sábado, 25 de agosto de 2012

APÓS FOTO CONSTRANGEDORA, MALUF E HADDAD VOLTAM A SE ENCONTRAR NESTA SEXTA. JORNALISTAS E FOTÓGRAFOS ESTÃO PROIBIDOS!
Por Thais Arbex, na VEJA.com: 
24/08/2012
 às 20:34 


Dois meses depois da constrangedora foto do deputado Paulo Maluf com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, o trio voltará a se encontrar na noite desta sexta-feira no Clube Monte Líbano, na zona sul da capital paulista, em um jantar em homenagem ao ex-ministro da Educação.



Maluf já confirmou presença no evento organizado pela Federação das Associações Muçulmanas do Brasil e pela Comunidade Árabe de São Paulo. Haddad, que será homenageado “por sua contribuição à integração dos povos e intercâmbio cultural entre os países”, irá acompanhado de Lula, seu padrinho político.


A assessoria da campanha petista divulgou comunicado no meio da tarde desta sexta-feira proibindo a presença de fotógrafos e jornalistas. ”Será de caráter reservado, em ambiente fechado. Portanto, a imprensa não terá acesso.”
Na última vez em que Maluf, Lula, Haddad se encontraram, com a presença da imprensa, em 18 de junho, nos jardins da casa do deputado do PP, em um bairro nobre da capital paulista, a imagem provocou a imediata saída de Luiza Erundina do posto de vice na chapa encabeçada por Haddad, mas garantiu ao PT 1min30s a mais ao tempo que o ex-ministro tem hoje no horário eleitoral gratuito.

Desde então, Maluf tem sido excluído das caminhadas pela cidade, dos discursos e do palanque dos petistas. Mais: a contraditória aliança tem provocado embaraços constantes ao candidato petista em debates e entrevistas.




Por Reinaldo Azevedo


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Amigos, vejam se tem lógica.
Porque a imprensa não pode participar de um evento público que afeta as nossas vidas?

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EM BUSCA DE MEMÓRIAS GENÉTICAS NA ANDALUZIA




Por Doreen Carvajal- The New York Times News Service/Syndicate

Arcos de la Frontera, Espanha – De vez em quando, ainda me pego pensando sobre como acabei vindo morar em um antigo bordel medieval à beira de um penhasco de arenito na fronteira sul da Espanha.

Foi em 2008, durante o início da crise econômica na região da Andaluzia, quando a ansiedade se espalhou como a Peste Negra. Mas, a partir do teto de meu apartamento nesse antiquíssimo povoado, eu praticamente voltei no tempo.

O mundo exterior se preocupava com contas a pagar, com valores dos imóveis, turismo, empregos perdidos e o futuro. Eu, por outro lado, me isolei em minha jornada, esperando descobrir mais sobre minha identidade por meio das memórias, das histórias e das pistas de DNA deixadas por meus ancestrais. Eu acreditava que elas houvessem sido transferidas para mim ao longo das várias gerações da família Carvajal.

Eles haviam deixado a Espanha há séculos, durante a inquisição. E isso era tudo o que eu sabia. Nós recebemos uma educação católica na Costa Rica e na Califórnia, mas com o passar do tempo eu comecei a juntar as peças de uma identidade extremamente clandestina: nós éramos descendentes de judeus sefarditas – cristãos novos conhecidos como 'conversos', Anusim (a palavra hebraica para 'forçados'), ou ainda como Marranos, que significa 'porcos' em espanhol.

Eu não sei se minha família possuía qualquer ligação com esse povoado pintado de branco, mas vivendo em suas labirínticas ruas de paralelepípedos, eu esperava compreender os medos que moldaram a vida secreta de minha própria família.

