dos filhos, tirou a camisa e mergulhou como se tivesse sido treinado para aquilo por toda a sua vida. Menino salvo, bicicleta destruída nas pedras, surge, atrasado, o pai da vitima. Abraça seu filho, promete-lhe uma bike nova e nem percebe que a poucos metros dali o pai-flamenguista já está com seus filhos lado a lado seguindo seu caminho.
Sem
conter minha admiração pelo ato daquele homem, apressei o passo e fui atrás
deles. Aproximei-me, pedi licença e perguntei: “Como você conseguiu fazer
aquilo tão rapidamente?”
E ele
respondeu: “Fiz o que tinha que ser feito. Se não fosse eu, certamente outra
pessoa faria. É o certo!”
Naquele domingo retornei à minha casa com um
sentimento bom de esperança, desses que de vez em quando a gente sente por toda
a humanidade.
De
onde vem o nosso senso moral?
Até pouco
tempo atrás existia a convicção de que a capacidade humana de distinguir o
certo do errado era algo aprendido nas relações interpessoais. Dessa forma, a
única maneira de obtermos indivíduos morais seria educá-los socialmente.
Assim, caberia à sociedade e à cultura estabelecer, ao longo de toda a vida, o que os indivíduos podem ou não fazer. Não há como negar que muitas das regras sociais direcionadas ao certo e ao errado precisam ser aprendidas. É impossível nascer sabendo determinadas convenções sociais que possuem forte apelo cultural. Um bom exemplo é o ato de arrotar.
Em alguns países orientais arrotar à mesa é sinal de apreço para com a comida e seus anfitriões gastronômicos. Já na maioria dos países ocidentais, o ato de arrotar em público é um sinal de falta de educação, relacionado ao desleixo e à deselegância pessoal.
Assim, caberia à sociedade e à cultura estabelecer, ao longo de toda a vida, o que os indivíduos podem ou não fazer. Não há como negar que muitas das regras sociais direcionadas ao certo e ao errado precisam ser aprendidas. É impossível nascer sabendo determinadas convenções sociais que possuem forte apelo cultural. Um bom exemplo é o ato de arrotar.
Em alguns países orientais arrotar à mesa é sinal de apreço para com a comida e seus anfitriões gastronômicos. Já na maioria dos países ocidentais, o ato de arrotar em público é um sinal de falta de educação, relacionado ao desleixo e à deselegância pessoal.
Os estudos mais recentes sobre o comportamento humano
revelam que as noções básicas de retidão comportamental e justiça dependem
muito menos do aprendizado social do que os psicólogos supunham no início do
século passado. As últimas pesquisas
sobre o cérebro humano e as análises comparativas de outros comportamentos
animais revelam que a espécie humana adquiriu a capacidade de avaliação moral
com a própria seleção natural. Tudo indica que as instruções necessárias na
produção de um cérebro capacitado para distinguir o certo do errado já vêm com
certificado de fábrica, ou seja, elas estão no DNA de cada um de nós.
Se a
seleção natural tem participação ativa na construção do senso moral dos
humanos, é de se esperar que o senso de justiça e a compaixão também estejam
presentes em outros segmentos do reino animal. E de fato estão, especialmente
entre os primatas.
Em 2007
Felix Werneken e seus colaboradores do Instituto Max Plank de Antropologia
Evolutiva, na Alemanha, realizaram o seguinte experimento: Colocaram um
chimpanzé em uma jaula em que o animal pudesse observar duas pessoas que
simulavam uma discussão. Uma delas estava mais exaltada e, com um tapa,
derrubou um pequeno bastão que a outra tinha na mão. Esse objeto, ao cair no
chão, rolou e foi parar aos pés do chimpanzé, junto a sua jaula. Sem qualquer
envolvimento com aquele conflito entre humanos e sem receber nada em troca, o
primata não hesitou em agir: Pegou o bastão e o devolveu ao seu dono. Tudo aconteceu
de forma simples: Para ele era a coisa certa a fazer!
Outros
experimentos envolvendo primatas entre si e primatas e uma ave também foram
realizados. No primeiro caso um macaco tinha que acionar uma alavanca localizada
dentro de sua jaula. Esta, por sua vez, abria a porta de outra jaula que dava
passagem para um “colega” pudesse buscar seu alimento que não conseguia
alcançar. Apesar de não receber nenhuma recompensa com o ato, o macaco não
poupou esforços em praticar a boa ação e alimentar seu colega de espécie.
O segundo
episódio está relatado no livro Eu,
Primata, de Frans de Wall (primatólogo da Emory University, Atlanta, EUA):
No zoológico de Twycross (Reino Unido), uma fêmea de bonodo viu um passarinho
se ferir ao se chocar contra uma parede de vidro de sua jaula. Ao observar o
pássaro no chão, a primata tentou colocá-lo em pé, mas não obteve sucesso.
Tentou, então, outra estratégia: Pegou o pássaro com muito cuidado, subiu numa
árvore, abriu suas asas com os dedos e tentou fazê-lo voar tal qual um avião de
papel. O pássaro, ainda muito fraco, acabou por aterrissar dentro da jaula sem
conseguir se erguer. Foi então que a fêmea de bonodo decidiu montar guarda ao
lado do pássaro simplesmente para protegê-lo de seus colegas de cativeiro. No
final do dia o pássaro conseguiu se reerguer e saiu voando. Somente nesse momento
a primata largou seu “posto de solidariedade”.
Senso
de justiça, compaixão e evolução
Toda a
teoria da evolução das espécies se baseia na competitividade e na sobrevivência
dos mais aptos. Como podemos entender que características de bondade e
altruísmo tenham se perpetuado e evoluído em meio à violência do mundo natural?
Teoricamente os organismos “bonzinhos” deveriam ter ficado pelo caminho nessa
corrida biológica. Na entanto, ao longo das últimas décadas, os cientistas
começaram a desvendar as vantagens evolutivas das “criaturas do bem”.
Existem
algumas teorias que tentam explicar o senso de justiça mais apurado em
determinados animais e nos humanos. Entre elas gostaria de destacar a teoria da mente (fundamentada nos
estudos psicológicos) e a teoria do
cérebro social (desenvolvida com base nos estudos recentes das
neurociências).
A teoria da mente se constitui basicamente de: A capacidade de um ser biológico (humano ou não)
imaginar que outros seres possam ter uma vida mental similar à dele. Essa
teoria pode ser facilmente compreendida quando nos colocamos no lugar de outras
pessoas para inferir como elas devem estar se sentindo. Existe um ditado
americano que diz o seguinte: “Antes de julgar alguém, calce suas sandálias e
caminhe uma milha.” Em outras palavras: antes de julgar alguém, coloque-se em
seu lugar, tente imaginar o que ele sente, o que ele pensa e somente depois
aja. Isso é a teoria da mente em plena ação.
A teoria do cérebro social pôde se
desenvolver e avançar de forma significativa nos últimos anos devido à
utilização sistemática, por psicólogos e neurocientistas, do exame denominado
ressonância magnética funcional (RMf). Esse exame é capaz de gerar um retrato
extremamente detalhado das estruturas cerebrais. Além disso, ele pode produzir
o equivalente a um vídeo que mostra o funcionamento de partes específicas do
cérebro quando ativadas durante algumas situações. Por exemplo, quando ouvimos o choro de uma pessoa que amamos, o centro
da afetividade entra em “ebulição.”
Com base
nesses estudos os cientistas puderam começar a responder a uma série de
perguntas sobre o comportamento social das pessoas.
Entre essas perguntas destaco algumas: Existe de fato algum mecanismo mental na espécie
humana responsável por atos generosos ou solidários? Caso esse mecanismo exista,
ele, conforme a pessoa, nasce “ativado” ou “desativado”? Esse processo de
ligar/desligar é algo que aprendemos através do convívio social ou trazemos
conosco?
Com a
utilização da ressonância magnética funcional (RMf), muitos pesquisadores do
comportamento humano passaram a utilizar o termo “cérebro social.” O cérebro
social pode ser definido como o somatório de todos os mecanismos neurais
(materiais e funcionais) envolvidos na orquestração de nossas interações
sociais. Assim, ele é responsável pelos pensamentos e sentimentos que
apresentamos quando nos relacionamos com outras pessoas.
O cérebro
social nos possibilita a percepção do “Eu sei como você se sente”. E isso ficou
muito claro em um estudo com casais de namorados realizado da seguinte forma:
Na primeira parte do experimento, um de cada vez foi colocado no aparelho de
ressonância magnética funcional (RMf) e submetido a sensação dolorosas,
classificadas como leves. Antes de receber o estimulo doloroso, o voluntário
era avisado. O simples aviso desencadeou a ativação de alguns circuitos
cerebrais, especialmente daqueles ligados ao medo e à ansiedade. Ocorria uma
espécie de antecipação à sensação dolorosa.
Na
segunda parte o voluntário era avisado de que o(a) parceiro(a), a partir
daquele momento, receberia uma descarga dolorosa. O resultado foi
surpreendente. Mesmo sabendo que não sentiria mais dor, o voluntário passou a
ativar as mesmas áreas cerebrais ao ser avisado que seu par sofria. Isso aponta
para a existência de uma “ponte neural” (cérebro-cérebro) que é capaz de prover
alterações no funcionamento cerebral e, conseqüentemente, reações fisiológicas
nas pessoas com as quais interagimos.
