PSICOLOGIA - Não há vantagem evolutiva na depressão
Por Dr. Richard A. Friedman, The New York Times News Service/Syndicate
Em alguns setores acadêmicos, só se fala em analisar o comportamento humano
por meio da biologia evolutiva. Os pesquisadores querem descobrir que vantagens
evolutivas estariam escondidas em nossas ações, ou mesmo em nossas
patologias.
É a vez de a depressão ser examinada em detalhes. Alguns psicólogos
evolucionistas acreditam que essa doença dolorosa e incapacitante pode esconder
algo de positivo. Mas, como eu, a maioria dos profissionais que tratam pacientes
discorda com veemência.
Tome como exemplo uma paciente que analisei há algum tempo, uma mulher de
trinta anos de idade cujo marido a havia traído e abandonado. Durante muitas
semanas, ela se tornou abatida e se isolou socialmente. Ela desenvolveu insônia
e começou a refletir constantemente sobre o que havia feito de errado.
Um psicólogo evolucionista talvez afirmasse que a resposta de minha paciente
tinha alguma lógica. Afinal de contas, quando sua rotina normal foi quebrada,
ela procurou se isolar, tentou entender a razão para seu abandono e se planejar
para o futuro. Talvez você perceba alguma vantagem evolutiva na habilidade que
as pessoas depressivas têm de fixar sua atenção de forma rígida e obsessiva em
um único problema, desligando-se de tudo e de todos a seu redor.
Alguns estudos parecem dar apoio a essa perspectiva. Paul W. Andrews,
psicólogo da Virginia Commonwealth University, relata que sujeitos normais ficam
tristes quando tentam resolver um teste de reconhecimento de padrão espacial
mais complicado, o que sugere que alguma característica da tristeza possa
melhorar a capacidade analítica dos sujeitos.
Com uma abordagem similar, Joseph P. Forgas, psicólogo da Universidade de New
South Wales, na Austrália, descobriu que sujeitos tristes obtiveram mais sucesso
no reconhecimento de mentiras do que sujeitos felizes submetidos ao mesmo teste.
Nele, os sujeitos eram expostos a vídeos desenvolvidos para induzir sentimentos
de felicidade ou tristeza e, em seguida, Forgas exibia uma série de entrevistas,
algumas verdadeiras e outras mentirosas, nas quais os entrevistados negavam ter
cometido um roubo. Os sujeitos que foram expostos ao vídeo triste eram mais
céticos e detectavam com maior precisão os discursos mentirosos; já os sujeitos
que foram expostos ao vídeo positivo confiavam com muito mais facilidade nos
entrevistados.
Resultados como esses podem sugerir alguns benefícios da tristeza, mas, com o
tempo, eles foram generalizados para pacientes que sofriam de depressão
profunda. Por exemplo, Andrews e o Dr. J. Anderson Thomson Jr., psiquiatra da
Universidade da Virgínia, propuseram que a reflexão entre os depressivos seria
uma estratégia de adaptação para resolver um problema doloroso. Os psicólogos
clínicos, por outro lado, continuam a afirmar que o aspecto sombrio dos
depressivos é uma evidência de que seus processos cognitivos estão distorcidos e
funcionando de forma errônea. Esses processos devem ser corrigidos, não
incentivados.
Há evidências concretas de estudos neuropsicológicos e de imagem cerebral que
demonstram que a depressão clínica está ligada a vários tipos de deficiências da
memória em todas as faixas etárias e em todos os graus de depressão. Desafiar e
modificar os pensamentos disfuncionais da depressão é o objetivo da terapia
cognitivo-comportamental, uma das formas mais populares e empiricamente
comprovadas de psicoterapia.
Mas quem está certo sobre a depressão, os psicólogos evolucionistas ou os
psicólogos clínicos?
Para começar, os sujeitos dos estudos citados eram controles saudáveis, cujo
estado de espírito havia sido manipulados para que ficassem temporariamente
tristes. Eles não são realmente depressivos do ponto de vista clínico, condição
que pode durar por meses ou até anos.
Forgas afirmou por e-mail: "Nunca trabalhei com depressivos e não acredito
que os experimentos que realizamos enquanto procurávamos uma relação entre os
efeitos do estado de espírito sobre os processos cognitivos em populações
normais que vivenciam diferenças de humor corriqueiras possam ser generalizados
para os processos cognitivos de pessoas com depressão".
Sob olhares mais atentos, o caso dos benefícios evolutivos da depressão
apresenta grandes problemas. O fato é que o pensamento reflexivo dos deprimidos
não é particularmente eficiente na resolução de problemas. Um de meus pacientes
disse certa vez: "Eu pensava sempre da mesma maneira e era incapaz de decidir o
que fazer. Essa não é uma forma muito criativa de pensar".
Além disso, a depressão pode surgir sem a influência de qualquer fator
psicossocial, o que torna difícil o argumento de que a depressão seria a
resposta a uma situação difícil ou a um problema. O Dr. David J. Kupfer,
psiquiatra da Universidade de Pittsburgh, descobriu que o primeiro episódio de
depressão é quase sempre precedido por um grande fator estressante, mas os
episódios recorrentes podem ser desencadeados por pequenos fatores, ou mesmo sem
causa aparente.