A história faz parte da vida cotidiana deste velho bairro, onde eram realizados julgamentos da inquisição e vizinhos espiavam vizinhos, sempre denunciando os heréticos – cristãos novos que praticavam o judaísmo em segredo. Com casas brancas que se espalham por uma rua prateada, o antigo bairro judeu ainda está lá, mesmo que nenhuma placa indique esse fato. Eu queria entender porque minha família havia mantido identidades secretas durante tantas gerações, com um medo e uma cautela tão inexplicáveis. Quando minha tia morreu há alguns anos, ela deixou instruções claras para que nenhum padre participasse de seu funeral; minha avó fez o mesmo.


































Existem estudos científicos que tentam descobrir se a história de nossos ancestrais chega de alguma maneira até nós, herdada por meio das vastas redes químicas que ligam e desligam os genes em nossas células. No centro dessa ciência, conhecida como epigenética, está o conceito de que os genes têm memória e de que as vidas de nossos avós – aquilo que respiraram, comeram e beberam – podem nos afetar diretamente, décadas mais tarde.

Estudos realizados recentemente na Suécia exploram como a fome e a abundância afetam a saúde após quatro gerações. Mas isso não era exatamente o que eu estava procurando: acho intrigante a ideia de que as gerações transmitem determinadas habilidades de sobrevivência, além de um senso subconsciente de identidade que resiste à prova do tempo.
A psicóloga francesa Anne Ancelin Schuetzenberger, de 92 anos, passou décadas estudando o que ela chama de 'síndrome do ancestral' – segundo a qual somos elos em uma corrente de gerações, inconscientemente afetados por seu sofrimento e seus problemas não resolvidos, até que reconheçamos nosso passado.

A psicoterapeuta de Jerusalém, Dina Wardi, trabalhou nos anos 1990 com filhos de sobreviventes do holocausto e desenvolveu a teoria de que os pais frequentemente escolhem um de seus filhos como uma 'vela memorial', com o objetivo de agir como um elo que preserva o passado e se conecta com o futuro. Além disso, ela também descobriu que os filhos de sobreviventes que lutaram ativamente contra os nazistas possuíam uma ambição compulsiva pelo sucesso.

Uma estratégia similar existia entre os conversos forçados, os Anusim: geralmente as mulheres mais velhas tinham a incumbência de passar as informações a respeito de sua identidade secreta para alguns dos membros mais jovens da família. Entre os Carvajal, a historiadora era minha tia avó Luz. Eu passei um verão em sua casa em San Jose, na Costa Rica, mas ela nunca me contou o segredo e, infelizmente, eu não era curiosa o bastante sobre nosso passado para fazer perguntas.

Mas, recentemente, minha prima Rosie me contou que havia questionado nossa tia Luz durante uma reunião de família. Fazendo jus à nossa propensão para os segredos, ela registrou toda a conversa com um gravador escondido.

'Luz me disse que nossa família veio da Espanha', afirmou Rosie. 'Ela me perguntou, 'Sua mãe já lhe disse que nós somos sefarditas?' É claro que quando falei sobre isso com minha mãe, ela não quis conversar.'

Em minha imaginação, eu conseguiria acessar essas antigas memórias de alguma maneira. Recentemente eu conheci outro Carvajal na Espanha, um ator que se lembra de que sempre afirmou para sua mãe que era judeu, ainda que tenha sido criado dentro do catolicismo. Ele me disse que começou a dizer isso quando tinha cerca de 6 anos de idade.

No jogo de videogame Assassin's Creed, a ficção sugere uma solução para esse tipo de enigma: os jogadores recorrem aos arquivos da memória genética da personagem principal para ter lembranças vívidas de Jerusalém e da Itália durante o renascimento.

A realidade é ainda mais estranha. O Dr. Darold A. Treffert, um psiquiatra do Wisconsin, mantém um registro com cerca de 300 'savants', pessoas que adquiriram conhecimentos e habilidades após sofrerem um ferimento na cabeça ou serem vítimas de demência. Possivelmente, essas habilidades, como a música, a matemática, as artes e o cálculo de tempo estavam guardadas nas profundezas de seus cérebros. 