Alguns
animais também apresentam algum nível de conexão mental. Eles conseguem, até
certo ponto, sincronizar-se com os sentimentos alheios e entender suas
intenções. No entanto, nenhum ser tem esse sistema cerebral tão aprimorado
quanto o ser humano. Os cientistas acreditam que é justamente através dessa
conexão (cérebro-cérebro), estabelecida nos nossos relacionamentos
interpessoais, que aflora a moralidade
inata.
Ambas as teorias apontam para a mesma direção: Somos seres sociais e, de alguma forma, estamos
fadados a estabelecer relações com pessoas ao nosso redor. Se o nosso destino é
a conexão com o “outro”, fica claro que
o senso de justiça e de compaixão são instrumentos poderosos para que
relações amigáveis e saudáveis se desenvolvam. Talvez esse seja o principal
motivo para explicar por que os seres humanos “já vêm de fábrica” com
dispositivo para distinguir o certo do errado.
De alguma forma o senso moral inato que os humanos
apresentam parece confirmar o velho ditado popular “a união faz a força”. E
quando essa união se estabelece através de sentimentos altruístas e
comportamentos éticos, a espécie e sua perpetuação ganham um reforço
significativo na corrida biológica da evolução.
E a cultura, onde entra nisso?
É
óbvio que não podemos atribuir somente à genética e à evolução biológica a
nossa capacidade de solidariedade e de compaixão. A cultura à qual somos
expostos em uma determinada sociedade também nos influencia em diversos
aspectos de nossa personalidade.
É
fundamental não confundir a nossa capacidade inata de distinguir o certo do
errado com a capacidade de tomarmos as atitudes corretas ao invés das erradas.
Uma coisa é saber o que deve ser feito, a outra é agir de acordo com esse
preceito.
Somos dotados não só do senso inato de
moralidade, mas também de inteligência para análise estratégica. Dessa forma
podemos, infelizmente, usar nossa capacidade racional para “tapear” a moral
inata e, com isso, tirar proveito de determinadas situações.
As
guerras talvez sejam o exemplo mais cruel dessa habilidade dos seres humanos em
“driblar” o inato senso moral. Para que um grupo enfrente o outro é necessário
uma causa que seja aparentemente justa ou moralmente correta. Como não existe
guerra moral, sempre haverá uma liderança habilidosa em manipular mentalmente
as diferenças culturais, de forma a colocar uns contra os outros.
A
manipulação moral acaba por despertar os instintos humanos relacionados à luta
pela sobrevivência.
Monta-se
assim o cenário perfeito para uma guerra politicamente correta e moralmente
maquiada. Todas as guerras são assim: Injustificáveis. O que ocorre de fato é a
sórdida manipulação moral por parte de uma pequena minoria humana.
Ao
longo da nossa história podemos observar incontáveis exemplos da manipulação
bélica da moral: Ora Legitimando suas ações através da desqualificação étnica
de determinados grupos humanos (perseguição aos judeus na Alemanha nazista, por
exemplo), ora pela utilização de motivos religiosos (tais como as ações
terroristas da Al-Qaeda) ou ainda pelo combate à opressão em nome da liberdade
(a invasão do Iraque pelos EUA).
A
cultura influencia diretamente os valores morais de uma sociedade e cria também
os parâmetros que estabelecem o status hierárquico de cada membro social. Sem
dúvida alguma, a posse de bens materiais sempre foi algo valorizado nas
vitrines das sociedades. Mas já existiram tempos em que o status intelectual e
a retidão de caráter também eram características bastante valorizadas entre os
membros de nossa sociedade.
O “saber” e o “ser” já foram bens de
alto valor moral social. Hoje vivemos os tempos do “ter”, em que não importa o
que uma pessoa saiba ou faça, mas sim que ela tenha dinheiro (de preferência
muito) para “pagar” por sua ignorância e por suas falhas de caráter através da
corrupção.
Neste
cenário propício surge a cultura da “esperteza”: Temos que ser ricos, bonitos,
etiquetados, sarados, descolados, e muito invejados. O pior dessa cultura é que
seus membros sociais não se contentam apenas com o “ter”, é necessário exibir e
ostentar todos os “seus” bens. Assim ninguém esquece, nem sequer por um minuto,
quem são os donos da festa.
E
é exatamente essa cultura que faz com que os jovens bem-nascidos optem por
caminhos rápidos como a venda de drogas e produtos contrabandeados para obterem
o status social dos bem-sucedidos. Para esses rapazes e moças, o caminho dos
estudos, do saber e do “ser” (meritocracia) é longo demais. Eles querem tudo,
aqui e agora.
Vivemos
em meio a uma cultura que privilegia o individuo
em detrimento da humanidade como um todo. Basta ver o que está acontecendo com
o problema da emissão acentuada de gases tóxicos, causando o efeito estufa e o
aquecimento global. Esse fato, entre tantos outros, mostra que nossos
equivocados valores começam a comprometer nosso futuro como espécie. Chegamos
até aqui por nossas habilidades sociais e não por força física. Se quisermos
manter nossa “supremacia” biológica no mundo natural, teremos que rever nossos
próprios conceitos, criando uma nova cultura que se baseie na solidariedade e
no sucesso da coletividade.
Bom, agora ficou ainda mais interessante
o assunto visto que, se não todos, a imensa maioria do mundo caem na falácia acima. No Brasil então nem se fala os direitos individuais
(as garantias, o respeito) são apenas meras letras mortas gerando dessa forma a
injustiça e as mazelas aqui tratadas.
Nos lugares aonde existem direito individual a quantidade de poluição por produção é sempre muito mais baixa e ainda é aonde são criadas todas as tecnologias de combate a poluição. Se tomarmos como exemplo apenas a Coréia do Norte que tem um absurdo de poluição e que praticamente não produz nada a não ser as bombas que continua a jogar na Coréia do Sul e ainda vive de esmolas (principalmente de alimentos) da Coréia do Sul e de outros países livres podemos assim entender, também, porque os países do leste Europeu são tão poluidores.
Nos lugares aonde existem direito individual a quantidade de poluição por produção é sempre muito mais baixa e ainda é aonde são criadas todas as tecnologias de combate a poluição. Se tomarmos como exemplo apenas a Coréia do Norte que tem um absurdo de poluição e que praticamente não produz nada a não ser as bombas que continua a jogar na Coréia do Sul e ainda vive de esmolas (principalmente de alimentos) da Coréia do Sul e de outros países livres podemos assim entender, também, porque os países do leste Europeu são tão poluidores.
Não
acredito em repentinas e grandes mudanças (no individuo só quando fica “louco”)
neste tempo de ideologias atrasadamente, confusas e de cabeças igualmente loucas,
em que mudam de partido ou de ideal como quem compra/ganha um celular novinho.
Mas tenho esperanças reais e práticas em algumas transformações individuais.
Talvez para você que lê isso soe como sendo ferrenhamente individualista, mas
acrescento, não por egoísmo pedestre, mas por acreditar e esperar que cada um, pelo
menos, tente fazer a sua “pequena” parte.
Trabalho de formiguinha mesmo: Se alguém incentivar/educar sua empregada a melhorar como pessoa e profissionalmente a fim de pagar-lhe melhor, em vez de ficar apenas no mínimo que a lei exige, alguma coisa já mudou. Se, em vez de só querermos atordoadamente ter e aparecer, participar para somente pertencer e sobressair; pensarmos então em alegria e afeto; se acreditarmos que o bom e o belo são possíveis, apesar de tudo; se conseguirmos ser um pouco menos cegos e arrogantes, quem sabe começamos a cair na real e a ajeitar a ordem do mundo (seu mundo) que anda tão torta.
A desigualdade, sempre vai existir, pois não somos bonecos feitos em séries: Haverá os menos talentosos, os mais inteligentes, os mais enérgicos e os menos capazes. Mas devemos ficar sempre atentos com a “camada de ressentidos” que ficam a margem do jogo do progresso e do consumo (pode-se dizer de baixa escolaridade), pois serão eles que serão severamente punidos por serem justamente os mais fáceis de serem manobrados perversamente por mentes psicopatas para alistamentos em atos de terrorismo em graus e formas disfarçadas de guerras justas contra um inimigo eleito (externo ou não).
Trabalho de formiguinha mesmo: Se alguém incentivar/educar sua empregada a melhorar como pessoa e profissionalmente a fim de pagar-lhe melhor, em vez de ficar apenas no mínimo que a lei exige, alguma coisa já mudou. Se, em vez de só querermos atordoadamente ter e aparecer, participar para somente pertencer e sobressair; pensarmos então em alegria e afeto; se acreditarmos que o bom e o belo são possíveis, apesar de tudo; se conseguirmos ser um pouco menos cegos e arrogantes, quem sabe começamos a cair na real e a ajeitar a ordem do mundo (seu mundo) que anda tão torta.
