Um dia destes vou alugar “O Clube dos Poetas Mortos” e voltar a
vê-lo. Já foi há tanto tempo: 1989. 25 anos. Será que ainda me causará a mesma
impressão? Talvez não. Exceto pela prestação de Robin Williams, que essa deve
continuar insuperável.
É assim quando um criador desaparece. Recordamos a sua obra, fica a apetecer-nos revisitá-la, com outros olhos, talvez mais exigentes, talvez mais maduros e capazes de ver o que não vimos há dez, quinze, vinte anos. Creio que muitos dos meu leitores ficaram com a mesma vontade quando hoje acordaram com a notícia da morte de Robin Williams. E reviram algumas imagens dos filmes que fizeram a sua carreira e a nossa delícia. O Observador também ajudou, propondo uma seleção do que consideramos os dez filmes mais marcantes do comediante. Isso e dez (mais uma) frases entre o desconcertante e o hilariante. Como complemento, e uma vez que esta seleção de filmes é só dos trailers, recomendo uma outra seleção, esta do Wall Street Journal, de seis dos melhores momentos de representação (no fim há um bônus para os fãs de stand-up comedy).
Num dia destes há sempre o tempo das reações e o tempo dos obituários. Estes textos, algures entre a nota biográfica e a revisão crítica de uma vida, inscrevem-se numa das grandes, e mais nobres, tradições do jornalismo. Sobretudo do jornalismo anglo-saxônico. Nos sites portugueses a oferta não foi muito abundante. Encontrei textos dignos de nota aqui no Observador - Luzes e sombras da vida de um "camaleão talentoso" – e no Público - Robin Williams, o rosto amargo da comédia.
É assim quando um criador desaparece. Recordamos a sua obra, fica a apetecer-nos revisitá-la, com outros olhos, talvez mais exigentes, talvez mais maduros e capazes de ver o que não vimos há dez, quinze, vinte anos. Creio que muitos dos meu leitores ficaram com a mesma vontade quando hoje acordaram com a notícia da morte de Robin Williams. E reviram algumas imagens dos filmes que fizeram a sua carreira e a nossa delícia. O Observador também ajudou, propondo uma seleção do que consideramos os dez filmes mais marcantes do comediante. Isso e dez (mais uma) frases entre o desconcertante e o hilariante. Como complemento, e uma vez que esta seleção de filmes é só dos trailers, recomendo uma outra seleção, esta do Wall Street Journal, de seis dos melhores momentos de representação (no fim há um bônus para os fãs de stand-up comedy).
Num dia destes há sempre o tempo das reações e o tempo dos obituários. Estes textos, algures entre a nota biográfica e a revisão crítica de uma vida, inscrevem-se numa das grandes, e mais nobres, tradições do jornalismo. Sobretudo do jornalismo anglo-saxônico. Nos sites portugueses a oferta não foi muito abundante. Encontrei textos dignos de nota aqui no Observador - Luzes e sombras da vida de um "camaleão talentoso" – e no Público - Robin Williams, o rosto amargo da comédia.
Extrato:
Na edição desta terça-feira da Variety, Williams é colocado no Olimpo daqueles comediantes, daqueles que começaram por se expor sozinhos com um microfone, os stand up comedians, cujo percurso pela gargalhada revela ser, afinal, um duelo pessoal sem tréguas: Lenny Bruce nos anos 1960, figura tutelar na comédia autodestrutiva, John Belushi nos anos 80, Chris Farley nos anos 90... Rimo-nos, rimo-nos, o travo agora volta a ser amargo, um logro. Coisa que, obviamente, já conhecíamos.
Vamos então para fora de portas, um trabalho hoje facilitado porque o João Pedro Pincha o fez em parte, logo de manhã, para todos os leitores do Observador: Os melhores textos de despedida da Internet.
Vou começar por um testemunho pessoal, o de Lilian Ross, na New Yorker, um texto de 1993 que a revista recuperou agora. Chama-se “Mr. and Mrs. Williams” e conta a sua experiência quando acompanhou as filmagens de um dos filmes de maior sucesso do ator, Papá para Sempre.