Ele chama isso de memória genética, ou de 'software de fábrica', um enorme reservatório de conhecimento dormente que pode ressurgir quando um cérebro danificado faz novas conexões para se recuperar dos ferimentos.

'Como isso é possível?' perguntou Treffert em uma entrevista. 'A única forma de esse conhecimento ter chegado até ali é por meio de transferência genética.'

'No reino animal nós aceitamentos sem questionamentos a ideia de que os pássaros já nascem conhecendo seus padrões de migração. As borboletas monarcas fazem uma viagem do Canadá ao México, e chegam a uma área de pouco mais de 9 hectares. São necessárias três gerações para que elas completem essa viagem.'

Eu penso no voo das borboletas quando tento entender o que me trouxe de volta ao sul da Espanha, de onde meus ancestrais certamente partiram para a Costa Rica em um barco na baía de Cadiz, provavelmente com alguns dos primeiros exploradores espanhóis, carregando cristãos novos que fugiam da inquisição.

Na pasta de couro vermelho onde guardo meu caderno de anotações e meus cartões de visita, eu sempre levo uma foto da antiga cadeia da inquisição em Arcos de la Frontera. Ela foi tirada quando visitei o povoado pela primeira vez e senti uma forte necessidade de ficar e explorar. A foto mostra uma porta de madeira lascada, uma rua de paralelepípedos e um pequeno prédio caiado de branco, com uma luz brilhante e uma placa com a palavra 'leal'. Eu escrevi sobre a foto uma frase de T.S. Eliot: 'E ao final de toda nossa exploração, chegaremos ao lugar de onde partimos e conheceremos esse lugar pela primeira vez.'

Muitos anos depois de minha estadia em Arcos de la Frontera, que é parcialmente delimitada pelo Guadalete – cujo nome faz referência ao mitológico rio do esquecimento – eu descobri que minha tia Luz às vezes sonhava com a Andaluzia. Agora é tarde demais para questioná-la – ela morreu em 1998 – mas sou assombrada pelo que ela contou para outra de minhas primas na Costa Rica: com frequência ela sonhava com um rio que deságua na baía de onde Colombo partiu para as Américas.

Esse certamente é o lar de nossas borboletas: o verde rio do esquecimento, o Guadalete.
(Doreen Carvajal escreve para o International Herald Tribune e o The New York Times, além de ser autora do livro 'The Forgetting River: A Modern Tale of Survival, Identity and the Inquisition' – 'O rio do esquecimento: um conto moderno de sobrevivência, identidade e inquisição', em tradução literal.)

The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times._NYT_

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EUA iniciam primeira limpeza de produtos químicos no Vietnã
Da Nang, Vietnã – No clima tropical do centro do Vietnã, ervas e arbustos parecem crescer em todos os lugares – menos aqui.
Por Thomas Fuller- The New York Times News Service/Syndicate


EUA iniciam primeira limpeza de produtos químicos no Vietnã

Da Nang, Vietnã – No clima tropical do centro do Vietnã, ervas e arbustos parecem crescer em todos os lugares – menos aqui.
Quarenta anos depois que os Estados Unidos pararam de lançar herbicidas nas florestas do sudeste asiático com o objetivo de impedir que os combatentes vietcongues e as tropas do Vietnã do Norte encontrassem abrigo, a base aérea da cidade de Da Nang é uma das dezenas de antigas bases americanas que continuam poluídas com um tipo especialmente tóxico de dioxina, o contaminante químico presente no Agente Laranja e que está ligado ao surgimento de diversos tipos de câncer, defeitos congênitos e outras doenças.

Recentemente, depois de anos negando os pedidos de ajuda do governo vietnamita, o governo dos Estados Unidos deu início a sua primeira grande campanha de limpeza no país, visando diminuir os efeitos ambientais causados pela guerra.
'Nesta manhã, celebramos um marco em nosso relacionamento bilateral', afirmou David B. Shear, o embaixador americano no Vietnã, em uma cerimônia realizada em agosto e que contou com a participação de altos oficiais do exército vietnamita. 'Vamos arrumar essa bagunça.'