A desigualdade, sempre vai existir, pois não somos bonecos feitos em séries: Haverá os menos talentosos, os mais inteligentes, os mais enérgicos e os menos capazes. Mas devemos ficar sempre atentos com a “camada de ressentidos” que ficam a margem do jogo do progresso e do consumo (pode-se dizer de baixa escolaridade), pois serão eles que serão severamente punidos por serem justamente os mais fáceis de serem manobrados perversamente por mentes psicopatas para alistamentos em atos de terrorismo em graus e formas disfarçadas de guerras justas contra um inimigo eleito (externo ou não).
A maldade
original de fábrica
Se existe
de fato um kit de moralidade instalado em nosso “hardware” cerebral (nossa
composição biológica), como explicar o comportamento desumano dos psicopatas? Tudo
indica que esses indivíduos apresentam uma “desconexão” dos circuitos cerebrais
relacionados à emoção. Só podemos ter
senso moral quando manifestamos um mínimo de afeto em relação às pessoas e às
coisas ao nosso redor. Desse maneiro, o comportamento frio e perverso dos
psicopatas não pode ser atribuído simplesmente a uma má criação ou educação. No meu entender, a origem da psicopatia
está na incapacidade que essas criaturas têm de sentir e não na de agir
de forma correta.
Uma
parcela significativa da população se recusa a acreditar nessa “desumanidade de
fábrica” que os psicopatas apresentam, para entendermos como uma mente pode
funcionar sem emoção, é preciso conhecer os aspectos neurofuncionais da emoção
e da razão:
Emoção
e Razão
Funções
mais complexas produzidas pelo cérebro humano. Em nosso cotidiano ativamos
operações mentais que envolvem sempre uma e outra (às vezes, mais uma que a
outra). Apesar de serem parceiras constantes, os mecanismos neurais geradores
da emoção e da razão são diversos.
As emoções negativas são mais estudadas e compreendidas do que as positivas e a mais conhecida de todas é o medo. Este surge quando algo nos ameaça, desencadeando uma ação de luta ou fuga ou ainda o congelamento. Outro exemplo de emoção importante é a raiva. Esta se apresenta freqüentemente como mecanismo de defesa ou, ainda, como um meio de garantia de sobrevivência. Animais costumam agredir seus semelhantes como forma de defender seu território, disputar as fêmeas e estabelecer hierarquias sociais.
Nos seres humanos as reações de medo e de raiva se manifestam de forma bastante semelhante àquelas observadas nos animais. No entanto, entre os seres humanos as emoções são moduladas pela razão. Doses certas de razão e emoção é que fazem com que tenhamos comportamentos tipicamente humanos.
As emoções negativas são mais estudadas e compreendidas do que as positivas e a mais conhecida de todas é o medo. Este surge quando algo nos ameaça, desencadeando uma ação de luta ou fuga ou ainda o congelamento. Outro exemplo de emoção importante é a raiva. Esta se apresenta freqüentemente como mecanismo de defesa ou, ainda, como um meio de garantia de sobrevivência. Animais costumam agredir seus semelhantes como forma de defender seu território, disputar as fêmeas e estabelecer hierarquias sociais.
Nos seres humanos as reações de medo e de raiva se manifestam de forma bastante semelhante àquelas observadas nos animais. No entanto, entre os seres humanos as emoções são moduladas pela razão. Doses certas de razão e emoção é que fazem com que tenhamos comportamentos tipicamente humanos.
O sistema límbico, formado por estruturas corticais e subcorticais, é responsável por
todas as nossas emoções (alegria, medo, raiva, tristeza etc...). Uma das
principais estruturas do sistema límbico chama-se amígdala (ver figura).
Localizada no interior do lobo temporal, essa pequena estrutura funciona como
um “botão de disparo” de todas as emoções. A razão, por sua vez, envolve
diversas operações mentais de difícil definição e classificação. Entre elas
podemos citar: Raciocínio, cálculo mental, planejamentos, soluções de
problemas, comportamentos sociais adequados.
A
principal região envolvida nos processos racionais é o lobo pré-frontal (região
da testa): Uma parte dele (córtex dorsolateral pré-frontal) está associada a
ações cotidianas do tipo utilitárias, como decorar um número de um telefone ou
objetos. A outra parte (córtex medial pré-frontal) recebe maior influência do
sistema límbico, definindo de forma significativa as ações tomadas nos campos
pessoais e sociais.
- REGIÕES DO CÉREBRO ENVOLVIDAS COM A TOMADA DE DECISÕES MORAIS
Esta imagem corresponde a um corte gráfico entre hemisfério direito e esquerdo do cérebro.
Fig - 01
A - Córtex dorsolateral pré-frontal: Associado a ações cotidianas do tipo utilitárias, como decorar números de telefones ou objetos;
B - Córtex anterior cingulado: Muito ativo quando
temos problemas difíceis se serem resolvidos. Ele sinaliza ao córtex
dorsolateral pré-frontal para que assuma o controle executivo.
C - Córtex medial pré-frontal: Tomada de decisões
nos campos pessoais e sociais. Estrutura envolvida no caso de Phineas Gage, que
sobreviveu a uma lesão cerebral, mas se tornou agressivo e inconsequente.
D - Amígdala, "Botão de disparo" de todas
as emoções: alegria, medo, amor, tristeza etc.
O Caso Phineas Gage e do brasileiro operário Eduardo
Leite (aqui)
Fig - 02
Razão demais, emoção de menos
Um caso histórico
ocorrido em meados do século XIX em Vermont, EUA, evidenciou de forma muito
clara essa estreita associação entre comportamento moral e lesão cerebral:
Phineas Gage trabalhava
em uma estrada de ferro. Era um sujeito benquisto por todos, bom trabalhador e
ótimo chefe de família. Em 1848, uma explosão no local de trabalho fez com que
uma barra de ferro perfurasse seu cérebro na região denominada córtex pré- frontal
(vide figuras acima).
De forma espantosa, Gage não perdeu a consciência e sobreviveu ao ferimento sem
qualquer sequela aparente. Ele caminhava normalmente e suas memórias estavam
preservadas. Contudo, com o passar do tempo, Gage se tornou outra pessoa:
indiferente afetivamente, sujeito a ataques de ira e sem qualquer educação com as
pessoas ao seu redor. Gage nunca mais foi o homem que todos admiravam, o homem "pré-acidente".
Embora ele nunca tenha assassinado ninguém, sua vida foi uma patética sucessão
de subempregos, brigas, bebedeiras e pequenos golpes.
A história acima teve
um papel decisivo no estudo do comportamento humano, pois foi uma prova viva de
que alterações no senso moral podem ocorrer quando o cérebro sofre lesões em
áreas específicas (nesse caso, o lobo pré-frontal). A partir desse episódio, os
cientistas passaram a pesquisar as raízes cerebrais do comportamento amoral.
É
importante sublinhar que os estudos clínicos sobre a psicopatia sempre
apresentaram grandes dificuldades de serem realizados. A investigação clínica
sobre a personalidade psicopática é uma tarefa extremamente complicada, pois as
testagens realizadas para esse fim dependem dos relatos dos avaliados. Os
psicopatas não têm interesse nenhum em revelar algo significante para os
pesquisadores e tentam sempre manipular a verdade para obterem vantagens.
Tudo
indica que o uso sistemático das novas técnicas de neuroimagens (RMf e
PET-SCAN) ajuda a reforçar o diagnóstico da psicopatia, uma vez que os estudos
recentemente realizados apontam para alterações características de um
funcionamento cerebral de um psicopata. Pessoas
sem qualquer traço psicopático revelaram intensa atividade da amígdala e do
lobo frontal (sendo neste de menor intensidade), quando foram estimuladas a
se imaginarem cometendo atos imorais ou perversos. No entanto, quando os mesmos
testes foram realizados num grupo de psicopatas criminosos, os resultados
apontaram para uma resposta débil nos mesmos circuitos.
Se
considerarmos que a amígdala é o nosso “coração cerebral”, entendemos que os
psicopatas são seres sem “coração mental”. Seus cérebros são gelados e, assim,
incapazes de sentir emoções positivas como o amor, a amizade, a alegria, a generosidade,
a solidariedade... Essas criaturas possuem grave “miopia emocional” e, ao não
sentirem emoções positivas, suas amígdalas deixam de transmitir, de forma
correta, as informações para que o lobo frontal possa desencadear ações
ou comportamentos adequados. Chegam menos informações do sistema afetivo/límbico para o centro
executivo do cérebro (lobo frontal), o qual, sem dados emocionais, prepara
um comportamento lógico, racional, mas desprovido de afeto.
Se
partirmos da premissa de que a alteração primaria dos psicopatas é uma amígdala
hipofuncionante, poderemos considerar as seguintes situações:
- Reveja a figura
das regiões do cérebro envolvidas com a tomada de decisões morais.
1. Psicopatas pensam muito e sentem pouco. Suas ações
são racionais e a razão tende sempre a escolher, de forma objetiva, o que leva
à sobrevivência e ao prazer. De forma primitiva a razão usa a "lei da
vantagem" sempre. Essa forma de pensar privilegia o indivíduo e nunca o
outro ou o social.
2. Como espécie, os homens evoluíram muito mais por
sua capacidade de cooperação social do que por seus atributos individuais.