Na edição desta terça-feira da Variety, Williams é colocado no Olimpo daqueles comediantes, daqueles que começaram por se expor sozinhos com um microfone, os stand up comedians, cujo percurso pela gargalhada revela ser, afinal, um duelo pessoal sem tréguas: Lenny Bruce nos anos 1960, figura tutelar na comédia autodestrutiva, John Belushi nos anos 80, Chris Farley nos anos 90... Rimo-nos, rimo-nos, o travo agora volta a ser amargo, um logro. Coisa que, obviamente, já conhecíamos.
Vamos então para fora de portas, um trabalho hoje facilitado porque o João Pedro Pincha o fez em parte, logo de manhã, para todos os leitores do Observador: Os melhores textos de despedida da Internet.
Vou começar por um testemunho pessoal, o de Lilian Ross, na New Yorker, um texto de 1993 que a revista recuperou agora. Chama-se “Mr. and Mrs. Williams” e conta a sua experiência quando acompanhou as filmagens de um dos filmes de maior sucesso do ator, Papá para Sempre.
Num registo parecido, de recuperação de um texto antigo, referência para “Robin Williams: ‘I was shameful, did stuff that caused disgust – that’s hard to recover from’”, a transcrição de entrevista realizada em 2010 por Decca Aitkenhead, do Guardian. O Observador, no seu resumo, depois de constatar que o ator fugia à maior parte das questões, destaca a forma como acaba por referir-se ao seu problema de alcoolismo, relatando a forma como voltou a beber, em 2003, depois de 20 anos sem tocar em álcool. “Eu estava numa terra pequena [no Alasca] que não é o fim do mundo, mas dá para vê-lo de lá. E pensei: beber. Só pensei ‘ei, se calhar beber vai ajudar’. Eu estava sozinho e assustado. Era o trabalhar demasiado e pensar ‘porra, talvez isto ajude’. E foi a pior coisa do mundo”, disse.
Sigo depois para a The Atlantic e para duas belas crônicas. “Robin Williams lived intensly”, por James Hamblin, e “The Robin Williams Way of Stardom”, por Megan Garber. Um pouco desta última:
There are many ways for celebrities to become stars, and many ways, as well, for them not to. Robin Williams was a star in the most literal sense of the figurative term. He had an environmental quality. Individually, his performances may have been, as so many of his obituaries have noted, "frenetic" and "giddy," imbued with "wild inventiveness" and "a kind of manic energy." And those performances, whether of a president named Roosevelt or an alien named Mork or a perma-boy named Peter Pan, may be striking in their range. But the thing they have in common is Robin Williams.
Não podia deixar de fazer uma referência ao New York Times, onde A. O. Scott – porventura o mais importante dos críticos de cinema do grande jornal de Nova Iorque – escreveu “Robin Williams, an Improvisational Genius, Forever Present in the Moment”.
Leiam lá esta bela síntese:
It was clear that Mr. Williams was one of the most explosively, exhaustingly, prodigiously verbal comedians who ever lived. The only thing faster than his mouth was his mind, which was capable of breathtaking leaps of free-associative absurdity.
E mais esta:
Watching him acting in earnest, you could not help but be aware of the exuberance, the mischief, that was being held in check, and you couldn’t help but wonder when, how or if it would burst out. That you knew what he was capable of made his feats of self-control all the more exciting. You sometimes felt that he was aware of this, and that he enjoyed the sheer improbability of appearing as the straight man, the heavy, the voice of reason.
Numa aproximação mais gráfica, mas boa para um pequeno intervalo na leitura e, sobretudo, para recordar as inúmeras peles que Williams podia vestir, aqui fica esta animação gráfica do Los Angeles Times, “The many faces of Robin Williams”.
Termino, como não podia deixar de ser, com a Variety, onde escolhi o artigo sobre a forma como ele inspirou uma geração precisamente com “Dead Poets Society”. O artigo, significativamente intitulado “How Robin Williams Inspired a Generation to Seize the Day”, nota que “Williams seemed to believe that movies could change the world, that by revealing his own flaws and those of the characters he played, we might learn to be better people. I happen to agree. He changed mine, even if I could barely find the words to convey that when I finally got the chance to meet him, briefly, at the press junkets for ‘Insomnia’ and ‘Death to Smoochy’.”
E pronto, por hoje é tudo. Despeço-me com o voto mais vezes repetido em “O Clube dos Poetas Mortos”: Carpe diem. Aproveitem o dia. Ele também o diria – também o disse.
Votos de boas leituras, e até amanhã.
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