O programa, que irá custar 43 milhões de dólares e durar quatro anos, foi oficialmente recebido com sorrisos e apertos de mão durante a cerimônia. Mas o rancor ainda está presente. O Agente Laranja é frequentemente mencionado nos jornais e é relembrado todos os anos no dia 10 de agosto, o dia em que foi testado pela primeira vez no Vietnã, em 1961. Este ano, o governo do país não aceitou o patrocínio olímpico oferecido pela Dow Chemical, uma das principais fabricantes do Agente Laranja durante a guerra. Muitas pessoas aqui não hesitam em dizer que o programa dos Estados Unidos é muito pequeno – uma vez que ele só ocorrerá em um local – e muito tardio.
'É um grande passo', afirmou Ngo Quang Xuan, ex-embaixador vietnamita na ONU. 'Mas, para os que sofreram com as consequências, ainda não é o bastante.'

Durante mais de uma década de guerra, os Estados Unidos borrifaram cerca de 76 milhões de litros de Agente Laranja e outros herbicidas no Vietnã, Camboja e Laos, parando apenas quando os cientistas contratados pelo Ministério da Agricultura publicaram um relatório em que expressavam preocupações, pois a dioxina mostrava 'potencial significativo para aumentar a ocorrência de defeitos congênitos'. Quando o Agente Laranja e os outros herbicidas deixaram de ser lançados, eles já haviam destruído mais de 2 milhões de hectares de florestas e plantações, uma área quase do tamanho de Nova Jersey.

Nguyen Van Rinh, tenente-general aposentado e atual diretor da Associação Vietnamita de Vítimas do Agente Laranja, lembra-se claramente de escutar as aeronaves dos Estados Unidos passando sobre as florestas no sul do Vietnã, e de ver uma chuva de Agente Laranja cobrindo seus soldados. Plantas e animais expostos ao desfolhante morriam após poucos dias. Mais tarde, muitos de seus homens tiveram doenças e ele acredita que elas possam estar ligadas à exposição constante ao Agente Laranja, usado em concentrações que eram de 20 a 55 vezes maiores do que a utilizada normalmente na agricultura.
'Eu gostaria de enviar uma mensagem ao povo americano', afirmou Rinh em seu escritório, onde um grande busto de Ho Chi Minh – ícone e líder vietnamita do período da guerra – olhava para baixo em uma prateleira atrás de sua mesa. 'A luta das vítimas do Agente Laranja continua. Eu acredito que nosso relacionamento iria melhorar muito se o governo americano assumisse a responsabilidade, ajudasse suas vítimas e cuidasse das consequências.'

Os que trabalharam com essa questão afirmam que o governo dos Estados Unidos demorou a agir, em parte por se preocupar com a responsabilidade. Demorou anos até que os soldados americanos que borrifaram os produtos químicos conseguissem obter acordos das empresas que os produziram. O governo dos Estados Unidos, que também demorou a reconhecer o problema, gastou bilhões de dólares em pensões por invalidez e planos de saúde para os soldados que entraram em contato com o Agente Laranja.

Shear, o embaixador dos Estados Unidos, ignorou um repórter que, após a cerimônia, perguntou se o governo americano assumiria a responsabilidade pelos efeitos causados pelo Agente Laranja ao meio ambiente e à saúde.
'Existe uma grande diferença entre o que os Estados Unidos fizeram por seus soldados e o que eles fizeram pelo Vietnã', afirmou Charles Bailey, diretor do Programa do Agente Laranja no Vietnã, iniciativa da organização não governamental Aspen Institute, sediada em Washington, que tem o objetivo de chegar a um acordo entre Estados Unidos e Vietnã a respeito desse problema. 'De vez em quando eu me sinto aliviado por não ser um diplomata americano tentando resolver esse pepino.'

