O jovem chegou a se mudar para Londres para estudar e tentar a vida como jogador de futebol, antes de se converter ao islã e se juntar ao EI
Janaina Cesar | São Paulo - 08/03/2015 - 06h00
Se chamava Fábio Poças e queria ser jogador de futebol; hoje, aos 22 anos, é AbduRahman Al Andalus e deixou Portugal para combater pelo Estado Islâmico
Analisem, esse cara foi para Inglaterra para se tornar um jogador de futebol depois começou a estudar arquitetura, mas resolveu se juntar aos jihadistas. Uma pessoa fracassada, sem rumo, os prediletos para a conversão ao islão.
Desejo que ele seja exterminado no seu campo de treinamento - um alvo com prioridade - com uma "hellfire" do próximo Apache.
A história de Fábio Poças, jovem português de 22 anos, natural da cidade de Sintra, poderia ser como a de qualquer garoto em busca de um sonho: jogar futebol. A diferença é que Fábio, em vez de encontrar um time, encontrou o islã radical. Na metade de 2013, trocou a bola pelo fuzil, passou a se chamar AbduRahman Al Andalus, foi para a Síria lutar contra o governo de Bashar al-Assad e se juntou às fileiras do EI (Estado Islâmico). Começou como soldado e agora atua como treinador militar das forças especiais dos jihadistas cujos vídeos decapitando opositores se espalharam pela internet. O jovem mujahedin português diz não ter cortado a cabeça de ninguém — "infelizmente", lamenta.
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Fábio faz parte do grupo de cerca 3.000 combatentes estrangeiros europeus que deixaram seus países para viver sob o califado de Abu Bakr al-Baghdadi, líder do EI. Partem principalmente de França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Finlândia, Noruega e Dinamarca. Recebem treinamento militar e estão dispostos a morrer em nome de Alá.
A reportagem de Opera Mundiseguiu os perfis de AbduRahman Al Andalus nas redes sociais — à medida que as contas eram criadas, logo apareciam fechadas da noite para o dia, provavelmente por ordem dos serviços secretos e agências antiterrorismo. Após algumas tentativas de contato, finalmente uma resposta. A entrevista aconteceu no arco de uma semana, entre orações, versos do Alcorão e uma conexão de internet lenta. Jovem, bem-educado e com senso de humor, explicou por que foi parar no front do Estado Islâmico. Abdu, que diz ter conhecido um jihadista brasileiro, ainda contou qual a sua função no grupo e como é a convivência nas fileiras do Estado Islâmico.
Aos 19 anos, Abdu partiu para Londres para estudar arquitetura e tentar a sorte como jogador de futebol. Mas a vida na capital inglesa não foi como esperava e os sonhos não se realizaram. Conta que jogar bola é o sonho de muitos jovens portugueses, mas que Alá tinha planejado algo diferente para ele. Assim, o futebol virou coisa do passado. Através de alguns amigos muçulmanos com quem dividia um apartamento, conheceu o Alcorão e caiu na rede de recrutamento da jihad islâmica.
“Tinha uma curiosidade sobre o islã e quando comecei a ler o Alcorão, percebi que os versos de Alá eram atuais. Fatos científicos que só foram descobertos pela humanidade nos últimos anos foram revelados a Maomé cerca de 1.400 anos atrás. O Alcorão é a última revelação.”
Antes de lutar pela jihad, era católico não praticante, por influência da família. “Tive lições de religião quando era pequeno, mas sempre fugia das aulas e me escondia da professora em cima das árvores”. Após ter ido a Londres, Abdu, que sempre foi muito ativo nas redes sociais, deu sinais de que algo estava mudando. Em março de 2014, escreveu em seu antigo perfil no Facebook que tinha tomado a decisão de sua vida. Pouco depois, sumiu do mapa, deixando familiares e amigos desesperados. Reapareceu em outubro, na Síria. Conta que sua mãe só ficou “sabendo de tudo através dos jornais”; não disse nada a ela sobre a mudança de rumo, porque “queria protege-la”.
Reprodução
Reprodução da entrevista via Whatsapp com AbduRahman Al Andalus, português que se juntou ao EI (clique para ler em tamanho maior)
Abdu diz ainda que foi para a Síria combater os opressores de Alá e ajudar a implementar a sharia — a lei islâmica que, segundo Abdu, é incompatível com a vida na democracia. Segundo ele, todos os muçulmanos devem ir à Síria.
“A lei de Alá é perfeita, mas nenhum país a segue. A humanidade segue leis que o próprio homem criou, como a democracia. Como pode o homem sendo criação de Alá viver sob leis diferentes das leis do Criador? Isso se chama transgressão e Alá não ama os transgressores. Os que vivem dentro de Estados governados por leis que não são as de Deus são muçulmanos oprimidos. Alá ordenou que fizessem a Hijrah [imigração] da terra dos descrentes para a terra dos crentes. E os que preferem o conforto dessa vida temporária perto dos descrentes serão punidos.”
Dentro do Estado Islâmico
Assim como em qualquer exército do mundo, o Estado Islâmico também tem sua hierarquia. Abdu começou como soldado e hoje é treinador das forças especiais. Não disse a qual brigada pertence, alegando ser uma informação confidencial.