Assim, podemos perceber que os psicopatas são seres cujas tomadas de decisão
privilegiam sempre os interesses individuais e/ou oligárquicos mesquinhos e
nunca o social e/ou o coletivo de conteúdo solidário.
3. Sem conteúdo emocional em seus pensamentos e em
suas ações, os psicopatas são incapazes de considerar os sentimentos do outro
em suas relações e de se arrependerem por seus atos imorais ou antiéticos.
Dessa forma, eles são incapazes de aprender através da experiência e por isso
são intratáveis sob o ponto de vista da ressocialização.
Montando
o quebra-cabeça
Não há dúvidas de que os psicopatas apresentam um déficit
na integração das emoções com a razão e o comportamento. Mas é importante destacar
que eles não possuem uma lesão nos córtex pré-frontais e na amígdala, como
observado no caso Gage. Os pacientes que têm essas lesões provocadas por tumores,
hemorragias, isquemias ou traumatismos apresentam comportamentos que nos
lembram os dos psicopatas pela indiferença que apresentam com os outros e consigo
mesmas. Além disso, os pacientes de lesão cerebral mostram-se incapazes de se
adaptar de forma conveniente a um trabalho, a sua família e a seus amigos.
Já os psicopatas apresentam esses desajustes em graus
bem variáveis. Alguns deles estudam com interesse, outros trabalham anos com
sucesso. Há aqueles que cometem delitos desde pequenos e ainda existem os que
podem levar uma vida aparentemente integrada, mas paralelamente vivem executando
crimes bárbaros e repugnantes.
As diversas manifestações das condutas psicopáticas
nos levam necessariamente a uma avaliação da importância que o meio ambiente
pode ter na apresentação desse transtorno. O ambiente social no qual a
violência e a insensibilidade emocional são "ensinadas" no dia-a-dia
pode levar uma pessoa propensa à psicopatia a ser um perigoso delinquente. Por
outro lado, um ambiente social afetuoso e compensador pode levar essa mesma
propensão a se manifestar na forma de um desvio social leve ou moderado.
Podemos, então, concluir que a psicopatia apresenta
dois elementos causais fundamentais: uma disfunção neurobiológica e o conjunto
de influências sociais e educativas que o psicopata recebe ao longo de sua
vida.
A engrenagem psicopática funcionaria desta maneira:
a predisposição genética ou a vulnerabilidade biológica se concretizaria em uma
criança que apresenta o déficit emocional. Uma criança assim possui um sistema
mental deficiente na percepção das emoções e dos sentimentos, na regulação da
impulsividade e na experimentação do medo e da ansiedade. Nos casos em que os
pais (família) realizam de forma muito competente suas tarefas educacionais,
essas características biológicas podem ser compensadas ou canalizadas para
atividades socialmente aceitas. No entanto, quando o ambiente não é capaz de
fazer frente a tal bagagem genética - seja por falhas educacionais por parte
dos pais, por uma socialização deficiente ou ainda por essa bagagem genética
ser muito marcada -, o resultado será um indivíduo psicopata.
É
mais sensato falarmos em ajuda e tratamento para as vítimas dos psicopatas do
que para eles mesmos.
-
CAPÍTULO 11
O QUE PODEMOS FAZER?
Senhoras e senhores, não trago boas-novas. Com raras exceções, as terapias
biológicas (medicamentos) e as psicoterapias em geral se mostram, até o
presente momento, ineficazes para a psicopatia. Para os profissionais de saúde,
este é um fator intrigante e ao mesmo tempo desanimador, uma vez que não
dispomos de nenhum método eficaz que mude a forma de um psicopata se relacionar
com os outros e perceber o mundo ao seu redor. É lamentável dizer que, por
enquanto, tratar um deles costuma ser uma luta inglória.
Temos que ter em mente que as psicoterapias são direcionadas às pessoas
que estejam em intenso desconforto emocional, o que as impede de manter uma boa
qualidade de vida. Por mais bizarro que possa parecer, os psicopatas parecem
estar inteiramente satisfeitos consigo mesmos e não apresentam constrangimentos
morais ou sofrimentos emocionais como depressão, ansiedade, culpas, baixa
auto-estima etc. Não é possível tratar um sofrimento inexistente.
É no mínimo curioso, embora dramático, pensar que os psicopatas são
portadores de um grave problema, mas quem de fato sofre é a sociedade como um
todo. Em função disso, pouquíssimos profissionais se arriscam a essa
"empreitada". Quando o fazem, chegam à triste constatação de que
contribuíram com uma ínfima parcela ou com absolutamente nada. É importante
lembrar que de uma forma geral todos nós estamos vulneráveis às ações desses
predadores sociais. Assim, é mais sensato falarmos em ajuda e tratamento para
as vítimas dos psicopatas do que para eles mesmos.
De mais a mais, só é
possível ajudar aqueles que de fato querem e procuram ajuda. Os psicopatas,
além de acharem que não têm problemas, não esboçam nenhum desejo de mudanças
para se ajustarem a um padrão socialmente aceito. Julgam-se auto-suficientes,
são egocêntricos e suas ações predatórias são absolutamente satisfatórias e
recompensadoras para eles mesmos. Mudar para quê?
Dessa forma, os
psicopatas raramente procuram auxílio médico ou psicológico. Quando eles chegam
a um consultório, quase sempre é por pressões familiares ou, então, com o intuito
de se beneficiarem de um laudo técnico. Frequentemente estão envolvidos com problemas
legais, endividados e às voltas com o sistema judicial. Por isso, tentam obter
do profissional de saúde mental algum diagnóstico ou alguma comprovação de
problemas que os auxiliem a minimizar as sanções que lhes foram impostas.
Estudos também
demonstram que, em alguns casos, a psicoterapia pode até agravar o problema.
Para as pessoas "de bem", as técnicas psicoterápicas sem dúvida
alguma são fundamentais para a superação das suas angústias ou dos seus
desconfortos. No entanto, para os psicopatas as sessões terapêuticas podem
muni-los de recursos preciosos que os aperfeiçoam na arte de manipular e
trapacear os outros. Embora eles continuem incapazes de sentir boas emoções,
nas terapias os psicopatas aprendem "racionalmente" o que isso pode
significar e não poupam esse conhecimento para usá-lo na primeira oportunidade.
Além disso, eles acabam obtendo mais subsídios para justificar seus atos transgressores,
alegando que estes são fruto de uma infância desestruturada. De posse dessas
informações, eles abusam de forma quase "profissional" do nosso
sentimento de compaixão e da nossa capacidade de ver a bondade em tudo.
O que os pais podem
fazer?
Como já foi dito
anteriormente, podemos observar características de psicopatia desde a infância
até a vida adulta. Antes dos 18 anos, por uma questão de nomenclatura, o problema
é chamado de Transtorno da Conduta. Crianças ou adolescentes que são francos
candidatos à psicopatia possuem um padrão repetitivo e persistente que pode ser
sintetizado pelas características comportamentais descritas a seguir:
• Mentiras frequentes
(às vezes o tempo todo);
• Crueldade com
animais, coleguinhas, irmãos etc;
• Condutas desafiadoras
às figuras de autoridade (pais, professores etc);
• Impulsividade e
irresponsabilidade;
• Baixíssima tolerância
à frustração, com acessos de irritabilidade ou fúria quando são contrariados;
• Tendência a culpar os
outros por erros cometidos por si mesmos;
• Preocupação excessiva
com seus próprios interesses;
• Insensibilidade ou
frieza emocional;
• Ausência de culpa ou
remorso;
• Falta de empatia ou
preocupação pelos sentimentos alheios;
• Falta de
constrangimento ou vergonha quando pegos mentindo ou em flagrante;
• Dificuldades em
manter amizades;
• Permanência fora de
casa até tarde da noite, mesmo com a proibição dos pais. Muitas vezes podem
fugir e levar dias sem aparecer em casa;
• Faltas constantes sem
justificativas na escola ou no trabalho (quando mais velhos);
• Violação às regras
sociais que se constituem em atos de vandalismo como destruição de propriedades
alheias ou danos ao patrimônio público;
• Participação em
fraudes (falsificação de documentos), roubos ou assaltos;
• Sexualidade
exacerbada, muitas vezes levando outras crianças ao sexo forçado;
• Introdução precoce no
mundo das drogas ou do álcool;
• Nos casos mais
graves, podem cometer homicídio.
Vale ressaltar que
essas características são apenas genéricas e que o diagnóstico exato só pode ser firmado por
especialistas no assunto. Além do mais, o leitor deve atentar para a frequência e a
intensidade com as quais essas características se manifestam.
É muito comum e até
compreensível que os pais de jovens com características psicopáticas se
perguntem quase sempre em um tom de desespero:
"O que nós fizemos de errado para que
nosso filho seja assim?" Os pais se sentem culpados por acharem que falharam na educação
dos seus filhos e que não souberam impor limites. Isso é um grande equívoco! Não
resta dúvida de que a educação, a estrutura familiar e o ambiente social influenciam na
formação da personalidade de um indivíduo e na maneira como ele se relaciona com o
mundo. No entanto, esses fatores por si só não são capazes de transformar ninguém em
um psicopata.