Uma ação coletiva que foi aberta contra as empresas químicas nos Estados Unidos em nome de milhões de vietnamitas foi rejeitada em 2005, sob o pretexto de que fornecer os desfolhantes não era considerado um crime de guerra e que os demandantes vietnamitas não haviam conseguido comprovar um efeito causal claro entre a exposição ao Agente Laranja e seus problemas de saúde. O governo dos Estados Unidos colocou em ação um modesto projeto de 11,4 milhões de dólares para ajudar pessoas com problemas físicos no Vietnã, mas esse projeto não tem relação direta com o Agente Laranja. O lema frequentemente repetido pelo governo é o da 'assistência independentemente da causa'.

Quando fatores ambientais estão ligados às doenças, fica mais difícil comprovar uma ligação com o Agente Laranja. Estudos militares conduzidos pelos Estados Unidos destacaram relações entre o Agente Laranja e uma grande quantidade de doenças, ao passo que a Dow Chemical continua a afirmar que 'um enorme conjunto de evidências humanas a respeito do Agente Laranja demonstra que as doenças dos veteranos não foram causadas pelo produto'.
No Vietnã, há diversos casos de doenças cuja conexão com o Agente Laranja parece óbvia.
Nguyen Van Dung, de 42 anos, mudou-se para Da Nang em 1996 com a esposa e a filha recém-nascida. Ele trabalhou na antiga base dos Estados Unidos, caminhando por valas cobertas de lama até a altura dos joelhos e limpando-as com uma pá. Durante os primeiros 10 anos, ele e os outros funcionários pescavam enguias e outros peixes em grandes poços e canais no terreno da base aérea, trazendo-os para casa quase diariamente. Mais tarde, estudos comprovaram a presença de grandes concentrações de dioxina no tecido adiposo e nos órgãos desses peixes.

A primeira filha do casal agora é a melhor aluna de sua sala, mas sua segunda filha nasceu em 2000 com uma rara doença sanguínea. Ela morreu aos sete anos de idade.
Seu filho Tu nasceu em 2008 e eles logo descobriram que ele tem a mesma doença no sangue. Com transfusões frequentes, o pequeno Tu contrariou as previsões do médico de que ele não passaria dos três anos de idade, mas o menino é praticamente cego, com olhos esbugalhados que se movem sem parar, e fala em um tom agudo que apenas seus pais são capazes de compreender. Sua caixa torácica é tão frágil que ele não consegue respirar se estiver de barriga pra baixo.

O que causou os defeitos congênitos e de quem é a culpa? Os pais de Tu não podem pagar por testes médicos detalhados, já que sua renda conjunta é de cerca de 350 dólares mensais, dos quais boa parte é gasta com cuidados médicos.
Mas Luu Thi Thu, a mãe do garoto, não tem dúvidas sobre quem é o culpado.
'Se a guerra não tivesse acontecido e os americanos não tivessem borrifado dioxina e outros produtos químicos nesta área, nós não estaríamos sofrendo essas consequências', afirmou.
'O que aconteceu com meu filho já está feito, e nada pode mudar isso', afirmou. 'Os governos americano e vietnamita precisam limpar o aeroporto de Da Nang para que a próxima geração não seja afetada.'

Le Ke Son, médico e o mais alto oficial vietnamita responsável pelos programas do governo ligados ao Agente Laranja e a outros produtos químicos utilizados durante a guerra, afirmou que os debates deveriam estar em segundo plano e que o mais importante é ajudar as vítimas. 'Passamos muito tempo discutindo por que as pessoas foram afetadas', afirmou. 'De uma forma ou de outra, elas são vítimas e sofreram com o legado da guerra. Deveríamos fazer alguma coisa por essas pessoas.'

