O MURO QUE NEM
O TEMPO CONSEGUIU DERRUBAR
Em julho de 1977, o Pink Floyd se reuniu nos estúdios Britannia Row, em
Londres, para ouvir o baixista Roger Waters apresentar suas ideias para dois
álbuns conceituais.
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Um, então intitulado "Bricks in the Wall", falava de um astro do rock em turnê e sua alienação, isolamento e depressão; o outro falava sobre uma única noite na vida de um homem, seus sonhos e ideias sobre casamento, família e fidelidade.
"O Roger tinha preparado os demos mais ou menos completos dos dois e disse:
'Um é meu álbum solo; o outro é da banda'", relembra o baterista Nick Mason. "E
foi interessante porque embora 'The Wall' seja meio autobiográfico, todos nós
nos identificamos com ele. A forma como o tema foi abordado e aquilo de que se
tratava atingiu todos nós na veia e, por isso, foi mais fácil optar por
ele."
"Foi uma decisão unânime", Mason continua. "Todo mundo quis fazer 'The
Wall'".
Boa escolha. Lançado em 1979, "The Wall" se tornou um dos clássicos da banda, tão popular quanto "The Dark Side of the Moon" (1973), vendendo mais de 25 milhões de cópias no mundo inteiro. Chegou ao topo das paradas nos EUA e no Reino Unido e deu ao Pink Floyd seu single de maior sucesso, "Another Brick in the Wall (Part II)". Além disso, ficou em 87º lugar na lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos da Rolling Stone.
E "The Wall" continua firme e forte. Em 2010, Waters começou a apresentar o
álbum inteiro num show aclamado pela crítica - uma produção de US$ 60 milhões
que já foi exibida para mais de 1,6 milhão de pessoas (por enquanto). No início
deste ano, como parte do catálogo "Why Pink Floyd?", a banda lançou as edições
"Immersion" e "Experience", acrescentando os demos originais de Waters e
subsequentes gravações não lançadas da banda, além de documentário, gravações ao
vivo e outros materiais.
"'The Wall' é incrivelmente simbólico, talvez até mais agora do que quando o
compus", diz Waters, que deixou o Pink Floyd em 1985 e processou (sem sucesso)
Mason e o guitarrista David Gilmour quando os dois optaram por continuar juntos.
"Era sobre um cara que tem tanto medo que acaba se acostumando a ele. Suas
defesas são tão poderosas por causa de seu sentimento de inadequação... ele
acaba construindo um muro em torno de si e se isola do mundo."
"É estranho como geralmente o macro e o micro se refletem", o baixista continua, "de modo que a história de um homem, seus relacionamentos fracassados, sua vergonha e seus problemas refletem a nossa situação global/política/religiosa. Há um muro entre o norte e o sul; outro entre os ricos e os pobres. Há, com todo o respeito, um muro que chamamos de imprensa entre os cidadãos e a realidade da vida".
"Ele descreve uma condição muito mais ampla, mais universal do que imaginamos
em 1980, mas acho que é isso que ainda faz o público continuar se
identificando".
"Não foi fácil fazer 'The Wall'; havia muita política na banda, o que não
ajudou em nada" relembra Waters - tanto que o tecladista Rick Wright acabou
sendo expulso. Apesar disso, Mason recorda o período como sendo um dos mais
criativos do grupo.
"O pessoal tem uma ideia de que esse álbum foi feito por pessoas revoltadas, que se detestavam, mas esse não é bem o caso", dispara Mason que se apresentou ao lado de Gilmour e Waters para uma apresentação de "The Wall" no O2 Arena de Londres em 2011. "Praticamente durante o álbum todo o clima foi bem civilizado, a energia era positiva. O negócio começou a azedar depois, quase no final das gravações - e aí teve uma explosão entre o Roger e o Rick quase no fim do processo."
"Apesar disso, a coisa toda foi bem criativa e profissional", ele continua.
"O trabalho de produção foi muito maior que dos outros álbuns, tivemos que
pensar muito bem sobre cada uma das partes, tocar cada uma delas em separado e
não fazer a coisa completa, como antes."
O produtor Bob Ezrin, que trabalhava com a banda pela primeira vez, fez questão de dar atenção aos menores detalhes, numa metodologia inclusiva que, às vezes, ia de encontro à visão de Waters.
"Sob vários aspectos, o trabalho do Bob teve um valor inestimável", diz
Mason. "Ele estava o tempo todo produzindo ideias e achava que até uma ideia
ruim podia ser boa no sentido de que, se fosse rejeitada, a pessoa teria que
oferecer uma opção melhor."