Não obstante, é muito
importante que os pais tenham conhecimento pleno sobre o assunto e que passem a
reconhecer a disfunção em seus filhos, dispensando ao problema a atenção que ele
merece. Quando em grau leve e detectada ainda precocemente, a psicopatia pode, em
alguns casos, ser modulada através de uma educação mais rigorosa.
Um ambiente familiar
mais estruturado e com a vigilância constante de filhos "problemáticos"
certamente não evita a psicopatia, mas pode inibir uma manifestação mais grave. E, então,
fazer toda a diferença. É lógico que essas medidas estão longe de serem ideais, são
apenas paliativas e demandam muito esforço e empenho por parte dos envolvidos na criação.
No entanto, para salvaguardar a estrutura familiar e a sociedade como um todo, não
podemos desprezá-las.
As posturas que devem ser assumidas são as seguintes:
• Procure conhecer bem
o seu filho. A maioria dos pais não sabe como ele se comporta longe dos seus olhos.
Estabeleça contato com todas as pessoas do convívio dele (professores, amigos,
pais dos amigos etc). Quanto mais precocemente você identificar o problema, maiores serão as chances de que
ele se molde a um estilo de vida minimamente produtivo e socialmente aceito.
• Busque ajuda
profissional. Isso é válido tanto para se certificar do diagnóstico dessa
criança quanto para que
os pais recebam orientações de como devem agir.
• Não permita que seu
filho controle a situação. Estabeleça um programa de objetivos
mínimos para obter
alguns resultados positivos. Regras e limites claros são necessários para evitar as condutas
de manipulação, enganos e falta de respeito com os demais.
Lembre-se de que uma
criança com perfil psicopático apresenta um talento extraordinário para
distorcer as regras estabelecidas e virar o jogo a seu favor. Por isso, não ceda. Se você
fraquejar, certamente ela ocupará todos os "espaços" deixados pela sua desistência.
Não pretendo ser
pessimista, no entanto não seria honesto da minha parte afirmar que a psicopatia
infanto-juvenil atualmente tenha uma solução satisfatória. O máximo que podemos
fazer é adotar posturas no trato com essas crianças no intuito de melhorar a forma como a psicopatia
vai se manifestar no futuro.
A psicopatia não tem
cura, é um transtorno da personalidade e não uma fase de alterações
comportamentais momentâneas. Porém, temos que ter sempre em mente que tal transtorno
apresenta formas e graus diversos de se manifestar e que somente os casos mais graves apresentam
barreiras de convivência intransponíveis.
Segundo o DSM-IVTR, a psicopatia tem
um curso crônico, no entanto pode tornar-se menos evidente à medida que o indivíduo
envelhece, particularmente a partir dos 40 anos de idade.
Não negocie com o mal.
Jamais concorde, seja por pena, chantagem ou por qualquer outro motivo, em ajudar
um psicopata a ocultar o seu verdadeiro caráter.
Manual de sobrevivência
Como vimos até aqui,
pouco ou nada podemos fazer para mudar a forma de ser de um psicopata. A maioria
esmagadora da população está ao sabor de suas ações predatórias.
Então, o que pode ser
feito para que não sejamos presas tão fáceis?
Sem qualquer sombra de
dúvida, a melhor estratégia é não se envolver com nenhum deles em qualquer campo
de sua vida (profissional, afetivo e social). Mas isso não é tão simples assim. Afinal,
eles estão infiltrados em todos os setores, são habilidosos em descobrir os pontos
fracos das pessoas e sabem muito bem como explorá-los. A grande verdade é que estamos
todos na mesma situação: vulneráveis.
Assim, achei relevante
listar algumas dicas que você pode seguir para se proteger ou, em última análise,
ajudá-lo a minimizar os estragos que um psicopata pode ocasionar em sua vida.
Dicas gerais para lidar
com os psicopatas
1 - Saiba com quem você
está lidando.
Essa primeira e
importante regra se traduz no "remédio amargo" de aceitar que os psicopatas existem de fato
e que eles literalmente não possuem consciência genuína. Ou seja, eles são
incapazes de experimentar o amor ou qualquer outro tipo de ligação positiva com os outros
seres humanos. Eles podem ser encontrados em todos os segmentos da sociedade
e existe uma grande chance de você ter um encontro doloroso com um deles. Nunca
menospreze o poder destruidor de um psicopata. Todas as pessoas, incluindo os
especialistas, podem ser manipuladas e enganadas por eles, mesmo que tenham um
conhecimento razoável sobre o assunto. Por isso, sua melhor defesa é entender e,
principalmente, aceitar que existem pessoas com essa natureza: fria e devastadora.
2 - As aparências
enganam!
Todo cuidado é pouco!
Como disse Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe: "Só se vê bem com o
coração. O essencial é invisível aos olhos".
Tenha sempre em mente
que a maioria dos psicopatas não tem "pinta" de assassino.
Costumam ter um sorriso
cativante, uma linguagem corporal interessante e uma boa lábia. Não caia nessa
cilada! Ao conhecer novas pessoas, procure enxergar o que está por trás de
tantos atrativos. Não se distraia com olhares sedutores, demonstração de poder,
gestos atraentes, voz suave ou traquejo verbal, característicos de um
psicopata.
Todos esses artifícios
são utilizados com extrema habilidade exatamente para encobrir as suas
verdadeiras intenções.
Também não se esqueça
do poder do olhar desses indivíduos. Pessoas normais mantêm contato visual com
as outras por uma gama de razões, na maioria das vezes por educação, mas o
olhar intenso e frio do psicopata é mais um exercício de poder e de manipulação
do que simplesmente interesse ou empatia pelo outro.
Em suma, da próxima vez
que conhecer alguém que pareça ser uma pessoa muito extraordinária, tente não
se iludir com o "evento teatral" à sua frente. Desvie seu olhar para
as outras pessoas e se atenha ao que está sendo dito no conteúdo do discurso. É
um exercício de separar a letra da melodia em uma canção.
3 - Não se esqueça de
considerar a voz da sua intuição.
Sem percebermos, todos
nós estamos constantemente observando o comportamento das pessoas. Muitas das
impressões captadas por nosso cérebro podem se acumular em nossa memória de
forma inconsciente, ou seja, sem que tenhamos conhecimento racional disso.
Essas informações por vezes "guardadas" se manifestam na forma de intuição
- como se fosse um instinto protetor do nosso organismo -, sinalizando perigos "invisíveis".
Embora aparentemente
estranhas, essas informações, traduzidas na forma de "sensações",
podem lhe ajudar se você permitir.
Então, lembre-se!
Quando você estiver num dilema entre seguir o que manda o seu "coração"
(intuição) e valorizar uma pessoa apenas pelo seu status profissional ou social,
não vacile: siga sua intuição. Ela pode tirá-lo de uma grande enrascada!
4 - Abra os olhos com
pessoas maravilhosas ou excessivamente bajuladoras.
No início de qualquer
relacionamento, todos nós tentamos esconder aquele "lado meio sombrio",
mostrando apenas o que temos de melhor. Para a maioria dos psicopatas isso também
não é diferente, muito embora com consequências infinitamente maiores.
Eles tendem
a impressionar suas vítimas com elogios, cuidados especiais, gentilezas excessivas
e histórias falsas sobre seu status social e/ou financeiro. Devemos ter uma "dose"
extra de cautela quando alguma pessoa aparenta ser "tudo de bom".
Não
estou propondo que você contrate um detetive particular todas as vezes que
conhecer alguém que lhe desperte algum interesse profissional ou afetivo. De
forma alguma! Estou apenas sugerindo que você avalie muito bem quem é a pessoa
com a qual está lidando.
Na medida do possível, procure lhe fazer perguntas
sobre seus familiares, amigos, emprego, residência, projetos futuros... Os
psicopatas geralmente dão respostas vagas, evasivas ou até inconsistentes
quando são questionados sobre suas vidas. Suspeite de tais respostas e, se
puder, procure confirmá-las. Cuidado também para não cair no golpe da pessoa
perfeita, que fica horas a fio ouvindo seus problemas sem se preocupar em falar
de si mesma. Na realidade, esses falsos "terapeutas" estão colhendo
informações para usá-las mais tarde contra você.
Outra situação para
manter os olhos bem abertos é quanto à bajulação. A maioria de nós gosta de
receber elogios. Eles são sempre muito bem-vindos principalmente quando são sinceros.
Em contrapartida, a
bajulação excessiva, o agradar "afetado" e pouco realista é uma das táticas
dos psicopatas para nos cegar, seduzir e encobrir suas verdadeiras intenções: manipulação
e controle. Por isso, desconfie dos famosos "puxa-sacos"!
E aqui é importante
esclarecer que a regra da bajulação se aplica tanto para os indivíduos quanto
para os grupos e nações. Da mesma forma que um indivíduo se empolga com a
adulação de um manipulador, uma nação inteira pode se "hipnotizar" por
lideranças políticas que se utilizam desses mesmos recursos.
A história da humanidade
está recheada de estadistas tiranos que, ao engrandecerem seu povo, fazem dele
uma "presa coletiva" com um único objetivo: o desejo de poder. A
exaltação do patriotismo, por exemplo, muitas vezes vem apenas como uma
camuflagem para "legitimar" a necessidade de realização das guerras.