“O treino é essencial, faz parte dos ensinamentos da Jihad. Somos um exército muito organizado, treino os irmãos, mas isso me afastou das batalhas. Quero voltar para a linha de frente mais frequentemente. Eu amo a linha da frente. Basta pensar nas famílias, nas crianças mortas e nas irmãs violadas pelos soldados do regime da Síria, que têm torturado e oprimido os muçulmanos de Ash-Shaam durante os últimos 40 anos.”
Entre tantos combatentes, Abdu diz ter conhecido um brasileiro. “Bom irmão, valente, honesto e atencioso. Faz tempo que não o vejo”, diz.
Para sobreviver, Abdu, assim como todos os outros membros do exército, recebe um salário. Quando indagado sobre a proveniência do dinheiro que financia o EI, disse ser uma informação confidencial.
Entre as tantas imagens que aparecem nas redes sociais, está a dos mujahedin (combatentes da jihad) queimando os passaportes quando chegam na Síria ou Iraque. Abdu diz que ninguém é obrigado a entregar ou queimar o documento, mas muitos o fazem por livre e espontânea vontade. “Não entreguei o meu, mas também não sei onde foi parar e não importa, é só um pedaço de papel”. Documento essencial para viajar de um país para o outro, a ausência do passaporte dificulta a volta pra casa. “O Estado Islâmico não obriga quem não prestou juramento ao califa a ficar. Mas se alguém que prestou juramento quiser ir embora, será um pouco mais difícil porque nós faremos pressão e o incentivaremos a ficar. O muçulmano não é opressor.”
Sobre os planos futuros dos jihadistas, Abdu acredita que o EI vai se expandir.
“Voltaria para Portugal assim, com a bandeira negra numa mão e a arma na outra. O EI vai chegar a todos os cantos do mundo. Como pode ver, já estamos nas fronteiras de Irã, Líbano, Jordânia e Arábia Saudita. E temos aliados no Egito, Iêmen, Argélia, Marrocos, Nigéria, etc.”
Abdu fala sobre a entrada do Irã na guerra e diz que “todos aqueles muçulmanos que se aliam com os inimigos de Alá saem dos padrões do islã. Tais pessoas são chamadas de Murtadeen, gente que provoca a ira de Deus”.
Mulheres de Alá
Ao falar de sua vida sentimental, não quis entrar em detalhes. Tem três esposas e dois filhos, um deles do casamento precedente de sua terceira esposa. Uma delas, Umm, ele conheceu através de redes sociais e se casaram na Síria. Umm também é de origem portuguesa e antes de adotar um nome árabe se chamava Úrsula.
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Falando sobre a condição geral das mulheres, diz que não são oprimidas. “Se fossem, por que fugiriam de países como a Inglaterra, a França e a Alemanha para viver no Estado Islâmico? Elas estão contentes por se cobrirem com a burca, algo que não lhes era permitido”, afirma Abdu.
Basicamente, as mulheres são responsáveis por cuidar das crianças, dos afazeres domésticos, dos doentes e feridos de guerra. Elas não recebem treinamento militar. Apesar desta restrição, Abdu confirma a existência do grupo Al Kansaa, uma brigada feminina localizada em Raqqa, com poderes de polícia que controla se o vestuário feminino está sendo usado adequadamente.
O jovem jihadista nega que os homens do califado violem mulheres e as mantenham em cativeiro sexual. Para ele, estas informações são uma estratégia dos veículos de comunicação para denegrir a imagem do Estado Islâmico e incitar a insatisfação. Até a convivência com os católicos é normal, do ponto de vista dele. A única diferença é o pagamento de um imposto. “Todo descrente (cristão, judeu) pode viver dentro do Estado Islâmico pagando jyzia; em outras palavras, é um imposto único. Já os muçulmanos pagam zakat, caridade, o que é obrigatório e contribui para o benefício de todos os muçulmanos”, diz ele.
Decapitação de jornalistas
Entre as cenas divulgadas pelo Estado Islâmico e espalhadas pela internet, estão as imagens de decapitações. Abdu explica que, para um mujahedin, este tipo de execução está acima de questionamentos. Para justificá-la, Abdu diz que são ordens de Alá no Alcorão e cita o verso:
“E quando vos enfrentardes com os incrédulos [na batalha], golpeai-lhes os pescoços, até que os tenhais dominado”.
O jovem jihadista português diz não ter decapitado ninguém — “infelizmente”, lamenta. Apesar de três jornalistas terem sido executados– os americanos James Foley e Steven Sotloff e o inglês David Haines —, Abdu reconhece somente Foley como jornalista. “Na verdade apenas um jornalista (James Foley) foi executado. O outro (John Cantlie) está vivo, é bem tratado e está fazendo reportagens para o EI”. Questionado sobre o fato do jornalista estar preso e ser obrigado a fazer as reportagens para não morrer, ele nega e diz: “Ele é livre e está sendo muito bem tratado. Come, bebe e dorme entre nós. E está deixando a barba crescer”.
Esses camaradas são os maiores propagadores do comunismo no mundo (aqui)
Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões Me Adicione no Facebook