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PERSISTÊNCIA É FUNDAMENTAL PARA TRATAR A DOR VAGINAL




Por diferentes razões, milhões de mulheres sofrem de desconforto vaginal. Trata-se às vezes de uma dor paralisante, na maioria das vezes decorrente de uma perda de estrogênio.
Por Jane E. Brody- The New York Times News Service/Syndicate

Por diferentes razões, milhões de mulheres sofrem de desconforto vaginal. Trata-se às vezes de uma dor paralisante, na maioria das vezes decorrente de uma perda de estrogênio. A secura vaginal e a atrofia resultantes podem fazer com que ter relações sexuais, submeter-se a exames pélvicos, urinar e mesmo sentar, andar ou pedalar se tornem um pesadelo doloroso.

Além das mulheres na pré ou pós-menopausa, entre as mulheres afetadas estão aquelas que deram à luz recentemente ou estão amamentando, mulheres tratadas com medicamentos supressores de estrogênio contra o câncer de mama ou submetidas à quimioterapia ou radioterapia pélvica contra outros tipos de câncer, e mulheres cujos ovários foram removidos cirurgicamente.

Atualmente, com cada vez mais mulheres vivendo mais de um terço da vida após a menopausa e um número cada vez maior delas sobrevivendo ao câncer, problemas sexuais ligados à diminuição de estrogênio estão cada vez mais comuns.


No entanto, apenas cerca de um quarto das mulheres que sofrem de dor vaginal chegam a relatar o problema para um profissional médico. E aqueles que se pronunciam muitas vezes escutam – incorretamente – que nada pode ser feito e que elas devem aprender a viver com a dor.

Entre as muitas pacientes tratadas pela Dra. Deborah Coady, ginecologista de Nova York e autora, com Nancy Fish, de 'Healing painful sex' ('Curando o sexo doloroso'), estão aquelas que recebem conselhos de outros médicos que lhes dizem que 'Isso é coisa da sua cabeça', 'Você só precisa relaxar', 'Deve haver algo de errado no seu relacionamento' ou 'Não há nada de fisicamente errado com você'. Um médico chegou a sugerir que uma paciente dissesse a seu namorado que fosse atrás de outra namorada.

Não é de admirar que tantas mulheres que sofrem de dor vaginal se sintam isoladas e envergonhadas e pensem em si como mercadorias danificadas, disse Fish, psicoterapeuta e também paciente de dores sexuais.


'Seja qual for a sua idade, se você sofre de dor sexual, todo o seu sentido de identidade é prejudicado', disse ela em uma entrevista. 'Independentemente da causa, para muitas mulheres pode ser uma condição que altera a vida.'

Fish incentivou as mulheres a não se sentirem envergonhadas e a começarem a falar sobre o assunto, o que representaria um primeiro passo fundamental para fazer com que tratamentos eficazes se tornem mais amplamente disponíveis.

A ligação com os hormônios

À medida que a mulher se aproxima da menopausa, há um declínio na produção de estrogênio, que mais tarde é completamente interrompida, ou quase isso, à medida que os ovários vão se tornando inativos.

Quando os ovários são removidos cirurgicamente antes da menopausa, ou quando as mulheres que sofrem de câncer antes da menopausa são tratadas com medicamentos que suprimem o estrogênio ou com radioterapia pélvica, a perda de estrogênio é abrupta. Muitas vezes as mulheres não estão preparadas para as consequências.


É improvável que os médicos focados no tratamento do câncer considerem os efeitos que isso tem sobre a sexualidade de uma mulher. Coady, porém, disse que existe uma nova quase-especialidade chamada 'oncossexologia', que está tentando educar os oncologistas a respeito de como lidar com esse efeito colateral de forma mais eficaz.

A atrofia vaginal, também conhecida como vaginite atrófica, causa diluição, secagem e inflamação das paredes vaginais por conta da perda de estrogênio. Os sintomas podem incluir secura e ardor; encurtamento do canal vaginal; ardência, urgência e incontinência urinária, e frequentes infecções do trato urinário.

'À medida que ocorre um declínio de estrogênio, acontecem grandes mudanças ambientais na vagina', disse Coady em uma entrevista. 'As células que ficam na superfície do canal vaginal não amadurecem, o que faz com que a pele fique fina.'


