Thiago Cortês
Primeiramente, bom dia a todos vocês!
Mas não sei quando
vocês vão ler a minha carta. Então é um bom dia, mas também pode ser uma boa
tarde. E, é claro, a gente sabe que pode ser também uma boa noite. Uma dessas
coisas.
E vocês recebam meu
carinho em qualquer época do dia em que estiverem.
É um orgulho falar com
vocês. Porque, é assim, vocês são gente. Nossa gente. E é aquilo. Tem que
gostar. Político gosta ou não vai gostar nunca. E eu gosto. Do que? De gente.
E tem essa coisa bonita
de vocês. A gente olha vocês e fica vendo e admirando…
É uma coisa bonita.
Vocês orando e lendo a Bíblia, né, que é o livro que Jesus escreveu antes de
morrer e deixou na Ilha de Patmos, para a mãe dele traduzir, a Nossa
Senhora. Que é a deusa dos católicos.
Vocês acham que ela não
é a mãe de Jesus e eu respeito isso, porque sou muito cristã.
E isso que estou
fazendo nesse momento é uma coisa que, vocês entendam, é muito simbólica. O
que? Eu escrever uma carta pra vocês. Tem essa coisa aí da simbologia. Que é a
carta. Muito simbolismo, nisso.
Porque isso quer dizer
uma coisa. Porque a gente, com esse gesto, está fazendo uma coisa que é buscar,
agora, nesse momento, demonstrar, do nosso jeito, essa vontade, de se
aproximar, de vocês que são o que? A sociedade das pessoas cristãs, que se
dizem evangélicas.
Porque temos um carinho
com os crentes. Chamo de crentes porque tenho essa intimidade, essa coisa de
empatia, porque vocês sabem, isso é uma coisa, eu rezo muito quando entro no
avião. E dou presentes ao menino Jesus no fim do ano quando pulo no mar, as
ondas.
Sou a presidenta de
todo mundo. Mas, pessoalmente, no meu particular, que é meu e não tem essa
participação presidenta, do governo, tenho que dizer, que sou muito cristã. A
presidenta é neutra, de todo mundo, reza, se benze e recebe espírito. Mas a
Dilma é cristã.
Muita gente faz essa
controvérsia, mas amo muito a Bíblia.
No que se refere a essa
coisa da Bíblia, gosto muito do Sermão de Moisés, o profeta que fala
da vinda de Jesus e que deu tudo para os pobres. E fico emocionada quando
Martinho Lutero aparece pra matar os soldados e Jesus começa a escrever na
areia: “Para com isso”.
Falo isso porque quero
mostrar que o pastor, e por que não dizer a pastora?, nós, do governo, temos
que valorizar. E também tenho que dizer que a sociedade precisa parar com essa
coisa, que eu acho deselegante, eu não aprovo, como Dilma, a pessoa, que sou
eu, não aprovo, que é falar mal de evangélico.
Eu até me pareço muito
com Jesus Cristo. Porque sempre sou traída por alguém. O Bonner me traiu, vocês
viram.
O Bonner é jornalista
e deveria saber que, enquanto presidenta, não posso comentar casos de
corrupção do meu governo. E nem posso falar mal do meu partido. Só do partido
dos outros.
Ele me lembra Judas,
que traiu Jesus no Jardim do Éden. E por falar em traidor…
O Malafaia fala muito
mal de mim. Não sei donde ele tira os dados.
Eu respeito, claro. A
gente tem que ter essa postura. Porque hoje o mundo está globalizado na
democracia e o Brasil está dentro desse mundo. Vocês não pensem que o Brasil
está fora, não!
A gente fica na América
e os jesuítas vieram aqui. Os índios existiam. Os jesuítas, não. Daí que
começou essa coisa bonita, que veio lá atrás, e a gente conquistou, que foi a
democracia.
E o Malafaia tem
liberdade de falar. Mas é claro, a gente precisa explicar.
Grupo de cantoras gospel, entre elas, Ana Paula Valadão e Bruna Karla
Gente, tem a Polícia
Federal, a Receita Federal, e quem manda sou eu. Federal, sou eu. É a
federação. É o PT.
Ponho a PF na cola do
Romeu Tuma e a Receita atrás do Malafaia. É constitucional, essa coisa.
Porque é da democracia.
Não é minha culpa. Veio isso lá, do mundo novo, com os jesuítas, por isso se
Malafaia fala mal de mim, tem essa coisa natural, que é isso, eu investigo. É
democrático. É da vida.
Eu respeito a
Constituição quando trata da questão do aborto. Isso não é uma questão
subjetiva. Mas tem que ser objetiva? Não sei.
Eu não vou tomar
nenhuma posição que me coloque em confronto, conflito, ou aceitando ou não
essas acusações de alguns pastores. Mas tenho minha posição, enquanto Dilma.
Sou contra o aborto, como Dilma, no meu particular.
Então, essa posição. Eu
tenho. Porque é triste, quando eu penso. O aborto é uma morte que tira a vida.
Aqui eu fico…assim, eu
fico olhando, por quê? Primeiro, porque eu vejo as coisas. E eu gosto de ver. E
vejo. De longe, olho muito. E eu adoro criança. Fico feliz.
E as crianças são
alegres. Porque vocês sabem, toda foto com criança, tem um sujeito oculto. Que
é um cachorro. E eu fico emocionada. Porque sou cristã, né, vocês sabem.
E jamais acharia bonito
o aborto. Isso é uma coisa terrível. Ficaria apenas
o cachorro, na foto.
Daí muita gente me
acusa: “Dilma, você botou a ministra”. “O que tem?”, eu pergunto. Daí vocês me
dizem: “Ela é abortista”. Mas ela está aposentada dessa coisa, gente, faz
tempo, que aposentou, dessa vida de cometer abortos. E hoje é uma senhora linda
e cristã.
Eu sempre serei contra
o aborto. Porque a morte acaba com a vida. Eu aprendi isso naquela passagem de
Jesus, quando ele diz: “Pai, afasta de mim as crianças. Deixa elas brincar”.
É o início e o fim do
homem porque não existe, fisicamente, a família. Nem tem como ver. Não tem um
País, fisicamente. Nem tem um Brasil, que dá pra você pegar com a mão.
O que existe são as
pessoas. E eu gosto de gente. Porque sou cristã. Eu aprendi isso lendo meu
livro preferido da Bíblia, as Cartas de Chico Xavier.
O bebê é, eu diria,
muito mais, acredito, do que seria se apenas fosse somente aquilo que é, um
bebê. Então veja, o bebê é, além de ser vivo, uma pessoa, é um símbolo.
E quero o apoio de
vocês para continuar defendendo os valores cristãos, essa coisa bonita que o
Macedo construiu lá, que é muito simbólico, porque lembra Jesus falando com os
mercadores: “Entrem, mercadores do templo, sejam felizes, a casa do meu Pai
está a venda”.
Então, me despeço,
agora, nesse espírito de união, com o apoio de vocês, porque todo mundo tem no
coração essa coisa, das crianças, do cachorro, e da fé. Obrigada!
Um beijo, internautas!
Dilmão*, Brasília, 21 de agosto de 2014.
* Dilma Roussef é
presidenta e chefe da Receita Federal que mandou investigar o Malafaia.
* ESTA É UMA CARTA FICTÍCIA