Caso a depressão aumentasse a capacidade de solucionar problemas, ela nunca
iria se transformar em uma condição crônica ou autônoma, mas é isso o que ocorre
em praticamente metade dos pacientes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a depressão é a principal causa
de afastamento do trabalho e a quarta doença mais difundida no mundo, devendo
alcançar a segunda posição em 2020. Há evidências claras de que ela é um fator
de risco para problemas no coração e diversos estudos demonstram que a depressão
prolongada está associada a danos seletivos e permanentes no hipocampo, a região
do cérebro responsável pela memória e pelo aprendizado.
Se adicionarmos ainda o fato de que de 2 a 12 por cento dos deprimidos
cometem suicídio, as "vantagens" da depressão deixam de parecer assim tão
boas.
Mas, por que ainda existe esta noção de que a depressão traz benefícios e
autoconhecimento?
Recentemente, um paciente me ajudou a compreender essa questão. Ele era um
jovem educado e articulado, infeliz porque o mundo era um lugar horrível,
segundo dizia. Já que ele tinha diversos outros sintomas da depressão _ insônia,
fadiga, pouca libido e baixa autoestima _ eu confirmei seu diagnóstico de
depressão clínica e lhe disse que sua visão de mundo provavelmente era um
resultado da depressão, não sua causa.
Ele zombou, mas estava disposto a tentar um tratamento
cognitivo-comportamental associado ao uso de antidepressivos, caso isso o
fizesse se sentir melhor. Meses depois, quando já estava recuperado, eu lhe
perguntei mais uma vez sobre sua visão de mundo.
Para ele, o mundo continuava terrível, mas ele se sentia melhor. Ainda assim,
refletiu melancolicamente que sua alegria recém-descoberta não representava o
seu verdadeiro eu, que, segundo ele, seria ensimesmado e criativo.
Essa é a razão pela qual a depressão é cada vez mais romantizada. De acordo
com esse pensamento, o que é natural, é bom. Se nós fomos projetados para sofrer
de depressão como resposta às doenças da vida, deve haver uma boa razão para
isso e nós devemos permitir seu curso natural e doloroso.
Mas, ao contrário da tristeza comum, o curso natural da depressão pode ser
devastador e até letal. Mesmo que a tristeza possa ser útil, a depressão clínica
assinala uma falha na adaptação à perda ou a situações estressantes, uma vez que
diminui a habilidade de resolver os dilemas que a causaram.
Mesmo que a depressão seja "natural" e evolua a partir de um estado emocional
que, em algum momento, foi vantajoso, isso não significa que ela seja uma doença
mais desejável do que outras. A natureza nos oferece infecções, câncer e
problemas do coração, e nós fazemos o possível para evitar esses problemas e
tratá-los da melhor forma. Não podemos agir de outra forma com a depressão.
The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É
proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York
Times.
Abraço e Sucesso a Todos
Olimpia Pinheiro
Consultora Executiva
(91)8164-1073
CRA-PA/AP 3698
CRECI-PA/AP 6312
Blog: http://cinenegocioseimoveis. blogspot.com
E-mail: cinenegocioseimoveis@gmail.com
Perfil no Facebook: http://www.facebook.com/#!/ olimpiapinheiro22
Programação CINENEGÓCIOS no Facebook:
Consultora Executiva
(91)8164-1073
CRA-PA/AP 3698
CRECI-PA/AP 6312
Blog: http://cinenegocioseimoveis.
E-mail: cinenegocioseimoveis@gmail.com
Perfil no Facebook: http://www.facebook.com/#!/
Programação CINENEGÓCIOS no Facebook:
*Se você precisar de informações sobre imóveis:1- Negociação e Venda de Imóveis.
Postagem em construção:
Postagem em construção:
http://cinenegocioseimoveis. blogspot.com.br/2012/02/ 28012011-2325-atualizado-em- 04022011.html#!/2012/02/ 28012011-2325-atualizado-em- 04022011.html
*Se você precisar de informações sobre consultoria de gestão organizacional:
2- Consultoria Organizacional Interim Manager/Arquiteturada de Inovação - Breakthrough.
Postagem em construção:
*Se você precisar de informações sobre consultoria de gestão organizacional:
2- Consultoria Organizacional Interim Manager/Arquiteturada de Inovação - Breakthrough.
Postagem em construção:
http://cinenegocioseimoveis. blogspot.com.br/2012/02/ consultoria-proposta-de- planejamento.html#!/2012/02/ consultoria-proposta-de- planejamento.html
*Se você precisar de informações sobre cinema:
3- Cinema Como Recurso Pedagógico.
Postagem em construção:
*Se você precisar de informações sobre cinema:
3- Cinema Como Recurso Pedagógico.
Postagem em construção:
Nenhum comentário:
Postar um comentário