A AUSÊNCIA DE TECNOLOGIA 4G NO BRASIL E PROVÁVEL PREÇO SALGADO DESANIMAM, MAS MUDANÇAS E QUEDA NOS JUROS, PARA ESPECIALISTAS, TORNAM O MODELO INTERESSANTE
O iPhone 5 foi lançado nesta quarta-feira (12/09), com pompa e circunstância, depois de vários meses de rumores sobre o novo modelo da Apple. Mas é interessante, para o consumidor brasileiro, investir na compra de um novo smartphone? Há argumentos contrários, como a ausência da rede 4G de banda larga no Brasil até o momento, mas a percepção de analistas é de que, sim, aderir ao novo produto vale a despesa.
"O que a Apple fez? Ela não criou uma demanda. Eles estudaram a demanda e endereçaram as mudanças. Ela não está tentando empurrar uma nova funcionalidade. Eles escutaram o consumidor e conseguiram fazer um equipamento como ele pediu, com mais bateria, uma tela melhor, vantagens que a Samsung tinha com o Galaxy sobre os iPhones anteriores", avalia Luís Mateus da Silva Mattos, matemático e professor de tecnologia em redes de computadores que trabalha no setor de telecomunicações desde 2001.
As alterações citadas pelo especialista são uma tela maior, mais adequada para assistir a vídeos e clipes, um indicador no qual a linha Galaxy da concorrente Samsung havia se destacado ultimamente. A autonomia da bateria, que aguenta até 225 horas em stand-by, é outro ponto no qual o principal rival tinha vantagem e que foi melhorado. "E o usuário busca em um celular, basicamente, design e um sistema operacional amistoso, porque ele tem apreço por um aparelho bonito e não tem tempo para ficar aprendendo. A Apple atendeu", completa.
O preço do iPhone 5 no Brasil ainda não foi divulgado, e certamente ele custará mais do que os US$ 199 e US$ 399 que o modelo que será vendido nos Estados Unidos, mas esse tampouco será um empecilho. De acordo com Marcos Crivelaro, especialista em matemática financeira e consultor em finanças, a maior parte da população deve buscar o parcelamento, seja em planos pós-pagos, com as operadoras de telefonia, seja em financiamentos em bancos. A queda recente dos juros também deve estimular o consumidor.
Quanto à falta da tecnologia 4G no Brasil, Crivelaro lembra que até 2014, ano de Copa do Mundo no Brasil, a banda larga mais rápida do mercado já deverá estar em funcionamento, pelo menos no Sudeste do país. "Imagino que até 2014 não seja lançado o iPhone 5S ou 6, como queiram chamar, então a pessoa estaria comprando algo que irá provar pelo menos até a Copa", afirma. "Se fizermos um paralelo entre as mudanças feitas no smartphone com a expectativa em torno do novo modelo, eu diria que as pessoas vão mudar, sim".
AS AÇÕES DA COMPANHIA SUBIRAM, CAÍRAM, VIRARAM E TERMINARAM ESTA QUARTA, DIA DE LANÇAMENTO DO TÃO AGUARDADO NOVO SMARTPHONE, EM ALTA
Depois de subir e cair várias vezes durante esta quarta-feira (12/09), que marcou o lançamento do iPhone 5, aguardado por vários meses e cujos rumores inflaram o valor da empresa na bolsa, a Apple encerrou o dia em alta na Nasdaq. Os papéis terminaram avaliados em US$ 669,79, uma alta de 1,39%, e a companhia passou a valer US$ 627 milhões.
Às 15h30, no horário de Brasília, as ações valiam US$ 665,16 e bateram o patamar que havia sido atingido em 20 de agosto, em meio aos rumores sobre o novo iPhone. Por volta das 16h, elas caíram a ponto de registrar leve decréscimo em relação ao dia inteiro, a US$ 657,94, algo que faria a empresa valer US$ 616 bilhões. Quase às 17h, o valor voltou a US$ 664,31 por papel, antes de chegar ao número final.
Para analistas estrangeiros, o desempenho da Apple neste dia atípico, de lançamento de um produto que era amplamente aguardado, ficou abaixo do que era esperado. Antes do início da apresentação, havia a expectativa de que o papel da empresa da maçã superaria a marca dos US$ 700, poucas vezes excedida na história. Em 27 de agosto, quando a empresa venceu a Samsung em uma disputa jurídica, o valor da ação havia chegado a US$ 680,87, um motivo de animação para o mercado.
A justificativa para uma subida de última hora na bolsa, segundo escreveu o Wall Street Journal, está na incerteza que rondava a ação da Apple após o lançamento do iPhone 5. Os investidores temiam que a ação fosse se desvalorizar, algo que não chegou a acontecer. Quando ficou claro que ela não corria grandes riscos de cair, momenteneamente mais pessoas a compraram, e o valor subiu.
SAIBA MAIS
O medo pela desvalorização acontece porque há uma prática no mercado de comprar ações antes do anúncio e vendê-las depois. Como a procura por ações de empresas de tecnologia costuma crescer acintosamente durante lançamentos de novos produtos, um lançamento como o desta quarta-feira se torna em oportunidade para que investidores que já são donos de papéis da Apple façam dinheiro.
O que mudou?Em relação ao modelo anterior, o iPhone 4S, o design é quase o mesmo, se não fosse a tela levemente maior, de quatro polegadas, e o peso, que ficou 20% menor. Já em relação aos recursos, o iPhone 5 teve um ganho de qualidade: vem com 4G, processador A6 duas vezes mais rápido, recurso para gravação de vídeo em widescreen, câmera com sensor de 8 MP e lentes melhoradas, um aumento na qualidade da foto e dos vídeos.
A pré-venda do iPhone 5 começará na próxima sexta-feira (14/09) nos Estados Unidos e deve chegar às lojas dos demais países apenas em dezembro. Na Apple Store, os preços serão os mesmos do modelo 4S - US$ 199 para o modelo de 16GB, US$ 299 para o de 32GB e US$ 399 para o de 64GB.
Além do anúncio do novo iPhone, a Apple mostrou novidades na linha de iPods, atualizações do iTunes e um novo design futurista para os fones de ouvido, que foram disponibilizados nas lojas.