Foi Ezrin que sugeriu a diferenciação rítmica tão distinta em "Another Brick
in the Wall (Part II)".
"O Bob estava decidido a fazer um single disco, com aquela batida", relembra
Mason com uma risada. "Sabe Deus por que resolvemos ouvi-lo. Se fosse pelo nosso
instinto, não ia rolar de jeito nenhum, mas acho que acabamos curiosos com a
possibilidade e depois que começamos a trabalhar nela, pegamos o jeito - e até
botamos fé que poderia dar certo..."
"Eu fiquei meio surpreso por ter feito tanto sucesso", admite Waters, "mas
também muito orgulhoso de tudo o que fizemos naquele álbum. O sucesso foi
inacreditável... e ainda hoje ele se destaca musicalmente".
Quanto à expulsão de Wright, arquitetada por Waters, mas com o aval de Gilmour e Mason, hoje o baterista se arrepende.
"Acho que a gente não devia ter deixado acontecer", ele confessa. "Todo mundo
andava numa fase meio brava. Aposto que até o Roger acha que foi meio injusto...
mas será que se tivesse agido de outro modo e evitado a expulsão teria sido
melhor? Não sei. De repente a gente acabaria um ameaçando o outro ou fazendo
alguma coisa mais drástica. Embora tenha sido uma coisa impensada, não sei se
teria dado certo de outro jeito."
Wright participou da turnê seguinte como músico contratado e não como membro
da banda - e essa versão de "The Wall", uma produção grandiosa com 31
apresentações em quatro cidades em 1980 e 1981, está registrada em "Is There
Anybody Out There: The Wall Live 1980-81" (2000), um álbum incluído no novo
pacote "Immersion". Ironicamente, a turnê acabou dando prejuízo e Gilmour, Mason
e Waters perderam dinheiro enquanto Wright, por ser contratado, foi o único que
se deu bem. Ele foi readmitido no grupo no fim dos anos 80, mas morreu em
2008.
E "The Wall" continua vivo: virou filme em 1982, dirigido por Alan Parker e estrelado por Bob Geldof, vocalista do Boomtown Rats. Em 1990, Waters fez um espetáculo estrelado para comemorar os dez anos da queda do Muro de Berlim - e depois de tocar "The Dark Side of the Moon" na íntegra com sua própria banda em 2007/2008, começou a pensar em levar "The Wall" para a estrada de novo.
"Eu comecei a pensar nisso", ele relembra, "e quando me recuperei da turnê
anterior, tive aquela sensação de que valia a pena tentar pelo menos mais uma
vez, de que poderia virar alguma coisa boa".
A produção de Waters, mais uma vez, gira em torno de um muro de verdade - 73
metros de comprimento e dez de altura - construído durante a primeira metade do
show e destruído no final. O espetáculo usa vários bonecos criados por Gerald
Scarfe, que trabalhou para o projeto original, além de projeções, efeitos
especiais (incluindo o famoso porco voador) e imagens de cunho sócio-político
que ajudam a dar ao show um significado muito maior.
"É uma peça de teatro", Waters resume, "mas com engenharia e tecnologia
melhoradas, principalmente as técnicas de projeção. Agora podemos fazer uma
imagem bem brilhante em toda a extensão do estádio, coisa que antes não dava. É
muito visual, ou seja, a gente toca baseado em deixas calculadas
eletronicamente. Eu não ligo; prefiro sacrificar a liberdade dos guitarristas
para criar um show que emocione as pessoas e tenha cunho político".
As várias encarnações novas de "The Wall" surgiram durante um período de relativa paz entre os membros do Pink Floyd: os quatro se reuniram para uma apresentação no Live 8, em 2005, e Mason revela que quando ele, Waters e Gilmour tocaram em Londres no ano passado, foi relativamente tranquilo.
"Foi legal até", diz o baixista. "Deu para ver que a gente ainda pode
trabalhar junto, ficar na companhia um do outro e, lá no fundo, ainda ficou a
amizade."
"Acho que conforme a gente foi envelhecendo, foi ficando mais esperto", Mason
conclui. "Se fosse para se arrepender de alguma coisa, acho que seria de não ter
amadurecido antes para poder trabalhar mais, fazer mais coisas juntos.
Infelizmente, o mundo da música não é o melhor lugar do mundo para crescer."
(Gary Graff é redator de Beverly Hills, Michigan.)
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