Discursos com apelos de que as guerras devem ser travadas para o bem da humanidade
ou para a construção de um mundo melhor são extremamente perigosos e suspeitos.
Guerras são guerras e todas elas são injustificáveis!
5 - Certas situações
merecem atenção redobrada.
Determinados lugares
encaixam-se como luvas para a ação plena dos psicopatas: bares, clubes sociais,
boates, resorts, cruzeiros, aeroportos. Nesses locais eles fazem verdadeiros
plantões. Suas vítimas preferenciais são os solitários que buscam companhia ou
diversão. Os psicopatas, na espreita, observam-nas atentamente e depois partem
para o ataque. Os viajantes solitários também são alvos fáceis, pois
prontamente são identificados como perdidos e sozinhos num aeroporto ou num
ponto turístico qualquer. Então, fique esperto!
6 - Autoconhecimento é
fundamental.
Os psicopatas são
experts em detectar e explorar nosso lado mais vulnerável. Eles identificam as
"feridas" certas e não perdem a chance de tocá-las quando podem. Assim, uma
ótima forma de defesa é entender a si mesmo, saber verdadeiramente quais são
seus pontos fracos. Desconfie de qualquer pessoa que os aponte com frequência,
seja em particular ou em situações públicas e pouco apropriadas.
Tenha cuidado
com pessoas muito críticas e que vivem atentas às suas vulnerabilidades e às
dos outros.
O autoconhecimento nem
sempre é fácil de ser alcançado, por vezes a ajuda de um profissional
especializado pode ser muito útil nesse sentido.
7- Não entre no jogo
das intrigas.
A intriga é uma das
ferramentas poderosas de um psicopata. No ambiente de trabalho, a intriga pode
levar a consequências devastadoras. A princípio o psicopata se mostra um ótimo
colega de trabalho, com espírito de colaboração e um especial interesse em oferecer
seu ombro a quem necessita de uma "força". Em pouco tempo ele é capaz
de se tomar seu "melhor amigo de infância". Logo depois começará a
utilizar as informações colhidas no ombro amigo para fazer intrigas. E isso ele
fará com você e com todos que inicialmente acreditaram em sua
"amizade".
Sem mais nem porque, a
confusão está armada! Funcionários começam a se desentender e todos acabam
fazendo mexericos. Somente o psicopata, perante o chefe, está fora de tanta
"baixaria".
Resista à tentação de
entrar no jogo das intrigas, fale diretamente com seu colega sobre os fatos ou
se possível com o próprio chefe. Não deixe ninguém intermediar desentendimentos
por você. Se você entrar nesse joguinho pode acabar se igualando ao psicopata e
se distraindo do mais importante, que é se proteger.
8 - Cuidado com o jogo
da pena e da culpa.
É muito importante que
você entenda que o sentimento de pena ou de compaixão deve ser reservado às
pessoas generosas, de bom coração e que estejam em sofrimento verdadeiro. Temos
a virtude de sentir tristeza frente à aflição alheia e nos compadecemos com a
sua dor. A compaixão nos faz sentir mais humanos, pois enxergamos nosso
semelhante como a nós mesmos.
Mas, afinal, devemos
dispensar um sentimento tão nobre a alguém frio e cruel?
Decididamente não!
Para início de
conversa, um psicopata não sofre de fato. O máximo que ele consegue sentir é
frustração por algo que não conseguiu concretizar. Também é muito importante que
você tenha em mente que os psicopatas se alimentam dos nossos sentimentos mais nobres,
da nossa compaixão, o que os torna cada vez mais fortes e poderosos.
Sentir pena de um deles
é o mesmo que dar o alimento preciso para que continue com suas atitudes
inescrupulosas. Não tenha pena de um psicopata, não gaste suas reservas de
compaixão com uma pessoa sem coração. Ela vai sugar você até que se sinta vazio
e fragilizado. Por outro lado, um psicopata também "brinca" com o
nosso sentimento de culpa, que também é uma virtude.
Qualquer que seja o motivo
que o fez se envolver com um psicopata, é muito importante que você não esqueça
o seguinte: nunca aceite que ele culpe você pelas atitudes dele. Tenha a plena
convicção de que a vítima é você e não ele. Os psicopatas são habilidosos em
inverter papéis e fingem sofrer. De algozes passam-se por vítimas com a maior
tranquilidade. Maridos que agridem fisicamente suas esposas costumam
responsabilizá-las por seus atos agressivos. Uma paciente minha passou anos se
culpando pelos descontroles agressivos de seu marido: ele a convenceu durante
muito tempo de que a espancava porque a amava demais e por ela utilizar roupas
que valorizavam sua beleza. Veja só o tamanho do disparate!
Os psicopatas não amam
seus cônjuges, isso não existe! Eles os possuem como uma mercadoria ou um
troféu com os quais reforçam seus desejos de manipulação, controle e poder.
De forma muito
parecida, pais de filhos psicopatas sofrem e se culpam porque se sentem responsáveis
pelo desenvolvimento da personalidade de seus filhos. No entanto, tudo indica
que esses pais não cometeram erros tão graves assim, se é que os tenham cometido
de fato. Os estudos sobre a personalidade psicopática revelam que a educação
fornecida pelos pais pode, no máximo, exacerbar o problema, mas não existe
nenhum indício de que a maneira de educar seja capaz de originar a psicopatia.
Filhos psicopatas se
utilizam muito do jogo da culpa. Eles costumam justificar os seus atos
transgressores como consequência de comportamentos inadequados de seus pais quando
eles ainda eram crianças. E, infelizmente, é muito difícil convencer esses pais
de que nada disso é verdade. Os pais são as maiores vítimas do jogo da culpa.
9 - Não tente mudar o
que não pode ser mudado.
"Deus, conceda-me
serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar
aquelas que posso e sabedoria para reconhecer a diferença entre elas."
Oração da Serenidade
Em algum momento, a
maioria de nós precisa aprender uma importante e decepcionante lição de vida:
mesmo que nossas intenções de ajudar um psicopata sejam as melhores possíveis,
não devemos nem podemos controlar o comportamento dele. Por isso, ignore os
repetidos pedidos de chances teatralmente implorados pelo psicopata. Chances
são para as pessoas que possuem consciência, indivíduos de bom coração.
Se você está convencido
de que não pode controlar ninguém, mas mesmo assim deseja ajudar pessoas de
forma geral, então procure apenas as que realmente querem ser ajudadas. Logo,
logo você vai descobrir que esse grupo que merece ajuda não inclui as pessoas
sem consciência. E lembre-se: o comportamento do psicopata não é culpa sua e muito
menos ajudá-lo constitui sua missão de vida.
Quando se trata
especificamente de filhos psicopatas, o caso se torna mais sério. Isso porque
os pais tentam desesperadamente entender o comportamento transgressor de seus
filhos. Além de passarem anos a fio livrando-os de encrencas, também costumam fazer
uma verdadeira via crucis a diversos especialistas médicos. Ao final, amargam a
certeza de que muito pouco podem fazer para controlar seus filhos.
10 - Nunca seja
cúmplice de um psicopata.
Não negocie com o mal!
Jamais concorde, seja por pena, chantagem ou por qualquer outro motivo, em
ajudar um psicopata a ocultar o seu verdadeiro caráter. Cuidado com os velhos
chavões do tipo "Não conte nada disso a ninguém", "você me deve
uma", "em nome dos velhos tempos", "amanhã eu limpo a tua
barra", "uma mão lava a outra", que geralmente são proferidos
aos prantos ou sussurros cautelosos.
Intervenções desse tipo são muito
utilizadas pelos psicopatas para convencer alguém a encobrir suas transgressões.
Ignore todos esses apelos. As outras pessoas precisam saber desses "segredos"
para que não caiam na mesma armadilha.
11 - Evite-os a
qualquer custo.
Se você já identificou
um psicopata na sua vida, o único método verdadeiramente eficaz de lidar com
ele é mantê-lo longe, bem longe de você. Os psicopatas vivem completamente fora
das regras sociais, por isso incluí-los em seus relacionamentos é sempre
perigoso. Fique com sua consciência limpa e tranquila, pois você não estará ferindo
os sentimentos de ninguém.
Por mais bizarro que isso possa parecer, os psicopatas
não se importam se serão magoados ou não. Isso por uma razão muito simples,
eles não têm sentimentos para serem feridos. E se demonstrarem tristeza, tenha a
convicção de que tudo não passa de encenação, puro teatro.
É possível que os seus
familiares, amigos ou pessoas do seu convívio nunca entendam por que você está
evitando alguém em particular.
Isso
ocorre pelo fato de a psicopatia ser um transtorno surpreendentemente difícil
de ser detectado e muito mais difícil de ser aceito. Não se espante se amigos e
parentes muito bem-intencionados promoverem encontros inesperados para resgatar
seus laços com o "coitado excluído". Isso acontece por puro desconhecimento
sobre a personalidade psicopática. Mantenha-se firme e evite essa pessoa de
todas as formas.
12 - Busque ajuda
profissional.
