ECONOMIA/NEGÓCIOS - Lidando com cidades superlotadas durante viagens de negócios
Em maio, a reunião de cúpula da OTAN trará milhares de visitantes para
Chicago. O prefeito Rahm Emanuel já pediu desculpas por eventuais problemas, mas
todas as pessoas e o tráfego adicional certamente afetarão os viajantes que
visitarão a cidade a negócios na mesma época.
E ainda que a reunião esteja a semanas de distância, alguns hotéis já
começaram a se planejar.
"Isso vai ser um desafio enorme", disse Tim Benolken, vice-presidente sênior
de operações do Hilton Worldwide na porção oeste da América do Norte.
Com zonas de segurança, fechamento de ruas e grupos de representantes
enchendo os maiores hotéis executivos da cidade, Benolken afirmou que sua equipe
já estava se preparando para garantir que os hóspedes regulares da empresa não
se percam na confusão.
"Nós estamos tratando disso agora mesmo e já estamos falando com nossos
clientes", afirmou. "O movimento por aqui vai ser tremendo."
Mas poderia ter sido pior. A reunião de cúpula do G8 _ um encontro que tende
a atrair um grande número de manifestantes _ foi originalmente planejada para
ocorrer em Chicago quase ao mesmo tempo em que a reunião da OTAN. Mas a Casa
Branca anunciou recentemente que a reunião do G8 seria transferida para o retiro
presidencial de Camp David, em Maryland.
Seja o Super Bowl ou uma reunião de cúpula, uma visita presidencial ou uma
parada, qualquer grande evento pode acarretar situações inesperadas para quem
viaja a negócios.
Viajantes e executivos dos hotéis dizem que o transporte é uma de suas
maiores dores de cabeça, já que a combinação de mais carros no trânsito com o
fechamento de ruas lhes dá menos opções para evitar os congestionamentos. No
caso de um evento como os Jogos Olímpicos de Londres, neste verão, algumas ruas
podem se tornar parte do evento, forçando os motoristas a procurar alternativas.
Pessoas que querem um táxi para ir a uma reunião ou ao aeroporto podem se
frustrar.
Lauren Domene, responsável pelo marketing de Shannon Miller, uma ginasta
olímpica que se tornou autora e palestrante motivacional, não sabia que havia um
encontro das Nações Unidas em Nova York quando as duas visitaram a cidade no ano
passado para uma série de eventos motivacionais.
Como ela estava a apenas alguns quarteirões da sede da ONU, Domene contou que
sair de lá de carro ou mesmo a pé às vezes era difícil.
"Havia simplesmente muitos bloqueios", afirmou.
Para um jantar formal, ela teve de andar com um vestido e sapatos de baile
por vários quarteirões, já que não conseguiu pegar um táxi. O fechamento de ruas
e o trânsito pesado atrapalharam a agenda de aparições públicas.
"Foi um pouco desesperador para todos", afirmou.
Tarde da noite, a polícia a impediu de caminhar de volta ao apartamento da
amiga onde estava hospedada, dizendo que ela deveria tomar uma rota alternativa,
embora ela tivesse dito que não estava familiarizada com a área.
"Eu precisei usar o GPS do meu celular à uma da manhã", contou. "Eu estava de
salto alto e estava escuro."
Os hotéis trabalham para evitar que seus hóspedes passem por situações como
essa.
"O segredo é ser capaz de permitir que os hóspedes regulares ainda consigam
se locomover pela cidade sem nenhum problema", disse Thomas Segesta, gerente
geral do Ritz-Carlton de Chicago, um hotel da rede Four Seasons.
Enquanto se preparava para a reunião da OTAN em maio, Segesta afirmou que já
estava trabalhando com a empresa que fornece os táxis para o hotel a fim de
determinar se teriam de ser trazidos veículos adicionais de outras cidades para
acomodar a demanda.
Às vezes, o problema é o excesso de carros, não a falta deles. É nesse
momento que os executivos de hotéis dizem procurar por meios alternativos de
transporte. Segesta disse que certa vez procurou um triciclo para levar um
convidado aonde ele precisava ir quando um jogo de futebol universitário fez o
trânsito parar.
Thomas A. Klein, vice-presidente regional e gerente geral do hotel Fairmont
San Francisco, disse que seu concierge-chefe chegou a usar sua própria moto para
realizar tarefas importantes para hóspedes quando os eventos complicaram o
trânsito em torno do hotel.
Segesta disse que o Ritz-Carlton estava considerando usar iPads para
acompanhar as mudanças nos horários no transporte público, nos engarrafamentos e
nos fechamentos de ruas quando a OTAN estiver na cidade, para que seus hóspedes
_ e todos os motoristas que ligarem para o hotel _ possam obter informações
atualizadas. Os funcionários da recepção e o concierge já utilizam iPads,
afirmou Segesta, mas a magnitude do evento de maio pode levar o hotel a aumentar
essa rede.
"Se pudermos utilizar a qualquer tecnologia a nosso favor, nós
definitivamente iremos fazê-lo", afirmou.
Don Welsh, presidente e diretor executivo da Secretaria de Turismo e
Convenções de Chicago, afirmou que o site da secretaria também será configurado
para fornecer informações aos visitantes.
Klein afirma que alguns eventos, como a visita do presidente russo Dimitry
Medvedev em 2010, interrompem o trânsito ao redor e dentro do hotel em função do
tamanho da força de segurança com a qual um dignitário viaja e dos procedimentos
de segurança que devem ser realizados.
"Basicamente, nós temos que fechar os pontos de acesso do hotel ao público em
geral, pontos de acesso utilizados pelos próprios hóspedes", afirmou.
Durante a visita de Medvedev, os hóspedes eram analisados como se estivessem
passando pela segurança de um aeroporto, com detectores de metal e scanners de
mão.
Para evitar transtornos aos hóspedes, os executivos de hotéis afirmam que
fazem de tudo para agradar, mesmo que alguns viajantes decidam que a viagem não
vale a dor de cabeça.
"Eles normalmente tentam adiar a visita porque não querem ter que lidar com
os problemas de segurança", afirmou Klein.
Benolken, do Hilton, afirmou que sua equipe de vendas de Chicago já está
conversando com os hóspedes com visita agendada para o hotel do centro da cidade
durante o encontro da OTAN, oferecendo-se para transferi-los para um dos hotéis
Hilton no subúrbio, onde ainda há quartos vagos.
Outras convenções frequentemente mudam de data para evitar um confronto
direto com algo como uma reunião da OTAN. Em Chicago, três feiras que
normalmente ocorrem nas datas da reunião da OTAN foram mudadas para antes ou
depois, afirmou Welsh.
Viajantes que não se planejam com antecedência quando sua viagem coincide com
um grande evento podem ter dificuldades até mesmo para encontrar um quarto.
Steve Silberberg, proprietário de uma empresa que realiza passeios em trilhas,
chegou a Miami com alguns clientes em 2007 sem saber que o Super Bowl estava
ocorrendo naquele fim de semana.
"Eu me lembro que fiquei preocupado: 'Não vai haver lugar para ficarmos",
contou. "Parecia que a região inteira estava lotada."
Ele encontrou um quarto para um cliente por cerca de 300 dólares, o dobro do
valor usual, enquanto outros tiveram que ficar na casa de um participante que
morava na região. Já Silberberg ficou na casa da mãe.
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Olimpia Pinheiro
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