A vagina se torna menos ácida, acrescentou ela. As bactérias benéficas que normalmente são predominantes, conhecidas como lactobacilos, desaparecem e são frequentemente substituídas por bactérias e fungos nocivos. O resultado pode ser uma secreção amarelada que pode ser irritante. O revestimento vaginal também fica mais suscetível a machucados, o que pode levar a infecções.

Quando as paredes vaginais estão frágeis, a penetração e a pressão exercida durante a relação sexual, se ela ainda for possível, podem causar pequenas lesões. Quando o sexo provoca dor, a mulher pode tentar evitar a intimidade por completo, o que pode prejudicar um relacionamento atual ou impedi-la de entrar em um novo.

'Ironicamente, as mulheres que estão em forma e são magras tendem a sofrer uma perda maior na função ovariana, já que as mulheres que possuem muitas células de gordura produzem mais estrogênio em sua gordura corporal.'

Os efeitos da perda hormonal também são maiores entre as mulheres que fumam e entre as que nunca deram à luz por via vaginal.

Tratar é possível

Coady incentiva as mulheres que sofrem de dor sexual a não desistirem, independentemente de quantos anos têm ou de quantos médicos possam lhes ter dito que nada poderia ser feito para aliviar o desconforto. É importante não adiar o tratamento: quanto mais tempo a dor sexual persistir, maior é a probabilidade de que ela resulte em nevralgias e disfunções do diafragma pélvico, fazendo com que o problema se torne ainda mais difícil de tratar.

Ter paciência também é importante. Pode-se levar semanas ou até mesmo meses para alcançar os benefícios de um tratamento eficaz, que pode demandar várias abordagens complementares.

Os tratamentos localizados que se mostraram úteis incluem um anel vaginal de estrogênio (Estring) que é substituído de três em três meses, um comprimido de estrogênio (Vagifem) usado diariamente durante duas semanas, e, após isso, duas vezes por semana, ou creme de estrogênio vaginal (Estrace, Premarin e similares) administrado diariamente durante algumas semanas e, posteriormente, duas vezes por semana. O uso em pequenas quantidades, como indicado, resulta em uma absorção sistêmica bastante baixa de estrogênio. O Estriol, um estrogênio menos potente, é considerado seguro para as mulheres que foram acometidas por um câncer que modificou os seus níveis de estrogênio.

Contudo, a inserção de um estrogênio na vagina não ajuda muito a aliviar a 'dor causada pela penetração', disse Coady, de modo que tratar a abertura vaginal também é fundamental.

Independentemente do desconforto vaginal ser suave ou severo, o uso regular de um lubrificante vendido sem prescrição médica, como o KY Jelly (para ambos os parceiros) ou um hidratante vaginal como o Replens pode ajudar a tornar o sexo mais prazeroso. Coady descobriu que a aplicação de revestimentos de óleos naturais, tais como a vitamina E ou óleo de cártamo, de coco, ou azeite, três ou quatro vezes por dia durante um ou dois meses pode hidratar a mucosa vulvar, fortalecê-la e até curar rachaduras.

Esses óleos são ainda mais eficazes quando combinados a pequenas quantidades de fórmulas de estriol e testosterona provenientes de farmácias de manipulação, disse ela.

A fisioterapia também pode ser um componente importante do tratamento. A experiência de dores durante o sexo muitas vezes tem a ver com alterações subcutâneas: tecidos conjuntivos mais curtos e músculos enfraquecidos que contribuem para o desconforto sexual. Coady destacou que o uso de um dilatador ou vibrador pode aumentar o fluxo sanguíneo em direção à área vaginal, e um anel de rosca suave na abertura vaginal pode alongar o canal vaginal.

Além disso, exercícios como yoga, pilates, Chi Kung e outros que fortalecem o diafragma pélvico e aumentam a flexibilidade podem ser muito úteis, disse Coady.

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