Os danos causados pela
passagem (ou permanência) de um psicopata na vida de alguém são devastadores e
imensuráveis. Sua vida emocional, física, profissional (ou financeira) e até
mesmo sua dignidade podem ser sumariamente destruídas por um deles. Assim, na medida
do possível, os familiares e as vítimas de psicopatas devem buscar ajuda médica,
psicológica e até mesmo jurídica. É recomendado que esses profissionais tenham
profundo conhecimento sobre a natureza da personalidade psicopática. Essa união
profissional em favor da vítima é que poderá fazer com que ela possa se reconstruir.
13 - Dê valor a sua
capacidade de ser consciente.
Não se esqueça de que
você possui o bem mais valioso que um ser humano pode alcançar. Você tem a sua
consciência que lhe confere o dom de amar a própria vida, o planeta e a
humanidade como um todo. Por isso, é tão importante desenvolver e aperfeiçoar a
nossa consciência. O desenvolvimento da consciência provoca experiências
transformadoras em nós. Mudamos a nossa forma de ver, viver, sentir e nos
relacionar com o mundo. Com o aperfeiçoamento da consciência, aumentamos a nossa
capacidade de amar e, com isso, temos o privilégio de praticar o amor incondicional.
Exercer esse amor de forma realista e madura é ter o bem pulsando dentro de nós.
CAPITULO
13
Alguma coisa está fora
da ordem
Uma breve revisão na história da humanidade é capaz
de revelar duas questões importantes no que tange à origem da psicopatia. A
primeira delas se refere ao fato de a psicopatia sempre ter existido entre nós.
Um exemplo dessa situação é destacado pelo psiquiatra americano Hervey Cleckley
ao citar que o general grego Alcebíades, no século V a.C, já preenchia todos os
requisitos para ser considerado um psicopata "de carteirinha".
A segunda questão aponta para a presença da psicopatia
em todos os tipos de sociedades, desde as mais primitivas até as mais modernas.
Esses fatos reforçam a participação de um importante substrato biológico na
origem desse transtorno. No entanto, eles não invalidam, de forma alguma, a
participação significativa que os fatores culturais podem ter na modulação
desse quadro, ora favorecendo, ora inibindo o seu desenvolvimento.
Isso fica claro quando observamos a prevalência de
psicopatas em culturas diversas.
Nas sociedades ocidentais, a conduta psicopática
tem-se incrementado de maneira assustadora nas últimas cinco décadas.
Cotidianamente nos deparamos com jornais e revistas que estampam homicidas
cruéis, assassinos em série, políticos corruptos, terroristas, pedófilos,
pessoas que maltratam crianças, torturadores de mulheres, líderes religiosos
inescrupulosos, estelionatários e profissionais desleais.
Tenho a convicção de que todos esses problemas têm
se agravado, de modo extraordinário, devido à ação dos psicopatas e de pessoas
que vêm adotando formas "psicopáticas" de convívio. Se isso ocorre é
porque nossa sociedade está fundamentada em valores e práticas que, no mínimo,
favorecem a maneira psicopática de ser e viver.
De certa forma, estamos contribuindo para promover uma
cultura na qual a psicopatia encontra um campo bastante favorável para
florescer.
A
cultura dos tempos modernos
A ideologia sobre a
qual se alicerça a cultura dos nossos tempos é baseada em três princípios
básicos:
1) o individualismo;
2) o relativismo;
3) o instrumentalismo.
De forma compreensível
e sem, contudo, aprofundar-me na esfera da filosofia, os três princípios podem
ser avaliados da seguinte maneira:
1) O individualismo
prega a busca do melhor tipo de vida a se usufruir. Entende-se como o melhor
tipo de vida aquele que abrange o autodesenvolvimento, a autorealização e a auto-satisfação.
De acordo com essa concepção, o indivíduo tem a "obrigação moral" de
buscar sua felicidade em detrimento de qualquer outra obrigação com os demais.
2) Segundo o
relativismo todas as escolhas são igualmente importantes, pois não há um padrão
de valor objetivo que nos permita estabelecer uma hierarquia de condutas.
Assim, qualquer ação
que leva o indivíduo a atingir a auto-satisfação é válida e não pode ser
questionada.
3) O instrumentalismo
afirma que o valor de qualquer coisa fora de nós é apenas um valor
instrumental, ou seja, o valor das pessoas e das coisas se resume no que elas podem
fazer por nós.
Na verdade, tudo está
implícito no primeiro e principal componente da cultura moderna: o
individualismo. Assim, o nosso principal objetivo é a realização e a satisfação
pessoais. As obrigações que temos com as demais pessoas são meramente
secundárias, prevalecendo a obrigação de desfrutarmos a vida da maneira que
escolhermos. Dessa forma, as outras pessoas se transformam em simples meios
para chegarmos a um fim.
O objetivo maior da
ideologia moderna era preservar a liberdade individual. No entanto, essa ênfase
sobre a liberdade criou a grande contradição de nossos tempos: como estabelecer
valores morais e éticos num mundo que prioriza as escolhas individuais?
A modernidade foi
responsável por uma série de mudanças na nossa forma de ver e sentir o mundo. A
revolução tecnológica inundou de conforto nossas vidas. Dispomos de uma imensa
variedade de coisas que facilitam nosso dia-a-dia, porém não encontramos tempo
disponível para cultivarmos o nosso lado afetivo.
O convívio reconfortante com
a família, os amigos e o amor romântico parecem ser coisas do passado, algo
lembrado com nostalgia, mas avaliado como utopia nos dias atuais.
O desenvolvimento econômico
nos tempos modernos fundamenta-se na crença cega de que não podemos
"parar" nunca: há sempre o que aprender, conquistar, possuir, descobrir,
experimentar...
Nada nem ninguém é capaz de nos satisfazer plenamente, pois sempre
há novas possibilidades para serem testadas na conquista da tal realização pessoal.
A realização proposta
por nossa sociedade só pode ser de aspecto material, pois afetos verdadeiros
não podem ser adquiridos nem substituídos na velocidade que nossos tempos preconizam.
A cultura do
individualismo e o desejo de conseguir bem-estar material a qualquer custo têm
provocado erosão dos laços afetivos dentro da nossa sociedade. Com isso,
virtudes como a honestidade, a reciprocidade e a responsabilidade com os demais
caem em total descrédito.
E assim, repletos de
conforto e tecnologia, acabamos por nos tornar cada vez mais sozinhos e menos
comprometidos com os nossos semelhantes.
Sem sombra de dúvida, o
cenário social dos nossos tempos favorece o estilo de vida do psicopata. Ele
reflete de forma precisa esse "novo homem", voltado somente para si mesmo,
preocupado apenas com o que é seu e desvinculado da realidade vital dos que estão
ao seu redor.
A expansão da cultura
moderna, repleta de traços psicopáticos, modificou de forma drástica as nossas
relações familiares e sociais. Estamos perdendo o senso de responsabilidade
compartilhada no campo social e o de vinculação significativa nas relações interpessoais.
O aumento implacável da violência e senão uma resposta lógica e interpessoais.
O aumento implacável da violência e senão uma resposta lógica e previsível a
toda essa situação.
A
cultura psicopática está no ar
No campo da ficção, os
psicopatas também têm conquistado valorosos espaços. Até bem pouco tempo atrás,
nas novelas, nos romances e nos filmes, torcíamos e nos identificávamos com os
personagens do bem que, em geral, eram vitimados pelas diversas circunstâncias
dos enredos, mas que se mantinham éticos e triunfavam ao final.
Hoje, ficamos
fascinados e atraídos pelos vilões e é para eles que dirigimos nossa torcida. E
quando esses "bandidos" são ricos e poderosos acabam por se
transformar em sedutores de primeira grandeza. Assim, de forma quase natural,
estamos abandonando os mocinhos e seus ideais morais de justiça e solidariedade.
Os heróis dos novos tempos são maldosos, inescrupulosos e isentos de qualquer
sentimento de culpa. Já os personagens bonzinhos despertam em nós um sentimento
de pena e até certa intolerância com seus discursos utópicos e ingênuos. Os
heróis do passado estão se tornando os otários dos tempos modernos.
O desrespeito, a
frieza, a luxúria e a perversidade dos psicopatas estão ganhando espaço nas
telinhas e nas telonas, arrebatando espectadores, críticos especializados e
atores que buscam fama e reconhecimento profissional ao interpretarem
personagens de "psiquismo tão complexo".
Se não tomarmos muito
cuidado, acabaremos adotando a conduta psicopática como um estilo de vida
eficiente para se alcançar a auto-satisfação ou então como um comportamento
adaptativo de sobrevivência.
É hora de pararmos e
realizarmos uma profunda reflexão coletiva e individual.
Precisamos definir em
que proporções estamos contribuindo para a promoção de uma cultura psicopática.
Temos que unir forças para efetuarmos um combate efetivo das ações psicopáticas
em todas as suas manifestações. Para começar, precisamos rever a
nossa tolerância em relação as pequenas transgressões do dia-a-dia, como jogar
papel no chão, buzinar em frente ao hospital, urinar em postes, cuspir nas calçadas,
estacionar em locais proibidos, não recolher os dejetos dos animais de estimação
e por aí vai.
E o que dizer de nossa
tolerância para com a corrupção?
Chegamos ao ponto absurdo de concordar com
frases do tipo: "fulano rouba, mas faz." Isso representa a mais pura acomodação
política que experimentamos em nossas vidas sociais. Será que acreditamos realmente
que exista corrupção benigna?
Claro que sabemos que isso não existe, mas
tentamos criar justificativas idiotas para abrandar nossas turvas consciências.
Sabemos distinguir claramente o que é certo do que é errado, no entanto preferimos
relativizar essa questão para nos beneficiarmos das vantagens materiais das "pequenas"
transgressões sociais.
Precisamos
reestruturar, de forma urgente, os processos pelos quais nossas crianças e nossos
jovens aprendem os valores e os comportamentos sociais. Para que isso ocorra, todas
as instituições, tanto públicas quanto privadas, terão que dar a sua parcela de
contribuição. Somente uma educação pautada em sólidos valores altruístas poderá
fazer surgir uma nova ética social que seja capaz de conciliar direitos individuais
com responsabilidades interpessoais e coletivas. A aprendizagem altruísta é o
único caminho possível para combatermos a cultura psicopática pautada na
insensibilidade interpessoal e na ausência da solidariedade coletiva.
É fundamental destacar
que não se trata de cair na velha argumentação da perda da virtude em troca do
conforto e do progresso. Não é nada disso! Bem-vindas sejam as conquistas dos
novos tempos, como os avanços científicos e tecnológicos, as liberdades de
escolhas e de expressões. No entanto, nada disso pode se transformar em
justificativa para a aceitação ou a tolerância para com uma sociedade
constituída de indivíduos desvinculados dos direitos e das necessidades vitais
dos que estão ao redor.
A construção de uma
sociedade mais solidária é, a meu ver, o grande desafio dos
nossos tempos. E para tal empreitada teremos que harmonizar o desenvolvimento
tecnológico com uma consciência que não faça qualquer tipo de concessão ao
estilo psicopático de ser ou de viver. A luta contra a psicopatia é a luta pelo
que há de mais humano em cada um de nós. É a luta por um mundo mais ético e
menos violento, repleto "de gente fina, elegante e sincera".
Anexos
(301.7)
Critérios Diagnósticos
para Transtorno da Personalidade Anti-social
A. Um padrão global de
desrespeito e violação dos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos,
como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
(1) incapacidade de
adequar-se às normas sociais com relação a comportamentos lícitos, indicada
pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção
(2) propensão para
enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os
outros para obter vantagens pessoais ou prazer
(3) impulsividade ou
fracasso em fazer planos para o futuro
(4) irritabilidade e
agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas
(5) desrespeito
irresponsável pela segurança própria ou alheia
(6) irresponsabilidade
consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento
laboral consistente ou de honrar obrigações financeiras
(7) ausência de
remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado
ou roubado alguém
B. O indivíduo tem no
mínimo 18 anos de idade.
C. Existem evidências
de Transtorno da Conduta com início antes dos 15 anos de idade.
D. A ocorrência do
comportamento anti-social não se dá exclusivamente durante o curso de
Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.
ANEXO B
Transtorno
de Personalidade Dissociais
Transtorno de
personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais, falta de
empatia para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento e
as normas sociais estabelecidas. O comportamento não é facilmente modificado
pelas experiências adversas, inclusive pelas punições. Existe uma baixa
tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive
da violência. Existe uma tendência a culpar os outros ou a fornecer
racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a
entrar em conflito com a sociedade.
Personalidade
(transtorno da):
• amoral
• anti-social
• associai
• psicopática
• sociopática
Exclui: transtorno (de)
(da):
• conduta (F91.-)
• personalidade do tipo
instabilidade emocional (F60.3)
Critérios
Diagnósticos para Transtorno da Conduta
A. Um padrão repetitivo
e persistente de comportamento no qual são violados os direitos individuais dos
outros ou normas ou regras sociais importantes próprias da idade, manifestado
pela presença de três (ou mais) dos seguintes critérios nos últimos 12 meses,
com presença de pelo menos um deles nos últimos 6 meses: Agressão a pessoas e
animais
(1) provocações,
ameaças e intimidações frequentes
(2) lutas corporais
frequentes
(3) utilização de arma
capaz de infligir graves lesões corporais (por ex., bastão, tijolo, garrafa
quebrada, faca, revólver)
(4) crueldade física
para com pessoas
(5) crueldade física
para com animais
(6) roubo em confronto
com a vítima (por ex., bater carteira, arrancar bolsa, extorsão, assalto à mão
armada)
(7) coação para que
alguém tivesse atividade sexual consigo
Destruição de
patrimônio
(8) envolveu-se
deliberadamente na provocação de incêndio com a intenção de causar sérios danos
(9) destruiu
deliberadamente a propriedade alheia (diferente de provocação de incêndio)
Defraudação ou furto
(10) arrombou
residência, prédio ou automóvel alheios
(11) mentiras
frequentes para obter bens ou favores ou para esquivar-se de obrigações legais
(isto é, ludibriar pessoas)
(12) roubo de objetos
de valor sem confronto com a vítima (por ex., furto em lojas, mas sem arrombar
e invadir; falsificação)
Sérias violações de
regras
(13) frequente
permanência na rua à noite, contrariando proibições por parte dos pais, iniciando
antes dos 13 anos de idade
(14) fugiu de casa à
noite pelo menos duas vezes, enquanto vivia na casa dos pais ou lar adotivo (ou
uma vez, sem retornar por um extenso período)
(15) gazetas
frequentes, iniciando antes dos 13 anos de idade
B. A perturbação do
comportamento causa prejuízo clinica mente significativo do funcionamento
social, acadêmico ou ocupacional.
C. Se o indivíduo tem
18 anos ou mais, não são satisfeitos os critérios para o Transtorno da
Personalidade Anti-social.
ESPECIFICAR TIPO COM
BASE NA IDADE DE INÍCIO:
312.81 Tipo com Início
na Infância: início de pelo menos um critério característico do Transtorno da
Conduta antes dos 10 anos de idade.
312.82 Tipo com Início
na Adolescência: ausência de quaisquer critérios característicos do Transtorno
da Conduta antes dos 10 anos de idade
.
312.89 Transtorno da
Conduta, início inespecificado: a idade do início não é conhecida.
ESPECIFICAR GRAVIDADE:
LEVE: poucos problemas
de conduta, se existem, além dos exigidos para fazer o diagnóstico sendo que os
problemas de conduta causam apenas um dano pequeno a outras pessoas.
MODERADO: um número de
problemas de conduta e o efeito sobre outros são intermediários, entre
"leve" e "grave".
GRAVE: muitos problemas
de conduta além dos exigidos para fazer o diagnóstico ou problemas de conduta
que causam dano considerável a outras pessoas.
SITES ÚTEIS
AMERICAN PSYCHIATRY
ASSOCIATION (APA) www.psych.org
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE PSIQUIATRIA (ABP) www.abpbrasil.org.br
CENTRO DE VALORIZAÇÃO
DA VIDA (CVV) www.cvv.com.br
DISQUE DENÚNCIA
www.disquedenuncia.org.br
ASSOCIAÇÃO DE PARENTES
E AMIGOS DE VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA (APAVV) www.apavv.org.br
CENTRAL NACIONAL DE DENÚNCIAS
DE CRIMES CIBERNÉTICOS - SAFERNET BRASIL www.denunciar.org.br
SECRETARIA DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL – RJ www.rio.rj.gov.br/smas
WlTHOUT CONSCIENCE - R0BERT HARE'S WEB SlTE DEVOTED TO
THE STUDY OF PSYCHOPATHY www.hare.org
WORLD HEALTH
ORGANIZATION www.who.int
YOUTUBE - VÍDEOS
POSTADOS PELA ESCRITORA GLORIA PEREZ
TELEFONES
ÚTEIS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE PSIQUIATRIA (21)2199-7500
CENTRO DE VALORIZAÇÃO
DA VIDA (CVV)
- RIO DE JANEIRO: (21)
2233-9191
- CAMPINAS: (19)
3272-7777
- BRASÍLIA: (61)
3326-4111
- SALVADOR: (71) 3322-4111
- CURITIBA:
(41)3342-4111
DELEGACIA
DA MULHER
- RIO DE JANEIRO: (21)
3399-3690
- SÃO PAULO: (11)
3241-3328
- BRASÍLIA:
(61)3242-4300
- SALVADOR: (71) 3116-7000
- CURITIBA: (41)
3223-5323
DISQUE
DENÚNCIA
- RIO DE JANEIRO: (21)
2253-1177
- SÃO PAULO: 181
- BRASÍLIA: (61)
3323-8855
- SALVADOR: (71)
3235-0000
- TELEFONE NACIONAL:
100
SECRETARIAS
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
- Rio DE JANEIRO: (21)
2293-0393
- SÃO PAULO: (11)
3291-9666
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CONTATOS:
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Dra. Ana Beatriz
Barbosa Silva
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Ana Beatriz Barbosa
Silva
Autora de Mentes
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Osvaldo Aires Bade
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